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Discurso Direto, Indireto e Indireto

Livre.
Discurso Direto, Discurso Indireto e Discurso Indireto Livre são tipos
de discursos utilizados no gênero narrativo para introduzir as falas e
os pensamentos dos personagens. Seu uso varia de acordo com a
intenção do narrador.

Discurso Direto
No discurso direto, o narrador dá uma pausa na sua narração e passa a citar fielmente a
fala do personagem.

O objetivo desse tipo de discurso é transmitir autenticidade e espontaneidade. Assim, o


narrador se distancia do discurso, não se responsabilizando pelo que é dito.

Pode ser também utilizado por questões de humildade - para não falar algo que foi dito
por um estudioso, por exemplo, como se fosse de sua própria autoria.

Características do Discurso Direto

 Utilização dos verbos da categoria dicendi, ou seja, aqueles que têm relação com
o verbo "dizer". São chamados de "verbos de elocução", a saber: falar, responder,
perguntar, indagar, declarar, exclamar, dentre outros.
 Utilização dos sinais de pontuação - travessão, exclamação, interrogação, dois
pontos, aspas.

 Inserção do discurso no meio do texto - não necessariamente numa linha


isolada.

Exemplos de Discurso Direto

1. Os formados repetiam: "Prometo cumprir meus deveres e respeitar meus


semelhantes com firmeza e honestidade.".
2. O réu afirmou: "Sou inocente!"

3. Querendo ouvir sua voz, resolveu telefonar:


— Alô, quem fala?
— Bom dia, com quem quer falar? — respondeu com tom de simpatia.

Discurso Indireto
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Alberto Púcuta, Professor, Língua Portuguesa
No discurso indireto, o narrador da história interfere na fala do personagem preferindo
suas palavras. Aqui não encontramos as próprias palavras da personagem.

Características do Discurso Indireto

 O discurso é narrado em terceira pessoa.


 Algumas vezes são utilizados os verbos de elocução, por exemplo: falar,
responder, perguntar, indagar, declarar, exclamar. Contudo não há utilização do
travessão, pois geralmente as orações são subordinadas, ou seja, dependem de outras
orações, o que pode ser marcado através da conjunção “que” (verbo + que).

Exemplos de Discurso Indireto

1. Os formados repetiam que iriam cumprir seus deveres e respeitar seus


semelhantes com firmeza e honestidade.
2. O réu afirmou que era inocente.

3. Querendo ouvir sua voz, resolveu telefonar. Cumprimentou e perguntou quem


estava falando. Do outro lado, alguém respondeu ao cumprimento e perguntou com tom
de simpatia com quem a pessoa queria falar.

Transposição do Discurso Direto para o


Indireto
Nos exemplos a seguir verificaremos as alterações feitas a fim de moldar o discurso de acordo com a
intenção pretendida.

Discurso Direto Discurso Indireto


Preciso sair por alguns instantes. Disse que precisava sair por alguns instantes.
(enunciado na 1.ª pessoa) (enunciado na 3.ª pessoa)
Sou a pessoa com quem falou há pouco. Disse que era a pessoa com quem tinha falado
(enunciado no presente) há pouco. (enunciado no imperfeito)
Não li o jornal hoje. (enunciado no Disse que não tinha lido o jornal. (enunciado no
pretérito perfeito) pretérito mais que perfeito)
O que fará relativamente sobre aquele Perguntou-me o que faria relativamente sobre
assunto? (enunciado no futuro do aquele assunto. (enunciado no futuro de
presente) pretérito)
Não me ligues mais! (enunciado no modo Pediu que não lhe ligasse mais. (enunciado no
imperativo) modo subjuntivo)
Isto não é nada agradável. (pronome Disse que aquilo não era nada agradável.
demonstrativo em 1.ª pessoa) (pronome demonstrativo em 3.ª pessoa)
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Alberto Púcuta, Professor, Língua Portuguesa
Discurso Direto Discurso Indireto
Vivemos muito bem aqui. (advérbio de Disse que viviam muito bem lá. (advérbio de
lugar aqui) lugar lá)

Discurso Indireto Livre


No discurso indireto livre há uma fusão dos tipos de discurso (direto e indireto), ou seja,
há intervenções do narrador bem como da fala dos personagens.

Não existem marcas que mostrem a mudança do discurso. Por isso, as falas dos
personagens e do narrador - que sabe tudo o que se passa no pensamento dos
personagens - podem ser confundidas.

Características do Discurso Indireto Livre

 Liberdade sintática.
 Aderência do narrador ao personagem.

