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ABORDAGEM

- MÓDULO I – SISTEMAS DE ISOLAMENTO DE TRANSFORMADORES


– Transformador
– Sistema de isolamento

- MÓDULO II - ISOLAMENTO SÓLIDO


- Degradação do papel
– Tratamento da parte ativa
– Critérios de tratamento
– Secagem da parte ativa

- MÓDULO III - ISOLAMENTO LÍQUIDO (ÓLEO ISOLANTE)


– Propriedades do óleo
– Contaminação do óleo
– Deterioração do óleo
– Tratamento do óleo no campo

- MÓDULO IV - MÁQUINA TERMO VÁCUO


– Principio de funcionamento
– Esquema funcional
– Esquema elétrico
– Operação
– Manutenção

- MÓDULO V - MÁQUINA DE REGENERAÇÃO


– Principio de funcionamento
– Esquema funcional
– Esquema elétrico
– Operação
– Manutenção
1 - Título :

Operação de máquina termo vácuo e máquina regeneradora para tratamento de


óleo isolante para transformadores.

2 - Objetivo :

Fornecer subsidio, para técnicos e eletricistas que operam as máquinas de


tratamento de óleo isolante, relativo as técnicas de tratamento de transformadores,
tratamento de óleo isolante e operação e manutenção das máquinas.

3 - Conceitos :

Os conceitos, definições, explicações, etc... procuram atender ao público definido


no Item 2 – Objetivo, para maiores esclarecimentos, recomendamos consultar as
publicações indicadas no Item - Bibliografia.

3.1 – Transformador – Os transformadores citados nesse trabalho referem-se


àqueles com tensão superior igual ou maior que 69 kV, ou seja, os que são de
responsabilidade da COPEL Transmissão.

4 – Abrangência

As informações, critérios e determinações contidas nesse trabalho são as


determinadas pela Engenharia de Manutenção da COPEL Transmissão,
abrangendo os equipamentos pertencentes a TRA.
É proibido a reprodução desse material, sem autorização da
TRSEN/SENEMN/EQESE.

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MÓDULO 1 - SISTEMAS DE ISOLAMENTO DE TRANSFORMADORES

1 - Transformador

O transformador é definido como um dispositivo elétrico estático, constituído de


dois ou mais enrolamentos acoplados através de um núcleo magnético. Ele
transfere energia, pela indução eletromagnética, entre circuitos de mesma
frequência, mas normalmente com valores alterados de tensão e corrente.

De maneira simplificada o transformador pode ser dividido em três partes :

- Núcleo magnético
- Bobinados (enrolamentos)
- Sistema de Isolamento

Além das partes principais acima citadas, os transformadores normalmente


dispõem de um tanque e diversos acessórios como os comutadores, buchas,
radiadores, etc...

1.1 – Núcleo Magnético

O núcleo magnético é fabricado em chapas de aço silício e visa orientar o fluxo


magnético, reduzindo as perdas por dispersão. Não será objeto do nosso curso,
pois praticamente não é afetado pelo processo de secagem.

1.2 – Bobinados (enrolamentos)

As bobinas são normalmente fabricadas com cobre, alumínio ou outro material


condutor, revestidos por uma ou mais camadas de material isolante. Os materias
condutores também não são afetados pela secagem.

1.3 – Sistema de Isolamento

Os transformadores incluem diversos materiais de isolamento que em conjunto


formam um sistema de isolamento.

O sistema mais utilizado em transformadores de potência e o papel impregnado


em conjunto com o óleo mineral isolante. Existem outros meios isolantes, como
epoxi, SF6, etc... porém para efeito do nosso curso o único sistema que
apresenta interesse é o constituído por papel e óleo mineral isolante.

Esse sistema isola os enrolamentos do transformador entre si e entre eles e a


terra (núcleo e as partes de aço do tanque).

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MÓDULO II – ISOLAMENTO SÓLIDO

O material sólido “isola” porque possui a capacidade de suportar tanto os esforços


elétricos como mecânicos decorrentes das tensões utilizadas.

O sistema de isolamento deve conter materiais que executem 4 funções principais:

• Capacidade de suportar as tensões relativamente altas (rigidez dielétrica).


• Capacidade de suportar os esforços mecânicos e térmicos (calor) que
acompanham um curto-circuito.
• Capacidade de evitar acúmulo excessivo de calor (transferência de calor).
• Capacidade de manter as características desejadas por um período aceitável
de vida útil, submetido a manutenção adequada.

Os materiais mais utilizados no sistema de isolamento sólido de transformadores


são:

• Papel Kraft termoestabilizado


• Papelão (Fenolite, presspahn, permawood)
• Madeira
• Fitas de algodão

O papelão e a madeira são normalmente utilizados para anéis estáticos, cunhas,


calços, canaletas, suporte de cabos, etc.

