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Prof. Enfa.

Mírian Brito
POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA (PNAB)

O Ministério da Saúde (MS) publicou em 21 de Setembro de 2017 a


Portaria nº 2.436 que aprovou a Política Nacional de Atenção Básica
(PNAB), apresentando uma revisão das diretrizes que organizam a
Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
Entretanto, esta versão de 2017 passou por diversas atualizações até
os dias atuais. Com a Portaria de Consolidação nº2 do Ministério da Saúde,
de 28 de setembro de 2017, documento que consolida as normas sobre
todas as políticas nacionais de saúde do Sistema Único de Saúde, através do
seu Anexo XII, podemos observar as mudanças que tivemos nesta política.
ATENÇÃO BÁSICA OU ATENÇÃO
PRIMÁRIA À SAÚDE?
AFINAL DE CONTAS, O QUE É A ATENÇÃO BÁSICA (AB)?
AFINAL DE CONTAS, O QUE É A ATENÇÃO BÁSICA (AB)?

A Atenção Básica é entendida como o conjunto de ações de saúde tanto


individuais, quanto coletivas e familiares, que são desenvolvidas através de
práticas que envolvem o cuidado integrado, por meio de uma gestão
qualificada, para promoção da saúde. Essas ações envolvem promoção,
prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de
danos, cuidados paliativos e vigilância em saúde e são realizadas por uma
equipe multiprofissional composta por profissionais de diversas
especialidades, que atuam de forma conjunta para que o propósito da atenção
básica seja concretizado.
REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE:
A Atenção à Saúde Organizada em Redes

As Redes de Atenção à Saúde (RAS) organizam-se por meio de pontos de


atenção à saúde, ou seja, locais onde são ofertados serviços de saúde que
determinam a estruturação dos pontos de atenção secundária e terciária. Nas
RAS o centro de comunicação é a Atenção Primária à Saúde (APS), sendo
esta a ordenadora do cuidado.
A ATENÇÃO BÁSICA

A Atenção Básica (AB) é a principal porta de entrada (preferencial) da


Rede de Atenção à Saúde (RAS), articulando o acesso dos usuários ao
Sistema Único de Saúde (SUS), constituindo, assim, o centro de
comunicação da RAS. Possui equipe multidisciplinar que cobre toda a
população, integrando, coordenando o cuidado e atendendo as necessidades
de saúde das pessoas do seu território.
A Saúde da Família (SF) é tida como estratégia fundamental para expandir e
consolidar a atenção básica. Embora sejam aceitas e reconhecidas outras
estratégias de Atenção Básica, estas devem seguir as diretrizes e os princípios
estabelecidos nesta nova Portaria.

Além disso, a PNAB 2017 estabelece a condição de que essas estratégias tenham
caráter transitório (não definitivo), devendo ser estimulada a conversão delas
em Estratégia Saúde da Família. Desta forma, podemos perceber que a
tendência é de que essas unidades que possuem caráter alternativo dentro da AB
se tornem, ao longo do tempo, unidades com Estratégia de Saúde da Família
(ESF) implantadas.
INTEGRAÇÃO ENTRE A VIGILÂNCIA EM SAÚDE E ATENÇÃO
BÁSICA

A política ressalta a importância da relação entre a Vigilância em Saúde com a


Atenção Básica, colocando esta relação como condição para que os resultados
alcançados atendam às necessidades de saúde da população, garantindo a
integralidade na atenção à saúde. Dessa forma, as ações realizadas abrangerão os
determinantes, os riscos e danos à saúde dos indivíduos.
Art. 6º Os estabelecimentos de saúde que ofertem ações e serviços de
Atenção Primária à Saúde, no âmbito do SUS, de acordo com o Anexo
XXII, serão denominados:
Parágrafo único. Serão reconhecidas outras estratégias de Atenção Básica, desde que
observados os princípios e diretrizes previstos nesta portaria e tenham caráter
transitório, devendo ser estimulada sua conversão em Estratégia de Saúde da
Família.
A Nova PNAB tem como principal característica o reconhecimento de outras estratégias
como componentes das ações e serviços do SUS no primeiro nível de atenção.

Essa mudança é justificada pela necessidade de ampliar a atenção básica em municípios


em que há dificuldade de conformar equipes mínimas de saúde da família, ou seja, respeito
à locorregionalidade. Mas fique atento(a): a estratégia de saúde da
família (ESF) continua como prioritária e as outras conformações de equipes devem
ser transitórias.
Parágrafo único. As USF e UBS são consideradas potenciais espaços de
educação, formação de recursos humanos, pesquisa, ensino em serviço, inovação e
avaliação tecnológica para a RAS.
A Universalidade possibilita o acesso universal e contínuo aos serviços de
saúde de qualidade e resolutivos, caracterizados como a porta de entrada
aberta e preferencial da RAS (primeiro contato), acolhendo as pessoas e
promovendo a vinculação e corresponsabilização pela atenção às suas
necessidades de saúde.
A Equidade implica em ofertar o cuidado, reconhecendo as diferenças nas
condições de vida e saúde e de acordo com as necessidades das pessoas,
considerando que o direito à saúde passa pelas diferenciações sociais e deve
atender à diversidade. O princípio da equidade propõe a redução das
desigualdades.
A Integralidade é o conjunto de serviços executados pela equipe de
saúde que atendam às necessidades da população adscrita nos campos do
cuidado, da promoção e manutenção da saúde, da prevenção de doenças
e agravos, da cura, da reabilitação, redução de danos e dos cuidados
paliativos.
Veja mais sobre como a hierarquização funciona no SUS:

