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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

ESTUDO DO D ESEMPENHO DE R EDES DE


DISTRIBUIÇÃO RURAL U TILIZANDO D ADOS DO
SISTEMA DE L OCALIZAÇÃO DE TEMPESTADES E DA
OPERAÇÃO DO S ISTEMA – UMA ABORDAGEM DE ENGENHARIA

AFONSO FERREIRA ÁVILA


AFONSO FERREIRA ÁVILA

ESTUDO DO D ESEMPENHO DE R EDES DE


DISTRIBUIÇÃO RURAL U TILIZANDO D ADOS DO
SISTEMA DE L OCALIZAÇÃO DE TEMPESTADES E DA
OPERAÇÃO DO S ISTEMA – UMA ABORDAGEM DE ENGENHARIA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em


Engenharia Elétric a da Escola de Engenharia da
Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito
parcial para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia
Elétrica.
Área de concentração: Qualidade de Energia.
Linha de Pesquisa: Compatibilidade Eletromagnética e
Qualidade de Energia (CEQE)

Orientadores: Professor Ivan José da Silva Lopes


Professor Glássio Costa de Miranda

P ROGRAMA DE P ÓS-G RADUAÇÃO EM E NGENHARIA ELÉTRICA - PPGEE


CENTRO DE PESQUISAS E D ESENVOLVIMENTO EM ENGENHARIA ELÉTRICA - CPDEE
U NIVERSIDADE F EDERAL DE MINAS G ERAIS - UFMG
B ELO HORIZONTE
D EZEMBRO - 2005
i

AGRADECIMENTOS

Agradecer é saber dizer obrigado de forma sincera e verdadeira.

Ao Professor Ivan José da Silva Lopes, pela orientação, o


constante apoio e dedicação, o que tornou pos sível a realização
deste trabalho.

Ao Professor Glássio Costa de Miranda , pela orientação, apoio


t é c n i c o e o a u x í lio a o d e s e n v o l v i m e n t o d e s t e t r a b a l h o .

Aos Professores do CPDEE/UFMG, que muito contribuíram com


seus ensinamentos para o meu crescimento acadêmico e
profissional.

A os amigos A l e x a n d r e F r a n c i s c o M a i a B u e n o e J o s é A l o í s e
Ragone Filho da CEMIG, que acredit a r a m e incentiv a r a m o
desenvolvimento deste trabalho.

Ao meu irmão Antônio Ferreira Ávila pelo incentivo na


realização do Mestrado.

A os m e u s p a i s , J o s é Á v i l a e M a r i a L u z i a , p e l o e x e m p l o , c a r i n h o
e e d u c a ç ã o , p i l a r e s de m i n h a f o r m a ç ã o .

E finalmente à minha esposa Sheila pelo carinho, compreensão e


apoio no desenvolvimento e conclusão dessa nova etapa de
m i n h a v i d a p r o f i s s i o n a l.

A todos o meu muito obrigado.


ii

DEDICATÓRIA

À minha a m a d a esposa Sheila


e as minhas filhas
Maria Adelaide e Maria Cândida .
iii

RESUMO

O objetivo deste trabalho é realizar um estudo de desempenho de redes


d e d i s t r i b u i ç ã o a é r e a s r u r a i s f r e n t e a d e s c a r g a s a t m o s f é r i c as . P a r a t a l , é
u t i l i z a d a u m a m e t o d o l o g i a d e c á l c u l o d e d e s e m p e n h o ba s e a da n o s d a d o s d o
Sistema de Localização e Detecção de Descargas Atmosféricas e da Operação
d o S i s t e m a E l é t r i c o.

A base de dados aplicada no desenvolvimento do trabalho é constituída


de três fontes de informação: dados de descargas atmosféricas, extraídos a
partir de registros do Sistema de Localização e Detecção de Descargas (SLT);
d a d o s d a O p e r a ç ã o do S i s t e m a , r e p r e s e n t a d o s p e l o s r e g i s t r o s d e i n t e r r u p ç ã o
fornecidos pelo Sistema de Controle de Interrupções da CEMIG (CONINT); e
dos dados de topologia da rede e localização de equipamentos de proteção,
f o r n e c i d o s p e l o S i s t e m a d e G e r ê n c i a d e R e d e s d a C E M I G ( G E M I N I ) . São
a n a l i s a d a s 5 . 3 7 9 oc o r r ê n c i a s d e d e s l i g a m e n t o d o s i s t e m a e 7 3 7 . 7 4 7 d e s c a r g a s
atmosféricas registradas no período de observação de 2001 a 2004.

A metodologia é aplicada a três alimentadores com níveis de isolamento


de 95kV, 170kV e misto (95kV e 170kV), localizados na Regional
Mantiqueira. O desempenho real desses alimentadores é comparado com o
cálculo estimado baseado no IEEE Standard 1410.

O trabalho conclui pela viabilidade do uso do Sistema de Localização e


D e t e c ç ã o d e D e s c a r g a s ( S L T ) e d o s d a d o s d a O p e r a ç ã o d o S i s t e ma ( C O N I N T )
como ferramenta de avaliação, diagnóstico e investigação crítica para
melhoria de desempenho das redes de distribuição frente a descarga s
atmosféricas.
iv

ABSTRACT

The work presents the results of a study based on the application of


Lightning Location System (LLS) data and Interruptions data to analyze
actual lighting performance of rural distribution lines at Minas Gerais State.

The work presents the data used in the development of the case study
consisting of three sources of infor mation: lightning data, extracted from
LLS records; interruption data extracted from CONINT (a CEMIG´s
Interruption Control System) reports; topology data and location the
protection equipment, supplied by GEMINI (a CEMIG´s Management Network
System).

The present work is based on the analysis of 5.379 interruptions and


737.747 lighting events recorded from 2001 to 2004.

The method consists of three stages: (1) lightning performance


c a l c u l a t i o n , ( 2 ) a n a l y s i s o f l i g h t n i n g a c t i v i t y a n d s y s t e m i n t e r r u p t i o n s and
(3) the correlation between them. The calculation process is based on the
procedure of IEEE Standard 1410.

