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AGREGADOS PARA
FABRICAÇÃO DE
BLOCOS E PAVERS
Aprenda os fundamentos sobre agregados, prepare
sua fábrica para produzir blocos e pavers de altíssima
qualidade e conquiste os clientes mais exigentes
entregando o melhor custo-benefício.
Com a palavra, o autor
Todas as vezes que desenvolvo um material para fabricantes de blocos e pavers tenho bem
claro para mim que é uma grande responsabilidade.
Eu sei que estou me dirigindo a pessoas que dedicam muito tempo, esforço e capital para
alavancar um dos seus sonhos.
Essa noção me faz querer produzir o melhor material possível para ajudá-los nessa
empreitada.
Com este E-book foi exatamente assim. Procurei colocar nele informações que fossem
práticas, mas que mostrassem o fundamento dos conceitos utilizados. É importante saber o
porquê das coisas, isso ajuda a desenvolver o raciocínio e entender melhor os desafios com
a produção de artefatos utilizando-se o concreto seco.
Este material, embora bem completo, não esgota o assunto, mas traz as principais
informações para você se aprofundar no assunto e avaliar as suas práticas. A partir disso
você poderá implementar algumas mudanças e continuar evoluindo e buscando novas
informações.
Aproveite este texto. Leia com atenção e siga em frente na sua jornada.
Introdução
É muito comum entre os empreendedores do setor de artefatos de concreto ter como
preocupação inicial o tipo de equipamento a ser adquirido. E, de fato, este é um grande
passo a ser dado. A escolha correta do equipamento é fundamental para um início
bem-sucedido.
No entanto, há um elemento que pode passar despercebido, ou ser alvo de menor atenção
neste momento. São materiais a serem utilizados na produção dos artefatos, genericamente
chamados agregados e aglomerantes.
Todos estes materiais têm uma característica em comum: são dependentes da região onde
você se encontra.
Existem cinco tipos básicos de cimento, mas nem todos estão disponíveis em todas as
regiões do nosso grande Brasil.
Com os agregados ocorre a mesma coisa. Há locais em que a areia natural já não está mais
disponível para extração e então é necessário lançar mão de outro tipo de agregado miúdo
para produzir o concreto, como é o caso da areia de britagem, que vem das pedreiras.
Dessa forma, é muito importante avaliar corretamente não somente o equipamento, mas os
agregados localmente disponíveis para a produção.
Em primeiro lugar, por causa do volume que ocupam na massa para a produção de artefatos
e concreto. Veja este exemplo simples: um traço usual para a produção de pavers é 1:5 em
massa. O que isto significa? De um modo bem simples esta proporção significa que, a cada 6
partes da mistura, 5 partes correspondem aos agregados.
Se você fizer as contas, verá que os agregados representam cerca de 83,3% do total do
material. Isso mostra não somente a sua importância em relação aos custos mas também a
sua influência nas características do concreto.
Uma outra razão importante para estudar adequadamente os agregados é o fato de que são
os materiais menos industrializados que compõem a mistura. Basta você estudar um
pouquinho o processo para produção do cimento, dos aditivos e das adições e você verá a
complexidade e a quantidade de controle tecnológico necessário.
Uma última razão, mas igualmente importante, é o impacto que os agregados causam nas
características da mistura utilizada na produção dos artefatos.
O tipo de equipamento utilizado na produção dos agregados afeta a sua forma, o seu
tamanho e a sua textura.
O conjunto de tudo isto que foi descrito anteriormente vai ser responsável pelas
características da mistura no seu estado “fresco”, ou seja, logo após ser produzida e utilizada
na moldagem dos artefatos de concreto e também no estado “endurecido”, que é quando a
peça já está pronta para ser aplicada.
As características da mistura no estado fresco vão afetar diretamente o processo de
produção e as características no estado endurecido irão determinar a resistência da peça e a
sua durabilidade.
Este E-book foi organizado em sete seções que abordam de maneira organizada os principais
pontos em relação aos agregados utilizados na produção de blocos e pavers. Veja no
infográfico as seções e depois uma breve descrição de cada.
Aqui você encontrará de modo claro o conceito de agregado conforme descrito nas normas.
Vai entender o significado de determinadas classificações e assim conseguir se comunicar
melhor quando o assunto for agregado.
Quais as características mais relevantes que devem ser avaliadas em um agregado? No que
este conhecimento nos ajuda? Estes e outros aspectos do que se chama “caracterização de
agregados” serão tratados aqui.
Sempre que se discute os aspectos práticos da produção de blocos e pavers este tema
sempre vem à tona. Nesta seção os principais tipos serão apresentados e suas principais
características.
Diversos problemas enfrentados no dia a dia de uma fábrica de blocos e pavers podem ser
atribuídos não somente à escolha incorreta dos agregados, mas à proporção de cada um na
mistura.
Este é um ponto muito sensível e deve ser lido com atenção. É comum entre quem está
iniciando não dar atenção a este tópico. Ao ler esta seção será possível entender a
importância de receber e estocar os agregados do modo correto.
Controle você mesmo a qualidade dos agregados
Após ler as seções anteriores, certamente não resta dúvida quanto à importância de
selecionar corretamente os agregados. Igualmente importante é garantir que as
características dos agregados estejam sendo mantidas ao longo do tempo.
Antes de mais nada é importante deixar claro o significado de três termos que poderão
aparecer frequentemente neste texto:
Pode-se identificar diversas expressões utilizadas para se referir ao concreto seco. É bem
comum o uso da expressão “concreto farofa”, pela semelhança da sua consistência com a
deste tão apreciado prato.
Num certo sentido, pode-se comparar a sua textura com a da “terra úmida”. E aí fica um
pouco mais fácil entender a singularidade deste tipo de concreto.