Exemplos de Discurso Indireto Livre

1. Fez o que julgava necessário. Não estava arrependido, mas sentia um peso.
Talvez não tenha sido suficientemente justo com as crianças…
2. O despertador tocou um pouco mais cedo. Vamos lá, eu sei que consigo!

3. Amanheceu chovendo. Bem, lá vou eu passar o dia assistindo televisão!

Nas orações destacadas os discursos são diretos, embora não tenha sido sinalizada a
mudança da fala do narrador para a do personagem.

Exercícios
1. "Ela insistiu: - Me dá esse papel aí."

Na transposição da fala do personagem para o discurso indireto, a alternativa correta é:

a) Ela insistiu que desse aquele papel aí.


b) Ela insistiu em que me desse aquele papel ali.
c) Ela insistiu em que me desse aquele papel aí.
d) Ela insistiu por que lhe desse este papel aí.
e) Ela insistiu em que lhe desse aquele papel ali.

2. Sinhá Vitória falou assim, mas Fabiano resmungou, franziu a testa, achando a frase
extravagante. Aves matarem bois e cabras, que lembrança! Olhou a mulher,
desconfiado, julgou que ela estivesse tresvariando.

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Uma das características do estilo de Vidas Secas é o uso do discurso indireto livre, que
ocorre no trecho:

a) “sinha Vitória falou assim”.


b) “Fabiano resmungou”.
c) “franziu a testa”.
d) “que lembrança”.
e) “olhou a mulher”.

3. Um homem vem caminhando por um parque quando de repente se vê com sete anos
de idade. Está com quarenta, quarenta e poucos. De repente dá com ele mesmo
chutando uma bola perto de um banco onde está a sua babá fazendo tricô. Não tem a
menor dúvida de que é ele mesmo. Reconhece a sua própria cara, reconhece o banco e
a babá. Tem uma vaga lembrança daquela cena. Um dia ele estava jogando bola no
parque quando de repente aproximou-se um homem e… O homem aproxima-se dele
mesmo. Ajoelha-se, põe as mãos nos seus ombros e olha nos seus olhos. Seus olhos se
enchem de lágrimas.

Sente uma coisa no peito. Que coisa é a vida. Que coisa pior ainda é o tempo. Como eu
era inocente. Como os meus olhos eram limpos. O homem tenta dizer alguma coisa,
mas não encontra o que dizer. Apenas abraça a si mesmo, longamente. Depois sai
caminhando, chorando, sem olhar para trás. O garoto fica olhando para a sua figura que
se afasta. Também se reconheceu. E fica pensando, aborrecido: quando eu tiver
quarenta, quarenta e poucos anos, como eu vou ser sentimental!

O discurso indireto livre é empregado na seguinte passagem:

a) Que coisa é a vida. Que coisa pior ainda é o tempo.


b) Reconhece a sua própria cara, reconhece o banco e a babá. Tem uma vaga lembrança
daquela cena.
c) Um homem vem caminhando por um parque quando de repente se vê com sete anos
de idade.
d) O homem tenta dizer alguma coisa, mas não encontra o que dizer. Apenas abraça a si
mesmo, longamente.
e) O garoto fica olhando para a sua figura que se afasta.

4. “‘Muito!’, disse quando alguém lhe perguntou se gostara de um certo quadro.”

Se a pergunta a que se refere o trecho fosse apresentada em discurso direto, a forma


verbal correspondente a “gostara” seria:

a) gostasse.
b) gostava.
c) gostou.
d) gostará.
e) gostaria.

5. Assinale a alternativa em que ocorra discurso indirecto.


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a) Perguntou o que fazer com tanto livro velho.
b) Já era tarde. O ruído dos grilos não era suficiente para abafar os passos de Delfino.
Estaria ele armado? Certamente estaria. Era necessário ter cautela.
c) Quem seria capaz de cometer uma imprudência daquelas?
d) A tinta da roupa tinha já desbotado quando o produtor decidiu colocá-la na secadora.
e) Era então dia primeiro? Não podia crer nisso.

Discurso directo e indirecto


Discurso direto e discurso indireto são dois tipos de discurso que existem, ou seja, dois tipos
de introdução das falas de uma personagem numa narrativa.

O que é o discurso directo?

O discurso directo é caracterizado por ser uma transcrição exacta da fala das personagens,
sem participação do narrador.

O que é o discurso indirecto?

O discurso indirecto é caracterizado por ser uma intervenção do narrador no discurso ao


utilizar as suas próprias palavras para reproduzir as falas das personagens.