A case study is presented to show how different factors, such as


structure degree of exposure (direct and indirect strikes), overvoltage levels
and the basic insulation level affect the lightning performance of the
distribution lines. The observed and calculated values are presented and
compared for real networks different Basic Insulation Level (BIL).

The results demonstrate the usefulness of the proposed methodology as


an evaluation tool for distribution network performance analysis.
v

LISTA DE FIGURAS

F I G U R A-2.1: MA P A D E DENSIDADE DE DESCARGAS ( D E S C A R G A S/ K M2 / A N O)


F I G U R A-2.2: G RÁFICO DE DISTRIBUIÇ Ã O A C U M U L A D A D E C O R RE N T E B A S E A D O
NA F O R M UL A D E A N D E R S O N [ANDERSON, 1982]
F I G U R A-2.3: F ORMA DE ONDA DE DESC A R G A “ T Í P I C A” – P A R Â M E T R O S
F I G U R A-2.4: D I A G R A M A B Á S I C O DO M O D E L O E L E T R O G E O M É T R I C O
F I G U R A-2.5: GR Á F I C O D E D I S T Â N C I A C R Í T I C A P A R A D E T E R M I N A Ç Ã O D O
N Ú M E R O D E D E S C A R G A S D I R E T A S N A L INHA
F I G U R A-2.6: G R Á F I C O – N G × N Ú M E R O D E D E S C A R G A S D I R E T A S /100 K M / ANO
F I G U R A-2.7: FA I X A D E BL I N D A G E M – LI N H A P R Ó X I M A D E A R B O R I Z A Ç Ã O
F I G U R A-2.8: U S O D O M O D E L O E L E T R O GE O M É T R I C O E D O M O D E LO D E R U S C K
PARA DETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE D E S L I G A M EN T O S POR
T E N S Õ E S I N D U Z I D A S E D E S C A RGA DIRETA .
F I G U R A-3.1: L O C A L I Z A Ç Ã O D O S S E N S O R E S D A R E D E RINDAT
F I G U R A-4.1: L O C A L I Z A Ç Ã O G EOGRÁFICA DOS A LIMENTADORES DO E S T U D O D E
CASO
F I G U R A-4.2: D I A G R A M A U N I F I L A R D O A L I M E N T A D O R CNLU1-10
F I G U R A-4.3: D I A G R A M A U N I F I L A R D O A L I M E N T A D O R RCA-10
F I G U R A-4.4: D IAG R A M A U N I F I L A R D O A L I M E N T A D O R CNLU1-19
F I G U R A-4.5: I N C I D Ê N C I A M E N S A L D E D E S C A R G A S P A R A O P E RÍ O D O 2001-2004
F I G U R A-4.6: DIAGRAMA DE CAUSAS DE DESLIGAMENTO DOS ALIMENTADORES
F I G U R A-4.7: ANÁLISE ESTRATIFICADA DE CAUSAS DE DESLIG AMENTO
F I G U R A-4.8: A N Á L I S E D E C AU S A S P R I M Á R I A S D O A LI M E N T A D O R CNLU1-10
F I G U R A-4.9: A NÁLISE DE C A U S A S P R I M Á R I A S D O AL I M E N T A D O R RCA-10
F I G U R A-4.10: A NÁLISE DE C A U S A S P R I M Á R I A S D O A L I M E N T A D O R CNLU1-19
F I G U R A-4.11: G R Á F I C O D E D E S E M P E N H O D A L I N H A D E 95 K V – E STIMADO E R EAL
F I G U R A-4.12: G R Á F I C O DE F ATOR DE B L I N D A G E M P A R A O A L I M E N T A D O R D E
95 K V
F I G U R A-4.13: G R Á F I C O D E D E S E M P E N H O D A L INHA DE 170 K V – E S T I M A D O E
RE A L
F I G U R A-4.14: C U R V A S D E F A T O R D E B LI N D A G E M P A R A L I N H A C OM NBI DE 170 K V
F I G U R A-4.15: A L I M E N T A D O R M I S T O 95-170 K V – A N Á L I S E D E F A I X A S
F I G UR A -4.16: A N Á L I S E C O M P A R A T I V A D OS A L I M E N T A D O R E S – V A L O R ES M ÉDIO S
vi

LISTA DE TABELAS

T A B E L A -3.1: F ORMATO DA BASE DE DA D O S D E D E S C A R G A


T A B E L A -3.2: F ORMATO DA BASE DE DA D O S D E I N T E R R U P Ç Ã O
T A B E L A -3.3: F ORMATO DA BASE DE DA D O S D O S A L I M E N T A D O R E S
T A B E L A -3.4: F ORMATO DA BASE DE DA D O S D E E Q U I P A M E N T O S
T A B E L A -4.1: Q U A D R O C O M P A R A T I V O D O N Ú M E R O D E D E S C A R G A S E NG
T A B E L A -4.2: N Ú M E R O D E D E S L I G A M E N T OS NO ANO – A L I M E N T A D O R
CNLU1-10
T A B E L A -4.3: N Ú M E R O D E D E S L I G A M E N T O S N O A N O – A L I M E N T A D O R RCA-
10
T A B E L A -4.4: N Ú M E R O D E D E S L I G A M E N T O S N O A N O – A L I M E N T A D O R
CNLU1-19
T A B E L A -4.5: C O M P A R A T I V O D O S V A L O R E S M É D I O S DE D E S L I G A M E N T O S ,
FA T O R D E B L I N D A G E M E R E D U Ç Ã O P E R C E N T U A L D O NÚ M E R O
DE D E S L I G A M E N T O S /100 K M / A N O
vii