Uma terminologia mais técnica, que se originou do comitê 211 da ACI (American Concrete
Institute), seria “concreto sem abatimento” ou “No-slump concrete”, ou “slump zero”. Um
concreto que, quando compactado adequadamente, apresenta uma consistência tão firme
logo ao ser desformado que é capaz de manter íntegra a forma com que foi moldado.
De modo geral pode-se descrever o concreto seco como um concreto de consistência firme,
tendo baixo teor de água e baixo consumo de cimento em relação aos plásticos
normalmente utilizados, resultando numa trabalhabilidade adequada a vibro-compressão.
Por esta razão é que se torna interessante discutir o assunto com um fabricante de máquinas
vibro-compressoras, como a WM Máquinas / Gervasi. Cada equipamento, em função de sua
capacidade de prensagem e modo de vibração, representa uma combinação única e
necessita de uma formulação específica de materiais para uma produção de sucesso.
Para você poder avaliar melhor a importância dos agregados é necessário conhecer as
principais propriedades do concreto seco e saber como elas se manifestam na prática.
Vamos lá:
Coesão
A coesão é a característica do concreto seco que permite, após a extrusão de uma peça, que
ela permaneça íntegra, com arestas vivas e sem desmoronar durante o seu transporte. Logo,
se os blocos ou pavers se partem ou desmancham ao serem desmoldados, ou durante o
avanço das tábuas, ou mesmo quando são transportados para o local de cura, fique atento,
algo pode estar comprometendo a coesão das partículas que compõem a massa.
Compacidade
A compacidade da mistura é uma das propriedades mais importantes e que deve ser bem
estudada e trabalhada na preparação de um concreto seco. Ela refere-se ao grau de
“empacotamento” que se pode obter com os agregados constituintes da mistura.
Talvez o termo “empacotamento” seja novo para você, mas de modo geral, ele se refere à
melhor acomodação possível de ser obtida entre os constituintes de uma mistura.
A mistura deve ser estudada de tal forma que, sob o efeito de vibração e compactação, ela
se acomode perfeitamente diminuindo ao máximo os vazios da peça. Dessa premissa vem,
mais uma vez, a importância de se considerar o tipo de equipamento no desenvolvimento
do traço do concreto seco. Uma mesma mistura responde de modo diferente ao ser
processada por máquinas diferentes.
Densidade
Resistência à compressão
A expressão “fator água:cimento” também pode ser nova para você, mas não se preocupe.
Ela se refere à proporção entre a quantidade de cimento e a quantidade de água e é
diretamente responsável pela resistência das peças.
Absorção
Muito bom. Com esta rápida exposição mostramos as principais propriedades do concreto
seco. Nas próximas seções traremos detalhes sobre cada uma.
Agregados: conceitos e
definições importantes
Uma das coisas que chama à atenção quando tratamos de agregados é a grande variedade
de nomes e designações dadas aos diversos materiais utilizados na produção do concreto
seco.
Em um país tão grande como o nosso é muito natural encontrar grandes diferenças entre os
materiais disponíveis para a produção do concreto, mas mesmo assim é possível padronizar
alguns termos e definições.
Este conceito é muito importante porque apresenta quatro características fundamentais que
todo agregado destinado à preparação do concreto tem que satisfazer:
A primeira característica importante é que os agregados devem ter um formato típico. Eles não são
uma massa sem forma ou um pó qualquer. Isso significa que os agregados possuem o aspecto
característico de um material composto por grãos. Estes grãos têm formas e tamanhos variados,
resultado do modo como foram produzidos.
Outra característica é que estes materiais devem ser inertes, o que algumas vezes não
ocorre. Então surge a pergunta: O que é um material inerte? Em resumo, um material inerte
é aquele que não possui a capacidade de reagir quimicamente com os outros componentes
do concreto.
Esse é um ponto importante. Alguns agregados, em função dos minerais que possuem,
podem reagir quimicamente com o cimento em presença da água e provocar a degradação
do concreto. Esse é o caso da Reação Álcali-agregado, que produz um material gelatinoso no
interior do concreto que se expande e leva à formação de fissuras e trincas.
Esta não é uma situação comum, mas é responsabilidade dos produtores de agregado se
certificarem de que o material fornecido seja inerte.
Na verdade, o concreto seco para moldar blocos já é diferente do concreto para moldar
pavers. Para entender isso basta lembrar como são as formas utilizadas. Um bloco possui
paredes com espessuras de 25 mm. Isso significa que o concreto deve conseguir penetrar na
forma e permitir a moldagem destas paredes. É normal que se utilizem agregados de até 10
mm.
Um dos tipos de paver é um bloco com espessura mínima de 60 mm, largura de 100 mm e
comprimento de 200 mm. O concreto tem muito mais facilidade para penetrar. Neste caso é
possível utilizar agregados de até 12,5 mm.
Quando a norma diz que o agregado deve possuir propriedades adequadas, ela está
apontando para algo que na grande maioria das vezes é desconhecido dos fabricantes de
blocos e pavers.
Não é comum que as fábricas possuam laboratórios próprios, mas isso não deveria ser
assim. A prática mostra que a grande maioria dos fabricantes faz muitos testes práticos para
definir os seus traços, avaliar a qualidade do material adquirido ou mesmo a qualidade das
peças produzidas ao invés de testá-los conforme a norma.
No entanto, conhecer e controlar as propriedades dos agregados, além de não ser algo
complicado, vale muito a pena. É uma situação muito comum ocorrerem problemas na
produção e as peças começarem a sair com defeitos. Sem um bom conhecimento destas
propriedades fica muito mais difícil resolver a situação.
É por esta razão que este material vai trazer uma seção que tratará especificamente das
principais propriedades dos agregados.
Já de Brasília até o Mato Grosso é possível encontrar calcário e granito. A única região que
realmente tem carência de rochas com boa resistência para a produção de concreto é o
Norte, especialmente na região amazônica.
Muitos termos utilizados no dia-a-dia, em relação aos agregados, são de uso comercial. O
caso mais comum são os termos utilizados para classificar as britas.
