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Florianópolis,
2021
RENATA MARTINS VIEIRA
Florianópolis,
2021
Dedico esse trabalho a todos que estiveram ao
meu lado e que sempre me incentivaram a correr
atrás dos meus sonhos, sem vocês nada seria
possível.
AGRADECIMENTOS
Claramente não serão nessas poucas linhas descritas que serão citadas todas as pessoas
que foram essenciais para essa conquista, e que estiveram de modo direto envolvidos no meu
crescimento pessoal e profissional desde o começo deste curso.
Durante a execução deste trabalho, percebi a realização dele não foi exclusivamente
minha. Ele conta com a colaboração de outras pessoas, tornando-o assim, mais especial.
Primeiramente agradeço imensamente aos meus pais Valter e Ana, e a minha avó
Leoni pelo apoio e paciência que tiveram comigo durante esta fase, sei que não foi fácil.
Obrigada por nunca me deixarem desistir dos meus sonhos e me ensinarem a enfrentar o
mundo lá fora, como diz minha mãe. Vocês são meu refugio e devo tudo isso a vocês.
Agradeço também, todos os meus familiares que estiverem presentes de uma forma ou
outra, me apoiando.
A professora Ma. Jurema Marques, pela orientação, apoio e confiança. Que mesmo
durante sua rotina não mediu esforços para me ajudar. Obrigada por me incentivar e de buscar
comigo, a finalização deste trabalho. Seus ensinamentos durante todos esses anos, estarão
sempre presentes na minha vida. Te tenho como minha inspiração. Você sempre será o “Ícone
do Comércio Exterior” e a “Fada Aduaneira”.
Ao professor Ms. Luciano Daudt, por todos os ensinamentos e conselhos durante todos
estes anos de faculdade. Você foi essencial para meu crescimento. Te agradeço imensamente.
Muito obrigada aos demais professores que estiveram presentes durante a minha
trajetória no curso. Sem vocês, não seria possível concluir este trabalho. Vocês são essenciais
para nós.
Gostaria de agradecer meus melhores amigos David, Fernanda e Júlia. Nossos
momentos juntos foram indescritíveis, é nítido o crescimento mútuo que tivemos durante o
período. Obrigada pelo apoio, pelo carinho, pelas risadas, pela irmandade e por fazerem parte
deste momento inesquecível para mim. Vocês são irmãos de outras mães que quero levar
comigo. Agradeço também, todos meus amigos, que estiveram ao meu lado, me incentivando.
Devo reconhecer também, o meu esforço durante este período. Tenho orgulho de
quem me tornei ao longo dos anos. Hoje me sinto realizada e feliz com todas as escolhas
tomadas, tanto no âmbito profissional, quanto no acadêmico. Agradeço a mim por ter
conseguido manter a calma e seguir firme até o final.
“Those who pass by us, do not go alone, and do not leave us alone; they leave a bit of
themselves, and take a little of us.” ― Antoine de Saint-Exupéry
RESUMO
Pandemia, uma situação em que uma doença infecciosa ameaça simultaneamente diversas
pessoas mundialmente. Não tendo ligação com a gravidade da doença, mas sim, pela
abrangência geográfica. Esta pesquisa classificada metodologicamente como aplicada com
objetivo descritivo, de abordagem qualitativa e utilizando-se de métodos de coletas de dados
sob forma bibliográfica e documental, tem como objetivo principal verificar as consequências
que a pandemia da Covid-19 trouxe para o comércio exterior entre China e Brasil. Os pontos
que compõem a fundamentação teórica do trabalho são os conceitos sobre globalização,
comércio exterior e comércio internacional e sobre as pandemias. Os objetivos específicos do
trabalho foram definidos como: Contextualizar a pandemia do Corona Vírus Sars Cov 2 entre
os anos de 2019 a 2021; verificar a movimentação do comércio exterior brasileiro e chinês no
período; e, por fim, analisar se houve aumento ou diminuição das importações entre os anos
da pandemia 2019 a 2021. De maneira conclusiva, os dados coletados apresentam que de fato,
houve impactos significativos na balança comercial brasileira e chinesa.
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................14
1.1 OBJETIVOS.....................................................................................................................15
1.1.1 Objetivo Geral..............................................................................................................15
1.1.2 Objetivos Específicos...................................................................................................15
1.2 JUSTIFICATIVA.............................................................................................................16
1.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.....................................................................16
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................................18
2.1 GLOBALIZAÇÃO...........................................................................................................18
2.2 CARACTERÍSTICAS DA GLOBALIZAÇÃO..............................................................21
2.3 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA GLOBALIZAÇÃO......................................22
2.4 COMÉRCIO INTERNACIONAL E COMÉRCIO EXTERIOR.....................................24
2.4.1 IMPORTAÇÃO...........................................................................................................27
2.4.2 EXPORTAÇÃO...........................................................................................................27
2.5 PANDEMIAS EM UM MUNDO GLOBALIZADO......................................................28
3 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PANDEMIA DO CORONA VIRUS - SARS COV-2.33
3.1 A PANDEMIA DO CORONA VÍRUS – SARS COV 2.................................................33
4 ANÁLISE DOS IMPACTOS DA PANDEMIA NO COMÉRCIO EXTERIOR
ENTRE BRASIL E CHINA...................................................................................................41
4.1 MOVIMENTAÇAO DO COMÉRCIO EXTERIOR ENTRE BRASIL E CHINA DE
2011 A 2021..............................................................................................................................41
4.2 MOVIMENTAÇÃO DO COMÉRCIO EXTERIOR ENTRE CHINA E BRASIL DE
2011 A 2021..............................................................................................................................44
4.3 VERIFICAÇÃO DOS IMPACTOS CAUSADOS PELA PANDEMIA NO COMÉRCIO
EXTERIOR ENTRE CHINA E BRASIL.................................................................................46
5 CONCLUSÃO...................................................................................................................52
REFERÊNCIAS......................................................................................................................54
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho aponta a forma que a pandemia do Corona Vírus Sars Cov 2
impactou o comércio exterior desde 2019, dando ênfase ao cenário chinês e brasileiro e como
a globalização potencializa o problema das pandemias.