SIMBOLOGIA

CEMIG COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS


IEEE INSTITUTE OF ELECTRICAL AND E LECTRONIC ENGINEERS
SLT SISTEMA DE LOCALIZAÇÃO E DETECÇÃO DE DESCARGAS ATMOSFÉRICAS
CONINT SISTEMA DE CONTROLE DE INTERRUPÇÕES DA CEMIG
GEMINI SISTEMA DE G ERÊNCIA DE R EDES DE DISTRIBUIÇÃO DA CEMIG
LLP LIGHTNING LOCATION AND P OSITION
LPATS LIGHTNING POSITION AND TRACKING SYSTEM
IMPACT IMPROVED ACCURACY FROM COMBINED TECHNOLOGY
GPS GLOBAL POSITION SYSTEM
RINDAT REDE INTEGRADA DE DETECÇÃO DE DESCARGAS ATMOSFÉRICAS
SIMEPAR SISTEMA M ETEOROLÓGICO DO PARANÁ
FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS FURNAS S.A.
INPE INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS
UTM UNIVERSA TRANSVERSA M ERCATOR
CFO CRITICAL IMPULSE FLASHOVER VOLTAGE
DEC DURAÇÃO EQUIVALENTE DE INTERRUPÇÕES POR CONSUMIDOR
NG DENSIDADE DE DESCARGAS [DESCARGAS/KM2 /ANO]
P(I) FUNÇÃO DESNSIDADE DE PROBABILIDADE DE CORRENTE DE PICO
I CORRENTE DE RETORNO (VALOR MÉDIO)
σLN I DESVIO PADRÃO DO LOGARITMO DA CORRENTE DE RETORNO
T10/90 INTERVALO DE TEMPO NA ONDA ENTRE 10% E 90%
T30/90 INTERVALO DE TEMPO NA ONDA ENTRE 30% E 90%
RS DISTÂNCIA CRÍTICA PARA O CONDUTOR
RG DISTÂNCIA CRÍTICA PARA O S OLO
H ALTURA DO POSTE
X DISTÂNCIA HORIZONTAL DA DESCARGA PARA A LINHA
B AFASTAMENTO DOS CONDUTORES NA CRUZETA (LARGURA DA ESTRUTURA)
N NÚMERO DE DESCARGAS [DESCARGAS/100 KM/ANO]
NS NÚMERO DE DESCARGAS DEVIDO AO FATOR DE BLINDAGEM
SF FATOR DE BLINDAGEM
VMAX MÁXIMA TENSÃO INDUZIDA
Y DISTÂNCIA ENTRE O PONTO DE INCIDÊNCIA DA DESCARGA E A LINHA
V VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO DA ONDA DE DESCARGA
VO VELOCIDADE DA LUZ
ZO IMPEDÂNCIA CARACTERÍSTICA
YMIN MÍNIMA DISTÂNCIA PARA O QUAL A DESCARGA NÃO DESVIA DA LINHA
YMAX MÁXIMA DISTÂNCIA
FP NÚMERO DE DESLIGAMENTOS /100KM/ANO
viii

SUMÁRIO

PÁG.
1. INTRODUÇÃO 1
1.1 OBJETIVO ........................................................................ 2
1.2 ORGANIZAÇÃO DO T E X T O . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . 3

2. DESEMPENHO ESTIMADO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO


4
FRENTE A DESCARGAS ATMOSFÉRICAS
2.1 INTRODUÇÃO ................................. ..................................... 4
2.2 DISTÚRBIOS NO S I S T E M A E L É T R I C O . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . .. . . . . . . 4
2.3 CARACTERIZAÇÃO DOS P ARÂMETROS DE D ESCARGA..... ... .......... 5
2.4 MODELO ELETROGEOMÉTRICO E AS D ESCARGAS D IRETAS E
8
I N D I R E T A S. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2.5 CÁLCULO DE D E S E M P E N H O E S T I M A D O – P R O C E D I M E N T O. . . . . . . . . . . . 15
2.6 ESTADO DA A R T E . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

DESEMPENHO REAL DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO


3. 20
FRENTE A DESCARGAS ATMOSFÉRICAS
3.1 INTRODUÇÃO ..................................................................... 20
3.2 DADOS DE D E S C A R G A S A T M O S F É R I C A S . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . .. . . . . . . 20
3.3 DADOS DA OPERAÇÃO DO S I S T E M A . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.4 DADOS DE TOPOLOGIA DOS A L I M E N T A D O R E S . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . 24
3.5 CÁLCULO DE D E S E M P E N H O R E A L - P R O C E D I M E N T O . . . . . .. . .. . . . . . . . . 26

4. RESULTADOS 28
4.1 I N T R O D U Ç Ã O . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . 28
4.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO DE CASO – ALIMENTADORES E
28
D E S C A R G A S A T M O S F É R I C A S. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
4.3 ANÁLISE DOS DADOS DE INTERRUPÇÃO DOS ALIMENTADORES... 33
4.3.1 A L I M E N T A D O R C N L U 1- 10 – A N Á L I S E D E I N T E R R U P Ç Õ E S . . . . . . . . . . 35
4.3.2 A L I M E N T A D O R RCA - 10 – A N Á L I S E D E I N T E R R U P Ç Õ E S . . . . . . . . . . 36
4.3.3 A L I M E N T A D O R C N L U 1- 19 – ANÁLISE DE I N T E R R U P Ç Õ E S . . . . . . . . . .. 38
ix

PÁG.
4.4 CÁLCULO DE DESEMPENHO ESTIMADO E REAL DOS
39
ALIMENTADORES..................................................................
4.4.1 ALIMENTADOR C N L U 1- 10 – AN Á L I S E DE DESEMPENHO................ 40
4.4.2 A L I M E N T A D O R RCA - 10 – A N Á L I S E DE DESEMPENHO................... 42
4.4.3 ALIMENTADOR C N L U 1- 19 – AN Á L I S E DE D ESEM P E N H O ................ 45
4.5 DISCUSSÃO DE R E S U L T A D O S. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

5. CONCLUSÕES 50
5.1 P ROPOSTAS DE C O N T I N U I D A D E. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

REFERÊNCIAS BIB LIOGRÁFICAS 54


CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 1

1. INTRODUÇÃO

Atualmente, uma das principais atribuições das concessionárias de


energia elétrica é um fornecimento confiável, seguro e econômico da
eletricidade para os consumidores. A qualidade de energia não considera
apenas a variação de tensão em tor no do valor nominal, mas também o número
e os tipos de distúrbios que podem afetar os serviços, tais como: variação de
freqüência, quedas de tensão temporárias, pequenas interrupções de energia
de n t r e o u t r a s . D e n t r o d e s t e c o n t e x t o , u m a d a s m a i s i m p o r t a n t e s f o n t e s d e
distúrbio em sistemas de distribuição são as descargas atmosféricas indiretas
e diretas que causam faltas transitórias ou permanentes.