Com certeza você já ouviu designações como BRITA 1, BRITA 2, BRITA 3, BRITA ZERO, BRITA
3\8 e por aí vai. Essas denominações são chamadas de “comerciais”, porque foram
consagradas pelo uso e estão associadas às suas dimensões. Observe o quadro 1 a seguir:
Brita 1 de 9,5 mm a 19 mm
Brita 2 de 19 mm a 25 mm
Brita 3 de 25 mm a 50 mm
Brita 4 de 50 mm a 76 mm
Fonte: FILLA(2022)
Veja que, segundo a norma, o pó de pedra pode ter grãos de até 6,3 mm. Um pouco
diferente do que se encontra às vezes no mercado.
A areia do mesmo modo, também apresenta uma classificação comercial, mais simples,
dividida em fina, média e grossa.
A norma, por sua vez, também traz uma série de termos e classificações para descrever os
agregados. Essas classificações são interessantes porque nos ajudam a compreender certos
fatos.
Veja, por exemplo, esta classificação segundo a natureza do material (Infográfico 1), que não
é a única que a norma apresenta.
Infográfico 1 — Classificação segundo a natureza do agregado
De acordo com a norma, o agregado natural é um material pétreo granular que pode ser
utilizado tal e qual encontrado na natureza, podendo ser submetido à lavagem, classificação
ou britagem. O exemplo típico é a areia, que passa apenas por uma classificação através de
peneiramento.
O termo agregado reciclado já é de uso mais comum, pois tem havido uma ênfase muito
grande em reutilizar os materiais provenientes de demolição ou mesmo não aproveitados
nas obras.
A norma descreve assim: material granular obtido de processos de reciclagem de rejeitos ou
subprodutos da produção industrial, mineração ou construção, ou demolição da construção
civil, incluindo agregados recuperados de concreto fresco por lavagem, para uso como
agregado. Observe que esta definição é bem ampla, e não está restrita à construção civil.
Por sua vez, o agregado especial é definido como sendo o material granular cujas
propriedades podem conferir ao concreto ou argamassa um desempenho que permita ou
auxilie no atendimento de solicitações específicas em aplicações não usuais. Exemplo típico:
o uso da barita na preparação de concreto e argamassa para salas de radioterapia.
Você percebeu que todas as definições começam com a expressão “material granular”?
Para não deixar este texto muito massante, ao final foi colocado um GLOSSÁRIO. Lá você vai
encontrar outros termos e definições importantes.
Creio que o objetivo principal deste tópico foi alcançado com estas informações e deixou
claro do que está se tratando neste material.
Identificando as
principais características
dos agregados
Agora que o conceito de agregado já foi bem explorado é preciso avançar um pouco mais. Os
agregados para concreto devem satisfazer um requisito geral que está muito bem colocado
na NBR 7211. Veja o que ela diz:
“Os agregados devem ser compostos por grãos de minerais duros, compactos,
estáveis, duráveis e limpos, e não devem conter substâncias de natureza e em
quantidade que possam afetar a hidratação e o endurecimento do cimento, a proteção
da armadura contra a corrosão, a durabilidade ou, quando for requerido, o aspecto
visual externo do concreto.”
Isso significa que os agregados necessitam de uma avaliação prévia antes de serem
utilizados. Normalmente o que se faz é coletar uma amostra do material e encaminhar a um
laboratório de tecnologia de concreto para serem analisados.
O enfoque deste material é mais prático, portanto, será dada atenção para aquelas
características que precisam receber atenção diária:
Vamos abordar cada uma destas características e posteriormente o modo como elas
influenciam na produção e na moldagem das peças.
Na produção de blocos e pavers os agregados miúdos mais utilizados são a areia natural, em
alguns lugares também chamada “areia lavada”, e a areia de britagem que é incorretamente
chamada de “areia industrial”.
Seja como for chamada, ambas precisam apresentar uma certa composição de tamanho de
grãos que permitam um preenchimento ótimo dos espaços vazios entre os agregados
graúdos.
Para garantir isso, a norma traz uma tabela que delimita as faixas aceitáveis para utilização
na produção de concreto (Tabela 1). A granulometria dos agregados é uma propriedade
importantíssima e vale à pena gastar um tempo para entender este tópico e também como
manter a sua constância.
Tabela 1 — Limites para a distribuição granulométrica do agregado miúdo
Para facilitar o entendimento desta tabela pode-se construir o gráfico 1, que é uma
representação da granulometria ideal para a areia.
A grande maioria das areias não se enquadra totalmente nesta faixa, o que corresponderia a
uma areia média. Quando a análise da areia recai na zona 1, isto está indicando que se trata
de uma areia fina e na zona 3 de uma areia grossa.
Fora destes limites o material em estudo deveria ser descartado, a menos que possa ser
corrigido através da mistura com outra areia da região.
A norma 7211 também oferece uma indicação da granulometria ideal do agregado graúdo. A
tabela 2 traz os limites.
Os agregados graúdos apresentam o mesmo problema que as areias, nem sempre recaem
dentro da curva ideal e, nesse caso, é necessário efetuar uma correção, uma mistura entre 2
ou mais agregados para obter a distribuição granulométrica ideal.
Massa Unitária
Equação 1
PÓ DE PEDRA 1550
PEDRISCO 1350
A interpretação deste valor é muito simples, basta identificar a sua unidade. Pode-se, a título
de exemplo, fazer a seguinte leitura: 1 metro cúbico de areia natural seca (1000 litros) pesa
1450 kg. Por dedução 1 litro pesa 1,45 kg e uma lata de 20 litros, 29 kg.