O advento da globalização é uma questão que possui diversas vertentes, sugerindo
épocas e contextos diferentes para o início deste processo. Entretanto, é a partir deste
fenômeno que surge uma nova condição de sociedade, tornando o mundo uma grande aldeia
global, ou um grande e unificado mercado.
A despeito de ser um termo que se tornou muito popular nos anos 90, certos autores
defendem que o início da globalização foi por volta de 1500, na época das grandes
navegações, onde navegar era preciso, já que a Europa necessitava de novas rotas e mercados,
e os avanços tecnológicos possibilitavam os europeus a se aventurar pelos sete mares com
precisão técnica e segurança. (SANDORINI, 2020)
O evento da globalização na década de 90 foi uma soma de renovações nas esferas
econômicas, sociais, culturais e políticas e para Nye (2002), o que a caracteriza
contemporaneamente.
Tendo em vista que na contemporaneidade, ela é mais ágil, já que é capaz de
desenvolver-se cada vez mais depressa e é menos custosa, devido aos acordos entre Estados,
que são cada vez mais frequentes e, mais estabelecida, em consequência das diversas
vantagens que cada participante desses acordos aufere.
O desenvolvimento da tecnologia da informação nos anos 90, permitiu um grande
avanço no intercâmbio cultural e mercantil entre as nações, impulsionando assim o comércio
exterior, sendo esta a relação direta de comercialização de bens ou serviços entre dois países
ou blocos, considerada um dos pontos mais importantes e que incentiva a desenvolução dos
Estados. Tal necessidade dá-se pelo ciclo virtuoso que ele gera pois, com a troca
de produtos e tecnologias, há consequentemente, a geração de novos empregos, conhecimento
e, com isso, um país mais rico em todos os sentidos.
Roratto (2011) afirma que o comércio exterior é o modo que um país se organiza em
relação a suas políticas, leis, normas e regulamentos que disciplinam o andamento de
operações de importação (que seria o ato de adquirir um outro país as mercadorias de seu
interesse), e exportação (sendo o ato de remeter a outro país mercadorias que são produzidas
em seu próprio, que sejam de interesse do país do importador) de mercadorias e serviços com
o exterior.
Com a globalização e o comércio exterior, o mundo encontra-se mais conectado e, por
isso, pessoas e mercadorias circulam com maior facilidade e agilidade entre países e
continentes, havendo também uma maior intensificação na disseminação de doenças. Antevê-
se, assim, novas epidemias mundiais e se caso estas se disseminarem não apenas
regionalmente, mas entre países e continentes, os especialistas referem-se a uma pandemia.
(WAGNER, 2020)
Segundo Guedes (2020) para que haja o menor número de infectados, são necessárias
algumas medidas de contenção para evitar a disseminação rápida dessas doenças, sendo uma
delas a quarentena, que consiste em um período em que as pessoas, têm sua liberdade de
trânsito limitada. Posto isso, diversos impactos são ocasionados durante o período de
isolamento social, diversos estados e cidades adotam medidas, em diferentes graus para conter
o contágio na população, como o fechamento de comércio, empresas e a paralisação das
atividades de indústrias causando dívidas para o Estado. O comércio exterior acaba sendo
afetado por esses episódios de instabilidade mundial, podendo haver uma grande queda no
volume de exportações e importações, com menos navios saindo dos países, há um acúmulo
de contêineres nos portos, o que gera uma escassez global dos equipamentos (BUENO, 2020).
Com isto a questão que norteará o problema de pesquisa será: Quais as consequências a
pandemia da Covid-19 trouxe para o comércio exterior entre China e Brasil?
1.1 OBJETIVOS
1.2 JUSTIFICATIVA
Com o intuito de obter uma estruturação adequada deste projeto acadêmico, torna-se
necessário determinar os procedimentos metodológicos, onde são empregadas atividades que
contribuirão para o desenvolvimento do trabalho de conclusão de curso.
Este trabalho pode ser classificado como uma pesquisa qualitativa de base descritiva
com o objetivo verificar como a pandemia do covid-19 afetou o comércio exterior entre Brasil
e China.
Nesta pesquisa, considerando a metodologia a ser aplicada, a respeito da natureza,
tratar-se-á de uma pesquisa aplicada. Para Schwartzman (1979), a pesquisa aplicada pode ser
definida como “aquela que tem um resultado prático visível em termos econômicos ou de
outra utilidade que não seja o próprio conhecimento”.
Quanto aos objetivos, o trabalho se norteará pela forma descritiva, onde o autor
procura descrever as características de um objeto de pesquisa já conhecido, mas sem
manipular os dados além da descrição. Para Gil (2002), uma pesquisa descritiva baseia-se em
descrever as características de determinadas populações ou fenômenos.
Já em relação aos procedimentos técnicos, nessa pesquisa será utilizada a forma
documental e de forma bibliográfica a qual é um resultado das contribuições de diversos
autores.
Trata-se de um levantamento indispensável a qualquer pesquisa científica, na
medida em que fornecerá os conhecimentos teórico-empíricos que nortearão o
trabalho desenvolvido. Assim, ao mesclar as ideias por você defendidas, juntamente
com aquelas inerentes a autores diversos, você terá a oportunidade de compactuar ou
não com os posicionamentos firmados. (DUARTE, 2014)
Ainda de acordo com Duarte (2014), a coleta documental tem sua origem a partir de
informações de documentos os quais ainda não foram examinados. É realizada por meio de
materiais que ainda não receberam uma análise crítica, como, por exemplo, documentos
oficiais, reportagens, cartas, contratos, diários, filmes, fotografias, gravações, dentre outros.