O fenômeno da descarga atmosférica é responsável por aproximadamente


80% das interrupções acidentais causadas por fenômenos naturais, o que
equivale a 40% do número total de interrupções sustentadas no Sistema de
Distribuição da Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG). Estes
d e s l ig a m e n t o s r e p r e s e n t a m 2 5 % d o D E C a c i d e n t a l d a d i s t r i b u i ç ã o , o q u e
corresponde a aproximadamente 1 hora e 50 minutos de interrupção por
consumidor/ano [ROCHA, 1991].

Muitas concessionárias no Brasil têm estudado soluções de melhoria de


desempenho de linhas de distribuição frente a descargas atmosféricas. Dentre
a s s o l u ç õ e s e s t u d a d a s , t e m- s e a a d o ç ã o d e e s t r u t u r a s c o m n í v e l b á s i c o d e
isolamento (NBI) elevado, passando dos atuais 95kV para 170kV ou 300kV
[CEMIG, 1997a ].

A aplicação dos novos padrões de linhas de distribuição com nível


b á s i c o d e i s o l a m e n t o d e 1 7 0 k V o u 3 0 0 k V , d e f o r m a in t e n s a n a s d i v e r s a s
áreas do Estado, resultaram n o aumento do custo médio por quilômetro das
redes de distribuição aéreas rurais. Para as linhas com NBI de 170 kV, o
aumento médio do custo por estrutura situa -se em 33% em estruturas
monofásicas e de 16% na s estruturas trifásicas [AVILA, 2004] . A redução dos
índices de desligamento esperada pela adoção dos novos padrões, era de 44%
para linhas com NBI de 170 kV e 54% para linhas com NBI de 300 kV
[ P A U L I N O , 1984] ,[ C E M I G , 1 991] . E m a l g u ns a l i m e n t a d o r e s , e m e s pe c i a l
naqueles onde todos os circuitos apresentam o NBI de 170kV, o aumento do
NBI correspondeu ao índice de redução de desligamentos esperado. Já na
maioria dos alimentadores antigos, circuitos mistos com NBI de 95kV e
170kV, a melhoria do NBI das linhas não atingiu aos índices esperados .
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 2

B u s c a n d o m e l h o r e n t e n d e r o p r o b l e m a d e d e s e m p e n h o d a s r e d e s de
d i s t r i b u i ç ã o e l i n h a s d e t r a n s m i s s ã o, a C E M I G e m c o n j u n t o c o m S I M E P A R ,
Furnas e o INPE, constituíram uma Rede Integrada Nacional de Detecção de
D e s c a r ga s A t m o s f é r i c a s ( R I N D A T ) . E s se s S i s t e m a s u t i l i z a m i n f o r m a ç õ e s d e
medições remotas de campo eletromagnético, sendo considerados uma
importante ferramenta de monitoramento do fenômeno. O Sistema de
L o c a l i z a ç ã o e D e t e c ç ã o d e D e s c a r g a s ( S L T ) f o r n e c e d i v e r s o s da d o s s o b r e a s
d e s c a r g a s a t m o s f é r i c a s , c o n s t i t u i n d o u m a d a s m a i s m o d e r n a s f e r r a m e n t a s de
avaliação da proteção e desempenho do sistema elétrico [MESQUITA, 2001].

Além do SLT, outra importante fonte de informação são os dados da


Operação do Sistema, represe ntados pelos registros do CONINT (Sistema de
Controle de Interrupções da CEMIG). Os registros desse sistema permitem a
estratificação e análise das causas das interrupções, sendo possível
e s t a b e l e c e r u m a r e l a ç ã o t e m p o r a l e n t r e o s d a d o s d e i n t e r r u p ç õ e s ( d a dos da
operação) e os dados do Sistema de Localização de Tempestades.

Adicionalmente, o IEEE (Institute of Electrical and Electronics


Engineers) através do Comitê de Transmissão e Distribuição tem realizado a
publicação de diversos guias de aplicação, dentre eles o IEEE Standard 1410
[IEEE, 2004] , procurando identificar as principais causas que influenciam no
desempenho das linhas de distribuição frente a descargas atmosféricas, e
propondo ações para a redução do número de interrupções.

Neste contexto, este trabalho investiga o desempenho de alimentadores


com diferentes valores de nível básico de isolamento, utilizando dados de
descargas atmosféricas, fornecidos pelo Sistema de Localização de
T e m p e s t a d e s , d a d o s d e o p e r a ç ã o do s i s t e m a r e p r e s e n t a d o s p e l o s r e g i s t r o s d o
S i s t e m a d e C o n t r o l e d e I n t e r r u p ç õ e s d a C E M I G, e o p r o c e d i m e n t o d e c á l c u l o
definido pelo IEEE Standard 1410.

1.1 OBJETIVO

O objetivo desse trabalho é realizar um estudo de desempenho de redes


de distribuição aéreas rurais frente a descargas atmosféricas, utilizando uma
metodologia de cálculo de desempenho de linhas de distribuição baseada nos
dados do Sistema de Localização e Detecção de Descargas Atmosféricas e da
Operação do Sistema , mostrando a relação existente entre a incidência de
descargas, as interrupções no fornecimento de energia e o nível de
isolamento.
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 3

1.2 ORGANIZAÇÃO DO TEXTO


O texto compõe -se de cinco capítulos organizados da seguinte forma:

No capítulo 2, é apresentado o procedimento de cálculo de desempenho


estimado das redes de distribuição frente a descargas atmosféricas, baseado
no guia do IEEE Standard 1410.

O capítulo 3 apresenta a metodologia de cálculo de desempenho real das


redes de distribuição frente a descargas atmosféricas baseado nos dados do
SLT e do CONINT.

No capítulo 4, são apresentados os resultados da metodologia


desenvolvida empregada em três alimentadores com diferentes níveis básicos
de isolamento. Para cada alimentador , são obtidos o desempenho estimado e o
r e a l . A o f i n a l é r e a l i z a d a u m a a n á l i s e d o s r e s ul t a d o s o b t i d o s .