Veja que interessante: 1 m³ de areia de britagem pesa mais que 1 m³ de pedrisco. Qual é a
causa disso? Simples: O pedrisco tem uma forma e um tamanho que dificultam a sua
acomodação, logo ele tem mais vazios que a areia que, por ser menor, preenche melhor os
espaços do recipiente em que é feita a medida. Em outras palavras: a quantidade de vazios
presente no agregado influencia muito o resultado.
E se o material estiver úmido, vai fazer diferença? Depende, é a melhor resposta. Veja o
quadro 2.
PÓ DE PEDRA 1350
PEDRISCO 1350
Percebeu que os valores são menores no caso dos agregados miúdos e no caso do agregado
graúdo não houve alteração? Isso ocorre por causa de um fenômeno chamado
“inchamento” que ocorre nos agregados miúdos.
A água forma uma película ao redor dos grãos de areia e provoca o seu afastamento, isso
aumenta o volume de vazios. No caso dos agregados graúdos isso não ocorre.
A massa específica real pode ser calculada por uma fórmula semelhante à da massa unitária,
mas com uma diferença muito importante. A massa específica real é a relação entre a
massa de um material e o seu volume, porém, sem os vazios existentes entre os grãos.
Representando através de uma equação (equação 2), temos:
𝑀
ρ = 𝑉
Equação 2
Um detalhe importante é que ela reflete a natureza da rocha da qual o agregado foi obtido.
Isso significa que um pedrisco obtido de uma rocha basáltica vai ter a mesma massa
específica que uma brita 1 obtida da mesma rocha e não é influenciada pelo teor de
umidade, mesmo no caso da areia. Veja o quadro 3 a seguir:
Quadro 3 — Valores médios de massa específica real de alguns agregados
PÓ DE PEDRA 2.700
PEDRISCO 2.700
A massa específica real é muito útil quando se pretende calcular o consumo de cimento, o
que é muito importante para determinar o custo de produção de um determinado produto.
Quando utilizada em conjunto com a massa unitária é possível determinar o índice de
vazios. Ela possibilita calcular o volume de cada material na mistura.
Teor de Umidade
(𝑀𝑈−𝑀𝑆)
𝑈% = 𝑀𝑆
× 100
Equação 3
Sendo que:
𝑈% = teor de umidade
Uma observação importante é que sempre que se faz os cálculos para definição de um traço
de concreto o material é considerado “seco”. No dia a dia da produção ele tem algum teor
de umidade.
Quando você enche a padiola ou o balde com areia úmida a quantidade de areia fica menor
que a do recipiente, então, você precisa aplicar uma correção. Esta correção é feita através
do “coeficiente de inchamento médio” que é determinado em laboratório, mas para fins
práticos pode-se adotar os valores do quadro 4.
AGREGADO COEFICIENTE DE
INCHAMENTO
Para efetuar a correção, basta multiplicar o volume da areia pelo coeficiente de inchamento.
Tipos de agregados utilizados
na produção de blocos e pavers
Uma dúvida muito frequente, principalmente para quem está começando a produzir blocos
e pavers, é quanto ao tipo de material que pode ser utilizado na produção. Uma vez que os
agregados representam uma parcela grande do concreto, é natural que se tente utilizar os
agregados mais baratos. Nem sempre isso será possível.
Quem já está na lida há algum tempo sempre busca otimizar seus custos e procura avaliar
novos materiais.
Uma informação importante a esta altura é que, praticamente, nenhum agregado pode ser
utilizado isoladamente, mas sim em combinação com outro ou outros, a fim de produzir
uma massa que ao ser moldada atinja as propriedades necessárias.
A escolha de um agregado está em questões que vão além do preço. Isso vai ficar mais claro
quando for discutido o modo como os agregados interferem na produção do concreto seco
e também na sua moldagem.
Por enquanto, neste tópico, serão apresentados os principais tipos de agregados utilizados
na produção. A disponibilidade e a qualidade dos materiais variam de local para local, por
isso a necessidade de se avaliar com critério.
A grande maioria dos materiais utilizados são de origem natural, há alguns que são produtos
ou subprodutos industriais. Vamos começar pelos naturais.
As areias
As areias naturais podem ser provenientes de três fontes: dos rios, de cavas ou de pedreiras.
As areias de rio são depósitos de materiais não consolidados extraídos em locais não muito
profundos (Figura 1).
Figura 1 — Pilha de areia de rio após a sua extração
FONTE: Anepac
O processo de obtenção das areias de rio é por dragagem, e os locais são chamados de
portos de areia. A dragagem é feita utilizando-se bombas de sucção colocadas sobre
barcaças ou flutuadores, as quais são conectadas a tubos que transportam a areia em forma
de polpa para os silos de decantação.
Normalmente as areias de rio possuem uma granulometria mais uniforme, ou seja, grãos de
mesmo tamanho, por isso, precisam ser associadas a outros materiais.
As areias de cava podem ser exploradas em leito seco ou submerso. No caso de cava
submersa a lavra, ou extração, é feita como em leito de rio.
As areias em cava seca exploram, entre outras formações, antigas planícies fluviais, ou seja,
locais que foram sofrendo deposição de materiais transportados e que acabaram se
consolidando (figura 2)
FONTE: Anepac
Um fato importante sobre este material é que ele pode estar contaminado por argila, o que
não é favorável à produção de concreto. Portanto, este material poderá requerer um certo
beneficiamento, uma lavagem por exemplo, para remoção da argila.
Por um outro lado, as areias de cava podem ser vantajosas para a produção de concreto
seco, porque possuem uma certa quantidade de finos em sua composição.
O pó de pedra é definido pela NBR 9935 como um material granular natural que possui
dimensão máxima de 6,3 mm. A sua utilização na produção de concreto seco tem sido um
pouco controvertida. Há muitas experiências positivas e algumas nem tanto.
Observe neste gráfico que este pó de pedra foi recortado para se encaixar na zona ideal para
a produção de concreto. Materiais como este podem ser utilizados sem qualquer restrição
na produção de blocos e pavers.
