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2007v9n2p73
A OUTORGA ONEROSA DO
DIREITO DE CONSTRUIR APÓS
O ESTATUTO DA CIDADE
UM PANORAMA DE IMPLEMENTAÇÃO
NOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS
R E N ATO C Y M B A L I S TA
PAULA POLLINI
PAT R Í C I A C O B R A
PAULA SANTORO
INTRODUÇÃO
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de ser submetido a sanções, caso contrarie esses parâmetros” (Levy, Santoro e Cymbalis-
ta, 2007: 61-5). Nessa chave de leitura, grande parte das aplicações da OODC poderia
ser considerada inconstitucional. Alfonsin (2006) considera que tais diretrizes devem
obrigatoriamente orientar a concepção e implementação de instrumentos como as opera-
ções urbanas consorciadas, que envolvem também a OODC.
O Estatuto da Cidade estabelece que a OODC só poderá ser aplicada em um muni-
cípio se estiver prevista em um Plano Diretor, procurando combater, assim, as aplicações
desvinculadas de uma política urbana mais geral para as cidades. O Plano Diretor pode-
rá incluir o instrumento da OODC considerando sua adequação à realidade específica do
Município, à infra-estrutura implantada, se há demanda, ou diante das previsões futuras
de desenvolvimento local, e compatibilizar sua aplicação com a política urbana munici-
pal como um todo, fixando índices construtivos mínimos, básicos e máximos para a cida-
de e evitando negociações caso-a-caso. Deverão ser fixadas em lei (no próprio Plano Di-
retor ou em lei específica) a forma de cálculo e o valor da contrapartida a ser quitado pelo
beneficiário dos direitos de construir. Além disso, o Estatuto da Cidade define um rol de
finalidades que deverão ser seguidas na aplicação dos recursos provenientes da OODC.
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Cymbalista, Santoro e Somekh (2005) mostraram que existe uma fonte de dados em
nível nacional que nos dá informação sobre a aplicação de instrumentos urbanísticos, a
“Pesquisa de Informações Básicas Municipais” (MUNIC), realizada anualmente pelo IBGE
por meio de envio de questionário a técnicos de todos os municípios brasileiros (5564 até
31 de dezembro de 2005). No ano de 2001, a MUNIC apresentava uma pergunta especí-
fica sobre a aplicação da OODC pelos municípios, e 227 municípios declararam dispor
desse instrumento. Tratava-se de dado bastante instigante, que merecia posteriores inves-
tigações e checagens, pois os debates e a literatura em torno da aplicação do instrumento
3 Tratava-se do projeto de apontavam para um universo bem mais restrito de aplicação da OODC. Os próprios au-
pesquisa “The experience of tores mostraram-se reticentes em relação ao universo que a MUNIC apontava, e em con-
Brazilian municipalities with
the “Solo Criado” instru- seqüência disso, foi levada adiante uma pesquisa que procurava checar tal informação e
ments for selling of building mapear a real extensão da aplicação da OODC nesses municípios.3 Tal pesquisa de fato
rights”, coordenado por Re-
nato Cymbalista e Paula identificou uma série de municípios que efetivamente dispunham da OODC em um uni-
Santoro, desenvolvido pelo
Instituto Pólis em parceria
verso algo maior do que a literatura havia mapeado anteriormente, mas, ao mesmo tem-
com o LILP no ano de 2006. po, revelou uma imprecisão bastante grande nos dados da MUNIC em relação à OODC.
4 Em cerca de 15% dos mu-
Do conjunto de 227 municípios que declararam dispor do instrumento à MUNIC 2001,
nicípios contatados para a foram identificados apenas 56 que efetivamente o possuíam em 2006, ou seja, cinco anos
pesquisa não foi possível en-
contrar interlocutor qualifica- após a coleta de informações (Cymbalista e Santoro, 2006a: 64). Por outro lado, a análi-
do, o que implica em certa se de um acervo de textos de Planos Diretores coletados para outras pesquisas identificou
imprecisão nos dados. Em
grande parte, trata-se de outros 19 municípios que dispunham do instrumento da legislação em 2006 e que não
Municípios com estrutura ad- constavam da base de dados da MUNIC (Cymbalista e Santoro, 2006a: 14).4
ministrativa precária, o que
nos leva à hipótese de que Tal pesquisa identificou também a grande distância entre a simples existência da
poucos deles devem efetiva-
OODC no marco da regulação urbanística no município e sua efetiva implementação,
mente possuir a OODC em
sua base legislativa. conforme mostra a tabela abaixo, que agrega um total de 56 municípios identificados pela
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Após a MUNIC 2001, até o ano de 2005 as pesquisas do IBGE não trouxeram dados
sobre a aplicação da OODC. A pesquisa MUNIC 2005, levada a campo entre o final de
2005 e início de 2006, investigou os 5.564 municípios brasileiros e – por articulação en-
tre o Ministério das Cidades e o IBGE – reuniu dados referentes ao grau de aplicação de
instrumentos urbanísticos, como a outorga onerosa do direito de construir.