O capítulo 5 apresentada as principais contribuições do trabalho e


propostas de continuidade.
CAPÍTULO 2 – DESEMPENHO ESTIMADO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 4
FRENTE A DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

2. DESEMPENHO ESTIMADO DE REDES DE


DISTRIBUIÇÃO FRENTE A DESCARGAS
ATMOSFÉRICAS

2.1 INTRODUÇÃO
E s s e c a p í t u l o a p r e s e n t a a r e v i s ã o d e l i t e r a t u r a s ob r e o t e m a d e s e m p e n h o
d e r e d e s d e d i s t r i b u i ç ã o d e m é d i a t e n s ã o f r e n t e a d e s c a r g a s a t m o s f é r i c a s . São
apresentados os principais tipos de sobretens ões que afetam o sistema
e l é t r i c o c o m ê n f a s e n a s d e s c a r g a s a t m o s f é r i c a s . A s e g u i r , o s p a r â m e t r o s de
d e s c a r g a s de i n t e r e s s e s ã o d i s c u t i d o s j u n t a m e n t e c o m o m o d e l o
eletrogeométrico utilizado na determinação do número de descargas diretas e
indiretas nas estruturas . Também é apresentada a metodologia de cálculo de
desempenho estimado das redes de distribuição frente a descargas
atmosféricas. O capítulo é concluído com a apresentação do “Estado da Arte”
sobre o tema.

2 .2 DISTÚRBIOS NO SISTEMA ELÉTRICO

Apesar dos sistemas de energia operarem em regime permanente a maior


p a r t e d o t e m p o , e le s e s t ã o s u j e i t o s a s o l i c i t a ç õ e s e x t r e m a s d e t e n s ã o e
corrente, denominadas sobretensões e sobrecorrentes, respectivamente. Estas
solicitações extremas são produzidas durante os transitórios no sistema
elétrico [ARAUJO, 2005].

A s s o b r e t e n s õ e s s ã o t e n s õ e s t r a n s i t ó r i a s e n t r e f a s e - t e r r a o u f a s e- f a s e ,
variáveis no tempo, cujo valor máximo é superior ao valor de crista das
tensões máximas de operação do sistema. Podem ser classificadas como
sobretensões temporárias, sobretensões de manobra e sobretensões
a t m o s f é r i c a s [A N D E R S O N , 1 9 8 2 ] . A s s o b r e t e n s õ e s t e m p o r á r i a s e d e m a n o b r a
são de origem interna nos sistemas, e ocorrem quando da mudança da
topologia. São geralmente causadas por manobras tais como energização e
religamento, ocorrência ou eliminação de faltas, ressonância e
ferroressonânc ia, dentre outras [D’AJUZ et al, 1987].

As sobretensões atmosféricas são sobretensões de origem externa ao


s i s t e m a e l é t r i c o , c a u s a da s p e l a i n c i d ê n c i a d i r e t a d e d e s c a r g a s a t m o s f é r i c a s na
linha ou próxima a ela. Nos Estados Unidos 65% dos desligamentos nos
sistemas de 230kV e 26% nos sistemas de 345kV, são causados por descargas
CAPÍTULO 2 – DESEMPENHO ESTIMADO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 5
FRENTE A DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

atmosféricas [ARAUJO, 2005]. Dados do sistema de transmissão da CEMIG,


para tensões acima de 230kV, indicam que 70% dos desligamentos se devem a
d e s c a r g a a t m o s f é r i c a , s e n d o q u e 20 % d e s t e s s ã o d e s l i g a m e n t o s p e r m a n e n t e s
[ C A R V A L H O , 1 9 9 7] . E s t i m a - s e d e 5 a 1 0 % d a s f a l t a s o r i g i n a d a s p o r
descargas atmosféricas resultam em danos permanente s em equipamentos da
distribuição [IEEE, 2004]. No sistema de distribuição de média tensão da
CEMIG (tensões até 34.5kV) as descargas atmosféricas são responsáveis por
aproximadamente 40% do número total das interrupções sustentadas [ROCHA,
1991].

2 .3 CARACTERIZAÇÃO DOS PARÂMETROS DE


DESCARGA

As descargas atmosféricas são um fenômeno aleatório, e a medição de


suas características é extremamente difícil. Estudos estatísticos têm sido
realizados por diversos pesquisadores, considerando os dados coletados em
diversas regiões e durante vários anos [CHOWDURI, 1996].

A f r e q ü ê n c i a d e d e s c a r g a s n u v e m- solo é um p a r â m e t r o d e g r a n d e
significado para a proteção do sistema elétrico contra descargas atmosféricas.
O parâmetro que traduz esse valor é a densidade de descargas ao solo (NG ).
Este índice estabelece uma medida do número médio de descargas que
incidem no solo por ano, sendo expresso em número de descargas/km2 /ano.

Quando se atribui determinado valor de N G a uma região, deve -se


considerar que, para áreas interiores, esta densidade de descarga pode variar
e m u m a a m p l a f a i x a . C o m o e x e m p l o , t e m- s e o p r ó p r i o E s t a d o d e M i n a s
Gerais, onde este índice oscila entre valores superiores a 10.0
descargas/km2 /ano nas proximidades de Juiz de Fora e valores inferiores a 1.0
descarga/km2 /ano no extremo norte do Estado, alcançando valores próximos a
6.0 nas regiões de Belo Horizonte e Uberaba, como apresentado na Figura
2.1.