Por que algumas experiências são bem sucedidas e outras não? Porque não se observa com
atenção a distribuição granulométrica deste material. Todas as vezes que a fração mais fina
(abaixo de 0,075 mm) se sobressair sobre as demais, poderá haver problemas na sua
utilização.
O problema também pode ser o contrário. A massa pode estar com deficiência de material
fino e o pó de pedra pode ser utilizado para corrigir a situação.
Dessa forma, o pó de pedra não pode ser visto nem como vilão e nem como a “salvação da
lavoura”, para utilizar uma terminologia bem popular. Tudo vai depender da granulometria
do material e da análise do traço em estudo.
O Pedrisco
Esta é uma faixa granulométrica bem extensa e por isso mesmo pode-se encontrar no
mercado diversos produtos que correspondem a recortes intermediários. Veja alguns
exemplos no quadro 5.
Fonte: FILLA(2022)
Deve-se ressaltar que o termo “pedrisco” designa um agregado obtido pela britagem da
rocha, seja ela de que natureza for (basalto, granito, gnaisse, etc). Para ilustrar uma destas
denominações veja a figura 5.
Se houver o fracionamento mecânico ele passará a ser designado por pedregulho britado ou
cascalho britado.
Em algumas regiões é comum a utilização do termo seixo ou seixo rolado ao invés de
pedregulho ou cascalho (figura 6).
Observe que o seixo, por ser um material natural, e resultante do intemperismo físico
apresenta uma textura lisa, o que não contribui muito para a aderência da argamassa
(cimento + areia) e pode provocar redução da resistência final dos blocos e pavers.
Os pedregulhos ou seixos são mais indicados para utilização em situações que não exijam
resistência mecânica elevada. Caso sejam britados, passam a ter maior aderência como o
pedrisco e desenvolver concretos mais resistentes.
FONTE : kw5-Brasil
Vamos tratar agora dos agregados artificiais que podem ser utilizados na produção de blocos
e pavers.
Este é talvez o agregado artificial mais conhecido, especialmente porque possui muitas
aplicações na construção civil, tais como: paisagismo, isolamento térmico, em geotecnia,
impermeabilização, enchimentos leves, etc.
A Argila Expandida é constituída por uma capa com microporos rígida e altamente
resistente. O seu interior é uma massa cerâmica porosa. O processo de obtenção é
realizado em um forno rotativo com a aplicação de uma temperatura média de 1.200 °C
(figura 7).
Neste caso, o que nos interessa é a produção de concreto leve estrutural. A massa específica
do concreto fica ao redor de 1600 a 1700 kg/m³, muito abaixo do ideal para blocos e pavers
que é em torno de 2300 kg/m³.
FONTE: Cinexpan
A vermiculita expandida não é inflamável, não tem cheiro, não irrita a pele e nem os
pulmões. Fisicamente apresenta baixa condutividade elétrica, é isolante térmico e
absorvente acústico.
Ela pode ser aplicada na produção de blocos de concreto com a finalidade de proporcionar
isolamento térmico e acústico, porém apresenta resistências inferiores aos blocos da classe
C (menor que 3 MPa).
A areia de escória
Este é um agregado artificial que está disponível em regiões próximas a aciarias, onde ocorre
a produção de ferro gusa. A escória é resultante da purificação do minério de ferro nos
altos-fornos. Ela é o material sobrenadante que é eliminado.
Durante a sua eliminação há duas possibilidades. Ela pode ser resfriada rapidamente ou
lentamente. O resfriamento rápido produz a escória granulada, com aspecto de uma areia
grossa, que pode ser utilizada na produção de cimento (figura 8) . O resfriamento lento
produz uma escória cristalina, que pode ser britada e utilizada como agregado (Figura 9).
Figura 8 — Escória granulada logo após a sua produção
É possível encontrar areia obtida de escória granulada? Sim, mas não será tão fácil, pois as
indústrias cimenteiras são o canal prioritário para escoamento deste produto, o que torna a
obtenção deste material disputadíssima.
Os agregados e a sua influência
na produção e moldagem do
concreto seco
Este é um tópico muito importante dentro deste tema. É aqui que se compreende porque é
necessário fazer uma análise o mais completa possível dos agregados que serão utilizados. É
um assunto bastante técnico e portanto deve ser lido com atenção redobrada.
Uma maneira prática de apresentar a interrelação das características dos agregados sobre o
concreto seco, desde a sua origem pode ser vista no infográfico 2.
É possível perceber que o concreto fresco é afetado pela porosidade (que afeta a massa
específica), composição granulométrica, forma e textura superficial. A resistência é afetada
pela porosidade e pela composição mineralógica do agregado.
Isso foi um pouco da teoria que está por trás das razões pelas quais temos que ser
criteriosos na escolha dos agregados, mas é preciso falar um pouco mais praticamente, para
que este material tenha uma utilidade maior.
Há uma característica dos agregados que precisa ser tratada logo de início, porque a sua
influência se espalha por praticamente todas as etapas de produção dos blocos e pavers.
Trata-se da composição granulométrica dos agregados que, ao final, implica diretamente na
composição granulométrica da mistura.
Fonte: FILLA(2022)
Essa combinação de dois ou três agregados, que deve atender a uma determinada
distribuição granulométrica, vai ser considerada ideal se permitir que a vibro prensa atinja a
sua melhor performance na moldagem e o produto final tenha as características desejadas.
Dessa forma torna-se claro que existe uma combinação única entre máquina e agregados.
Máquinas do mesmo fabricante, do mesmo modelo, mas em estados de conservação
diferentes, vão necessitar de combinações diferentes de agregados. Os agregados podem
ser até os mesmos, mas as proporções irão variar.
Esta é uma das razões porque aquela velha pergunta: “que traço você usa para fazer …”, não
faz sentido. E nem adianta você guardar segredo sobre isso, não vai servir para ninguém,
somente para a sua fábrica.