Reconhecendo a precariedade das versões anteriores da MUNIC referente aos instru-
mentos urbanísticos, o IBGE procurou melhorar a qualidade das informações coletadas le-
vando em conta tanto a frente dos informantes quanto a frente dos coletores de informa-
ções. Em novembro de 2005 foi feito um treinamento centralizado com supervisores e
técnicos de todas as unidades estaduais do IBGE, que repassaram as informações para os téc-
nicos das cerca de 500 agências do IBGE no país. Os dados foram confrontados com os da-
dos anteriores da MUNIC para identificação de possíveis inconsistências (IBGE, 2006: 22-3).
Em relação aos instrumentos urbanísticos, foi realizada uma parceria entre o Mi-
nistério das Cidades e o IBGE para construção de um questionário específico que desse
conta das questões referentes à política urbana, habitacional e de transporte. Técnicos do
Ministério das Cidades participaram de capacitações dos coletores de informações do
IBGE em torno do Estatuto da Cidade e do Plano Diretor e seus instrumentos, e tam-
bém de capacitações do IBGE junto aos municípios pesquisados, insistindo na importân-
cia da MUNIC como principal instrumento de monitoramento da gestão municipal e
destacando a importância da credibilidade das informações. Na seção destinada às polí-
ticas urbanas e habitacionais, o técnico responsável pelo preenchimento das informações
precisava identificar-se, e também informar se era ele o responsável pela área no muni-
cípio. Tal procedimento tinha como objetivo obter informações mais confiáveis.5 5 Entrevista com Kazuo
Nakano, responsável pela in-
Em relação à MUNIC do IBGE do ano de 2001, a MUNIC 2005 se diferencia daque- terface entre o Ministério
la de 2001 pelo grau de aprofundamento do questionário aplicado, e pela ênfase dada à das Cidades e o IBGE para a
MUNIC 2005.
legislação urbanística e, principalmente, aos resultados numéricos obtidos. O Bloco 6 do
questionário da MUNIC 2005 busca coletar um conjunto de leis básicas existentes nos mu-
nicípios, como: Lei Orgânica Municipal; Lei de Parcelamento do Solo; Lei de Zoneamen-
to (ou equivalente); e Código de Obras, identificando o ano e o número de cada uma de-
las na lei. Em seguida, questiona se o município possui leis específicas sobre os
instrumentos de política urbana, entre eles a OODC.
Em relação à OODC, a MUNIC 2005 aponta 1.156 municípios que declararam dis-
por do instrumento, número muito superior aos 227 municípios arrolados pela MUNIC
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2001. Essa informação motivou a elaboração de uma nova pesquisa, pois despertou uma
série de indagações: a nova onda de Planos Diretores (ainda não identificada pela MUNIC
2001) teria significado a implementação da OODC em tantos municípios? Nos municí-
pios que regulamentaram a OODC pelos novos Planos Diretores, as diretrizes e normas do
Estatuto da Cidade estariam sendo cumpridas? A nova metodologia de captação de infor-
mações sobre os instrumentos urbanísticos utilizada na MUNIC 2005 teria significado
uma melhora na qualidade das informações, em relação à tão imprecisa MUNIC 2001?
Procurando responder tais perguntas, procedemos à checagem daqueles dados.
METODOLOGIA DA PESQUISA
Tabela 2 – Municípios que disseram possuir o instrumento “solo criado” frente ao total
de municípios por faixa de população, MUNIC 2005
MUNIC 2005 – BLOCO 06 – Legislação e Instrumentos de Planejamento Municipal
Questão 12.2 – O município possui lei específica sobre
o instrumento de política urbana do “solo criado”?