O sistema público de saúde, no SUS, é hierarquizado em três níveis:


baixa, média e alta complexidade. Na baixa complexidade estão, por
exemplo, as Unidades Básicas de Saúde (UBS). Na média estão os
hospitais secundários e ambulatórios de especialidades e na alta
complexidade estão compreendidos os hospitais terciários.
O usuário do serviço de saúde pode ser atendido na unidade de saúde que
corresponde ao nível que atende à sua necessidade e à complexidade do seu
quadro clínico.
Por exemplo, os pacientes que requerem atenção de alta complexidade, mas
que são atendidos inicialmente em UBS ou em hospitais secundários, podem
ser encaminhados para os hospitais de alta complexidade (o que chamamos
de referência).
Após terem suas necessidades atendidas na alta complexidade, são
reencaminhados para a unidade de origem, de menor complexidade (o que
chamamos de contra-referência), para dar seguimento ao tratamento
proposto. Este modelo de hierarquização do SUS garante ao cidadão o acesso
aos serviços, desde o mais simples até o mais complexo, de acordo com suas
necessidades.
Territorialização: permite o planejamento, a programação descentralizada e o
desenvolvimento de ações setoriais e intersetoriais com foco em um território
específico, com impacto na situação, nos condicionantes e determinantes da
saúde das pessoas e coletividades que constituem aquele espaço e estão,
portanto, adstritos a ele.
De acordo com a PNAB, os territórios são destinados a dinamizar a ação em
saúde pública, o estudo social, econômico, epidemiológico, assistencial, cultural
e identitário, possibilitando uma ampla visão de cada unidade geográfica e
subsidiando a atuação na Atenção Básica, de forma que atendam a necessidade
da população adscrita e ou as populações específicas.
Cuidado Centrado na Pessoa: aponta para o desenvolvimento de ações de
cuidado de forma singularizada (considerando a pessoa como um ser único).
Auxilia as pessoas a desenvolverem os conhecimentos, aptidões, competências e a
confiança necessária para gerir e tomar decisões sobre sua própria saúde e seu
cuidado de saúde de forma mais efetiva e com embasamento.
O cuidado é construído com as pessoas, de acordo com suas
necessidades e potencialidades na busca de uma vida
independente e plena. Neste sentido, consideramos que a
família, a comunidade e outras formas de coletividade são
elementos relevantes, muitas vezes condicionantes ou
determinantes na vida das pessoas e, por consequência, no
cuidado.
Resolutividade: reforça a importância de a Atenção Básica ser resolutiva,
utilizando e articulando diferentes tecnologias de cuidado individual e
coletivo, sendo capaz de construir vínculos positivos e intervenções clínica e
sanitariamente efetivas, centrada na pessoa, ampliando os graus de autonomia
dos indivíduos e grupos sociais. A Atenção Básica deve ser capaz de resolver a
grande maioria dos problemas de saúde da população, coordenando o cuidado
do usuário em outros pontos da RAS, quando necessário.
Longitudinalidade do cuidado
Pressupõe a continuidade da relação de cuidado, com a construção de vínculo e
responsabilização entre profissionais e usuários ao longo do tempo e de modo
permanente e consistente, acompanhando os efeitos das intervenções em saúde e de
outros elementos na vida das pessoas. Com isso, evita-se a perda de referências e
diminui os riscos de iatrogenias que são decorrentes do desconhecimento das
histórias de vida e da falta de coordenação do cuidado.
Coordenar o cuidado

Consiste em elaborar, acompanhar e organizar o fluxo dos usuários entre os pontos de


atenção das RAS. Atua como o centro de comunicação entre os diversos pontos de
atenção, responsabilizando o profissional pelo cuidado dos usuários em qualquer destes
pontos através de uma relação horizontal, contínua e integrada, com o objetivo de
produzir a gestão compartilhada da atenção integral.
Ordenar as redes

Orienta o profissional a reconhecer as necessidades de saúde da


população que está sob sua responsabilidade, organizando as
necessidades desta população em relação aos outros pontos de atenção
à saúde. Contribui para que o planejamento das ações e a programação
dos serviços de saúde emerja das necessidades de saúde das pessoas.
Participação da comunidade

visa estimular a participação da sociedade no dia a dia do SUS, através da


orientação comunitária das ações de saúde na Atenção Básica. Constitui-se uma
forma de ampliar a autonomia dos usuários dos serviços de saúde e sua capacidade
na construção do cuidado à sua saúde e de toda a coletividade.
Participação da comunidade

Os usuários podem ser envolvidos também através dos Conselhos e as


Conferências de Saúde, que são espaços de participação popular e
controle social na gestão do SUS.

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