Você está na página 1de 26

Discurso direto, indireto e indireto

livre
• Discurso Direto, Discurso Indireto e Discurso Indireto Livre são tipos de discursos
utilizados no gênero narrativo para introduzir as falas e os pensamentos dos personagens.
Seu uso varia de acordo com a intenção do narrador.
Discurso Direto

• No discurso direto, o narrador dá uma pausa na sua narração e passa a citar fielmente a
fala do personagem.

• O objetivo desse tipo de discurso é transmitir autenticidade e espontaneidade. Assim, o


narrador se distancia do discurso, não se responsabilizando pelo que é dito.

• Pode ser também utilizado por questões de humildade - para não falar algo que foi dito
por um estudioso, por exemplo, como se fosse de sua própria autoria.
Características do Discurso Direto

• Utilização dos verbos da categoria dicendi, ou seja, aqueles que têm relação com o
verbo "dizer". São chamados de "verbos de elocução", a saber: falar, responder,
perguntar, indagar, declarar, exclamar, dentre outros.

• Utilização dos sinais de pontuação - travessão, exclamação, interrogação, dois pontos,


aspas.

• Inserção do discurso no meio do texto - não necessariamente numa linha isolada.


Exemplos de Discurso Direto

1. Os formados repetiam: "Prometo cumprir meus deveres e respeitar meus semelhantes


com firmeza e honestidade.".

2. O réu afirmou: "Sou inocente!"

3. Querendo ouvir sua voz, resolveu telefonar:


— Alô, quem fala?
— Bom dia, com quem quer falar? — respondeu com tom de simpatia.
Discurso Indireto

• No discurso indireto, o narrador da história interfere na fala do personagem preferindo


suas palavras. Aqui não encontramos as próprias palavras da personagem.
Características do Discurso Indireto

• O discurso é narrado em terceira pessoa.

• Algumas vezes são utilizados os verbos de elocução, por exemplo: falar, responder,
perguntar, indagar, declarar, exclamar. Contudo não há utilização do travessão, pois
geralmente as orações são subordinadas, ou seja, dependem de outras orações, o que
pode ser marcado através da conjunção “que” (verbo + que).
Exemplos de Discurso Indireto

1. Os formados repetiam que iriam cumprir seus deveres e respeitar seus semelhantes com
firmeza e honestidade.

2. O réu afirmou que era inocente.

3. Querendo ouvir sua voz, resolveu telefonar. Cumprimentou e perguntou quem estava
falando. Do outro lado, alguém respondeu ao cumprimento e perguntou com tom de
simpatia com quem a pessoa queria falar.
Transposição do Discurso Direto para o Indireto
Discurso Direto Discurso Indireto

Disse que precisava sair por alguns instantes. (enunciado na 3.ª


Preciso sair por alguns instantes. (enunciado na 1.ª pessoa)
pessoa)

Disse que era a pessoa com quem tinha falado há pouco. (enunciado
Sou a pessoa com quem falou há pouco. (enunciado no presente)
no imperfeito)

Disse que não tinha lido o jornal. (enunciado no pretérito mais que
Não li o jornal hoje. (enunciado no pretérito perfeito)
perfeito)

O que fará relativamente sobre aquele assunto? (enunciado no Perguntou-me o que faria relativamente sobre aquele assunto.
futuro do presente) (enunciado no futuro de pretérito)

Não me ligues mais! (enunciado no modo imperativo) Pediu que não lhe ligasse mais. (enunciado no modo subjuntivo)

Disse que aquilo não era nada agradável. (pronome demonstrativo em


Isto não é nada agradável. (pronome demonstrativo em 1.ª pessoa)
3.ª pessoa)

Vivemos muito bem aqui. (advérbio de lugar aqui) Disse que viviam muito bem lá. (advérbio de lugar lá)
Discurso Indireto Livre

• No discurso indireto livre há uma fusão dos tipos de discurso (direto e indireto), ou seja,
há intervenções do narrador bem como da fala dos personagens.

• Não existem marcas que mostrem a mudança do discurso. Por isso, as falas dos
personagens e do narrador - que sabe tudo o que se passa no pensamento dos
personagens - podem ser confundidas.
Características do Discurso Indireto Livre

• As falas das personagens, feitas na 1.ª pessoa, surgem espontaneamente dentro discurso do
narrador, feito na 3.ª pessoa;
• Não há marcas que indiquem a separação da fala do narrador e da fala da personagem;
• Não é introduzido por verbos de elocução, nem por sinais de pontuação ou conjunções;
• Por vezes, é difícil delimitar o início e o fim da voz da personagem, uma vez que está inserida
dentro da voz do narrador;
• O discurso do narrador transmite o sentido do discurso da personagem;
• O narrador é onisciente de todas as falas, sentimentos, reações e pensamentos da personagem.
Exemplos de Discurso Indireto Livre