Faixa de Municípios Municípios que Municípios que
população (total) responderam responderam SIM
SIM (% em relação ao total
(total) nesta faixa de população)
Mais de 500.000 36 23 63,90
De 100.001 a 500.000 hab. 220 91 41,30
De 50.001 a 100.000 hab. 313 127 40,50
De 20.001 a 50.000 hab. 1.026 288 28,00
De 10.001 a 20.000 hab. 1.297 244 18,80
De 5.001 a 10.000 hab. 1.310 216 16,50
Até 5.000 hab. 1.362 167 12,20
Total 5.564 1.156 20,80
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RESULTADOS DA PESQUISA
A checagem dos dados da MUNIC 2005 revelou que, dos 30 municípios sorteados e
pesquisados, 19 deles (63%) efetivamente possuíam a OODC em sua legislação em me-
ados de 2007: Santo André-SP, João Pessoa-PB, Contagem-MG, Niterói-RJ, Santos-SP,
Anápolis-GO, Suzano-SP, Mossoró-RN, Alvorada-RS, São Leopoldo-RS, Barra Mansa-RJ,
Chapecó-SC, Rondonópolis-MT, Araguaína-TO, Bebedouro-SP, São Pedro da Aldeia-RJ,
Fernandópolis-SP, Santiago-RS e Itapecuru Mirim-MA.
Os outros 11 municípios (37%) revelaram não dispor da regulamentação da OODC:
Santarém-PA, Governador Valadares-MG, Itabuna-BA, Alagoinhas-BA, Eunápolis-BA, Va-
linhos-SP, Paracatu-MG, Paranavaí-PR, Quixadá-CE, Paulínia-SP e Primavera do Leste-MT.
Ainda que seja um número relativamente alto, trata-se claramente de uma melhora na
qualidade das informações em relação à MUNIC 2001, em que as informações sobre a
OODC foram procedentes em apenas 25 a 30% dos municípios, indicando que o esforço
do IBGE em melhorar a qualidade das informações da MUNIC vem sendo bem-sucedido.
Por outro lado, é importante mencionar que a MUNIC 2005 foi aplicada em um mo-
mento em que uma série de municípios estava ainda fazendo seus Planos Diretores, e é
possível que as informações tenham sido dadas não com base em leis existentes, mas em
propostas de implementação da OODC constantes de Projetos de Lei ou de propostas pre-
liminares de Planos Diretores. Mossoró-RN, Rondonópolis-MT, Bebedouro-SP, Fernan-
dópolis-SP, Santiago-RS e Itapecuru Mirim-MA foram municípios que aprovaram seus
Planos Diretores implementando pela primeira vez a OODC entre setembro e dezembro
de 2006, ou seja, após a conclusão da coleta de dados da MUNIC 2005 em abril de 2006
(IBGE, 2006: 21). Vale ressaltar também que eventualmente as informações foram dadas
à MUNIC com base em perspectivas futuras de implementação do instrumento.
Da mesma forma, alguns municípios encontravam-se ainda em processo de elabora-
ção de seus Planos Diretores no período de coleta de dados da pesquisa (dezembro de
2006 a abril de 2007), assim, pode ter ocorrido a implementação da OODC em alguns de-
les. É o caso de Itabuna-BA, Primavera do Leste-MT e Santarém-PA. O município de Su-
zano-SP havia incorporado a OODC na sua legislação por meio de em um Plano Diretor
aprovado em 2004, mas este estava em processo de revisão no primeiro semestre de 2007.
O processo indicava que a OODC seria mantida na legislação municipal, com algumas al-
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terações em relação aos índices adotados em 2004. Tais informações indicam a neces-
sidade de uma atualização da pesquisa.
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De posse dessa classificação, algumas correlações puderam ser feitas. Aquela que pa-
rece ser mais evidente é a relação entre a população dos municípios e a efetiva implemen-
tação da OODC. Todos os cinco municípios da amostragem com população acima de
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Tabela 8 – Nota por Região do País (Metodologia de análise Instituto Pólis, 2007)
Nota Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul
0 1 4 1 4 1
1 0 1 1 3 0
2 1 0 0 2 3
3 0 1 1 0 0
4 0 1 0 4 1
Total 2 7 3 13 5
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pela pesquisa realizada, podemos identificar uma série de elementos que mostram
que o debate em torno da OODC vem se redirecionando nos últimos anos, principalmen-
te após a aprovação do Estatuto da Cidade. Em relação à versão de 2001, a MUNIC 2005
revela-se um instrumento bem mais eficiente de mapeamento da existência de instru-
mentos urbanísticos em geral e da OODC em particular. Se levarmos em conta que 1156
municípios declararam à MUNIC 2005 disporem da OODC, é de se esperar que seja bas-
tante significativo o novo universo de municípios que vêm propondo a OODC em sua
legislação. Pesquisas futuras podem propor a replicação da metodologia sobre um uni-
verso mais abrangente.