Mas, pode-se questionar, não existe nenhuma referência que possa ser útil para fazer um
ajuste inicial? Não é bem assim. Muitos fabricantes costumam sugerir uma curva
granulométrica ideal para ser utilizada em suas máquinas.
Há algumas publicações, como a de Fernandes (2008), que propõem uma faixa ideal de
distribuição granulométrica para produção de blocos e pavers. Neste caso em particular,
trata-se de uma faixa relativamente ampla que resume uma grande experiência acumulada
com a utilização de diversos equipamentos e muitos agregados diferentes ao longo dos
anos. (Gráficos 4 e 5)
O gráfico original não possui as subdivisões apresentadas aqui, as quais foram acrescentadas
para facilitar a interpretação e o entendimento.
Uma vez que a influência da granulometria se estende por todo o processo é preciso
estudá-la detalhadamente. O gráfico 4 será explorado em detalhes, mas o mesmo vale para
o gráfico 5.
A faixa granulométrica ideal para a produção de blocos está concentrada entre as linhas
vermelha e verde. A linha preta representa uma distribuição granulométrica, resultado da
combinação de três agregados que está sendo avaliada.
De modo geral pode-se dizer que todas as vezes que a linha preta (estudo) se aproxima da
linha vermelha a combinação dos agregados está resultando em uma mistura mais grosseira,
ou de maior “módulo de finura (MF)”.
Esta condição indica que o acabamento do bloco será mais rústico e que o “esqueleto
granular”, ou seja, o conjunto dos agregados mais graúdos será mais rígido e portanto mais
resistente. O bloco ganha em resistência.
No entanto, é preciso pensar nas outras consequências disso. A primeira delas é que a
máquina terá maior dificuldade de prensagem e, dependendo da natureza do agregado, o
molde sofrerá maior desgaste. Pode ocorrer ainda perda de coesão e os blocos começarem a
desmoronar na saída da esteira.
A situação oposta, ou seja, caso a linha preta se aproxime da linha verde, o bloco irá ganhar
em acabamento, impermeabilidade e coesão, pois a mistura se torna mais fina, ou de
“menor módulo de finura”. Consequentemente será necessário maior teor de cimento para
manter a resistência e a produção ficará mais cara.
Normalmente as misturas mais finas exigem mais água ou um teor maior de aditivo para
manterem a sua trabalhabilidade. O excesso de coesão pode provocar deformações nas
paredes dos blocos no momento da desforma, decorrentes da maior adesão ao molde.
Nesse momento o tipo de máquina irá influenciar muito. Máquinas com maior poder de
compactação e melhor vibração poderão trabalhar com misturas um pouco mais grosseiras
que irão dar conta do recado.
A questão agora é: como efetuar correções no traço, com base no resultado da análise
granulométrica?
Para facilitar a interpretação do gráfico ele foi “dividido” em três partes, em função do
diâmetro relativo dos grãos que compõem a mistura. Junte-se isso ao conhecimento que se
tem sobre a granulometria dos agregados mais comumente utilizados.
Uma boa sugestão é começar ajustando o teor de partículas mais grossas, depois as médias
e por final as finas. O segredo está em conhecer a granulometria de todos os materiais
economicamente viáveis para a sua utilização. O objetivo é simular, utilizando um software
qualquer para elaboração planilhas, o maior número de combinações possíveis entre estes
agregados, para depois testar as misturas na prática.
Agregados como “brita 0” ou pedrisco apresentam uma grande quantidade de grãos grossos
em sua composição. O pó de pedra, por sua vez, possui em média uma distribuição
equilibrada de cada tamanho de grão.
Isso é importante não somente para fazer as combinações e definir o traço mas, e
principalmente, para criar alternativas de substituição de agregados quando um dos
fornecedores falhar ou ficar proibitivo em termos de custo.
A porosidade, que é a presença de vazios internos nos agregados, afeta a absorção de água e
tem relação com a natureza da rocha. As rochas vulcânicas como os basaltos e granitos
possuem uma baixa absorção (menor que 1,5%, em geral), as rochas calcárias em torno de 5
a 12%.
Essa é uma propriedade importante porque se a água for absorvida pelo agregado isto irá
afetar a consistência da mistura, prejudicando a sua moldagem.
A presença de impurezas também é prejudicial ao concreto, por isso o próximo capítulo irá
tratar de como armazenar corretamente os agregados.
Há dois tipos básicos de impurezas. Existem as impurezas de ação química, que atrapalham
as reações do cimento e as impurezas de ação física, que fazem aumentar a necessidade de
água e podem prejudicar a adesão da pasta aos agregados.
Alguns exemplos de impurezas químicas são os sais solúveis e a matéria orgânica. Os sais
solúveis, que podem vir por contaminação com argila, e a matéria orgânica por restos de
folhas, gravetos,urina e fezes de animais soltos no pátio.
A forma dos agregados também deve receber a devida atenção, ela atrapalha
principalmente na fase de moldagem. Os agregados de formato cúbico são os mais
recomendados, pois penetram nos moldes com maior facilidade e proporcionam um melhor
travamento do esqueleto.
O outro tipo, são os agregados lamelares, ou seja, em forma de pequenas placas, são mais
alongados e dificultam a penetração do concreto.
Este texto não esgota totalmente o assunto, mas é suficiente para demonstrar a importância
da correta seleção dos agregados.
Recebendo e estocando
corretamente os
agregados em sua fábrica
No tópico anterior ficou clara a importância de escolher muito bem os agregados, portanto,
não se deve comprometer a qualidade destes estocando-os de modo incorreto e muito
menos recebendo outros que não os selecionados.
Fonte: FILLA(2022)
É evidente que cada empresa possui uma rotina de recebimento dos seus insumos
compatível com o seu porte e estágio de desenvolvimento. Algumas medidas, porém,
precisam ser adotadas independentemente do estágio em que se encontre a empresa.