O papel Kraft, que é um papel obtido a partir da madeira (coníferas) por processos
químicos é utilizado para isolamento dos condutores (bobinas, leads de bucha,
cabos do comutador, etc..).

Todo o sistema de isolamento sólido dos transformadores são importantes, mais e


o material utilizado para isolamento das bobinas que determina a vida útil do
transformador, visto que não é possível substitui-lo (a menos que se confeccione
nova bobina, o que tem um custo elevado).
De agora em diante quando nos referirmos a isolamento sólido e/ou papel,
estaremos nos referindo ao papel kraft utilizado no isolamento das bobinas.

1. Degradação do Papel

A principal preocupação com relação a manutenção de transformadores de


potência, esta relacionada a evitar que o papel se degrade.
Nos transformadores, tais como conhecemos hoje, não existe condição ideal para
se evitar completamente a degradação do papel. As condições operacionais dos
transformadores contribuem para um “envelhecimento natural” do papel.
Porém a experiência tem mostrado, que esse “envelhecimento natural” do papel
praticamente não limita a vida útil do transformador, ou seja, técnicas de

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preservação e manutenção adequadas possibilitam preservar o transformador
bem além da expectativa de vida útil, que na COPEL consideramos 30 anos.

Por outro lado, um relaxamento nas técnicas de preservação e manutenção


podem levar a falhas prematuras em transformadores.

Custuma-se dizer que os transformadores não morrem, são assassinados.

Vemos que os cuidados de preservação e a manutenção preventiva, associada ao


entendimento das características básicas do isolamento celulósico, são essenciais
para manter o transformador em operação.

Quando falamos em vida útil do transformador, estamos nos referindo a vida útil
do papel. Porém para analisarmos a degradação do papel é necessário
considerarmos todo sistema de isolamento, pois como veremos adiante, uma das
funções do isolamento líquido é proteger o papel, sendo assim as condições do
isolamento sólido dependem também das condições do isolamento líquido.
Portanto para descrever os fatores que influenciam na degradação do papel,
algumas vezes teremos que considerar o líquido isolante.

Os principais agentes de degradação do papel são:

• Temperatura
• Oxigênio
• Umidade

Temperatura : Em razão de sua fraca estabilidade térmica o papel é objeto de um


envelhecimento substancial quando o mesmo é submetido ao efeito da
temperatura. Isto se traduz por uma diminuição de suas características,
particularmente de suas características mecânicas.
Quando nos referimos a temperatura, temos que considerar, que valores de
temperatura menores que 80 oC, não são preocupantes em termos de perda de
vida útil. Portanto para os métodos de tratamento o valor máximo de temperatura
a que poderemos submeter os enrolamento é de 80 oC.

Oxigênio : Um fator determinante de decomposição do papel impregnado é a


acidez causada pela oxidação em função do oxigênio dissolvido no óleo isolante,
que age diretamente sobre o papel para acelerar seu envelhecimento
(envelhecimento = oxidação). A oxidação pode ser controlada, mas não eliminada.
O oxigênio vem da atmosfera ou é liberado da celulose como resultado do
aquecimento. A oxidação da celulose é acelerada pela presença de certos
produtos de decomposição do óleo, chamados compostos polares, como ácidos,
peróxidos e água.
O papel é extremamente poroso, absorve até cerca de 10% do óleo do
transformador. Portanto o processo de degradação da celulose se inicia
imediatamente, quando o óleo é colocado na unidade. Além disso a celulose

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possui adsorção seletiva pronunciada para ácidos orgânicos voláteis formados
como produtos iniciais da decomposição do óleo.

Umidade : A celulose tem uma afinidade muito forte com a água e assim não
divide a umidade de maneira equitativa com o líquido isolante. A umidade se
divide entre o papel e o óleo em uma relação definida em um estado final de
equilíbrio no qual o conteúdo de umidade no papel é cerca de 600 a 800 vezes
maior que no óleo.
Na fabricação, os transformadores são secados a valores de umidade residual da
ordem de 0,3% a 0,5% com relação ao peso do papel seco. Para que essas
características sejam conservadas, é exigido que o óleo isolante para enchimento
do transformador seja secado a um nível de conteúdo de água da ordem de 10
ppm.
O que determina a necessidade de tratar a parte ativa de um transformador em
operação é a quantidade de água no papel. Existem vários ensaios que
determinam a quantidade de água no papel, mas todos implicam no desligamento
do transformador, quando não, na necessidade também de se retirar o óleo.
Portanto só realizamos ensaios para determinar a umidade do papel em ocasiões
especiais (transformadores que submetidos a manutenção permaneceram muito
tempo aberto, transformadores novos submetidos a manutenção ou que tenham
apresentado contaminação por vazamento, por exemplo no transporte).
O que utilizamos como parâmetro para efetuar a secagem da parte ativa é a
quantidade de umidade no óleo. De maneira geral podemos dizer que quando
tivermos água no óleo na ordem 30 ppm a uma temperatura de 60 oC , teremos
umidade residual no papel da ordem de ± 1,5% a 2,0%.

