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Câmara Municipal

Aforamentos

Rio de Janeiro
2015
Ficha Técnica

Prefeitura

Eduardo Paes (Prefeito)

Secretaria Municipal da Casa Civil

Guilherme Nogueira Schleder

Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro

Beatriz Kushnir (Diretoria)

Sandra Horta (Gerência de Pesquisa)

Raphael Camelo Soares Caldas (Gerência de Documentação Escrita e Especial)

Ruth Pontes Oliveira (Subgerência de Documentação Especial)

Giordano Bruno (Subgerência de Documentação Especial)


Fundo Câmara Municipal: Série Aforamentos

1 - Área de Identificação

1.1 - Código de Referência: BR RJAGCRJ.CM.AFO


1.2 - Título: Aforamentos
1.3 - Data: 1567 - 1960
1.4 - Nível de Descrição: SÉRIE (N3)
1.5 - Dimensão e Suporte:

2 - Área de Contextualização

2.1 - Nome(s) do(s) Produtor(es):


2.1.1 - Nome: Câmara Municipal do Rio de Janeiro
2.1.2 - Tipo: Entidade Coletiva
2.1.3 - Data de Nascimento/Criação: 1567
2.1.4 - Data de Morte/Extinção: 1889

2.2 - História Administrativa/Biografia: Como sabido, o patrimônio de cada


estado, município se divide em bens móveis e bens imóveis. Hoje, o Rio de Janeiro
administra um patrimônio bastante complexo de bens permanentes que pode ser
classificado em: bens de uso comum (como as ruas); bens de uso especial (os prédios
onde funcionam repartições municipais), e bens dominiais. No caso destacam-se os bens
dominiais imóveis que, segundo o Manual de Patrimônio, do Instituto Brasileiro de
Administração Municipal (IBAM), são aqueles que, não estando afetos pela
caracterização de uso comum ou especial, tem caráter de bem privado, que o município
administra como qualquer particular em relação a seus bens.
Na segunda metade do século XIX, o patrimônio do Município Neutro
compunha-se de três sesmarias, a saber: 1) Sesmaria Estácio de Sá ( do nome do seu
doador), doada em 16 de julho de 1565; 2) Sesmarias dos Sobejos (em face da
utilização de uso pleno no título de doação), que consiste nos imóveis situados entre a
testada da Sesmaria Estácio de Sá e o mar (atualmente até a faixa de terrenos de
marinha de propriedade da União Federal) ; 3) Sesmaria Realenga (de real; propriedade
da Coroa), situada em Realengo. A antiga Prefeitura do Distrito Federal já teve o gozo
da terra de Marinha situada em seu território e que lhe foi retirado pela União.
Os aforamentos iniciaram-se na Cidade do Rio de Janeiro a partir da fundação, quando
Estácio de Sá doa pelo menos duas sesmarias. A primeira para a colonização, passaram,
então, a praticar atos diversos de gozo por terceiros dos imóveis, dentre os quais o
aforamento.
Segundo Serafim Leite, “os jesuítas não possuíam recursos nem gente para
construir e administrar os engenhos daí aforaram as terras para não as deixar devolutas e
também porque precisavam de recursos para as obras do colégio”.
Pelo visto, o aforamento era um modo de se obter renda sem despesa de capital, ao
mesmo tempo que tornava produtivas as terras. D. Maria deixa isto claro no Alvará de 5
de outubro de 1785, §29, onde ordena que “... se dessem terras para patrimônio das
câmaras, e que por aforamento servisse às suas rendas”, após saber o estado de carência
de muitas câmaras municipais.
A Câmara do Rio de Janeiro, segundo os autores consultados, não conseguiu
uma boa renda dos aforamentos proporcionalmente ao valor e à quantidade dos lotes
aforados. As razões disto foram muitas. Primeiro, porque só conseguiu medir sua
sesmaria quase dois séculos após a doação, o que causou a perda de vários lotes, pois
um dos requisitos básicos do sistema de sesmaria era a medição, para posterior registro.
Como poderia alegar que era seu ou não determinado lote? As usurpações foram muitas.
Segundo, o fato de não conseguir exercer um controle eficaz sobre os lotes aforados
devido à má administração, à inescrupulosidade de alguns vereadores e governadores,
às preocupações com vários problemas administrativos, sobretudo o problema com a
defesa da cidade ameaçada por invasões estrangeiras. Havia também antagonistas que
não queriam reconhecer os direitos patrimoniais da Câmara, como as ordens religiosas,
que, segundo G.Estienne: “Enquanto podiam, negavam-se elas a acatar o domínio direto
da Câmara, contestavam-no até as últimas e, quando os títulos não deixavam lograr a
dúvidas, excusavam-se de satisfazer os encargos inerentes aos aforamentos, dando
assim censurável exemplo desrespeito à lei, no que eram fervorosamente acompanhadas
por certas irmandades e ordens terceiras”.
Finalmente, o próprio mecanismo de funcionamento da Câmara entrava a
administração do patrimônio pela rotatividade dos seus membros e pela escassez de
funcionários capacitados. Outros problemas foram causados pela ação de pessoas que
conseguiam apoderar-se de terras, através de ações de usucapião, obtendo sentenças que
lhes reconheciam a posse. Note-se que se tratava de foreiros que não cumpriam por um
período de quarenta anos seus deveres (após 1917, a legislação de usucapião de terras
públicas foi revogada).
As tentativas de usurpar o patrimônio da Câmara continuam no século XIX,
quando cidadãos conseguem que o juízo dos Feitos da Coroa e Fazenda profira um
acórdão (20 de junho de 1812), declarando nulos todos os aforamentos que a Câmara
havia feito, com base no argumento que Estácio de Sá e o governador Mem de Sá
haviam doado a sesmaria à população da cidade e não à Câmara. É evidente que este
absurdo não foi adiante, mas a Câmara só viu a questão resolvida em 1821 com o alvará
de 10 de abril, que reconheceu o seu direito de aforar os terrenos situados nas ditas
sesmarias.
Semelhantes problemas com as terras aforadas prejudicaram o recolhimento dos
foros e dos laudêmios. As maiores críticas encontradas nos diversos autores, entre eles
Haddock Lobo, e documentos oficiais, referem-se à ação ineficaz da Câmara na
cobrança dos foros pelo fato de que a área da Sesmaria da Câmara se sobrepunha à que
lhes havia sido doada anteriormente.
Outra expressiva fonte de renda para a Câmara são os foros sobre terrenos de
marinha. A Câmara se apossou dos terrenos de marinha vendendo-os em hasta pública
ou aforando-os para arrecadar fundos para a construção da fortaleza de Lages, diante da
ameaça da invasão dos holandeses. Isto deu início a um conflito de um aforamento feito
no século XVI . O conflito só terminou com a Ordem Régia de 3 de novembro de 1790,
que deliberou contra a Câmara, mas respeitou os aforamentos feitos, deixando-a
continuar percebendo os foros e laudêmios.
O império outorgou à Câmara a faculdade de cobrar foros e laudêmios sobre os
terrenos de marinha, pois a Lei nº 60, de 20 de outubro de 1838, no seu artigo 9º, item
27 diz que: “pertencem à receita geral do Império as seguintes imposições: foros dos
terrenos de marinha e laudêmio, exceto no Município da Cidade do Rio de janeiro”.
Ainda no Império, a Câmara ganha o direito de aforar e receber a receita sobre
os terrenos acrescidos de marinha , conforme a Lei nº 3348, de 20 de outubro de 1887.
A República continuou a permitir o direito de gozo da Câmara sobre os terrenos de
marinha, mas com modificações. A união era a proprietária, mas a Câmara ficava como
usufrutuária, podendo receber os foros e laudêmios, segundo a Lei nº 741, de 26 de
dezembro de 1900 , sendo que essa autorização foi posteriormente revogada.

