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Material de estudo:
[AB] A. Bastos e A. Bravo, Cálculo Diferencial e Integral I. Texto de apoio às aulas, 2010., Cálculo Diferencial e Integral I. Texto de apoio às aulas,.
[CF] J. Campos Ferreira. Introdução à Análise Matemática, Fundação Gulbenkian, 8a ed., 2005.
Subsucessões.
Prosseguimos o estudo da convergência de sucessões em R. Na aula anterior vimos que, se constatarmos que uma dada sucessão é simultaneamente limitada e monótona, podemos deduzir
imediatamente que ela é convergente (existe lim u .) No entanto, se a sucessão em estudo fôr limitada mas não monótona (ou se não há certezas quanto à monotonia da sucessão) ela
n
poderá ser convergente ou divergente. Nesse caso, uma ferramenta muito útil é o resultado que apresentamos nesta secção o qual usa o seguinte conceito:
Definição: Seja un uma sucessão. Designa-se por subsucessão de un, qualquer sucessão vk que possa ser escrita como
vk = un , ∀k ∈ N,
k
1
Para entendermos o significado deste conceito, tomemos como exemplo a sucessão un = :
n
1 1 1 1 1 1 1 1
, , , , , , , , …
1 2 3 4 5 6 7 8
Para n tomemos, por exemplo, a sucessão dos números naturais pares ordenados por ordem crescente e sem repetições, isto é, n
k k = 2k, k ∈ N. Obtemos a subsucessão dos termos de
1
ordem par de un : vk = u2k = :
2k
1 1 1 1 1 1 1 1
, , , , , , , , …
2 4 6 8 10 12 14 16
Reparem que o que fizemos foi construir uma nova sucessão à custa de u selecionando uns termos, os que correspondem às ordens n = n , e desprezando os outros. O facto da
n k
sucessão das ordens selecionadas ser estritamente crescente e sem repetições significa que a ordenação dos termos na subsucessão respeita a ordenação com que esses mesmos termos
1 1
apareciam na sucessão original un : por exemplo, "aparece antes" de em un e, por isso, o mesmo vai acontecer em vk.
2 4
1 1 1 1 1 1 1 1
, , , , , , , , …
1 3 5 7 9 11 13 15
1
Escolhendo a progressão geométrica nk = 2
k
obtemos vk = u2k =
k
:
2
1 1 1 1 1 1 1 1
, , , , , , , , …
2 4 8 16 32 64 128 256
1
Escolhendo nk = k + 1 obtemos vk = uk+1 = :
k + 1
1 1 1 1 1 1 1 1
, , , , , , , , …
2 3 4 5 6 7 8 9
1 1 1 1 1 1 1 1
, , , , , , , , …
2 3 5 7 11 13 17 19
Para simplificarmos os argumentos, muitas vezes substituimos a designação "subsucessão u ", por uma mais intuitiva, desde que fique claro pelo contexto, qual é a subsucessão a que nos nk
estamos a referir: por exemplo, em vez de u (o primeiro exemplo acima), dizemos "a subsucessão u com n par." De igual modo, em vez de dizermos a subsucessão u
2k (o n 2k−1
Para que não fiquem dúvidas sobre o conceito de subsucessão, veja porque que as duas sucessões abaixo não são subssucessões da sucessão u anterior: n
1 1 1 1 1 1 1 1
, , , , , , , , …
3 1 5 7 9 11 13 15
1 1 1 1 1 1 1 1
, , , , , , , , …
1 3 5 7 7 9 11 13
(Subentenda (…) como os termos de ordem ímpar estritamente crescente, a partir do último valor escrito).
O critério de convergência de sucessões mais importante baseado nos estudo de subsucessões é o seguinte:
Teorema: Uma sucessão un é convergente sse todas as suas subsucessões são convergentes e têm o mesmo limite.
Omitimos aqui a demonstração formal deste teorema mas, se pensarmos na definição de limite, este resultado é uma sua consequência natural: u → a sse, dado ε > 0, para todas as n
ordens suficientemente grandes |u − a| < ε incluindo todas as ordens selecionadas para formar qualquer subsucessão de u . Pode ver a demosntração nos textos de referência indicados
n n
no início.
Definição: Seja un uma sucessão. Designa-se por sublimite de un, o limite de qualquer subsucessão de un.
Este resultado, permite-nos justificar de forma simples a divergência nos exemplos seguintes:
n
un = (−1) :
nπ
un = sen : Tem três sublimites diferentes: 0, −1, 1 (verifique!). Logo, é uma sucessão divergente.
2
1
un = :
n
1+(−1)
n
1
Subsucessão un para n par: un =
2
→ 0.
n
1
Subsucessão un para n ímpar: un =
0
= 1 → 1.
n
Portanto, un tem dois sublimites diferentes: 0 e 1. Logo, é divergente.
Questão: bastará ver que uma sucessão tem apenas um sublimite em R para concluirmos que ela é convergente? Por outras palavras: no resultado anterior será válida a equivalência em vez
da implicação? A resposta a esta questão é negativa como se pode ver no seguinte exemplo:
n
1+(−1)
un = n :
Esta sucessão apenas tem um sublimite em R : 1. No entanto, é divergente, porque não é limitada.
Uma sucessão un é convergente sse as duas subsucessões u2k e u2k−1 são convergentes e têm o mesmo limite.
Exemplos:
n
(−1)
un = (abordagem alternativa à do teorema das sucessões enquadradas):
√n
1
Subsucessão un para n par: un = → 0
√n
1
Subsucessão un para n ímpar: un = − → 0
√n
1
Subsucessão un para n par: un = → 0
−n + 1
1
Subsucessão un para n ímpar: un = → 0
n + 1
Já sabemos que uma sucessão limitada pode não ser convergente. No entanto, este teorema diz que essa sucessão tem de certeza subsucessões convergentes. Logo, se ela não fôr
convergente, é porque tem mais do que um sublimite real.
Ideia da demonstração: Prova-se o seguinte resultado interessante (veja qualquer um dos textos de referência): é possível extrair de qualquer sucessão uma subsucessão monótona
(crescente ou decrescente). Ora, uma subsucessão de uma sucessão limitada é obviamente limitada. Então, esta subsucessão é monótona e limitada e, portanto como sabemos, é
convergente.
–
R A recta acabada . Limites infinitos (início).
O conceito para as sucessões que temos considerado convergentes, isto é com limite real, permanecerá inalterado. No entanto, agora, algumas das sucessões que classificávamos de
divergentes, passarão a ter limite. É claro que este limite não pode ser um número real, porque, como afirmámos, o conceito de limite real permanecerá inalterado, e portanto, as sucessões
que não tinham limite real continuarão a não o ter.
Assim, temos que introduzir dois objectos que não são números e que corresponderão aos novos limites: −∞ e +∞. Estes satisfazem as relações de ordem seguintes com os reais:
∀x ∈ R, x > −∞ e x < +∞.
O conjunto
–
R = R ∪ {−∞, +∞}
Na próxima aula veremos como definimos os limites infinitos de forma a que ose resultados dados anteriormente sobre limites de sucessões se generalizam de forma natural aos limites na
recta acabada. Por exemplo, o teorema das sucessões monótonas e limitadas deixará de ter a componente "limitada" e passará a ser simplesmente, "qualquer sucessão monótona tem limite
–
em R."