Nota : 1% representa 10.000 ppm (parte por milhão).

Exemplo:

Transformador com 20.000 litros de óleo è 30 ppm è 0,6 litros de água.


No papel ≅ 10% è 2.000 litros è 1,5% è 30 litros de água

Existem alguns fatores que alteram essa relação, como por exemplo peso do
papel seco, de forma que existe alteração nessa relação dependendo do
transformador. Para facilitar, na TRA, generalizamos essa relação de acordo com
a classe de tensão do transformador, qual seja:

Transformador com tensão superior ≥ 230 kV è máximo 25 ppm.


Transformador com tensão superior < 230 kV è máximo 30 ppm.

Então quando tivermos água no óleo em teor superior ao indicado acima, será
necessário secagem da parte ativa.

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Vimos os três principais agentes de degradação do papel, analisando
separadamente os efeitos de cada um, porém é a ação conjunta desses agentes
que irá determinar o grau de degradação do papel.

Ilustrando essa relação:

Isolamento sólido (papel) : Calor e umidade como inimigos principais,


com a oxidação como acelerador primário.

2 - Tratamento da parte ativa.

O tratamento da parte ativa de transformadores no campo esta centrada na


retirada da umidade do papel.
Com relação a temperatura e a oxidação poderemos ter ação preventiva, pois a
degradação causada no papel por esses dois agentes é irreversível.

A ação preventiva relacionada a oxidação será discutida quando falarmos do óleo


isolante, visto ser esse problema maior com relação ao óleo.

A temperatura depende do carregamento do transformador, então o controle do


carregamento consiste na principal ação preventiva.
Cabe as equipes de manutenção garantir o perfeito funcionamento dos acessórios
do sistema de resfriamento, tais como: medidores de temperatura, radiadores,
ventiladores, etc...

Um outro fator também relacionado a temperatura seria o deposito dos produtos


de decomposição do óleo (borra) sobre os enrolamentos, que dificultam o
resfriamento do enrolamento (dissipação térmica).
A ação preventiva seria a manutenção do óleo isolante, assunto que veremos
adiante.

O fato de podermos retirar a umidade da parte ativa, não significa que podemos
relaxar nas medidas preventivas, muito pelo contrário, tratando-se a água como o
pior inimigo do papel, os cuidados para evita-la tem início no projeto do
transformador, através de técnicas de selagem, tais como, bolsa de borracha,
diafragma de borracha, dimensionamento do recipiente de silica-gel, etc....,
Os cuidados continuam durante a fabricação, que normalmente é efetuada em
área climatizada, no processo de secagem das bobinas e posteriormente da parte
ativa, nas técnicas para impregnação, enchimento e preparação para o transporte.

Durante a montagem na obra ou mesmo por ocasião de possíveis manutenções


internas são executados uma série de procedimentos para diminuir ao máximo a
exposição da parte ativa a umidade do ar, sendo assim, as pessoas envolvidas
com a montagem e manutenção de transformadores tem que ter conhecimento
desses procedimentos e aplica-los.

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Os acessórios dos transformadores que tem a finalidade de evitar a contaminação
por umidade do óleo e consequentemente da parte ativa, tais como bolsa,
diafragma, sistema de pressorização, silica-gel, etc... Devem ser objeto de
acompanhamento pelas equipes de manutenção.
As equipes de manutenção também devem atentar para os procedimentos para
completar o nível de óleo de transformadores.

2.1 - Critérios de tratamento

Será descrito somente o tratamento mais convencional, outros métodos de


tratamento, tais como: hot oil spray, injeção de corrente, etc...Não serão objeto
desse curso, detalhes desses métodos poderão ser encontrados nas literaturas
indicadas no Item - Bibliografia.

2.2 - Vácuo

A utilização do vácuo é um item imprescindível no tratamento de


transformadores, tanto da parte ativa como do óleo. Conhecer a finalidade e as
técnicas de aplicação do vácuo constitui-se requisito básico para os
operadores de maquinas de tratamento.

Podemos definir vácuo como um “espaço absolutamente isento de todo o ar ou


gás ou, na prática, um espaço que tenha sido esgotado a um alto grau por uma
bomba”. Uma definição mais útil diz que vácuo é “qualquer pressão menor
que a atmosférica”, e alto vácuo refere-se à condição de uma muito baixa
pressão, que para o objetivo desse curso, está ao redor de 1 torr.