Trata-se também de um estudo de caso que, para Gil (2002), este tipo de procedimento
consiste no estudo complexo de um ou poucos objetos, de forma que permita seu amplo e
detalhado entendimento.
No transcorrer da pesquisa, o método a ser utilizado será a pesquisa qualitativa, visto
que a coleta de dados se dá como consequência da interação entre pesquisador e fenômeno.
A pesquisa qualitativa é traduzida por aquilo que não pode ser mensurável, pois a
realidade e o sujeito são elementos indissociáveis. Assim sendo, quando se trata do
sujeito, levam-se em consideração seus traços subjetivos e suas particularidades.
(DUARTE, 2013)
Assim, conclui-se a seção a respeito dos procedimentos metodológicos utilizados no
projeto e seguidamente, transcorreremos sobre a apresentação do cronograma de atividades
que serão cometidas durante a realização do trabalho de conclusão de curso.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 GLOBALIZAÇÃO
De acordo com Abílio (2007), a globalização tem um poder de mudanças e com isso,
apresenta características relevantes, segundo Castells (apud Abílio, 2007, p. 3), as
contemporâneas tecnologias da informação integram-se no mundo em redes globais de
instrumentalidade. A comunicação através das novas tecnologias, como computadores e
celulares, gera uma grande repercussão de grupos virtuais, uma nova maneira das economias
se relacionarem foi estabelecida, onde o Estado e a sociedade inseridos em um sistema
harmonioso volátil, devido a certas atividades terem a capacidade de operarem em tempo
real, num mundo onde o fluxo de riqueza e de poder, a procura da identidade coletiva ou
individual, sendo ela atribuída ou formada, torna-se a principal fonte de significado social.
Castells (apud Abílio, 2007, p. 3) cita também que a formação das ações políticas e
sociais surge das tendências social e política, em volta das identidades essenciais, atribuídas
ou enraizadas assim, na história e na geografia. A identidade transforma-se na principal causa
de significado em um período que é marcado por uma desordem nas organizações.
O papel do Estado, segundo Castells (apud Abílio, 2007, p. 3), é de extrema
importância no vínculo entre a sociedade e a tecnologia, já que estimula, detém ou conduz as
inovações tecnológicas. A maneira que a sociedade consegue ou não comandar a tecnologia,
principalmente aquelas que são de certa forma que são sistematicamente cruciais em cada
período histórico, pode determinar seu destino.
Abrantes (2018) acredita que a tecnologia pode afetar os aspectos culturais de uma
população. Alguns hábitos que são incomuns para um certo país, passam a ser cada vez mais
normais, já que são descobertos através da televisão e internet. Podendo estes hábitos serem
alimentares, evidenciado pelas redes de fast food presentes no mundo todo. Podem ser
também de consumo de moda, eletrônicos, entretenimento dentre outros.
Castells (apud Abílio, 2007, p. 4) diz que sociedade atual está edificada em volta dos
fluxos de capital, informação, tecnologia, fluxos de imagens, sons e símbolos e de interação
organizacional. Estes fluxos não são apenas um componente da organização social, mas sim a
manifestação de que influenciam nossa vida política, econômica, social e de certa forma
simbólica.
A nova sociedade informacional e a economia global em crescimento, apresentam uma
nova forma que, segundo Castells (apud Abílio, 2007, p. 4), se desenvolve a partir de uma
diversidade de contextos sociais e geográficos, onde as megacidades que estruturam a
economia global, concentram o poder mundial e conectam as redes informatizadas.
Abrantes (2018) afirma que uma das maiores e principais características do fenômeno
da Globalização é o advento das empresas transnacionais, sendo estas empresas que
possuem sua sede em um país desenvolvido e operam com suas filiais em países em
desenvolvimento. Dessa maneira, as empresas transnacionais ampliam seu mercado
consumidor. Usufruindo da mão de obra barata, incentivos fiscais e da isenção de impostos.
Para Abrantes (2018) o progresso do consumo e da produção de bens e serviços, o
aumento das relações econômicas entre os países, o surgimento de empresas multinacionais e
transnacionais, a diminuição das barreiras comerciais, o surgimento de blocos econômicos,
são algumas das diversas características mais importantes da globalização.
2.4.2 EXPORTAÇÃO
Keedi (2017) conceitua exportação como o ato de remeter a outro país mercadorias
que são produzidas em seu próprio, que sejam de interesse do país do importador, e que
proporcionem a ambos envolvidos, vantagens na sua comercialização ou troca. Logo, é a
saída de mercadorias de um país para o exterior. Esta saída, para Roratto (2011), é
fundamentada na expertise do país na produção de bens que possua maior disponibilidade de
fatores produtivos. A exportação gera a entrada de divisas.
Qualquer empresa que tenha bons produtos e um nível estável de vendas no seu
mercado interno deve pensar em exportar como uma forma de expandir ainda mais seus
negócios. Os riscos são elevados, mas as recompensas podem ser vantajosas.
O movimento de exportação é fundamental para o desenvolvimento econômico de um
país. Por meio da exportação, há entrada de divisas na nação, proporcionando o pagamento
das dívidas adquiridas. Neste sentido, Ratti (2001, p. 348), descreve que a “exportação vem a
ser a remessa de bens de um país para outro. Em sentido amplo poderá compreender, além
dos bens propriamente ditos, também os serviços ligados a essa exportação (fretes, seguros,
serviços bancários etc.).”
