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Historiografia Brasileira

Data: 25/08
Tema da aula:
Francisco Adolfo Varnhagen - O Elogio da Colonização Brasileira
Capistrano de Abreu: Capítulos de história colonial, 1500-1800.

Francisco Adolfo Varnhagen

Varnhagen é considerado o "Heródoto Brasileiro", como fundador da História do Brasil. Sua obra
refletia a preocupação com a documentação sobre o passado brasileiro que o IHGB – Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro tão bem representava.
O amadurecimento em 1850 das condições históricas do Brasil, a independência política e a
constituição do Estado Nacional foram fatores fundamentais para a produção da obra de Varnhagen. Além
disso, a institucionalização da reflexão e da pesquisa históricas no IHGB contribuíram ao ambiente propício
da gênese do livro. O autor sofre influência da crítica documental alemã. Iniciador da pesquisa metódica
nos arquivos estrangeiros onde encontrou e elaborou inúmeros documentos sobre o Brasil. Movido por um
patriotismo profundo ao escrever sobre o Brasil uma história completa e apaixonada.
A nação recém- independente precisava de um passado do qual pudesse se orgulhar permitindo-lhe
avançar para o futuro. O novo país precisa reconhecer-se histórica e geograficamente. Na obra temos a
natureza selvagem, os indígenas, a “descoberta” do Brasil, a vitória portuguesa contra franceses e
holandeses, os negros e a escravidão, a família real e a independência, são temáticas abordadas pelo autor.
Segundo José Carlos Reis (2006) considera Francisco Adolfo de Varnhagen (1816-1878), o primeiro
historiador que produz uma ‘’obra independente mais completa, confiável, documentada, critica, com
posição explicitas: a história geral do Brasil refletia uma preocupação nova no Brasil com a história, com a
documentação sobre o passado brasileiro, que o recém-fundado Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro’’.
Essa preocupação com a história é justificada, pois havia a necessidade da construção de uma unidade
para o país. Entretanto, para Nilo Odália a História Geral do Brasil foi escrita num estilo literário monótono,
sem mostrar o dramático das tensões e opções.
Varnhagen teria, segundo Odália, “o estilo de um botânico descrevendo a flora: árido e distante’’.
(ODÁLIA, 1979) Para tal estudo temos que situar o autor no seu tempo histórico, suas condições materiais
e intelectuais. As interpretações de Varnhagen, historiador da escola metódica, se fundamentam em
documentos e são carregadas de preconceitos próprios de seu tempo. Os elogios que tece sobre a
colonização portuguesa se justifica a medida que sabemos quem é seu protetor, ‘’o imperador foi o protetor
de Varnhagen’’. (REIS, 2006)
Vendo o império brasileiro como iluminado dotado de civilização que salvou as terras tupiniquins.
Para Reis, o Visconde do Porto Seguro ‘’inicia a pesquisa metódica nos arquivos estrangeiros, onde

1. REIS, José Carlos. As identidades do Brasil: De Varnhagem a FHC- 8ed. Rio de Janeiro FGV, 2006.
2. ____. As identidades do Brasil: De Varnhagem a FHC- 8ed. Rio de Janeiro FGV, 2007.
encontrou e elaborou inúmeros, documentos relativos ao Brasil’’ (REIS, 2007). É esta a maior contribuição
de Varnhagen: o compêndio de fontes que é o livro História Geral do Brasil. Essa busca incansável pelo
documento sugere uma preocupação exacerbada com a fidelidade das fontes, como sugere Reis:
“‘Varnhagen representa o pensamento brasileiro dominante durante o século XIX, e ele o expõe com rara
clareza, com fartura de dados e datas, nomes e fatos”. Deve ser lido como um grande depósito de
informações sobre o Brasil, um arquivo portátil, e como a interpretação do Brasil mais elaborada e
historicamente eficaz do século XIX’’. (REIS, 2007, p, 33)

Acesse: https://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/setembro2009/ju443pdf/Pag04.pdf

Capistrano de Abreu

João Capistrano de Abreu nasceu em Maranguape, Ceará, em 1853, no sítio de Columinjuba [...] Ali,
Capistrano foi criado com rigidez, severidade e austeridade, em um ambiente marcado pelo trabalho pesado
e contínuo e pelo dogmatismo católico’’. ‘’No sítio se plantava cana, algodão, mandioca, feijão e milho. O
trabalho era feito por escravos, por empregados e pela própria família’’. (REIS, 2007, p. 85)
Reis o descreve como sendo um autêntico sertanejo, tanto no seu modo de pensar e agir. Sua
formação intelectual, sobretudo, autodidata advém da insistência de um jovem que gostava de ler e se
utilizou de seus conhecimentos para se introduzir na corte, para isso, pediu ajuda a seu contemporâneo
José de Alencar, que o descreveu da seguinte maneira: ‘’Ao chegar, ao ser apresentado a alguém ou a se
apresentar, sua imagem causava desgosto; ao sair seu espírito deixava encantamento’’. (REIS, 2007 p. 86)
Ao galgar espaço na corte, o jovem Capistrano de Abreu teria que viver seus próprios rendimentos;
‘’foi professor no colégio Aquino, publicou vários artigos em jornais, passou em concurso para o
preenchimento de uma vaga na Biblioteca Nacional, emprego público, estável e seguro, âncora de que ele
precisa para fixar-se na corte’’. (REIS, 2007 p. 87)
Ele também exerceu o cargo de professor de história do colégio Pedro II até o ano de 1899. “Sua
biografia interessa muito, quando se conhece o lugar inovador que ele teve na historiografia brasileira’’”.
(REIS, 2007 p. 87) Aquele jovem cearense que se fixou na corte na última década do século XIX escreveu
um dos livros mais importantes da historiografia brasileira daquele período, Capítulos de História Colonial
(1907), ‘’é uma nova história do Brasil, embora muito parecida com Capistrano fisicamente: modesta, magra,
quase silenciosa. Porém, ao mesmo tempo, extremamente eloquente. É uma síntese que reúne muitos fatos
esparsos, encadeados em uma perspectiva inovadora’’ (REIS, 2007 p. 96).

1. REIS, José Carlos. As identidades do Brasil: De Varnhagem a FHC- 8ed. Rio de Janeiro FGV, 2006.
2. ____. As identidades do Brasil: De Varnhagem a FHC- 8ed. Rio de Janeiro FGV, 2007.

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