Exemplo de discurso directo:

A aluna afirmou:
— Preciso estudar muito para o teste.

Exemplo de discurso indirecto:

A aluna afirmara que precisava estudar muito para o teste.

Características do discurso directo e do


discurso indirecto
O discurso directo:

 é introduzido por um verbo de elocução, seguido de dois-pontos e mudança de linha


para um novo parágrafo;
 é iniciado por um travessão, que indica a mudança da voz do narrador para a voz da
personagem;

 é feito na 1.ª pessoa do discurso (eu ou nós).

O discurso indirecto:

 é introduzido por um verbo de elocução, seguido de uma preposição que marca a


mudança da voz do narrador para a reprodução da voz da personagem feita também pelo
narrador.
 é construído na mesma frase, não havendo mudança de linha ou de parágrafo;

 é feito na 3.ª pessoa do discurso (ele, ela, eles, elas).

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Passagem de discurso directo para
discurso indirecto
Quando é feita a passagem do discurso direto para o discurso indireto, ocorrem diversas
transformações para que a voz da personagem possa ser reproduzida pela voz do narrador.

Exemplos de passagem do discurso direto para o discurso indireto

Discurso direto: — Eu comecei minha dieta ontem.


Discurso indireto: Ela disse que começara sua dieta no dia anterior.

Discurso direto: — Vou ali agora e volto rápido.


Discurso indireto: Ele disse que ia lá naquele momento e que voltava rápido.

Discurso direto: — Nós viajaremos amanhã.


Discurso indireto: Eles disseram que viajariam no dia seguinte.

Mudança das pessoas do discurso

Discurso direto Mudança Discurso indireto

passa
1.ª pessoa 3.ª pessoa
para

passam
pronomes eu, nós pronomes ele, ela, eles, elas
para

pronomes me, mim, comigo, nos, passam pronomes ele, ela, eles, elas, lhe,
conosco para lhes, se, si, consigo, o, os, a, as

pronomes meu, meus, minha, minhas, passam


pronomes seu, seus, sua e suas
nosso, nossos, nossa, nossas para

Mudança de tempos verbais

Discurso direto Mudança Discurso indireto

passa
presente do indicativo pretérito imperfeito do indicativo
para

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Discurso direto Mudança Discurso indireto

passa
pretérito perfeito do indicativo pretérito mais-que-perfeito do indicativo
para

passa
futuro do presente do indicativo futuro do pretérito do indicativo
para

passa
presente do subjuntivo pretérito imperfeito do subjuntivo
para

passa
futuro do subjuntivo pretérito imperfeito do subjuntivo
para

passa
imperativo pretérito imperfeito do subjuntivo
para

Mudança na pontuação das frases

Discurso direto Mudança Discurso indireto

frases interrogativas (?) passam para frases declarativas (.)

frases exclamativas (!) passam para frases declarativas (.)

frases imperativas (! ou .) passam para frases declarativas (.)

Mudança dos advérbios e adjuntos adverbiais

Discurso direto Mudança Discurso indireto

ontem passa para no dia anterior

hoje passa para naquele dia


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Discurso direto Mudança Discurso indireto

agora passa para naquele momento

amanhã passa para no dia seguinte

aqui, aí, cá passam para ali, lá

este, esta, isto passam para aquele, aquela, aquilo

Outro tipo de discurso: discurso indirecto


livre
Além do discurso directo e do discurso indirecto, existe ainda outro tipo de discurso - o
discurso indirecto livre, caracterizado por ser um discurso dinâmico em que as falas das
personagens (na 1.ª pessoa) se encontram inserido dentro do discurso do narrador (na 3.ª
pessoa).

O discurso indirecto livre não apresenta uma estrutura, não havendo qualquer indício da
introdução das falas das personagens na narrativa. Assim, confunde-se facilmente a voz da
personagem com a voz do narrador.

Exemplo de discurso indirecto livre:

Emília ficou boquiaberta com a proposta do novo vizinho. Quem é que ele pensa que é para
chegar e começar logo tentando mudar diversas coisas no prédio? O síndico disse ao
vizinho que a proposta teria de ser votada em reunião. Ele que nem pense que eu vou
concordar com ele.

Sintagma

Sintagma é o nome que se dá às partes de uma oração, denominadas unidades


sintáticas. Estas unidades relacionam-se a outras conferindo sentidos aos
enunciados verbais, falados ou escritos, produzidos pelos usuários de uma
língua.