Segundo Werneck (apud Roratto 2011, p.11), o conceito de exportação pode ser
analisado sob os seguintes aspectos: negocial, logístico, cambial e fiscal.
Sob o aspecto negocial da exportação de mercadorias, pode-se incluir a negociação de
preço e sobre as condições de pagamentos, elaboração da commercial invoice. Para definir os
preços e as condições de pagamento, são utilizados os Incoterms.
Sob o aspecto logístico, deve-se entender quais as medidas tomadas para que a
mercadoria seja entregue em boas condições ao comprador. Abrangendo cuidados com a
embalagem, transporte interno, embarque, transporte internacional e o desembarque até o
destino final.
Já o aspecto cambial, abrange a determinação de qual moeda será utilizada, as
operações de câmbio são inclusas e a transferência do dinheiro do comprador para o
vendedor.
O aspecto fiscal implica na a emissão dos documentos necessários para os despachos
de exportação e de importação, os pagamentos dos impostos e das taxas, e os desembaraços
aduaneiros.
Quando se pesquisa sobre a diferença entre epidemia e endemia, Rezende (1998) crê
que a conceituação de epidemia se caracteriza pela existência, em curto prazo, de um grande
número de casos de uma enfermidade, ao passo que a endemia se traduz pelo aparecimento de
menor número de casos ao longo do tempo.
A diferença entre epidemia e endemia não pode ser formada baseando-se nas taxas de
incidência de determinada doença na população. Para Rezende (1998), se o número elevado
de novos casos e a disseminação rápida formam a principal característica da epidemia, para
definirmos endemia o critério quantitativo já não é o bastante. O que define uma doença ser
endêmica é o fato de ser a mesma típica de uma região, de um país ou da própria população.
Andrade et al. (2012, p. 12) apontam que, “endemia pode ser conceituada como
ocorrência de um agravo dentro de um número esperado de casos para aquela região, naquele
período de tempo, baseado na sua ocorrência em anos anteriores não epidêmicos.” Desta
maneira, uma doença endêmica pode ser constante, podendo haver alterações periódicas no
comportamento esperado para a piora do problema.
Já a epidemia evidencia a ocorrência de uma piora significativa histórica de seu
acontecimento. O agravo do causador de uma epidemia, para Andrade et al. (2012, p. 13)
“tem geralmente aparecimento súbito e se propaga por determinado período de tempo em
determinada área geográfica, acometendo frequentemente elevado número de pessoas”. A
partir do momento em que uma epidemia alcança diferentes países em outros continentes, ela
passa a ser denominada pandemia.
Pandemia para Rezende (1998), vem do grego, formada com o prefixo neutro pan e
demos, povo, que foi utilizada pela primeira vez por Platão, em seu livro Das Leis. Platão
empregou-a num sentido mais geral, referindo-se a qualquer fato ocorrido que fosse capaz de
atingir toda a população. Utilizada neste sentido, também por Aristóteles. Já Galeno
empregou o adjetivo pandêmico para doenças com alto grau de difusão.
França (apud Ferreira et al., 2013, p. 392) afirma que “Uma pandemia se difere de
uma epidemia devido às suas maiores proporções. É uma doença infecciosa, transmissível e
mortal que se espalha por vários continentes ou até mesmo por todo o planeta.”
O conceito moderno de pandemia, na visão de Rezende (1998, p. 154) “é o de uma
epidemia de grandes proporções, que se espalha a vários países e a mais de um continente,”
onde podemos dar como exemplo "gripe espanhola", que se andou ao lado da Primeira Guerra
Mundial, durante os anos 1918-1919, e que ocasionou a morte de cerca de 20 milhões de
pessoas em todo o mundo.
Nas últimas três décadas, o aumento de surtos causados por vírus, proliferando
doenças que se dizimam por todo o mundo tem crescido cada vez mais. As doenças
atormentam a humanidade desde os primórdios, relatos históricos de pandemias já preocupam
a humanidade há mais de dois mil anos. (SANAR, 2020)
O comércio generalizado originou novas oportunidades para interações entre os
humanos e animais, acelerando assim o surgimento de epidemias. É possível citar a malária,
tuberculose, hanseníase, gripe, varíola e outras apareceram pela primeira vez durante esses
primeiros anos. (LEPAN, 2020)
Quanto mais civilizado e urbano o homem se tornou, com cidades maiores, rotas
comerciais mais exóticas, um contato maior com diferentes populações e culturas, animais e
ecossistemas, mais provável é o aparecimento de pandemias. (CAVALCANTI, 2020)
Pandemia é uma epidemia de grandes proporções. Pesquisadores preocupam-se que a
humanidade seja vítima de uma pandemia capaz de matar dezenas de pessoas no mundo. E
para que isso seja possível, o aparecimento de uma doença, com uma capacidade de
contaminação extraordinária com um poder de matar os infectados, seria o suficiente.
(UJVARI, 2011)
As pandemias fazem parte da existência humana, Vick (2020) afirma que as pessoas
convivem com os microrganismos como os vírus, bactérias, fungos, etc, que causam as
doenças infecciosas durante toda a vida, através do contato com ambiente, com os animais,
com o lixo ou com a água contaminada.
Na visão de Vick (2020) as infecções saem de controle quando esses agentes
infecciosos, além de se alojarem no corpo humano, se reproduzem facilmente e conseguem se
propagar entre as pessoas. No decorrer dos anos, atividades como viagens, comércio, guerras
e invasões colaboraram na propagação de doenças.
Ujvari (2011) afirma que as formas resistentes caminham pelo planeta. Surgem nas
Nações, espalham-se entre as comunidades urbanas e são exportadas para outros países e por
viajantes que portam alguma doença. Estas formas resistentes algumas vezes, são
diagnosticadas com um certo atraso, o que é favorável para a bactéria. Esse diagnostico tardio
faz com quem percamos “terreno” para a doença, que está posicionada a frente.
