PRINCIPAIS MOLDES LINGUÍSTICOS (DISCURSO DIRECTO E INDIRECTO)
No plano discursivo das personagens reais ou fictícias, geralmente, o narrador
dispõe de dois principais moldes linguísticos para dar-nos a conhecer os pensamentos e palavras de tais (personagens), veiculando assim as suas vozes: Discurso directo Discurso indirecto Discurso directo: Encontra-se nos diálogos e nos monólogos, assumindo-se a personagem como sujeito da enunciação e limitando-se o narrador a exprimir-se por si mesmo. Esse tipo de discurso é caracterizado, geralmente com a presença de verbos como: dizer, afirmar, ponderar, sugerir, perguntar, indagar, responder. Com a falta desses verbos, o discurso directo vem marcando com os recursos gráficos, tais como os dois pontos, as aspas, o travessão, a mudança de linha, cuja função é indicar a fala da personagem. É usada 1ª pessoa do singular. Observemos os seguintes passos: É esta a gaveta? – perguntou ele. Penso – disse meu pai – que te darás melhor em letras. Virgília replicou: – Promete que um dia me fará baronesa? No último exemplo, verificamos que o narrador, após introduzir a personagem, Virgília, deixou-a expressar-se por si mesma, limitando em produzir-lhe as palavras como ela as teria selecionado, organizado e emitido. A essa forma de expressão em que a personagem é chamada a apresentar as suas próprias palavras, denominamos discurso directo. Discurso indirecto: o narrador relata o discurso da personagem mas não abdica o seu estatuto do sujeito da enunciação, isto é, ele transmite a fala ou os pensamentos desta. No discurso indirecto as falas das personagens são introduzidas também por um verbo declarativo (dizer, afirmar, ponderar, confessar, responder, etc.) Ex: João Garcia garantiu que sim, que voltava. José Dias, deixou-se estar calado, supirou e acabou confessando que não era médico. No segundo exemplo, verifica-se o contrário do que observamos nos enunciados em discurso directo porque o narrador incorpora aqui, ao seu próprio falar, uma informação do personagem (José Dias). Esse processo de reproduzir enunciados chama-se discurso indirecto. Vejamos agora como ocorre as conversões do discurso directo para o discurso indirecto. TRANSPOSIÇÃO DO DISCURSO DIRECTO PARA O INDIRECTO
Discurso directo Discurso indirecto
a) enunciados em 1ª ou 2ª pessoas a) enunciado em 3ª pessoa – Preciso de dinheiro – disse o capitão Disse o capitão que precisava de dinheiro
b) Verbo enunciado no presente b) Verbo enunciado no imperfeito
– Sou a Zola Alfredo – disse, hesitante Disse, hesitante que era a Zola Alfredo
c) Verbo enunciado pretérito perfeito c) Verbo enunciado pretérito + perfeito
– Nem banho tomei, ela esclarecia Ela esclarecia que nem banho tomara (Ela esclarecia que nem banho tinha tomado)
d) Verbo no futuro do presente d) Verbo no futuro do pretérito
– Que será feito do sr. Padre Brito? Perguntou que seria feito do sr. Padre Brito
e) Verbo no modo imperativo e) Verbo no modo conjuntivo
– Não faça escândalo – disse a outra Disse a outra que não fizesse escândalo
f) Pronome demonstrativo da 1ª f) Pronome demonstrativo da 3ª pessoa
Pessoa (este, esta, isto) ou de 2ª (aquele, aquela, aquilo) Pessoa (esse, essa, isso) – Não abro a porta a estas horas Disse que não abria a porta àquelas horas g) Advérbio de lugar “aqui“ g) Advérbio de lugar “ali” – Aqui amanhece muito cedo Disse que ali amanhecia muito cedo h) enunciado justaposto h) enunciado subordinado ,introduzido pela integrante “que” – Foi um tempo velhaco – disse Disse o concordante e enfastiado que o concordante e enfastiado que tinha sido um tempo velhaco
i) enunciado em forma i) enunciado em forma
interrogativa directa interrogativa indirecta – « Lá é bom? » –perguntei Perguntou se lá era bom. POR: Moisés Kudimuena Email: moiseskudimuena6@gmail.com Referências: -Estrela, Edite, Soares, Maria, Leitão José Maria: Saber escrever e saber falar, Lisboa, 11ª Ed. 2012. -Cunha, Celso, Cintra, Lindley: Breve Gramática do Português contemporâneo, Lisboa,2008.