A terminologia de vácuo pode ser um pouco confusa pois diversas unidades


comumente podem definir o mesmo valor quantitativo.

A unidade de medição de vácuo aceita internacionalmente é o torr, de


Torricelli. Um torr equivale a 1 mm de mercúrio absoluto. A pressão
atmosférica ao nível do mar é igual a 760 torr.

A relação entre a pressão absoluta, pressão atmosférica e pressão relativa,


pode ser vista na figura abaixo. Ao nível do mar é necessário se retirar o ar de
um sistema para se reduzir a pressão de 760 torr para 750 torr. Um processo
operando ao nível do mar e a 750 torr, está operando sob vácuo.

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A maioria dos processos que operam sob vácuo, estão situados na faixa de 0,1
a 760 torr.

A pressão é o único parâmetro que descreve o nível ou a qualidade do


vácuo que existe em um processo. A medição da pressão é portanto, uma
fase muito importante na operação de um processo.

Os instrumentos utilizados para medir pressão são o manômetro e o


barômetro, como podemos ver na figura acima o manômetro é utilizado para
medir pressões acima da pressão atmosférica (manométrica), normalmente
chamamos de pressão positiva. As unidades mais utilizadas são o “bar e o
kg/cm2”.
1 bar = 1,02 kg/cm2

Na prática consideramos 1 bar = 1 kg/ cm2 .

O barômetro é utilizado para medir pressões inferiores a pressão atmosférica


(barométrica), normalmente chamamos de pressão negativa. Na prática o
termo barômetro esta mais relacionado com a medição de altitude. Para medir
o “vácuo” utilizamos o vacuômetro, instrumento que é utilizado para medir
baixíssimas pressões, que é o que nos interessa. As unidades mais utilizadas
são o “torr e o mm Hg”.

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Abaixo apresentamos tabela com a relação entre as principais unidades de
pressão:

bar torr Pa atm Kgf/cm2 mm Hg


1 bar 1 7,5 x 102 1 x 105
0,987 1,02 7,5 x 102
1 torr 1,333x10-3 1 1,333x102 1,316x10-3 1,36 x10-3 1
-5
1 Pa 1 x 10 7,5 x 10-3 1 9,87 x10-6
1,02 x10-5
7,5 x 10-3
1 atm 1,013 7,6 x 102 1,013x106 1 1,033 7,6 x 102
2
1 Kgf/cm 0,981 7,356x102 9,807x10 4
0,968 1 7,356x102
1 mm Hg 1,333x10-3 1 1,333x102 1,316x10-3 1,36 x10-3 1

Outras unidades è 1 bar = 103 mbar = 1 dyn cm2 = 29,53 in Hg = 14,5 lbf / pol2
Pa = N/m2

Como mais um comentário, o torr é frequentemente expresso em termos das


potências negativas ou positivas de 10.

Por exemplo :

5 x 102 torr = 500 torr


5 x 101 torr = 50 torr
5 x 100 torr = 5 torr
5 x 10-1 torr = 0,5 torr = 500 microns
5 x 10-2 torr = 0,05 torr = 50 microns
5 x 10-3 torr = 0,005 torr = 5 microns

2.2.1 - Cuidados na aplicação de vácuo :

Como vemos na tabela acima a pressão atmosférica corresponde a uma


pressão de praticamente 1 kgf/cm2 , então quando aplicamos vácuo no interior
de um recipiente, ou seja, zeramos (valor teórico, na prática não conseguimos
o vácuo absoluto) a pressão atmosférica no interior desse recipiente,
estaremos submetendo esse recipiente a uma pressão externa de
1 kgf/cm2 (ver figura abaixo), sendo assim, as paredes desse recipiente
deverão estar preparadas para suportar essa pressão.

Então quando aplicamos vácuo em um transformador é necessário que o


tanque do transformador e dos acessórios do transformador, tais como,
radiadores, tanque de expansão e tubulações de óleo que estarão sujeitos a
aplicação do vácuo suportem essa pressão. Normalmente essa condição é
satisfeita, porém sempre deveremos nos certificar. Nos transformadores da
COPEL, essa informação é indicada na placa do equipamento.

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Outra condição básica é que para aplicarmos vácuo no interior de um
recipiente é necessário que esse recipiente seja estanque. Se houver pontos
de “vazamento” nesse recipiente, a medida que formos “esvaziando” o
recipiente, tenderá a haver um equilíbrio da pressão pela admissão de ar por
esse pontos de “vazamento”.
Essa situação é inadmissível quando se aplica vácuo em transformadores,
visto que a admissão de ar, sem termos controle da sua umidade, poderá
contaminar a parte ativa com umidade.
Portanto antes de iniciarmos a aplicação de vácuo em transformadores
deveremos ter certeza da Estanqueidade de todo o sistema. Essa condição
poderá ser verificada com o ensaio de Estanqueidade, que consiste na
aplicação de pressão positiva com consequente verificação de possíveis
vazamentos.