Mesmo que hoje as epidemias de gripe e cólera, por exemplo, ainda aparecem nos
jornais, antes do advento da medicina moderna, as pandemias eram mais agressivas. “A
grande pandemia da história da humanidade foi a gripe espanhola, que matou 21 milhões de
pessoas no fim da Primeira Guerra Mundial. O vírus tinha a capacidade de afetar vários
sistemas do organismo, ou seja, podia causar sintomas ao atingir os sistemas respiratório,
nervoso, digestivo, renal ou circulatório.” (DIAMOND, 2017, pg.170). A peste negra matou
um quarto da população Europeia, sua disseminação ocorreu devido ao trânsito de pessoas e
animais que transportavam as pulgas, e também, de peles infestadas dos insetos, que eram
comercializadas na rota Leste-Oeste da Euroásia, vindos de regiões da Ásia Central já
contaminadas pela peste.
Hoje, as doenças se espalham mais rápido e de forma mais vasta no mundo. Caso haja
pessoas infectadas em um avião, há uma grande possibilidade de elas infectarem os demais
passageiros e transmitirem para a população do local de destino.
Hoje, nossos aviões a jato fazem com que até mesmo os voos intercontinentais mais
longos sejam mais rápidos do que a duração de qualquer doença infecciosa humana.
Foi assim que um avião da Aerolineas Argentinas, que parou em Lima (no Peru) em
1991, conseguiu transportar várias pessoas infectadas com cólera, no mesmo dia,
para minha cidade de Los Angeles, a quase cinco mil quilômetros de Lima.
(DIAMOND, 2017, pg.173).
A varíola assombrou o mundo por mais de 3 mil anos, pois, sua transmissão, através
do vírus orthopoxvírus variolae, ocorria de uma pessoa para outra, por vias respiratórias.
Entre os principais sintomas, os infectados tinham febre, erupções na garganta, na
boca e no rosto. Mas, com as campanhas de vacinação em massa, a doença foi erradicada em
1980. (RIBEIRO, 2020)
Em 1817, aconteceu a primeira epidemia global de cólera, responsável por vitimar
milhares de pessoas. Após seu surgimento, a bactéria vibrio cholarae sofreu mutações,
causando assim, novos ciclos epidêmicos de tempos em tempos. Por isso, a doença ainda é
considerada uma pandemia. (RIBEIRO, 2020)
A transmissão ocorre a partir do consumo de água ou de alimentos contaminados,
alguns casos são notificados em países subdesenvolvidos. Atualmente, há uma vacina para a
Cólera, porém ela não é 100% eficaz. Já seu tratamento é feito através de antibióticos.
(RIBEIRO, 2020)
Já o vírus H1N1, causador da popularmente conhecida gripe suína, foi o primeiro
patógeno a provocar uma pandemia no século 21. Após seu aparecimento em porcos, em
2009, ele se alastrou em ritmo acelerado por outros países, matando cerca de 16 mil pessoas.
(RIBEIRO, 2020)
No Brasil, o primeiro caso da doença foi registrado em maio de 2009 e em pouco mais
de um mês após o alerta, 627 pessoas estavam contaminadas no país, segundo dados do
Ministério da Saúde (MS).
Seu contágio é similar à Covid-19, sua transmissão ocorre a partir de gotículas
respiratórias no ar ou em superfícies que estão contaminadas. Já seus sintomas são
semelhantes à gripe comum: febre, tosse, dor de garganta, calafrio e dores pelo corpo.
(RIBEIRO, 2020)
O mundo nos últimos séculos, passou por um crescimento demográfico significativo.
O número de pessoas em 1922 que atingia a marca de dois bilhões, nos anos 2000 já cruzava
os seis bilhões (ONU, 2013).
No século XXI, a tendência de crescimento vem se mantendo com elevadas taxas de
natalidade e uma redução nos índices de mortalidade. Como resultado, estudos
realizados pela Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que, caso não
ocorram grandes mudanças na trajetória de fertilidade durante as próximas décadas,
a população mundial estará próxima dos onze bilhões em 2050 e em 2100 o número
de indivíduos habitando o planeta superará os dezesseis bilhões (Ferreira et al.,
2013, p. 387).
O fluxo intenso de pessoas e de trocas comerciais entre países trouxe consigo um novo
risco, a rápida disseminação das doenças contagiosas. Segundo Ujvari (2011), a grande
concentração urbana que caracteriza a população nos dias de hoje, torna mais fácil a
disseminação, as viagens fazem com que microrganismos atravessem oceanos e mares com
rapidez.
Nos dias atuais, a globalização constitui outro determinante importante, resultado do
intenso fluxo de pessoas e de alimentos por todo o mundo. Alimentos produzidos na
América do Sul e América Central, por exemplo, podem causar surtos de
intoxicação alimentar na América do Norte ou Europa. A rapidez de deslocamento
das pessoas proporcionada pela facilidade de acesso ao transporte aéreo permite que
agentes causadores de epidemias sejam transmitidos rapidamente para pessoas de
várias regiões do planeta em curto espaço de tempo. O vírus influenza H1N1, por
exemplo, causou, em 2009, uma pandemia em menos de seis meses (Andrade et al.,
2012, p. 17).
Neste capítulo será abordado sobre o surgimento do novo tipo de Corona Vírus - Sars
Cov-2, que causa a doença da Covid-19, descrevendo sua conjuntura entre as especulações de
suas primeiras ocorrências no final do ano de 2019 e a forma rápida de sua disseminação no
mundo. Será apresentado também sobre as diversas vacinas produzidas e a sua distribuição
entre os Estados.