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A nomenclatura Sintagma está relacionada à Sintaxe, que é a parte da Gramática
que estuda o modo como as palavras se combinam nas orações. Como se sabe,
as orações são enunciados estruturados em torno de um verbo/predicado,
podendo ou não apresentar o sujeito.

Existe uma relação de determinação entre as unidades sintáticas, as quais são


chamadas de sintagma nominal e sintagma verbal. Cada sintagma é uma
unidade significativa que estabelece uma relação interativa de ordem e
dependência, modificando e determinando o outro sintagma. Uma vez
organizados e ordenados, cada elemento denotará um núcleo e função na
oração.

Exemplo:

A aluna Priscila
carregou os livros.

Predicad
Sujeito
o

Sintagm
sintagma
a
verbal
nominal

Observe que a oração é constituída por um Sujeito (A aluna Priscila), quem realiza
a ação, e um Predicado (carregou os livros), que representa a ação realizada pelo
Sujeito. Assim, as unidades sintáticas estão ordenadas de modo que as
sequência de palavras dispostas na oração produza um sentido lógico. Perceba
que com a inversão da ordem destas unidades sintáticas mantém-se o mesmo
sentido: “Carregou os livros a aluna Priscila”.

Observe que a oração é constituída por um Sujeito (A aluna Priscila), quem realiza
a ação, e um Predicado (carregou os livros), que representa a ação realizada pelo
Sujeito. Assim, as unidades sintáticas estão ordenadas de modo que as
sequência de palavras dispostas na oração produza um sentido lógico. Perceba
que com a inversão da ordem destas unidades sintáticas mantém-se o mesmo
sentido: “Carregou os livros a aluna Priscila”.

Se analisadas isoladamente, é possível observar que o sintagma nominal,


representado pelo sujeito, “A aluna Priscila”, determina as flexões do verbo,

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núcleo do sintagma verbal “carregou os livros”, sugerindo a ação (carregar), o
que (os livros), quem/pessoa (Priscila/ela) e quando/tempo (pretérito perfeito).

Dessa forma, as relações sintáticas estabelecidas definem as estruturas possíveis


na sintaxe das línguas. A Língua Portuguesa está entre 75% do total de línguas
cuja estrutura oracional é organizada em SUJEITO + VERBO + OBJETO (SVO) ou
SUJEITO + OBJETO + VERBO (SOV) conforme demonstrado no exemplo.

Observe:

As crianças comeram as frutas.

 Sujeito: As crianças - Núcleo: crianças (substantivo)


 Predicado: comeram as frutas - Núcleo: as frutas (objeto direto)

Neste caso, a oração possui dois sintagmas, o primeiro é “alunos” e o segundo é


o complemento verbal em que o objeto direto se destaca “as frutas”.

Tipos de Sintagmas
Existem cinco tipos de Sintagmas, dependendo do núcleo e da ordenação de
cada elemento constituinte da oração. São eles:

Sintagmas Nominais

São aqueles que têm um substantivo como núcleo de elementos composicionais


das orações, como:

 Sujeitos: Caio ouve Rock.


 Objetos diretos: Acordei Vinícius depois do horário.

 Objetos indiretos: Camila ofereceu doce à Marina.

 Predicativos do sujeito: Eles são professores.

 Predicativos do objeto: Sinto ciúmes da vovó.

 Complementos Nominais: A vontade de sorvete é constante.

 Adjuntos Adnominais: Aquele é o bolo de fubá.

 Adjuntos adverbiais: Sabrina viajou com a maleta.

 Agentes da passiva: O trabalho foi apresentado pelo aluno.

 Apostos: Os meninos, aqueles de rua, precisam de ajuda.


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 Vocativos: Alunos, estudem para as provas!

Sintagma Verbal

O Sintagma Verbal é o predicado da oração, cujo núcleo é sempre o verbo.

Exemplo:

Os professores chegaram.

 Sujeito: Os professores - Núcleo: professores (substantivo)


 Predicado: chegaram - Núcleo: chegaram (verbo)

Sintagma Adjetival

O Sintagma Adjetival possui um adjetivo como núcleo e também pode ser o


núcleo dos predicativo do sujeito e do objeto e do adjunto adnominal.

Exemplo:

 Aquele humorista é hilário.

Sintagma Adverbial

O Sintagma Adverbial possui um advérbio como núcleo e é núcleo do adjunto


adverbial.

 Exemplo: Os alunos estavam claramente preparados.

Sintagma Preposicional

O Sintagma Preposicional tem uma Preposição como núcleo.

 Exemplo: Estude para ser alguém na vida.