1. Fez o que julgava necessário. Não estava arrependido, mas sentia um peso. Talvez não tenha sido suficientemente justo
com as crianças…

2. O despertador tocou um pouco mais cedo. Vamos lá, eu sei que consigo!

3. Amanheceu chovendo. Bem, lá vou eu passar o dia assistindo televisão!

4. Então Paula corria, corria o mais que podia para tentar resolver a situação. Logo a mim, logo a mim isso tinha de acontecer!
Ela não sabia se conseguiria chegar a tempo e resolver aquela confusão. Tomara que eu consiga!
5. Na fazenda, os dias de Frederico eram sempre iguais. Alimentava os animais e regava as plantas. Ainda não remendei a
mangueira que furou ontem… Depois, Frederico colhia alguns alimentos e limpava o campo. Com este calor, acho que vou é
ficar sem fazer nada, deitado na rede.

• Nas orações destacadas os discursos são diretos, embora não tenha sido sinalizada a mudança da fala do narrador para a do
personagem.
Quando utilizar cada um?

• Resumindo, podemos dizer que o discurso direto permite que os personagens falem em
primeira pessoa, enquanto o indireto é caracterizado pela narração em terceira pessoa. No
primeiro caso, o tempo verbal é aquele da ação como vista pelo personagem.
• No segundo caso, o tempo verbal utilizado é quase sempre o passado, já que o narrador
conta como algo aconteceu e daí o seu distanciamento, tanto emocional quanto temporal.
• O discurso direto é menos fluido, e são comuns na Literatura casos em que a ação é
descrita apenas pelas falas dos personagens. O autor gaúcho Luis Fernando Verissimo
utiliza-se muito desse tipo de técnica discursiva, e alguns de seus contos nem mesmo têm
a presença do narrador.
• Por outro lado, quando a proposta é apresentar uma narrativa com ritmo mais rápido e
sem muitos meandros, o discurso indireto serve melhor.
• O escritor carioca Rubem Fonseca, embora também faça uso dos diálogos nas suas
narrativas, é conhecido por longos trechos narrados de forma indireta. Além dele, nesse
mesmo sentido, temos também o exemplo do autor português José Saramago e do alemão
Franz Kafka.
EXERCÍCIO - TIPOS DE DISCURSOS

. Passe as orações abaixo do discurso indireto para o discurso DIRETO:

a) O delegado afirmou que suspeitava de todos.


b) A esposa confirmou que seu marido tinha estado em casa na noite anterior.
c) O rapaz garantiu que levaria as compras para a mãe daqui a pouco.
d) O vizinho disse-lhe que não queria que ele viesse mais ali, em sua casa.
e) A vítima pediu-lhe que ele fizesse um favor. Ficasse calado.
f) O rapaz sussurrou que ele mesmo sabia de tudo.
g) O garoto disse que sua mãe não iria gostar de vê-lo com aquela revista da Play boy.
• Passe no seu caderno as orações abaixo do discurso direto para o discurso INDIRETO:

• a) O pai gritou: - Quero saber quem fez essa bagunça aqui na sala?

• b) A vendedora perguntou: - Precisa de ajuda, senhora?

• c) A cliente respondeu: - Não preciso de ajuda, estou só de passagem.

• d) A mãe ordenou: - Pare de questionar, menino, e faça rápido o que eu lhe pedi.

• e) Segundo o geólogo americano falou “Por causa da ocorrência cada vez mais tardia do inverno, os flocos de
neve não mais dispõem do tempo necessário para se transformarem em gelo”.

• f) De acordo com o que falou William Roberto Cereja “O Naturalismo é uma tendência que procura dar um
novo tratamento ao Realismo, atribuindo-lhe um caráter mais científico, com base nas teorias que circulavam na
época.”