Pelo que indica a amostra, aumentou significativamente o número de municípios
que levaram em conta a existência da OODC na recente reformulação da legislação urba-
nística municipal. Isso pode indicar um avanço no debate sobre a noção de que existe
uma separação entre direitos de propriedade e direitos construtivos. Por outro lado, a pre-
sença do instrumento na legislação pode decorrer de outros processos que não um deba-
te aprofundado em nível local: de simples e automáticas repetições dos termos do Esta-
tuto e da influência de consultores externos imprimindo aos municípios suas próprias
visões sobre os instrumentos urbanísticos. A presença da OODC na legislação local pode
até mesmo refletir atendimento de demandas do mercado imobiliário.
Em comparação com experiências esparsas e desvinculadas da política urbana local,
as propostas mais recentes vêm vinculadas aos Planos Diretores, e podem indicar a pers-
pectiva da inserção do instrumento em políticas mais gerais de regulação urbanística. De
uma forma geral, as determinações do Estatuto da Cidade foram levadas em conta para a
formulação do instrumento pelos municípios.
Ainda que uma série de municípios de menor população venha experimentando a
OODC, percebemos que a sua implementação tem se dado de forma mais significativa nos
mais populosos. Tal informação pode significar que o instrumento só é efetivamente re-
levante em situações de mercado imobiliário mais ativo e dinâmico. Por outro lado, tal-
vez esteja sendo perdida a possibilidade de aplicação preventiva do instrumento – ou se-
ja, perda da chance de antecipação em relação ao dinamismo do mercado imobiliário,
resultando em dificuldades de ganhos coletivos futuros.
Como a maior parte dos Planos Diretores é muito recente, serão necessários
ainda mais alguns anos de acompanhamento para identificarmos efetivamente o
grau de implementação da OODC e seus impactos sobre as cidades brasileiras. Um
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Renato Cymbalista é ar- dos aspectos que poderá ser investigado em futuros trabalhos é o grau de transparên-
quiteto urbanista, doutor em
Estruturas Ambientais Urba-
cia e de gestão democrática do instrumento, já que na maior parte dos municípios,
nas pela FAU-USP, coordena- juntamente com a OODC, vem sendo novamente proposto sistemas de planejamen-
dor do núcleo de urbanismo
do Instituto Pólis. E-mail: re- to com fundos e conselhos específicos e a participação dos diferentes segmentos da
nato@polis.org.br população.
Paula Pollini é arquiteta ur- A pesquisa não se propôs como conclusiva em relação à real eficácia do instrumen-
banista, integrante do núcleo to, tampouco como partidária irrestrita de sua aplicação. Resume-se a apontar mudanças
de urbanismo e da Escola da
Cidadania do Instituto Pólis. recentes no arcabouço da legislação urbanística dos municípios, abrindo caminho para fu-
E-mail: urbanismo@polis.
org.br
turas avaliações. Sem a pretensão de avaliar ou legitimar qualquer experiência de regula-
mentação ou aplicação da OODC, acreditamos ter avançado na identificação de uma ex-
Patrícia Cobra é arquiteta
urbanista, integrante do nú-
pansão do universo de municípios que se relacionaram com a OODC, contribuindo para
cleo de urbanismo do Insti- apoiar futuros estudos, monográficos ou não, sobre esse tema.
tuto Pólis. E-mail: pcobra
@polis.org.br
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Município Plano Diretor em vigor Planos Diretores e sua conformidade com o Estatuto da Cidade em relação a OODC
Número Legislação Elaborou ou A legislação Presença do Estabelece Estão definidos Há Estão Estão Está Tem Quem gere Remete Há um Aplicou a
e ano específica revisou seu está dispo- instrumento perímetros os coeficientes fórmula definidos definidas definida Fundo? os recursos? a Lei prazo para OODC
da lei PD até nibilizada OODC? de aplicação de aproveita- de os casos as contrapar- a destina- Um especí- a Lei es- até abril
out/2006? na Internet? do instru- mento básico cálculo? de isenção? tidas dos ção do Conselho fica? pecífica? de 2007?