Análise sintagmática em uma oração


Observe a análise sintagmática da oração a seguir:

Rose arrumava calmamente a casa para aquele jovem

 Rose: Sintagma Nominal


 arrumava: Sintagma Verbal

 calmamente: Sintagma Adverbial

 casa: Sintagma Nominal

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 para aquele: Sintagma Preposicional

 jovem: Sintagma Adjetival

Referência:

ABURRE, Maria Luiza M. Gramática: texto: análise e construção de sentido.


Volume único. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2010. p. 79, 221, 374.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/sintagma/

Arquivado em: Linguística, Português

Se analisadas isoladamente, é possível observar que o sintagma nominal,


representado pelo sujeito, “A aluna Priscila”, determina as flexões do verbo,
núcleo do sintagma verbal “carregou os livros”, sugerindo a ação (carregar), o
que (os livros), quem/pessoa (Priscila/ela) e quando/tempo (pretérito perfeito).

Antes de estudar os tipos de sintagmas, sugere-se recordar o conceito que norteia


esse termo, demarcado pelos elementos que, inseridos na oração, constituem uma
unidade significativa, mantendo entre si relações de dependência e de ordem, uma
vez organizados em torno de um elemento fundamental denominado núcleo.
Sendo assim, podemos afirmar que os sintagmas se subdividem em: nominal,
verbal, adjetivo, adverbial e preposicional. Vejamo-los, de forma particular:
Sintagma nominal:

Coordenação e subordinação
Se você já sabe a diferença entre frase e oração e já conhece os termos da oração, pode
avançar um pouco mais no estudo da sintaxe. Quando uma declaração se compõe apenas
uma oração, ela é classificada como oração absoluta ou período simples. Se ela se
compuser de duas ou mais orações, leva o nome de período composto.

O período composto também recebe classificações: pode ser composto por coordenação,
ou por subordinação, ou ainda por coordenação e subordinação. Vejamos, no exemplo
abaixo, como se organizam as orações nesses períodos.

Imagine a seguinte situação: você resolve abrir uma empresa. Como é seu primeiro negócio,
propõe-se a cuidar sozinho de todas as tarefas (é o caso do período simples). Mas depois
de um tempo, com o crescimento da clientela e do volume de trabalho, percebe que não
dará mais conta de tudo sozinho.

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Hierarquia

Você pensa em duas alternativas: ou chama alguém para fazer uma sociedade ou contrata
funcionários. Se você escolher a primeira opção, saberá que na hierarquia social da sua
empresa você e seu sócio estarão nivelados, ou seja, a relação entre vocês será de
igualdade, de parceria (e não a de chefe e subordinado).

Já se resolver contratar funcionários, a hierarquia muda: o outro vem para ajudar você a
realizar tarefas, portanto vem completar algo na sua acção (que é a principal); a acção
desse indivíduo, na empresa, estará subordinada à sua.

Essa é uma relação semelhante a essa que ocorre nas declarações que possuem mais de
um núcleo verbal, ou seja, mais de uma oração. Esses períodos podem ser de três tipos:

1) Composto por coordenação, com orações “sócias” (coordenadas), que possuem


autonomia, mas se unem para tornar a informação mais completa e significativa;

Exemplo:

Ele sabia a verdade, mas ela negou tudo.

2) Composto por subordinação, com orações “funcionárias” (subordinadas), que servem


para completar uma oração principal, exercendo ou a função de um substantivo, ou a de um
adjectivo, ou a de um advérbio;

Exemplos:

Ele sabia que ela negaria tudo.

O crime que ela cometeu ainda não apareceu na mídia.

Quando ela chegasse, ele deixaria a sala.

3) Composto por coordenação e subordinação, com a mescla dos tipos anteriores


(coordenadas e subordinadas).

Exemplo:

Quando ela chegasse, ele deixaria a sala e chamaria a polícia.

Em síntese, um período composto por coordenação é formado por orações


coordenadas; um período composto por subordinação é formado por uma oração
principal e outra(s) subordinada(s); e um período composto por coordenação e
subordinação possui os dois tipos de relações.

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Existem três vozes verbais no português: activa, passiva e reflexiva.
Voz ativa: Eu vi o menino no parque. Voz passiva: O menino foi visto por
mim. Voz reflexiva: Eu vi-me ao espelho. Voz ativa. A voz ativa é usada
quando o sujeito gramatical pratica a acção verbal.

Os verbos apresentam flexão em voz. As vozes do verbo indicam se o


sujeito gramatical é o agente ou o paciente da acção verbal, ou seja, se
pratica ou se sofre a acção.