Dessa forma, muitos pesquisadores buscam a constituição de mapas de


densidade de descargas para regiões cada vez menores e com um volume de
d a d o s m a i o r e s , u t i l i z a n d o s i s t e m a s d e l o c a l i z a ç ã o d e t e m p e s t a de s ( L i g h t n i n g
Location System) e/ou redes de contadores de descargas (Flash Counter).
CAPÍTULO 2 – DESEMPENHO ESTIMADO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 6
FRENTE A DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

Figura-2.1: Mapa de densidade de descargas (descargas/km2/ano)


O b t i d o s c o m c o n t a d o r e s d e d e s c a r g a s ( f o n t e : C E M I G / p e r í o d o 1 9 8 5- 1 9 9 5 )

A a n á l i s e e s t a t í s t i c a d e d a do s d e d e s c a r g a s l e v a n t a d a e m t o d o o m u n d o
demonstra que as variações da corrente de pico (Ip) apresentam uma
d i s t r i b u i ç ã o l o g- n o r m a l [ C H O W D H U R I , 1 9 9 6 ] , e q u a ç ã o ( 2 . 1) :

1  1  ln I − ln I  2 
p( I ) = .exp−    , (2.1)
σ lnI I 2π  2  σ lnI  

o n d e P ( I ) é a f u n ç ã o d e n s i d a d e d e p r o b a b i l i d a d e d a c o r r e n t e d e p i c o, e
I ,σ ln I s ã o o s v a l o r e s m é d i o e o d e s v i o p a d r ã o d o l o g a r i t m o d a c o r r e n t e d e
retorno. Esses valores são referidos à primeira componente da descarga, que
n o r m a l m e n t e a p r e s e n t a v a l o r e s d e p i c o m a i s e l e v a d o s [ C H O W D H U R I, 2005] .
CAPÍTULO 2 – DESEMPENHO ESTIMADO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 7
FRENTE A DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

A função de distribuição acumulada permite calcular a probabilidade da


corrente de pico de uma descarga (I) ser igual ou maior que um determinado
v a l o r io . E s s a f u n ç ã o p o d e s e r c a l c u l a d a a p a r t i r d a e q u a ç ã o s i m p l i f i c a d a
[ANDERSON, 1982],

1
P( I ≥ io ) = (2.2)
2. 6
i 
1 +  o 31
 

Sua forma gráfica é apresentada na Figura-2.2

100

90

80

70
Probabilidade (%)

60

50

40

30

20

10

0
1 16 31 46 61 76 91 106 121 136 151 166 181 196
Intensidade de Corrente (kA)

Figura-2.2: Gráfico de distribuição acumulada de corrente baseado na


fórmula de Anderson [ANDERSON, 1982]

A f o r m a d e o n d a “ t í p i c a ” p a r a u m a d e s c a r g a d e s c e n d e n t e n e g a t iv a ,
[ C I G R E , 1 9 9 1 ] , é m o s t r a d a n a F i g u r a 2 . 3 . N e s t a F i g u r a , T1 0 / 9 0 é o i n t e r v a l o
d e t e m p o n a o n d a e n t r e 1 0 % e 9 0 % d a o n d a d e c o r r e n t e e T3 0 / 9 0 é o i n t e r v a l o
de tempo entre 30% e 90% da onda de corrente. Os valores de corrente se
encontram normalizados.
CAPÍTULO 2 – DESEMPENHO ESTIMADO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 8
FRENTE A DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

Figura-2.3: Forma de onda de descarga “típica” – Parâmetros

2.4 MODELO ELETROGEOMÉTRICO E AS DESCARGAS


DIRETAS E INDIRETAS

Para a definição do sistema de proteção das linhas frente a descargas


a t m o s f é r i c a s , é n e c e s s á r i o c o n h e c e r o n ú m e r o d e d e s c a r g a s q u e po d e r ã o
atingir a linha e a o solo. Para tal, existe o modelo eletrogeométrico
[ W H I T E H E A D , 1968] , [ G O L D E , 1 9 7 7 ] , [ M O U S A , 1 9 9 0 ] o n d e s e e s t a b e l e c e
uma relação entre a intensidade de corrente e a região de alcance da descarga
piloto.

O modelo eletrogeométric o pode ser utilizado para estimar o fator de


b l i n d a g e m d e u m a p o r ç ã o e s p e c íf i c a d e u m a l i n h a d e d i s t r i b u i ç ã o [ I E E E ,
2004] , a s s i m c o m o o n ú m e r o d e d e s c a r g a s d i r e t a s n a l i n h a . O pr i n c i p i o b á s i c o
é que a linha de distribuição ou outro objeto possui um raio de atração, que
aumenta com a altura e depende da intensidade de corrente da descarga. O
g u i a a d o t a a s e q u a ç õ e s d e d i s t â n c i a d e a t r a ç ã o, ( 2 . 3 ) e ( 2 . 4 ) , e o d i a g r a m a d a
figura 2.4 [IEEE, 1990] .
0 ,65
rs = 10 × I 0 (2.3)
0 ,65
rg = 0 ,9 × rs = 9 × I 0 (2.4)
CAPÍTULO 2 – DESEMPENHO ESTIMADO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 9
FRENTE A DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

Onde : rs = distância crítica para o condutor [m] ,


rg = distância critica para o solo [m],
I O = a m p l i t u d e d e c o r r e n t e d a d e s c a r g a [A] .

Figura-2.4: Diagrama Básico do Modelo Eletrogeométrico

A partir da Figura 2.4 e das equações (2.3) e (2.4) determina -se o valor
da distância horizontal da descarga para a linha, representada pela equação
(2.5).
2 2 2
rS = ( r g − h ) + x (2.5)

Onde: x = distância horizontal da descarga para a linha [m],


h = altura do poste

A curva de distância crítica é representada na Figura 2.5, sendo uma


f u n ç ã o d a c o r r e n t e e de u m a a l t u r a d e p o s t e definida , c o n f o r m e a p r e s e n t a d o
na e q u a ç ã o ( 2 . 5 ) . P a r a e s s e e x e m p l o , c o n s i d e r o u - s e o p o s t e c o m a l t u r a d e
10m. A área acima da curva representa a região na qual a descarga pode
atingir a linha ao invés do solo, já a área abaixo da curva representa a
incidência de descarga para o solo [SHORT, 1993].
CAPÍTULO 2 – DESEMPENHO ESTIMADO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 10
FRENTE A DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

110

100
INCIDÊNCIA
Intensidade de corrente [kA]

90
DIRETA DE
80 DESCARGA NO
CONDUTOR
70

60
50

40 DESCARGA
PARA O SOLO
30

20

10

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160
Distância do ponto de incidência [m]

Figura-2.5: Gráfico de Distância Crítica para Determinação do Número de


Descargas Diretas na Linha

Eriksson em sua pesquisa comprovou que e xiste uma relação entre a


altura do poste e a incidência de descargas diretas nas estruturas
[ERIKSSON, 1987a ]. Essa relação permite estimar o número de descargas
diretas na linha por ano para uma linha não blindada e em terreno aberto. A
relação é apresentada na equação (2.6).