1
Quando o organismo é capaz de reagir ou combater microrganismos patógenos ou parasitas.
A terceira razão é que segundo o Wall Street Journal, agências de inteligência do
governo americano teriam descoberto que três cientistas do instituto de Wuhan foram a um
hospital da cidade, com sintomas gripais, em novembro de 2019, podendo assim, terem
contraído o vírus, carregá-lo para fora do laboratório e dado início a pandemia. A virologista
Marion Koopmans, da OMS, disse ter sido informada pelo governo chinês que os três
cientistas testaram negativo para o vírus. Mas a China nunca revelou os nomes dessas
pessoas, nem apresentou os resultados dos testes. (Garattoni, 2021)
Sua rápida propagação em todo o mundo levou, em janeiro, o vírus para o território
japonês. Neste mesmo mês, os Estados Unidos reportaram seu primeiro caso de coronavírus.
Ao final do mês de janeiro, diversos países já haviam confirmado surgimento de casos da
doença em. seus territórios. No Brasil, em fevereiro, já havia 9 casos em investigação, mas
sem registros de casos confirmados (LANA, 2020).
Em 30 de janeiro, a OMS declarou a epidemia uma emergência internacional e em
março de 2020, informou que a doença COVID-19, era uma pandemia mundial. (Estevão,
2020).
Figura 1 - Indicador referente ao total de casos Covid - 19
O gráfico acima mostra que ao menos 4.019.985 pessoas morreram no mundo todo de
Covid-19 e 178.346.789 foram infectadas pelo vírus. E embora o surto tenha começado na
China, atualmente já alcança 220 países e territórios, 210 destes, relataram casos de mortes.
(Reuters Graphics, 2021).
Figura 2 - Casos relatados globalmente
2
Puérperas são as mulheres que estão passando pelo puerpério, período pós-parto que se inicia logo após a
saída da placenta —fato que ocorre quando a mulher dá à luz— e dura de 40 a 45 dias.
Fonte: OPERA MUNDI (2021).
O gráfico acima apresenta o número de pessoas que foram totalmente vacinadas contra
o Covid-19. É importante notar que os Estados Unidos se encontram em primeiro lugar nas
vacinações. Já que três vacinas aprovadas, são produzidas no próprio país. Em dezembro
2020, Pfizer e Moderna, exigem duas doses, receberam sinal verde, e a dose única da Johnson
& Johnson teve seu aval dado em fevereiro 2021. E o efeito Biden, que embora o líder
democrata tenha aproveitado parcialmente o que o governo Trump fez, ele colocou a
vacinação em massa do país como o principal objetivo de sua agenda. A ideia era interromper
o crescimento de casos e mortes o mais rápido possível, e assim reativar a economia. (BBC,
2021)
Pelo menos sete tipos de vacinas diferentes estão sendo aplicadas e diferentes lugares
do mundo. Existem as vacinas com vírus, as quais utilizam o próprio vírus (enfraquecido ou
inativo) para estimular o corpo a produzir anticorpos. como por exemplo a
Coronavac©/Sinovac/Butantan. As vacinas genéticas, que utilizam instruções genéticas
(DNA ou RNA), de modo que o próprio corpo produza cópias de alguma proteína do vírus,
estimulando assim uma resposta imunológica, como por exemplo a Vacina Cominarty©/
BioNTech/Pfizer. Existem também as vacinas de vetor viral, elas utilizam um outro vírus,
geneticamente modificado para produzir proteínas virais no corpo e provocar uma resposta
imunológica. Para isso, os vírus são enfraquecidos e não chegam a causar doenças. Como por
exemplo as vacinas Covishield©/AstraZeneca/Oxford/FioCruz/Sputnik©/ Gamaleya,
Jansen©/ Jhonson&Jhonson. E por fim, as vacinas a base de proteínas, que utilizam uma
proteína do vírus ou uma parte dela, ou ainda proteínas que imitam algo da estrutura do vírus,
como seu revestimento externo, para assim provocar uma resposta imunológica no corpo
como por exemplo Novavax© (Estados Unidos). (Rodrigues, et al., 2021).
O gráfico acima apresenta quantas doses cada país administrou desde 15 de dezembro
de 2020 por dia, na média móvel de sete dias.
De fato, os Estados desfrutam de seus benefícios do progresso científico e ao acesso a
informação, a interdependência auxiliou os países a desenvolverem as vacinas e evolução da
pandemia é incerta e a gravidade que ela terá entre nós dependerá da nossa resposta.
(AUGUSTO, MOURA 2020).
4 ANÁLISE DOS IMPACTOS DA PANDEMIA NO COMÉRCIO EXTERIOR
ENTRE BRASIL E CHINA
Este capítulo trará uma análise da movimentação do comércio exterior entre o Brasil e
a China, observando suas importações e exportações durante os anos 2011 a 2021. Será
apresentado também, um balanço feito referente aos principais impactos causados pela
pandemia do Corona vírus no comércio exterior entre os países acima citados.
Além disso, foi possível perceber o impacto nas importações provenientes da China,
diversos embarques atrasados, falta de documentação, cancelamentos de embarques devido
a atrasos na produção chinesa pela escassez de matéria prima. Devido as pausas nos
funcionamentos das indústrias e restrições, a produção fabril de muitas nações diminuiu
drasticamente nos últimos meses. Deste modo, a pandemia trouxe consigo um período
de recessão em escala global.
A China é o principal parceiro comercial do Brasil. No comércio exterior, a potência
asiática se mostra elementar para a balança comercial brasileira por ser o maior comprador e
investidor direto do país.
E para que seja possível fazer a análise do impacto do Covid-19 entre os parceiros
acima citados, deve-se observar as informações acrescidas na tabela e gráfico abaixo onde,
foram considerados dados a partir de 2011 das importações e exportações brasileiras para com
a China.