Observe os detalhes de cada etapa:
Apresentação da nota fiscal
Esta etapa é importante porque permite não somente a verificação dos dados fiscais, mas a
identificação do material transportado e a sua quantidade. Por uma questão de acordo entre
empresa e fornecedor, alguns materiais são recebidos utilizando-se apenas “romaneios”,
sem valor fiscal, sendo a nota emitida apenas ao final de um determinado período
(semanalmente, quinzenalmente ou mensalmente).
Uma vez feita a verificação das informações constantes do documento que acompanha a
carga o veículo deve ser recebido e encaminhado ao local de descarga.
Neste ponto pode-se ter duas opções de recebimento. Algumas empresas, para permitir
uma avaliação das características do material entregue, antes de destiná-los à produção,
costumam ter baias à parte. Estas baias também acabam funcionando como “pulmões”, para
evitar a parada por falta de agregados.
A segunda forma de recebimento, que é talvez a mais comum, encaminha o veículo
diretamente para a área de estoque dos agregados utilizados na produção.
A primeira é verificar a quantidade recebida. Isso irá depender de diversos fatores ligados
ao costume local. Normalmente as areias naturais são medidas em metros cúbicos e as
areias de britagem, pedriscos, pó de pedra e brita 0 em toneladas.
Alguns fornecedores encaminham suas cargas para empresas que prestam o serviço de
pesagem e depois estas seguem para os clientes.
Fonte: FILLA(2022)
Determinadas as medidas, estas são anotadas pelo motorista no romaneio da carga e seu
volume calculado (comprimento x largura x profundidade média).
A segunda conferência que precisa ser efetuada diz respeito à qualidade do material que
está sendo entregue. É preciso entender a importância desta conferência para valorizar a
sua realização.
Uma vez que os agregados foram escolhidos, determinou-se um traço a partir deles. Com
base neste traço são feitos os ajustes para produção e também os custos são calculados.
Se ocorrer uma variação muito grande nestes agregados e este material for introduzido na
produção, todas as etapas anteriores perderão a sua validade e tanto a produção quanto o
custo serão afetados.
Entenda. Os materiais naturais estão sujeitos a variações de cor e granulometria, por isso,
são feitas avaliações periódicas para acompanhar as mudanças e efetuar as correções
necessárias.
Como evitar que um material, fora do especificado, seja recebido? Uma medida eficaz é
disponibilizar uma “amostra padrão” para o funcionário encarregado de receber os
agregados.
A amostra de areia, por exemplo, não deve estar seca dentro do frasco, porque
normalmente ela é entregue úmida. Do mesmo modo os demais materiais. Se houver uma
divergência muito pronunciada, o material deve ser rejeitado. Por isso é que esta verificação
deve ser realizada antes da assinatura de qualquer documento, para permitir a sua
devolução.
Esta etapa, por várias razões, é tratada rapidamente em muitos textos que descrevem o
armazenamento de agregados. A razão para isso é óbvia. Nem todas as empresas iniciam as
suas atividades após um planejamento cuidadoso, mesmo porque uma grande parcela
começa a produzir blocos e pavers dentro das melhores condições que possui no momento.
Começar sem um planejamento pode ser a única condição mas, à medida que o negócio se
desenvolve é preciso corrigir as deficiências e buscar elevar o patamar da sua produção.
Este tópico será escrito com esta visão, visando atender aqueles que estão se planejando e
também ajudar quem pretende melhorar esta etapa da sua produção.
Para quem trabalha com concreto seco esta é uma medida extremamente importante, pois
será a diferença entre produzir ou não em dias de chuva.
O primeiro aspecto a ser considerado é que os agregados devem ser estocados em baias
separadas e de preferência cobertas (Figura 11). A cobertura das baias, idealmente, deve ser
do tipo retrátil (telescópica) para permitir o basculamento dos caminhões de entrega e a
secagem dos agregados em dias ensolarados.
Baias com cobertura muito alta não protegem adequadamente contra a chuva, a menos que
se instale um sistema de lonas para fechá-las.
O segundo item a ser observado é que estas baias devem ter um fundo em concreto magro
e com inclinação suficiente para permitir a drenagem de água que, eventualmente,
acompanhe o agregado (especialmente no caso da areia).
O terceiro aspecto é que estas baias devem ser posicionadas em relação à linha de produção
de tal maneira que permitam o seu enchimento por um lado e o descarregamento (para
utilização) pelo outro.
Uma situação intermediária é aquela em que há uma separação entre os agregados, porém
sem cobertura e diretamente sobre o solo (figura 12).
No entanto, o que se observa em muitos casos é que os agregados são estocados sobre o
solo e sem nenhuma subdivisão, gerando vários problemas.
O problema inicialmente é a contaminação dos agregados com solo (argila, por exemplo)
sendo prejudicial ao concreto. Depois é a perda de agregado, pois a parte inferior fica
inutilizada.
Fonte: Garcia(2017)
Em seguida é preciso mencionar a contaminação das bordas (saias de monte) por agregados
de diferentes tipos, o que torna impróprio para utilização, por causar uma distorção no
traço.
A consequência final de qualquer destes problemas é perda de dinheiro com os agregados e
mesmo com peças produzidas com qualidade inferior.
Liberação do veículo
Caso o material esteja em desacordo com o especificado o caminhão deve ser devolvido e,
para isso, o setor administrativo deve ser acionado para tomar as providências necessárias a
esta operação.
Controle você mesmo a
qualidade dos agregados
Manter um controle de qualidade dos agregados deve ser uma atividade de rotina para
qualquer fabricante. Antes de aprofundar o assunto é preciso deixar claro alguns conceitos
e fatos.
Todo fornecedor de agregados deve assegurar a qualidade dos materiais que ele fornece
realizando, ele mesmo, testes em sua produção e informando seus clientes quanto aos
resultados de modo transparente.