Quando aplicamos pressão em um recipiente, e isso vale para pressão positiva


ou negativa, temos que nos certificar que todo ambiente no interior desse
recipiente esteja submetido a mesma pressão.
Em transformadores essa situação se aplica principalmente ao cilindro da
chave comutadora e a bolsa de borracha. Se isolarmos esses componentes
durante a aplicação de pressão no transformador, corremos sério risco de
danificarmos esses acessórios, visto que eles não são preparados para
suportar pressões superiores a 0,4 kgf/cm2 .
O transformador possui registros que possibilitam equalizar todo o ambiente
interno. Isso deve ser sempre verificado antes da aplicação de pressão nos
transformadores, bem como após a conclusão dos trabalhos esses registros
deverão retornar para a posição de serviço.

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2.2.2 - Propriedades do vácuo :

Então repetindo, uma das propriedades do vácuo é esgotar em um alto grau o


recipiente submetido ao vácuo, isso possibilita a retirada do ar do interior do
transformador, evitando que fiquem bolhas de ar presas nos bobinados (o que
prejudicaria a rigidez dielétrica), facilitando a impregnação do papel pelo óleo
isolante. Essa característica do vácuo, possibilita também a desgaseificação do
óleo isolante.

Sabemos que a temperatura de ebulição dos diversos materiais dependem da


pressão a que estão submetidos, quanto maior a pressão maior será a
temperatura para atingir a ebulição e vice - versa. Tomemos como exemplo a
água. Ao nível do mar a temperatura de ebulição da água é de 100oC, em
Curitiba que esta a uma altitude de 905 metros, ou seja, a uma pressão menor
que a pressão ao nível do mar, a temperatura de ebulição da água é de 98 oC.
Situação contraria é a da panela de pressão, que normalmente atinge a
pressão de 2 atm, para essa pressão a água ferve a 125 oC, com a água
atingindo essa temperatura os alimentos cozinham mais rápido.
Dessa maneira para pressão em torno de 1 torr a temperatura de ebulição da
água é de ± 25 oC.

Os teores de umidade dissolvidos no óleo e os teores de umidade absorvidos


nos materiais celulósicos alcançam certos valores de equilíbrio em condições
ambientais específicas. As condições específicas que nos interessam, no
caso, são a temperatura e a pressão. Qualquer alteração nas condições
especificadas afetará o equilíbrio, ou o teor de umidade reduzirá e o material
se tornará mais seco ou o teor de umidade aumentará e o material se tornará
mais úmido.

A solubilidade da água no óleo varia com a temperatura (ver tabela 1). Por
exemplo a 20 oC o óleo pode conter até 40 ppm de água em solução (isso
para a pressão de 1 atm = 760 torr). Quantidades maiores do que 40 ppm
existirão como água livre.
Se secarmos o óleo nesta mesma temperatura, mais com uma pressão de 1
torr, o teor de umidade de equilíbrio será menor do que 10 ppm. Esta é a razão
pela qual é usado o vácuo no tratamento do óleo, por causa do seu efeito no
equilíbrio no teor de umidade. Há outro benefício na secagem do óleo a vácuo
– ele será desgaseificado ao ponto do teor de ar residual chegar a menos de
0,25 % em volume a 1 torr e 20 oC.

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Teor de Água Saturada do Óleo do Transformador
X Temperatura

450
400
Teor de Água (ppm)

350
300
250
200
150
100
50
0
0 20 40 60 80 100
Temperatura oC

Os materiais celulósicos também apresentam características de equilíbrio do


teor de umidade relacionados com a temperatura e a pressão. Diferentemente
do óleo a celulose absorve menos água a medida que aumentamos a
temperatura (sempre temos que considerar o equilíbrio do teor de umidade
entre a celulose e o meio que a envolve, no nosso caso óleo ou ar). Os efeitos
do calor nos processos de secagem do isolamento sólido serão comentados
posteriormente, por hora veremos a influência da pressão nesse processo.

As condições de equilíbrio da celulose sob diferentes pressões, apresenta uma


característica análoga ao óleo. Para uma mesma temperatura, a condição de
equilíbrio será atingido com menores quantidades de água (% em relação ao
peso) a medida que formos diminuindo a pressão.

A tabela 2 mostra o equilíbrio do teor de umidade em papel Kraft em várias


condições de pressão de vapor de água e temperatura. A tabela mostra uma
relação importante entre temperatura e pressão, podemos observar que
quanto mais baixa a temperatura, mais baixa deve ser a pressão parcial do
vapor de água para obtermos a mesma secagem.