ANEXO
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de Desenvolvi- ainda não
mento Urbano foi criado
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Anápolis Lei compl. Não – O Sim Não Sim Sim Não, Sim, Não Sim Fundo de Conselho Não Não Não
Tabela síntese das informações – Adequação dos Planos Diretores dos 30 municípios ao
91
n. 128 de PD remete apenas o mas menciona Urbanização da Cidade
10/10/2006 a uma Lei coeficiente incom-
específica, que básico pleta
ainda não
foi feita
Santarém PD de 1983 Em Não Não Não
– novo PD elaboração
em elaboração
Alagoinhas PD de Fez decretos Não Não Não
2002 de adequação
do PD de 2002
Paranavaí Lei n. 1856/1994 Não Não Não Não
Quixadá Lei n. 1903 Sim Sim (Internet) Não Não
de 14/04/2000
Município Plano Diretor em vigor Planos Diretores e sua conformidade com o Estatuto da Cidade em relação a OODC
Número Legislação Elaborou ou A legislação Presença Estabelece Estão definidos Há Estão Estão Está Tem Quem gere Remete Há um Aplicou a
e ano específica revisou seu está dispo- do ins- perímetros os coeficientes fórmula definidos definidas definida Fundo? os recursos? a Lei prazo para OODC
da lei PD até nibilizada trumento de aplicação de aproveita- de os casos as contrapar- a destina- Um especí- a Lei es- até abril
out/2006? na Inter- OODC? do instru- mento básico cálculo? de isenção? tidas dos ção do Conselho fica? pecífica? de 2007?
net? mento? e máximo? beneficiários? recurso? Gestor?
Suzano Lei compl. Não – O Sim e Sim Sim Sim, em todo Sim Não – Sim, HIS Não Sim Não Não menciona Sim Não Não
n. 145 de PD remete atualmente (Internet) município, remetida a e equipa- menciona
2004 e a uma Lei estão em exceto na macro- Lei espe- mentos de no PD
atualmente específica, processo de zona de preser- cífica, que saúde e
em processo que ainda revisão vação ambiental ainda não educação
de revisão não foi feita e ocupação foi feita
restrita
Gov. Lei compl. Não, o Não Não Não
A
92
Valadares n. 003 de PD de 93
02/06/1993 está em
e atualmente processo de
em processo revisão
de revisão
Mossoró Lei compl. PD Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Moeda Sim Sim, Fun- Conselho Não Não Não
n. 12 de auto- (Internet) (mapa) corrente do Muni- da Cidade
11/12/2006 aplicável cipal de (paritário)
Desenvolvi-
OUTORGA
mento urbano
Alvorada Lei n.1461 PD Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Moeda Sim, Sim, a lei deter- Conselho Não Não Sim
de 26/07/2004 auto- (Internet) (mapa) corrente obras mina a criação do Plano
(revisão da aplicável** priori- de um Fundo Diretor
Lei n. 1137 tárias Municipal de
de 2000) do PD Desenvolvimento,
que ainda não
foi criado
ONEROSA
São Lei n. 2125 Não, o PD Sim Sim Sim Sim Sim Não – Sim, Moeda Sim Sim, Conselho Sim CNA Não
Leopoldo de 19/12/2006 remete a (Internet) (mapa) remetida HIS corrente (...) Fundo do Plano
uma Lei a Lei espe- Municipal Diretor
DO
06/12/2006 uma Lei Lei Lei espe- Lei espe- no PD Municipal de planeja-
específica, específica cífica cífica de Desen- mento, ges-
que ainda volvimento tão urbana
DE
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de 21/12/2004 anexos (Internet)
Município Plano Diretor em vigor Planos Diretores e sua conformidade com o Estatuto da Cidade em relação a OODC
Número Legislação Elaborou ou A legislação Presença Estabelece Estão definidos Há Estão Estão Está Tem Quem gere Remete Há um Aplicou a
e ano específica revisou seu está dispo- do ins- perímetros os coeficientes fórmula definidos definidas definida Fundo? os recursos? a Lei prazo para OODC
da lei PD até nibilizada trumento de aplicação de aproveita- de os casos as contrapar- a destina- Um especí- a Lei es- até abril
out/2006? na Inter- OODC? do instru- mento básico cálculo? de isenção? tidas dos ção do Conselho fica? pecífica? de 2007?
net? mento? e máximo? beneficiários? recurso? Gestor?