Existem três vozes verbais no português: ativa, passiva e reflexiva.

Voz ativa: Eu vi o menino no parque.


Voz passiva: O menino foi visto por mim.
Voz reflexiva: Eu vi-me ao espelho.

Voz activa
A voz ativa é usada quando o sujeito gramatical pratica a ação verbal.
Indica, assim, que o sujeito gramatical é o agente da ação.

Frases na voz activa


 Eu comi o bolo.
 Meu filho comprou o chapéu.

 Os alunos leram os livros.

Voz passiva
A voz passiva é usada quando o sujeito gramatical sofre a ação verbal.
Indica, assim, que o sujeito gramatical é o paciente de uma ação que é
praticada pelo agente da passiva. 
Conforme o seu processo de formação, a voz passiva pode ser
classificada em voz passiva analítica e voz passiva sintética.

Voz passiva analítica


Na voz passiva analítica, as frases apresentam a seguinte estrutura:
sujeito paciente + verbo auxiliar + particípio + preposição + agente da
passiva.

Frases na voz passiva analítica:


 O bolo foi comido por mim.
 O chapéu foi comprado pelo meu filho.

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 Os livros foram lidos pelos alunos.

Voz passiva sintéctica


Na voz passiva sintética, as frases apresentam a seguinte estrutura:
verbo transitivo + pronome se + sujeito paciente
Frases na voz passiva sintéctica:
 Comeu-se o bolo.
 Comprou-se o chapéu.

 Leram-se os livros.

Voz reflexiva
A voz reflexiva é usada quando o sujeito gramatical pratica e sofre a
ação verbal. Indica assim que o sujeito gramatical é ao mesmo tempo o
agente e o paciente da ação. Apresenta, obrigatoriamente, um pronome
oblíquo reflexivo (me, te, se, nos, vos, se) que atua como objeto de um
verbo na voz ativa.
A voz reflexiva é considerada recíproca quando estão presentes dois
sujeitos que praticam e sofrem a ação um do outro.

Frases na voz reflexiva


 Ele se feriu com a tesoura.
 Alimento-me sempre de forma saudável.

 Eles olharam-se longamente.

Conversão da voz ativa na voz passiva


Na passagem da voz ativa para a voz passiva ocorrem algumas
mudanças.
Conversão da voz ativa na voz passiva analítica
 O sujeito se transforma em agente da passiva.
 O objeto direto se transforma no sujeito da passiva.

 O verbo transitivo se transforma em locução verbal.

Exemplo de conversão da voz ativa na voz passiva analítica:


Voz ativa: O diretor alterou o horário de funcionamento da empresa.
O sujeito (o diretor) passa para agente da passiva (pelo diretor).
O objeto direto passa para sujeito da passiva (o horário de

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funcionamento da empresa).
O verbo transitivo (alterou) passa para locução verbal (foi alterado).
Voz passiva analítica: O horário de funcionamento da empresa foi
alterado pelo diretor.
Conversão da voz ativa na voz passiva sintética
 O objeto direto se transforma no sujeito da passiva.
 O sujeito se transforma na partícula apassivadora se.

 Não há agente da passiva e o verbo transitivo mantém-se.

Exemplo de conversão da voz ativa na voz passiva sintética:


Voz ativa: O diretor alterou o horário de funcionamento da empresa.
O objeto direto passa para sujeito da passiva (o horário de
funcionamento da empresa).
O sujeito (o diretor) passa para partícula apassivadora (se).
Não há agente da passiva e o verbo transitivo mantém-se.
Voz passiva sintética: Alterou-se o horário de funcionamento da
empresa.

VOZES VERBAIS- Exercícios complementares (8º ano)


VOZES VERBAIS

1. Sublinhe o agente da passiva das seguintes orações:

a) O jogador foi homenageado pelos diretores.

b) Los Angeles foi destruída por um terremoto.

c) Muitos erros foram cometidos pelo treinador da seleção.

d) O verdadeiro motivo do crime foi descoberto pela imprensa e pela polícia.

e) Propagandas enganosas eram feitas por aquela empresa.

f) Várias aves exóticas foram criadas pelos ecologistas.

2. Transforme a voz passiva do exercício anterior em voz ativa.

3. Classifique a voz verbal das orações abaixo.

a) Grandes poetas escreveram poemas deliciosos.

b) A ilha era habitada por pessoas extremamente pobres.