Tabela 1 - Importações e Exportações Brasileiras para a China
Ano/
Mês Valor FOB - EXP (US$) Valor FOB - IMP (US$) Saldo
2011 $ 44.304.607.898,00 $ 32.786.183.569,00 $ 11.518.424.329,00
2012 $ 41.225.811.420,00 $ 34.244.740.324,00 $ 6.981.071.096,00
2013 $ 46.023.192.076,00 $ 37.325.464.635,00 $ 8.697.727.441,00
2014 $ 40.611.876.675,00 $ 37.349.481.603,00 $ 3.262.395.072,00
2015 $ 35.155.353.691,00 $ 30.714.059.053,00 $ 4.441.294.638,00
2016 $ 35.133.314.867,00 $ 23.349.925.863,00 $ 11.783.389.004,00
2017 $ 47.488.449.966,00 $ 27.553.978.176,00 $ 19.934.471.790,00
2018 $ 63.929.563.241,00 $ 35.157.236.888,00 $ 28.772.326.353,00
2019 $ 63.357.523.149,00 $ 36.028.297.004,00 $ 27.329.226.145,00
2020 $ 67.788.075.211,00 $ 34.778.441.387,00 $ 33.009.633.824,00
2021 $ 36.855.651.867,00 $ 17.757.927.905,00 $ 19.097.723.962,00
Fonte: Comex Stat – Elaboração Própria
Com base nos dados acima, é possível perceber como as exportações do Brasil para a
China no período de 2011 a 2021 cresceram consideravelmente, atingindo o maior valor em
2014, com 37 Bilhões de dólares. Após esse pico, houve uma queda para o valor mais baixo
registrado no período, em 2016, com 23 Bilhões de dólares.
Pode-se observar que os produtos importados da China variam de acordo com o
momento da compra. Em 2018, por exemplo, plataformas de exploração de petróleo foram
muito demandadas por causa do aumento da demanda internacional por petróleo.
Gráfico 3 - Importações e Exportações Brasileiras para a China
$40,000,000,000.00
$20,000,000,000.00
$-
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
$-20,000,000,000.00
$-40,000,000,000.00
$-60,000,000,000.00
O período de 2011 a 2021 foi de grande expansão das relações econômicas entre a
China e o Brasil, mesmo com períodos de queda entre os anos de 2015 e 2016, as exportações
brasileiras passaram de 44 Bilhões de dólares em 2011 para 67 Bilhões de dólares em 2021.
Em 2019, foram 36 Bilhões de dólares em produtos importados. Destes, 98,2 % foram
de produtos manufaturados, dos mais diversos. E suas exportações contabilizando 63 Bilhões
de dólares. Para a China foram 28% do total das nossas exportações.
É notável que no ano de 2020, as exportações brasileiras para o país asiático atingiram
o maior volume nos últimos 10 anos. Isso se da devido a liderança anual do setor
agropecuário, aumentando sua participação, entre 2019 e 2020.
Analisando os dados das importações de 2020, é possível verificar que a queda da
atividade econômica ocorreu tardiamente no Brasil em comparação com os outros países.
Mas, por outro lado, a velocidade de recuperação foi mais rápida em nosso país.
Mas desde então houve um crescimento constante, mas ainda abaixo daquele visto
anos atrás. Como estamos na metade do ano de 2021, não há um valor certeiro para as
verificar o volume das importações Chinesas por isso, o gráfico apresenta uma queda brusca
nas importações.
4.2 MOVIMENTAÇÃO DO COMÉRCIO EXTERIOR ENTRE CHINA E BRASIL DE
2011 A 2021
$40,000,000,000.00
$20,000,000,000.00
$-
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
$-20,000,000,000.00
$-40,000,000,000.00
$-60,000,000,000.00
Exportações Importações
No ano de 2019 ocorreu uma queda na compra de soja pela China, principalmente
devido a crise envolvendo a morte de boa parte da sua produção suína, destino da maior parte
da produção de soja brasileira.
Em 2019, foram 36 Bilhões de dólares em produtos importados. Destes, 98,2 % foram
de produtos manufaturados, dos mais diversos. Sendo os mais relevantes: “Demais produtos
manufaturados” (10%), Plataformas de perfuração ou exploração (6,4%) e circuitos e partes
de aparelhos de telefonia (4%).
Figura 4 - Balança Comercial Brasileira - 2020
A forte resistência das exportações brasileiras em 2020 foi muito afetada pelo ritmo de
recuperação da Ásia (principalmente da China), que foi o maior impacto negativo visto no
primeiro mês do ano. Esse padrão é muito diferente do observado no resto do mundo, onde o
volume exportado foi mais atingido e a recuperação ocorreu a partir de maio.
Na tabela acima, notamos que os destaques das exportações brasileiras têm sido a soja,
o petróleo e o minério de ferro. Somados, os 3 produtos constituíram 79% das exportações
brasileiras para a China, soja3 representando 34%, óleos brutos de petróleo representam 24% e
minérios de ferro com 21%, entre janeiro e março de 2021. Todos estes se encontram na
categoria Produtos Básicos (agrícolas, pecuários e minerais). Para os outros 21% restantes,
temos as Carnes como as de Frango, Suíno e de Bovino Congeladas, Frescas ou Refrigeradas,
celulose, ferro-ligas, algodão e minérios de cobre e seus concentrados. Refletindo sobre a
continuidade da pauta de exportações para a China, é evidente que nos últimos anos, ela foi
dominada pelos mesmos três produtos.