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Teor de Umidade em Equilíbrio para Papel
Wood & Kraft

100

10

Pressão do Vapor (torr)


1

0,1

0,01

0,001
100 80 60 40 20 0

Temperatura o C

3 – Procedimentos para secagem da parte ativa

3.1 – Secagem após montagem e/ou manutenção de transformadores.

Esse procedimento é valido para transformadores novos com teor de umidade do


papel igual ou inferior a 0,5% e para transformadores remanejados ou submetidos
a manutenção (onde tenha sido necessário a abertura do equipamento), em que a
parte ativa tenha sido exposta somente o tempo necessário para os serviços de
montagem que necessitem a abertura do equipamento com umidade relativa do ar
inferior a 70%.
A contaminação por umidade do isolamento sólido dependerá principalmente do
tempo de exposição e da umidade relativa do ar.
A contaminação inicia-se pela superfície do papel, e com o tempo ela ira migrar
para o interior do isolamento sólido até atingir o equilíbrio, ou seja, se distribuir
quantitativamente por todo o isolamento sólido.

A contaminação será tanto maior quanto maior for a umidade relativa do ar.
Portanto esse valor é limitado em no máximo 70%.

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É fácil verificar que devemos limitar o tempo de exposição ao mínimo possível,
porém sabemos que esse tempo depende dos serviços a serem realizados e que
variam dependendo do transformador.

O tempo além de possibilitar uma maior exposição à umidade do ar, também


possibilita que a umidade migre para o interior do isolamento, ou seja, quanto mais
tempo decorrer entre a exposição e o início do tratamento, maior será o teor de
umidade que é dissolvida e absorvida pelo isolamento sólido.

Então podemos dizer que a mudança no equilíbrio no teor de umidade no papel


em qualquer direção (tanto na contaminação como depois no tratamento) está
relacionada com o tempo e limitada pela difusão, uma vez que nesse caso não é
só a umidade livre da superfície, mais sim a umidade que é dissolvida e absorvida
pelo papel que se estará manejando.

A eficiência da secagem com aplicação do vácuo esta relacionada com o fator


“tempo”.

No início do processo será retirarada a umidade superficial do papel e em seguida


será necessário que a umidade dissolvida no interior do isolamento migre para a
superfície para ser removida. O processo de secagem continuará até que o
equilíbrio (ver tabela 2) seja atingido.

A figura abaixo mostra a razão de secagem versos tempo e os períodos de


secagem para materiais sólidos. Esta curva e geralmente aplicável aos materiais
sólidos isolantes quando secados no campo. O fator tempo indicado para os
vários períodos de secagem são mostrados somente por motivos ilustrativos.
O período de secagem de A até B representa o período inicial da aplicação do
vácuo até atingir a estabilização, que pode não ser significante no total do
processo; o período de B até C representa o grau constante onde a umidade de
superfície pode provavelmente estar presente; C até D é o período de caída que é
limitada pela vazão do tubo ou a difusão da umidade do vapor através do material
sólido.
Razão de Secagem

B C
A

Tempo

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Como pode se observar, a razão muda constantemente devido a dificuldade que
aumenta em transportar a umidade para a superfície. O período C-D pode ser
muito demorado e depende primordialmente da massa da isolação que esta sendo
secada, da temperatura do isolante, dos níveis de vácuo alcançados, do teor de
umidade final desejado e, da espessura do material isolante.

Então como determinar o tempo de aplicação de vácuo?

Obviamente o mais correto seria medir o teor de umidade antes de iniciar o


tratamento, e repetir essa medição após ciclos de aplicação de vácuo até
atingirmos o teor de umidade final desejado.

Existem vários métodos de medição do teor de umidade da isolação sólida de


transformadores, porém na COPEL não utilizamos nenhum método de medição do
teor de umidade para determinar o término do tratamento.
Temos utilizado já há muito tempo uma tabela de tempos de tratamento, baseada
na prática do pessoal de campo da COPEL e de outras empresas, inclusive nas
recomendações de tratamento de fabricantes de transformador. Embora em
alguns casos possamos estar tratando o transformador mais tempo do que o
necessário, o que representa um custo adicional, os critérios adotados não tem
trazido problemas, pelo menos até o momento não temos necessitado efetuar
novo tratamento em função de rápida elevação do teor de umidade, nem temos
avarias de transformadores cuja causa possa ser atribuída a deficiência da
secagem.

Esta tabela, leva em consideração a classe de tensão do transformador e o tempo


de exposição da parte ativa ao ar atmosférico durante a montagem e/ou
manutenção.