N = N G  28 × h + b  / 10 ,
0 ,6
(2.6)
 
Onde : NG = densidade de descargas [número de descargas/km2 /ano] ,
h= a l t u r a d o p o s t e [ m ] ,
b = afastamento dos condutores na cruzeta (largura da estrutura) [m],
N = número de descargas [interrupções/100km/ano].

A formula desenvolvida por Eriksson constitui uma alternativa ao


modelo eletrogeométrico [IEEE, 2004]. Sendo, que para postes até 15m, o
número de descargas diretas definidos pelo modelo eletrogeométr ico são
próximos dos valores calculados pela equação de Eriksson.
CAPÍTULO 2 – DESEMPENHO ESTIMADO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 11
FRENTE A DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

As linhas de distribuição da CEMIG possuem postes com altura


v a r i a n d o d e 9 a 1 3 m [ C E M I G , 1 9 9 7 a ] . A p a r t i r d a e q u a ç ã o ( 2 . 6 ) e dos
valores de altura de postes padronizados pela CEMIG pode -se estimar o
número de descargas diretas nas estruturas. O resultado é mostrado na Figura
2.6.

200
Número de Descargas Diretas (descargas/100km/ano)

175

Poste de 9,0 m
150
Poste de 10,0 m
Poste de 11,0 m
125
Poste de 12,0 m
Poste de 13,0 m
100

75

50

25

0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Valores de NG (descargas/km2/ano)

Figura-2.6: Gráfico – NG × Número de descargas diretas/100km/ano.

P o r o u t r o l a d o , ár v o r e s , e d i f i c a ç õ e s e o b j e t o s p r ó x i m o s à s l i n h a s e a s
alturas rela tivas dos mesmos são fatores determinantes do número de
descargas diretas nas linhas de distribuição. Esses objetos podem interceptar
muitas descargas que poderiam cair diretamente na estrutura. As descargas
interceptadas por objetos próximos passam a influenciar o desempenho das
redes de forma indireta, ou seja, aumentando o efeito das tensões induzidas.

A exposição de uma linha de distribuição ao impacto de descargas


atmosféricas depende de quanto essas se destacam no terreno. Em geral,
estruturas localizadas em áreas limpas ou descampadas serão mais afetadas
por descargas atmosféricas, do que aquelas circundadas por objetos próximos
( á r v o r e s o u e d i f í c i o s ) . O f a t o r d e b l i n d a g e m ( S f) é d e f i n i d o c o m o s e n d o a
p o r ç ã o d a l i n h a p r o t e g i d a p o r o b j e t o s p r ó x i m o s . De s s a f o r m a , o n ú m e r o d e
descargas (NS) que podem atingir a linha a partir de N descargas incidentes é
dado pela equação (2.7).

NS = N × 1 − S f( ) (2.7)
CAPÍTULO 2 – DESEMPENHO ESTIMADO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 12
FRENTE A DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

Um fator de blindagem 0.0 representa uma linha em um terreno plano


s e m b l i n d a g e m p o r o b j e to s p r ó x i m o s , e u m f a t o r 1 . 0 r e p r e s e n t a u m a l i n h a
totalmente blindada de descargas diretas [IEEE, 2004].

Para se determinar o número de descargas para uma linha blindada por


objetos próximos, todos os objetos localizados a uma distância de quatro
v e z e s a altura da linha devem ser considerados no cálculo. Algum objeto,
como árvores ou construções, cuja altura seja igual ou superior à altura da
linha poderá reduzir a incidência de descargas diretas. Na prática, adota -se a
l a r g u r a d e p r o t e ç ã o o u b l i n d a g e m c om o d u a s v e z e s a a l t u r a d o o b j e t o [ I E E E ,
1993a]. A Figura 2.7 apresenta um exemplo do uso da área de blindagem.
Nesta figura um objeto de altura h, a uma distância “x” da linha de altura H,
reduz a área de blindagem da linha de um valor S.

F i g u r a - 2 . 7 : Fa i x a d e b l i n d a g e m – L i n h a p r ó x i m a d e a r b o r i z a ç ã o .
CAPÍTULO 2 – DESEMPENHO ESTIMADO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 13
FRENTE A DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

O nível básico de isolamento (NBI) das redes de distribuição de média


t e n s ã o é r e l a t i v a m e n t e b a i x o ( 9 5 k V – r e d e a n t i g a o u 1 7 0 k V - r e d e nova ) s e
comparado com isolamento das linhas de transmissão. Dessa for ma, para as
descargas diretas é inevitável o desligamento, pois essas descargas em geral
causam sobretensões acima do suportável. Para as descargas laterais, onde os
efeitos são de menor intensidade, pode -se adotar técnicas de forma a reduzir
s i g n i f i c a t i v a me n t e o n ú m e r o d e d e s l i g a m e n t o s da s r e d e s d e d i s t r i b u i ç ã o .

As sobretensões induzidas possuem o valor máximo em torno de 300kV


[ERIKSSON, 1987b]. Dessa forma, as tensões induzidas passam a ser um
p a r â m e t r o i m p o r t a n t e n o d e s e m p e n h o d a s l i n h a s d e d i s t r i b u i ç ã o. O c o n d u t o r
n e u t r o m u l t i- a t e r r a d o p o d e r e d u z i r a s o b r e t e n s ã o n o i s o l a d o r p o r u m f a t o r q u e
depende do valor do aterramento e da proximidade do condutor aterrado para
o c o n d u t o r f a s e . S e g u n d o o g u i a e s s e v a l o r v a r i a d e 0. 6 a 0. 9 [ I E E E , 2 0 0 4 ] .