Um dos motivos é que, assim como a Coreia do Sul e Japão, a China também têm
problemas com segurança alimentar, isto é - não são capazes de produzir o suficiente
para alimentar sua população. Por isso, acabam importando muito do Brasil e ainda
produzem bens que faltam no mercado brasileiro. Além disso, a capacidade
produtiva do Brasil também aumentou. O baixo preço e a qualidade tornaram nossos
produtos agropecuários mais atraentes. A Associação de Comércio Exterior do
Brasil (AEB) também fez projeções para 2021 e julgou que a balança comercial
brasileira neste ano poderá alcançar superávit de US$ 69,018 bilhões, com uma alta
de 33% comparativamente ao previsto para 2020. (Reuters, 2021)
3
Para os próximos meses, a aposta do governo brasileiro é de que as exportações de soja permaneçam em
alta, já que o grão é um alimento essencial para toda a Ásia (Fia, 2020)
Segundo a Xinhua, agência de notícias da China, quando aferidas em iuanes, as
exportações do país gozaram de quase 34% de alta e as importações alcançaram cerca de
27%. Em moeda chinesa, o superávit cresceu, aproximadamente, 150% entre abril e janeiro de
2021. (Piva, 2021)
Já em território brasileiro Carrança (2021) afirma que, a economia brasileira registrou
um crescimento de 1,2% no primeiro trimestre de 2021, em proporção ao trimestre anterior,
conforme informando pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em relação
ao primeiro trimestre de 2020, o avanço foi de 1%.
O resultado positivo compra diversos indicadores econômicos que foram melhores do
que o esperado na produção industrial, comércio e na prestação de serviços no país, entre
janeiro e março de 2021.
Este bom desempenho, surpreendeu grande parte dos economistas neste início de ano,
que foi marcado por uma piora da pandemia entre os meses de março e abril, levando ao
fortalecimento das medidas restritivas em diversos Estados e municípios. (Carrança, 2021)
Diante da chegada da segunda onda da Covid-19 e de um começo de ano sem o auxílio
emergencial - que viria a ser renovado pelo governo a partir do mês de abril, com valores
reduzidos em relação àqueles pagos em 2020 - alguns analistas chegaram a prever queda do
PIB (Produto Interno Bruto) nos primeiros três meses do ano, em relação ao quarto trimestre.
(Carrança, 2021)
Porém, essas perspectivas pessimistas não foram concretizadas e o PIB registrou sua
terceira alta trimestral seguida, após avanços de 7,8% no terceiro trimestre e de 3,2% entre
outubro e dezembro de 2020, sempre em relação ao trimestre anterior. (Carrança, 2021)
O anseio chinês pelas commodities de que o Brasil depende para ter vantagem nas
suas exportações – como a soja e o minério de ferro – deve sofrer um aumento também em
2021. (Reuters, 2021)
As projeções do Banco Mundial calculam uma alta de 7,9% do Produto Interno Bruto
(PIB) do país e alguns analistas já idealizam um crescimento de 9%.
Por mais que houveram quedas no setor de agropecuária, na indústria extrativa e na de
transformação, diversos produtos tiveram aumento em suas importações, como Arroz com
casca, Paddy ou em bruto (273,8%), Produtos hortícolas, frescos ou refrigerados (3,3%) e
Soja (508,1%) na Agropecuária; Pirites de ferro não torrados (4,1%), Diamantes industriais,
trabalhados ou não (6,5%) e Minérios de alumínio e seus concentrados (29,6%) na Indústria
Extrativa; Tubos e perfis ocos, e acessórios para tubos, de ferro ou aço (68,8%), Instalações e
equipamentos de engenharia civil e construtores, e suas partes (51,2%) e Plataformas,
embarcações e outras estruturas flutuantes (124,6%) na Indústria de Transformação. (Bueno,
2021).
Enquanto grande parte do mundo continua a ser atingido pela pandemia, as
exportações chinesas se viram beneficiadas pela forte demanda por instrumentos médicos em
2021 (+71% em relação a março de 2020) e por produtos farmacêuticos (+78%).
As exportações brasileiras para a China, Hong Kong e Macau no mês de junho/2021,
cresceram 49,7% e somaram US$ 10,68 bilhões. As importações aumentaram 57,6% e
totalizaram US$ 3,80 bilhões. Assim, a balança comercial com este parceiro comercial
apresentou superávit de US$ 6,88 bilhões e a corrente de comércio aumentou 51,7%
alcançando US$ 14,47 bilhões.
No período de janeiro/junho 2021, em relação a igual período do ano anterior, as
vendas para China, Hong Kong e Macau cresceram 37,8% e atingiram US$ 48,41 bilhões. As
importações cresceram 25,5% e totalizaram US$ 21,81 bilhões. Consequentemente, neste
período, a balança comercial apresentou superávit de US$ 26,60 bilhões e a corrente de
comércio expandiu-se em 33,7% somando US$ 70,22 bilhões.
Indubitavelmente que pandemia teve impacto sim nas economias Chinesa e Brasileira.
As importações dos produtos brasileiros pelo país asiático, tiveram um acréscimo
significativo, principalmente quando tratamos de produtos de origem animal da produção de
grãos e da extração de ferro e petróleo, conforme citado acima. Sendo estas, as commodities
que tiveram mais destaque entre os anos de 2019 a 2021. Já sobre as importações de produtos
Chineses, por mais que muitos produtos estejam em falta, devido ao impacto da pandemia no
mercado, os mesmos são de extrema importância para o mercado brasileiro.
Conforme as informações acima citadas, mesmo neste período turbulento de
incertezas, as duas economias conseguiram se reerguer, retomar seus mercados e fortalecer
suas relações. A propensão de alta nas importações e exportações apontam que a expectativa é
que a relação entre Brasil e China continue crescendo em 2021.
5 CONCLUSÃO
BACEN – Banco Central do Brasili. Relatório de Inflação, vol. 22, n. 1, 2020. Disponível
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