• g) Albert Einstein disse “A mente que se abre a uma nova ideia, jamais voltará ao seu tamanho original.”
1) Assinale a alternativa que melhor complete o seguinte trecho:
• No plano expressivo, a força da ____________ em _____________ provém
essencialmente de sua capacidade de _____________ o episódio, fazendo
______________ da situação a personagem, tornando-a viva para o ouvinte, à maneira de
uma cena de teatro __________ o narrador desempenha a mera função de indicador de
falas.
• a) narração – discurso indireto – enfatizar – ressurgir – onde;
• b) narração – discurso onisciente – vivificar – demonstrar-se – donde;
• c) narração – discurso direto – atualizar – emergir – em que;
• d) narração – discurso indireto livre – humanizar – imergir – na qual;
• e) dissertação – discurso direto e indireto – dinamizar – protagonizar – em que.
• 2) “Impossível dar cabo daquela praga. Estirou os olhos pela campina, achou-se isolado.
Sozinho num mundo coberto de penas, de aves que iam comê-lo. Pensou na mulher e
suspirou. Coitada de Sinhá Vitória, novamente nos descampados, transportando o baú de
folha.” O narrador desse texto mistura-se de tal forma à personagem que dá a impressão
de que não há diferença entre eles. A personagem fala misturada à narração. Esse
discurso é chamado:
• a) discurso indireto livre
• b) discurso direto
• c) discurso indireto
• d) discurso implícito
• e) discurso explícito
• 3) “Ela insistiu: – Me dá esse papel aí.”
• Na transposição da fala do personagem para o discurso indireto, a alternativa correta é:
• a) Ela insistiu que desse aquele papel aí.
• b) Ela insistiu em que me desse aquele papel ali.
• c) Ela insistiu em que me desse aquele papel aí.
• d) Ela insistiu por que lhe desse este papel aí.
• e) Ela insistiu em que lhe desse aquele papel ali.
• 4) Sinhá Vitória falou assim, mas Fabiano resmungou, franziu a testa, achando a frase
extravagante. Aves matarem bois e cabras, que lembrança! Olhou a mulher, desconfiado,
julgou que ela estivesse tresvariando.(Graciliano Ramos, Vidas secas)
• Uma das características do estilo de Vidas Secas é o uso do discurso indireto livre, que
ocorre no trecho:
• a) “sinhá Vitória falou assim”.
• b) “Fabiano resmungou”.
• c) “franziu a testa”.
• d) “que lembrança”.
• e) “olhou a mulher”
• 5) “‘Muito!’, disse quando alguém lhe perguntou se gostara de um certo quadro.”
• Se a pergunta a que se refere o trecho fosse apresentada em discurso direto, a forma
verbal correspondente a “gostara” seria:
• a) gostasse.
• b) gostava.
• c) gostou.
• d) gostará.
• e) gostaria.
• 6) Assinale a alternativa em que ocorra discurso indireto.
• a) Perguntou o que fazer com tanto livro velho.
• b) Já era tarde. O ruído dos grilos não era suficiente para abafar os passos de Delfino.
Estaria ele armado? Certamente estaria. Era necessário ter cautela.
• c) Quem seria capaz de cometer uma imprudência daquelas?
• d) A tinta da roupa tinha já desbotado quando o produtor decidiu colocá-la na secadora.
• e) Era então dia primeiro? Não podia crer nisso
• 7) Leia:
– Nem remédio ingeri, a moribunda esclarecia.
Passando para o Discurso Indireto o fragmento acima, de acordo com a norma gramatical,
tem-se:
• a) Esclarecia a moribunda que nem ingeriria remédio.
• b) A moribunda esclareceu que nem remédio iria ingerir.
• c) Que nem remédio iria ingerir, a moribunda esclareceria.
• d) A moribunda esclarecia que nem remédio tinha ingerido.
• 8) Assinale a alternativa que apresenta exemplo de discurso indireto livre.
• a) – Desejo muito conhecer Carlota – disse-me Glória, a certo ponto da conversação. –
Por que não a trouxe consigo?
• b) Omar queixou-se ao pai. Não era preciso tanta severidade. Por que não tratava os
outros filhos com o mesmo rigor?
• c) – Isso não pode continuar assim, respondeu ela; – é preciso que façamos as pazes
definitivamente
• d) Uma semana depois, Virgília perguntou ao Lobo Neves, a sorrir, quando seria ele
ministro. Ele respondeu que, pela vontade dele, naquele mesmo instante.
• e) Daí a pouco chegou João Carlos e, após ligeiro exame, receitou alguma coisa, dizendo
que nada havia de anormal…
• 9) Assinale a alternativa que apresenta a transposição correta para o discurso indireto do
trecho abaixo:
• – Temos sorte de viver no Brasil – dizia meu pai, depois da guerra.
• a) Dizia meu pai que tinha sorte de viver no Brasil depois da guerra.
• b) Dizia meu pai que tínhamos sorte de viver no Brasil depois da guerra.
• c) Dizia meu pai para mim que tivéramos sorte de viver no Brasil depois da guerra.
• d) Dizia meu pai: temos sorte de viver no Brasil depois da guerra
• e) Disse meu pai que tivemos sorte de viver no Brasil depois da guerra.
• 10) Considere as três propostas de transposição para o discurso indireto das duas falas do
seguinte trecho do texto (ref. 29).
• De meio assombrado me fui repondo quando ouvi que indagavam:
– Então, patrício? Está doente?
– Não senhor, não é doença; é que sucedeu-me uma desgraça […]
• I – De meio assombrado me fui repondo quando ouvi que indagavam se eu estava doente.
Respondi que não, não era doença, que me sucedera uma desgraça.
II – De meio assombrado me fui repondo quando ouvi que indagavam, então, se eu estava
doente. Respondi que não, não era doença, que o que me sucedera foi uma desgraça.
III – De meio assombrado me fui repondo quando ouvi que indagavam se eu estava doente.
Respondi que não, senhor, não era doença, que o que me sucedeu foi uma desgraça.
• Quais propostas estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) Apenas II e III.

Você também pode gostar