2.3 - História Arquivística:


2.4 - Natureza Jurídica: Público
2.5 – Procedência:
2.5.1 - Nome:
2.5.2 - Forma de Entrada:
2.5.3 - Ano da Entrada:
2.5.4 - Número Geral da Entrada:

3 - Área de Conteúdo e Estrutura

3.1 - Âmbito e Conteúdo:


3.2 - Avaliação, Eliminação e Temporalidade: Documentação Permanente
3.3 – Incorporações:
3.4.1 - Estágio de Tratamento: Parcialmente organizado
3.4.2 – Organização: em forma de códices

4 - Área de Condições de Acesso e Uso

4.1 - Condições de Acesso:


4.1.1 - Condição: Sem Restrição
4.1.2 - Tipo de Restrição:
4.1.3 - Observações
4.2 - Condições de Reprodução: mediante autorização da Instituição
4.3 - Idioma/Escrita: Português
4.4 - Instrumento de Pesquisa:
4.4.1-Modalidade de Instrumentos de Pesquisa
Tipo: Catálogo
Descrição: Notação, descrição do assunto e datas-limite

5 - Área de Fontes Relacionadas

5.1 - Existência e Localização dos Originais: Subgerência de Documentação


Escrita
5.2 - Existência e Localização de Cópias:
5.2.1 - Na Instituição
5.2.2 - Outros Detentores:
5.3 - Unidades de Descrição Relacionadas:
5.4 - Notas Sobre Publicação

6 - Área de Notas

6.1 - Notas sobre conservação: em bom estado de conservação


6.2 - Estado do Acervo: Bom
6.3 - Notas Gerais:

7 - Área de Controle

7.1- Nota do arquivista: A organização da coleção, a descrição da série e do


dossiê e a identificação dos itens documentais seguiram as orientações da Norma
Brasileira de Descrição Arquivística (NOBRADE).
7.2 - Regras ou convenções: Conselho Nacional de Arquivos. NOBRADE:
Norma Brasileira de Descrição Arquivística. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2006
(Brasil).
7.3 - Datas das Descrições: Janeiro de 2015
7.4 - Unidade Custodiadora: Subgerência de Documentação Escrita
7.5 - Responsável da descrição: Raphael Camelo S. Caldas
Camilla Campoi
Geórgia da Costa Tavares

8 - Área de Ponto de Acesso e Indexação de Assuntos

8.1 - Pontos de Acesso e Indexação de Assuntos: Aforamento, Sesmaria, Laudêmio

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