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c) O pássaro triste fora engaiolado pelo caçador.

d) Eu me arrumei imediatamente.

e) A chuvarada regou as plantas novas.

f) A polícia florestal prendeu caçadores de jacaré.

g) A menina se comtemplava no espelho.

h) Grandes ideais estão sendo destruídos por governos incompetentes.

i) O diretor já havia avisado os rapazes do time.

j) Você se machucou!

k) O carro foi levado pela enxurrada.

l) A vida de cada um deve ser construída por todos.

m) O mecânico desmontou o motor do carro.

n) Um novo mundo está sendo criado pelas mentes infantis.

o) Os alunos procuravam textos agradáveis.

p) O ser humano persegue incessantemente a liberdade.

4) Apenas uma das frases admite a voz passiva. Assinale-a.

a) Gosto de frutas.

b) Milhares de pessoas assistiram ao jogo.

c) Deus criou o mundo.

d) Este ano foi quente.

e) NDA.

5) "O velho casarão foi substituído por um enorme edifício." Passando esta frase para
a voz ativa, temos:

a) O velho casarão substituiu o enorme edifício.

b) Um enorme edifício substituiu o casarão.

c) O velho casarão, substituíram-no por um enorme edifício.

d) Substituiu-se o enorme edifício pelo velho casarão.

e) NDA
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6) Transforme a voz passiva analítica em passiva sintética.

a) Os carros serão lavados.

b) O juiz criminoso foi enquadrado.

c) A proposta do deputado foi estendida.

d) As tarefas são feitas diariamente.

e) Velhas cantigas eram cantadas pela turma.

Estrutura das Palavras


Professora licenciada em Letras

A estrutura das palavras está relacionada os elementos que compõem os vocábulos.

Ela abrange o estudo de diversos elementos mórficos (morfemas): raiz, radical, tema,
afixos (prefixos, sufixos), desinências, vogal temática, vogal e consoante de ligação.

Lembre-se que os morfemas são as menores unidades de elementos que formam as


palavras.

Vejamos abaixo as definição e exemplos de cada um deles:

Raiz
A raiz da palavra é o principal elemento de origem da palavra, ou seja, sua parte básica.

Ela abriga a significação do termo e pode sofrer alterações. As palavras que possuem a
mesma família etimológica contém a mesma raiz, por exemplo.

carr- raiz nominal de carro


noc- raiz nominal de nocivo

Radical
O radical é o elemento base que serve de significado à palavra e que inclui a raiz. Ele
não sofre alterações, ou seja, permanece igual sempre, por exemplo:

Ferro e ferrugem
Floricultura e Florista

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Tema
O tema da palavra é um elemento formado pelo radical e a vogal temática. Por
exemplo:

Estud-a
Romp-e
Part-i

Afixos
Os afixos são elementos complementares das palavras que se juntam a um radical e
formam novas palavras.

São classificados em prefixos (aparecem antes do radical) e sufixos (aparecem depois


do radical).

Exemplos:

Prefixo: infeliz
Sufixo: felizardo

Desinências
As desinências são morfemas acrescidos no final dos vocábulos e que indicam as
flexões da palavra. Elas são classificadas:

 Desinências verbais: indicam as flexões de número, pessoa, modo e tempo dos


verbos.
 Desinências nominais: indicam as flexões de gênero (masculino e feminino) e
de número (singular e plural) dos nomes.

Exemplos:

Desinência Nominal: menina - meninas (desinência nominal de número); garoto -


garota (desinências nominais de gênero)

Desinência Verbal: eu como (desinência número pessoal do verbo "comer" que indica a
1.ª pessoa do singular do presente do indicativo).

Vogal Temática
A vogal temática é a vogal que se junta ao radical da palavra. Nos verbos temos três
tipos de vogais temáticas segundo as conjugações verbais.

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Assim, a vogal temática dos verbos da 1ª conjugação é o “a”. Os da 2ª conjugação é o “e”.
E, os da 3ª conjugação é o “i”.

Exemplos:

Verbo amar (1ª conjugação)


Verbo vender (2ª conjugação)
Verbo sorrir (3ª conjugação)

Vogal de Ligação
As vogais de ligação são elementos incluídos nas palavras para facilitar a pronúncia. Por
exemplo: maresia e bananeira.

Consoante de Ligação
Da mesma maneira, as consoantes de ligação são elementos incluídos aos vocábulos
que auxiliam na pronúncia. Por exemplo: cafeteira e chaleira.