TABELA DE TEMPO PARA TRATAMENTO TERMO VÁCUO

Tempo de exposição < 230,0 kV 230,0 kV


Inferior a 08 horas 60 h 72 h
De 08 a 12 horas 64 h 76 h
De 12 a 24 horas 68 h 80 h
De 24 a 72 horas 72 h 90 h
Mais de 72 horas 90 h (3) 2 x 60 h
Novos (1) 60 h 72 h
Novos (2) 90 h (3) 2 x 60 h

Observações :

1 – Transformadores novos, remanejados ou recuperados, transportados com óleo


ou gás, sem problemas com estanqueidade durante o transporte e exposição ao
ar durante a montagem por tempo inferior a 08 horas.

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2 – Transformadores novos com problemas de estanquiedade durante o
transporte ou transportado sem óleo ou gás.
3 – Executar um ciclo de vácuo de 60 horas, quebrar o vácuo com óleo isoalnte
aquecido, aquecer a parte ativa com circulação de óleo, retirar o óleo e efetuar
novo ciclo de vácuo por 60 horas.

4 – O tempo deve ser contado a partir da estabilização do vácuo.

3.2 – Transformadores com teor de umidade do papel acima do aceitável e com o


óleo isolante em boas condições.

Esse procedimento abrange os transformadores referidos na observação 3 do item


anterior e de transformadores em que os índices de teor de umidade tenham
ultrapassados os valores limites, em que a secagem somente com aplicação de
vácuo é ineficiente ou muito demorada.

3.2.1 - Secagem por aplicação de calor

A aplicação de calor para desidratação é um fenômeno fácil de entender, o


problema com relação ao tratamento de transformadores no campo é como
aquecer a parte ativa, além do fato de termos limites de temperatura aplicáveis a
mesma, de forma a não degradarmos o papel.

Existe vários métodos de aquecimento da parte ativa, mais a menos complexa e


menos onerosa é o aquecimento por circulação de óleo quente, seguidas por
períodos de vácuo.

O efeito da temperatura e vácuo no processo de secagem, já foi visto. Iremos nos


ater nos valores de temperatura e nos procedimentos de circulação do óleo.

Primeiramente para aquecermos o óleo necessitaremos dispor de um aquecedor


externo. O óleo a ser injetado no transformador deverá ser isento de partículas, ter
as suas características físico – químicas preservadas e ter a menor quantidade de
água possível.

As máquinas termo-vácuo atendem nossa necessidade, visto que possuem filtros


para retenção de partículas, conjunto de resistências para aquecer o óleo e a
câmara de vácuo para desudimificar e desgaseificar o óleo.

Devemos ter consciência de que teremos limites para as temperaturas máximas


em que poderemos aquecer o óleo para não alterarmos as características físico –
químicas do óleo, atingirmos o ponto de combustão do óleo e/ou danificarmos o
papel.

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Como iremos utilizar vácuo, não será necessário atingirmos temperaturas
elevadas para secar o papel, então a temperatura será limitada pelos valores
máximos que poderemos submeter o óleo sem degrada-lo.

Temperaturas para tratamento:

Se utilizarmos óleo em boas condições ( físico – químicas ) a temperatura de


aquecimento do óleo ficará limitada a 60 oC. Aquecendo o óleo até essa
temperatura o mesmo poderá ser reutilizado. Se aquecermos o óleo em boas
condições com temperaturas superiores a 60 oC, o mesmo deverá ser
regenerado antes de ser reutizado.

Em situações mais críticas poderemos aquecer o óleo até 80 oC, podendo usar
óleo degradado previamente filtrado (livre de partículas) ou óleo em boas
condições. Em ambos os casos o óleo deverá ser regenerado para
reutilização.

Ciclos de tratamento (circulação de óleo quente e aplicação de vácuo)

A quantidade de ciclos será determinada pela Engenharia, que ira analisar a


situação do transformador e determinar o tempo de vácuo, tempo de circulação de
óleo quente, qual óleo deverá ser utilizado, etc...

Para ilustrar usaremos a situação indicada na tabela, para tempo de exposição de


72 horas.

1o passo – Esgotar o transformador

Será necessário esgotar todo óleo do transformador, mas devemos considerar que
a circulação com óleo quente ficará restrita ao tanque, devendo os radiadores e o
tanque de expansão serem isolados, fechando-se as respectivas válvulas.
O óleo deverá ser retirado com termo-vácuo e armazenado em tanque com
divisão ou dois tanques, de forma que possamos aquecer somente o óleo que
necessitaremos para a circulação.
A admissão de ar no transformador poderá ser feita pelo respiradouro, utilizando
silica-gel nova ou por injeção de ar seco.
A quantidade de óleo a ser utilizada para circulação deverá estar entre 30% a 50%
do volume total de óleo do transformador. Essa quantidade deve ser armazenada
separadamente.