Rondo- Lei compl. Não, o Sim Sim Sim Sim – Não – Não – Não – Em moeda cor- Sim Não Conselho Sim Não Não
nópolis n. 046 de PD remete (Internet) perímetro remete a remete a remete a rente, em obras (...) menciona Municipal de
28/12/06 a uma Lei urbano LUOS a Lei espe- Lei espe- de HIS, ou Desenvolvi-
específica, ser for- cífica cífica em terrenos mento Urbano
que ainda mulada dentro do e Rural
não foi feita município
Araguaíina Lei n. 2424 Não, o Sim Não Sim Sim, todas Não, ape- Não – Não – Moeda Sim Sim, Conselho Sim Não Não
de 03/10/2005 PD remete (não tem as macro- nas o coef. remete a remete a corrente Fundo de Municipal
a uma Lei a lei apro- zonas básico 1; os Lei espe- Lei espe- Desenvolvi- de Desen-
específica, vada, ape- urbanas máximos cífica cífica mento e volvimento
que ainda nas o PL) são remetidos Habitação Sustentável
não foi feita a Lei específica
Paracatu Lei compl. n. 52 Sim Não Não Não
de 09/10/2006
Bebedouro Lei compl. Não, o Sim Sim Sim Sim Sim Não – Não – Moeda Sim, Não Conselho Sim Não Não
n. 43 de PD remete (Internet) (mapa e remete a remete a corrente para menciona Municipal
05/09/2006 a uma Lei tabela) Lei espe- Lei espe- HIS de Política
específica, cífica cífica Urbana
que ainda
não foi feita
São Pedro Lei compl. Não, o Sim Sim Sim Não – Não, apenas Sim, mas o Não – Em unidades Sim Sim – Conselho Sim Não Não
da Aldeia n. 012 de PD remete (Internet) remete a os coeficientes fator de cor- remete a de valor fiscal Fundo da Cidade
31/01/2005 a uma Lei Lei espe- básicos; os reção da con- Lei espe- do município Municipal de (paritário)
específica, cífica máximos remete trapartida será cífica (UNIF) Desenvolvi-
que ainda a Lei específica será estabele- mento urbano
não foi feita cido por Lei
específica
Fernandó- Lei compl. Não tem Sim Sim Sim Não Não Não Não Não Não Não Sistema Não Não Não
polis n. 51 de Lei específica (Internet) Municipal de
26/10/2006 e o PD não Planejamen-
menciona to de Gestão
nenhuma Urbana
Paulínia Lei n. 2852 - Sim Não Não Não
R . B . E S T U D O S U R B A N O S E R E G I O N A I S V. 9 , N . 2 / N O V E M B RO 2 0 0 7
de 22/12/2006
Primavera PD de 1998. Não, o PD Não Não Não
R . C Y M B A L I S T A , P. P O L L I N I , P. C O B R A , P. S A N T O R O
93
em processo processo de
de revisão - revisão
Santiago Lei n. 068 de Não, o PD Sim Sim Sim Sim, nas opera- Apenas os coefi- Não – Não Moeda Não Não Não menciona – Sim 60 dias Não
10/10/2006 remete a uma (Internet) ções urbanas con- cientes básicos. remete as menciona corrente tem um Conselho
Lei específica, sorciadas, nas Não define os contrapartidas consultivo, mas
que ainda áreas de interven- máximos nem a Lei espe- não fica clara
não foi feita ção urbana ou em remete a Lei cífica sua função
projetos especiais específica
Itapecuru Lei n. 1026 Não, o PD Sim Não Sim Não Não – Não – Não – Não men- Não Sim – Secretaria Sim 12 meses Não
Mirim de 29/12/2006 remete a uma menciona remete a remete a remete a ciona no PD Fundo Municipal de
Lei específica, Lei espe- Lei espe- Lei espe- Municipal de Planejamento
que ainda cífica cífica cífica Desenvolvi-
não foi feita mento Urbano
* Consolidação da Lei Complementar nº 311 de 23 de novembro de 1998 e alterações: Lei Complementar nº 447 de 30 de dezembro de 2001, Lei Complementar nº 483 de 30 de dezembro de 2003 e Lei Complementar nº 560 de 28 de dezembro de 2005. Atualizada até 04 de janeiro de 2006.
** Secretaria Municipal de Planejamento e Habitação – Resolução Interpretativa no. 2 – Plano Diretor de 2002 *** Lei de Uso, Ocupação e Parcelamento do Solo da Macrozona Urbana, que foi aprovada em maio de 2006.