O fornecedor deve manter uma estrutura para suportar estas atividades ou contratar um
laboratório externo que o faça. A legislação impede que seja entregue ao mercado qualquer
material ou serviço fora do especificado nas normas da ABNT, ou regulamento equivalente.
Por sua vez, compete ao fabricante checar estes resultados. Ao receber uma carga de
agregado ele deveria reservar uma amostra para análise e proceder a realização dos ensaios.
Embora estes testes não sejam complexos, nem todos os fabricantes têm esta preocupação,
confiando integralmente na informação do fornecedor ou mesmo não se preocupando com
isso.
Uma vez que a granulometria de um agregado é o que mais influencia o processo, como já
foi demonstrado, no mínimo esta característica deveria ser testada rotineiramente.
Para fazer isso são necessários poucos equipamentos e alguns cuidados, pois o
procedimento é simples. As demais características podem ser avaliadas com menor
frequência e por um laboratório externo.
Não deixe de controlar de algum modo a qualidade do material que está recebendo. Solicite
do seu fornecedor os resultados dos ensaios que caracterizam o material que adquirido e na
medida do possível monte seu laboratório para analisar internamente as amostras.
Enquanto você não monta seu próprio laboratório envie regularmente amostras para análise
de um especialista em tecnologia de concreto.
Agora é com você. Você tem em mãos informações que podem ajudá-lo a aumentar a
qualidade dos seus produtos e atender cada vez com mais excelência os seus clientes.
Referencial teórico
FERNANDES, Idário D. Blocos e Pavers - Produção e controle de qualidade. 2011. Jaraguá do
Sul. SC. 2ª Ed. Treino Assessoria e Treinamento Empresarial Ltda.
CONCRETESHOW
Agregado denso ou pesado: Agregado de elevada densidade, como, por exemplo, barita,
magnetita, limonita, hematita etc.
Agregado graduado: Agregado que atende às zonas granulométricas definidas pela ABNT
NBR 7211 ou outra Norma Brasileira específica.
Agregado leve: Agregado de baixa densidade, como, por exemplo, os agregados expandidos
de argila, escória siderúrgica, vermiculita, resíduo de esgoto sinterizado e outros.
Agregado miúdo: Agregado cujos grãos passam pela peneira com abertura de malha de 4,75
mm e ficam retidos na peneira com abertura de malha de 150 pm, atendidos os requisitos
da ABNT NBR 7211.
Agregado reciclado de concreto (ARC): Material granular obtido por reciclagem de resíduos
de concreto fresco ou endurecido, constituído na sua fração graúda (> 4,75 mm) de no
mínimo 90% em massa de fragmentos à base de cimento Portland ou de material pétreo e
com propriedades que atendam à ABNT NBR 15116.
Agregado reciclado misto (ARM): Material granular obtido de acordo com o item de
agregado reciclado de concreto (ARC), constituído na sua fração graúda (> 4,7S mm) por
menos de 90% em massa de fragmentos à base de cimento Portland ou de material pétreo e
com propriedades que atendam à ABNT NBR 15116.
Finos: Material granular que passa na peneira com abertura de malha de 150 pm
Módulo de finura: Soma das porcentagens retidas acumuladas (em massa), somente nas
peneiras da série normal, dividida por 100.
Pedregulho ou cascalho: Agregado graúdo que pode ser utilizado em concreto tal qual é
encontrado na natureza, sem qualquer tratamento que não seja lavagem e seleção.
Pedrisco: Agregado resultante da britagem de rocha, cujos grãos passam pela peneira com
abertura de malha de 12,5 mm e ficam retidos na peneira de malha de 4,75 mm,
correspondente à zona granulométrica 4,75/12,5 da ABNT NBR 7211.
Materiais específicos
c) Peneiras das séries normal e intermediária, com tampa e fundo, que atendam às
exigências das normas NM-ISO 3310-1 ou 2. (19,00 mm, 12,50mm, 9,50mm, 4,75 mm,
2,36 mm, 1,18 mm, 0,60mm, 0,30 mm, 0,15 mm)
d) Bandejas
a) Luvas de raspa
e) Calculadora
f) Bacias de alumínio pequenas ou amalgamador de plástico para pesagem do material
retido nas peneiras
Normas
Procedimentos
1. Secar as amostras em estufa (100°C a 110°C) ou fogareiro elétrico, esfriar até atingir a
temperatura ambiente e determinar a massa de duas amostras (m1 e m2). Utilizar a
amostra m1 e guardar a m2. O tamanho mínimo das amostras varia conforme o diâmetro
máximo do agregado:
5. Após agitação mecânica, agitar manualmente a peneira superior do conjunto, com tampa
e fundo, até que o material passante seja inferior a 1% do material retido na peneira.
7. Repetir o procedimento a partir do item “5” para todas as peneiras. Se a amostra inicial
foi fracionada, deve-se tomar uma nova porção e executar os procedimentos a partir do
item “e” até finalizar a amostra total.
8. Determinar a massa total de material retido em cada uma das peneiras e no fundo. A
soma não deve divergir em mais de 0,3% do valor inicial.
9. Caso não esteja disponível um agitador mecânico, peneirar manualmente toda a amostra
em uma peneira para depois passar à seguinte. Agitar cada peneira por cerca de 2 min. e
continuar a partir do item “6”.
11. Deve-se calcular a porcentagem retida em cada peneira, com aproximação de 0,1%, em
cada uma das amostras analisadas.
14. Identificar a dimensão máxima característica (DMC), em mm, como sendo a abertura da
malha da peneira para a qual o agregado apresenta uma porcentagem retida acumulada
igual ou imediatamente inferior a 5%.
15. Determinar o módulo de finura (MF), com aproximação de 0,01, o qual é a soma das
porcentagens retidas acumuladas nas peneiras da série normal, dividida por 100. O valor é
tanto maior quanto maior o tamanho do agregado.