2o passo – Primeiro ciclo de vácuo

O tanque de expansão deverá estar isolado (exceto se houver recomendação em


contrário). Os radiadores também deverão ser submetidos ao vácuo e duas horas
após a estabilização do vácuo, os radiadores deverão ser isolados. Atenção
especial deverá ser tomada com relação ao cilindro da chave comutadora, pois a
mesma deverá ser também submetida ao vácuo. Normalmente o registro para
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equalização da cilindro da chave comutadora esta localizado no tanque de
expansão, então se o tanque de expansão estiver isolado, uma nova interligação
para equalização deverá ser prevista.

A mangueira para vácuo deverá ser instalada na parte superior do tanque, em


registro apropriado para tal. Iniciar a aplicação do vácuo, um vacuometro deverá
ser instalado, preferencialmente no transformador, para controle do vácuo. Após a
estabilização do vácuo, o mesmo deverá ser mantido continuamente por 60 horas.

3o passo – Preparação do óleo para circulação

Durante a primeiro ciclo de vácuo o óleo para a circulação deverá ser tratado e
aquecido com a termo-vácuo. É imprescindível que para iniciar a colocação do
óleo no transformador o mesmo esteja seco (< 10 ppm) e aquecido (± 60°C).

O óleo será inserido no transformador pela parte superior do tanque, se possível


em mais de um ponto. E será retirado pelos registros inferiores.

4o passo – Circulação do óleo.

Abrir os registros no transformador das mangueiras de inserção e retirada de óleo


(vácuo nas mangueiras).

Fechar o registro no transformador da mangueira de retirada de óleo.

Fechar o registro da mangueira de vácuo no transformador e desligar a bomba de


vácuo (quando se estiver utilizando bomba de vácuo exclusiva para aplicação de
vácuo no transformador).

Iniciar a colocação de óleo no transformador. Acompanhar pelo vacuometro a


quebra do vácuo. Quando a pressão atingir uma atmosfera ou todo o óleo tiver
sido colocado, abrir o registro para retirada do óleo e iniciar a circulação.

Atenção : Além do vacuometro, um manômetro deverá ser instalado sempre que


se procede a colocação de óleo em transformadores. Pois como normalmente
temos um circuito fechado, é comum causarmos sobrepressão no tanque do
transformador. Caso a pressão atinja 0,5 Kg/cm2 , a colocação de óleo deve ser
interrompida, o sistema verificado e a pressão ser equalizada com a pressão
atmosférica.

Manter a circulação até a temperatura do óleo estabilizar, após a estabilização


circular o óleo por no mínimo mais 12 horas.

A vazão das bombas de circulação deve ser de no mínimo 60% da vazão nominal.

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5o passo – 2o ciclo de vácuo (final).

Fechar a válvula de entrada de óleo e esgotar totalmente o óleo.

A admissão de ar no transformador poderá ser feita pelo respiradouro, utilizando


silica-gel nova ou por injeção de ar seco.
Abrir as válvulas dos radiadores e do tanque de expansão (exceto se houver
recomendação em contrário), ou seja, todo o transformador será submetido ao
vácuo e para tanto as partes internas deverão estar equalizadas.

A mangueira para vácuo deverá ser instalada na parte superior do tanque, em


registro apropriado para tal. Iniciar a aplicação do vácuo, um vacuometro deverá
ser instalado, preferencialmente no transformador, para controle do vácuo. Após a
estabilização do vácuo, o mesmo deverá ser mantido continuamente por 60 horas.

6o passo – Enchimento do transformador

Durante segundo ciclo de vácuo todo o óleo deverá ser tratado com a termo-
vácuo. É imprescindível que para iniciar a colocação do óleo no transformador o
mesmo esteja seco (< 10 ppm).

O enchimento será feito pela parte inferior do tanque.

O enchimento será feito com o transformador sob vácuo. Colocar óleo até atingir o
nível (verificar a temperatura do óleo e as indicações de temperatura no indicador
de nível de óleo).

Se a mangueira de vácuo estiver instalada abaixo do nível de serviço, o vácuo


deve ser interrompido antes do óleo atingir a mangueira. O registro deve ser
fechado e o vácuo quebrado por injeção de ar seco. Reiniciar o enchimento,
provendo uma saída de ar na parte mais superior possível.

Atenção : Um manômetro deverá ser instalado sempre que se procede a


colocação de óleo em transformadores. Pois corremos o risco de causarmos
sobrepressão no tanque do transformador. Caso a pressão atinja 0,5 Kg/cm2 , a
colocação de óleo deve ser interrompida, o sistema verificado e a pressão ser
equalizada com a pressão atmosférica.

Após completado o nível proceder sangria das buchas, relé buchholz e tanque de
expansão (bolsa ou diafragma). Após 24 horas repetir a sangria.

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