Exercícios de Vestibular com Gabarito


1. (Cesgranrio-RJ) Assinale a opção em que nem todas as palavras são de um mesmo
radical:

a) noite, anoitecer, noitada


b) luz, luzeiro, alumiar
c) incrível, crente, crer
d) festa, festeiro, festejar
e) riqueza, ricaço, enriquecer

2. (Fuvest-SP) Assinalar a alternativa que registra a palavra que tem o sufixo formador
de advérbio:

a) desesperança
b) pessimismo
c) empobrecimento
d) extremamente
e) sociedade

Ver Resposta

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3. (Unirio-RJ) O elemento destacado NÃO é vogal temática em:

a) está
b) coalhou
c) beber
d) poupei
e) calço

Estrutura das palavras


Uma palavra é formada por unidades mínimas que possuem significado. A essas
chamamos de elementos mórficos ou morfemas.
A palavra menininhos, por exemplo, é formada por quatro morfemas: 

 Menin             inh               o                    s 
 Base do        indica o grau  indica o gênero   indica o número

significado         diminutivo      masculino                plural

Os morfemas que constituem as palavras são os seguintes: radical, desinência, vogal


temática, afixos, vogais e consoantes de ligação.

Radical

O radical é a parte fundamental da palavra, esse contém seu sentido básico, é comum a
um grupo de palavras do idioma.

Exemplos:
Pastel       pasteleiro        pastelaria

Desinência

Em Português, as desinências são de dois tipos:

- nominal: a desinência nominal indica o gênero (masculino/feminino) e o número


(singular/plural) dos substantivos, adjetivos e alguns pronomes.
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Exemplo: noss-os, mania-s, absurd-as.

- verbal: a desinência verbal indica a pessoa (1ª, 2ª e 3ª), o número (singular/plural), o


tempo e o modo (indicativo...., presente...).
Exemplo: cant – radical 
                  á – vogal temática
                  sse – desinência que marca tempo imperfeito e modo subjuntivo
                  mos – desinência que marca 1ª pessoa, número plural.

Vogal temática

É a vogal que torna possível a ligação entre o radical e a desinência.


Observe o verbo cantar:

Cant: radical
A: vogal temática
R: desinência de infinitivo.

A junção do radical cant- com a desinência –r no português é impossível, é a vogal


temática “a” que torna possível essa ligação.

- Vogais temáticas nominais: são –a, -e e –o, quando átonas finais, como em escola,
dente, livro, essas vogais ligam as desinências indicadoras de plural, como escolas,
dentes, livros. Os nomes terminados em vogais tônicas não apresentam vogal temática,
como café, cipó, caju, saci.

- Vogais temáticas verbais: são –a, -e e –i, essas caracterizam três grupos de verbos
denominados conjugações. Os verbos cuja vogal temática é –a pertencem à primeira
conjugação; aqueles cuja vogal temática é –e pertencem à segunda conjugação e por
fim aqueles que tem vogal temática –i pertencem à terceira conjugação.

Primeira conjugação               Segunda conjugação             Terceira conjugação

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Am-a-va                                          beb-e-ssem                            fug-i-rem
Atac-a-va                                        estabelec-e-sse                     imped-i-sse

Afixos

São morfemas que se colocam antes ou depois do radical alterando sua significação
básica. São divididos em:

- Prefixos: antepostos ao radical.


Exemplo: impossível, desleal.

- Sufixos: pospostos ao radical.


Exemplo: lealdade, felizmente.

Vogais ou consoantes de ligação

As vogais ou consoantes de ligação ocorrem eventualmente entre um morfema e outro


por motivos eufônicos, facilitando ou até possibilitando a leitura de uma palavra.
Exemplos: paulada, cafeteira, gasômetro.

Lista de Exercícios
Com relação à estrutura das palavras da Língua Portuguesa, assinale a alternativa INCORRETA:

a) Os morfemas que indicam as flexões das palavras variáveis da língua são chamados de desinências nominais ou

verbais.

b) A vogal ou consoante de ligação é um morfema incapaz de facilitar a emissão do som das palavras.

c) O radical é um morfema comum às palavras que pertencem ao mesmo campo semântico.

d) O elemento que liga o radical às desinências é chamado de vogal temática.

e) Afixos são morfemas que se colocam antes ou depois do radical, alterando sua significação básica.

Relacione as listas e assinale a alternativa correta:

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1. Consoante de ligação

2. Variação de vogal temática

3. Vogal de ligação

4. Vogal temática

( ) dancei

( ) sorveteria

( ) geladeira

( ) bares

a) 4, 3, 1, 2

b) 2, 1, 4, 3

c) 2, 1, 3, 4

d) 2, 1, 3, 4

e) 1, 2, 3, 4

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