O cálculo da tensão induzida [RUSCK, 1957] permite obter a máxima


t e n s ã o i n d u z i d a ( V M A X) , e m u m c o n d u t o r i n f i n i t o s e m d e s c o n t i n u i d a d e s ,
p r o v o c a d a p o r u m a d e s c a r g a p r ó x i m a d a l i n h a ( e q u a ç ã o 2 . 8) :

 
 

ZoI oh  1 ν 1 
VMax = 1+ 
y  2 νo , ( 2 . 8)
1 ν  
2

 1− ×  
 2 νo  

onde
I 0 = C o r r e n t e de p i c o d e d e s c a r g a ,
h = Altura media da linha em relação ao solo,
y = Distância entre o ponto de incidência da descarga e a linha,
ν = Velocidade de propagação da onda de descarga,
νo = Velocidade da luz,
Zo = Impedância característica.

A e q u a ç ã o ( 2 . 8) é b a s t a n t e u t i l i z a d a p e l a c o m u n i d a d e c i e n t i f i c a , t e n d o
sido testada , avaliada e estudada por diversos pesquisadores [LOPES,
1990] ,[ B O A V E N T U R A , 1 9 9 0 ] , [ S T A R L I N G , 1 9 9 2 ] , [ P A U L I N O e t . a l , 1 9 9 3 ] e
[ S I L V A , 2001] . O s e u d e s e n v o l v i m e n t o m a t e m á t i c o b a s e a d o n a s e q u a ç õ e s d e
Maxwell pode ser demonstrado com resultados experimentais. Dessa forma, o
modelo proposto por RUSCK mostra-se adequado para o cálculo das tensões
induzidas por descargas laterais.
CAPÍTULO 2 – DESEMPENHO ESTIMADO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 14
FRENTE A DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

Para estimar a freqüência de desligamentos por descargas indiretas o


guia do IEEE utiliza o método definido no IEEE Working Group Report
[IEEE, 1990], baseado no modelo de Rusck e no trabalho estatístico de
C h o w dhu r i [ C H O W D H U R I , 1 9 8 9 ] . P a r a t a l , é u t i l i z a d o d i a g r a m a do m o d e l o
eletrogeométrico apresentado na Figura 2.8.

A mínima distância (Ymin), para o qual a descarga não desvia da linha


é calculada pela equação (2.9).

2 2
YMIN = rS − ( rG − h ) (2.9)

A máxima distância (Ymax) para cada corrente de pico de cada descarga


é c a l c u l a d a r e s o l v e n d o a e q u a ç ã o ( 2 . 8 ) p a r a Y , s e n d o Io o m e n o r l i m i t e d e
c o r r e n t e e f a z e n d o VM a x= 1 . 5 × C F O , s e n d o o f a t o r 1 . 5 o b t i d o a t r a v é s d a c u r v a
V × t do i s o l a m e n t o . P a r a v a l o r e s d e t e n s ã o i n d u z i d a ≥ 1 . 5 × C F O , e n t r e o s
v a l o r e s d e YM I N e Y M A X , a l i n h a p o d e r á s e r d e s l i g a d a p o r t e n s ã o i n d u z i d a , j á
p a r a v a l o r e s de t e n s ã o i n d u z i d a < 1 . 5 × C F O a l i n h a n ã o s o f r e r á p e r t u r b a ç ã o .

F i g u r a - 2. 8 : U s o d o m o d e l o e l e t r o g e o m é t r i c o e d o m o d e l o d e R u s c k p a r a
determinação do número de desligamentos por tensões induzidas e descarga
direta
CAPÍTULO 2 – DESEMPENHO ESTIMADO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 15
FRENTE A DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

2.5 C ÁLCULO DO DESEMPENHO ESTIMADO -


PROCEDIME N T O
O guia do IEEE [IEEE, 2004], identifica as principais causas que
influenciam no desempenho da s redes de distribuição frente a descargas
atmosféricas, e propõe opções para a redução do número de interrupções.

O procedimento de cálculo do desempenho e s timado utilizado neste


trabalho pode ser dividido nas seguintes etapas:

1 ª . C á l c u l o d a s D e s c a r g a s D i r e t a s (Fd) : para essa etapa é realizado o cálculo


d o n ú m e r o d e d e s c a r g a s d i r e t a s n a e s t r u t u r a ( F d ) a t r a v é s d a e q u a ç ã o ( 2 . 6 ) . No
c á l c u l o d a s d e s c a r g a s d i r e ta s f o r a m c o n s i d e r a d o s d o i s v a l o r e s e x t r e m o s de
fator de blindagem: 0,01 representando uma linha sem blindagem e 0,99
representando uma linha totalmente blindada. Para efeito de cálculo foi
considerada a variação 0.05 para o fator de blindagem. A definição desses
dois fatores de blindagem, valores extremos, tem por objetivo avaliar o grau
de blindagem médio do alimentador em estudo, de acordo com o guia.

2ª. Cálculo das Descargas Indiretas (Fi ): para o c á lculo do número de


descargas indiretas considerar a seguinte seqüência do processo de cálculo :
− Cálculo da distribuição de probabilidade acumulada da corrente de pico
através da equação (2.2);
− C á l c u l o d a d i s t â n c i a m á x i m a ( Y M A X) r e a l i z a d a a t r a v é s d a e q u a ç ã o ( 2 . 8 ) ,
p a r a c a d a v a l o r d e c o r r e n t e d e p i c o ( I o ) p a ra a q u a l a d e s c a r g a p o d e
produzir uma disrupção na linha;
− Cálculo da distância mínima (YMIN) para a qual a descarga não irá
desviar da linha . Cálculo realizado através da equação (2.9).
− Cálculo do número de desligamentos por 100km de linha por ano. Este
c á lc u l o d e v e s e r r e a l i z a d o c o n s i d e r a n d o a s o m a t ó r i a d a s c o n t r i b u i ç õ e s p a r a
t o d o s o s i n t e r v a l o s c o n s i d e r a d o s , e e x p r e s s o s p e l a e q u a ç ã o ( 2 . 10) .

200
∑ ( yimax − yimin )× NG × Pi × 10
−3
Fi = 2 × (2.10)
i =1

O nde:
yim a x = máxima distância para o qual a descarga não provoca tensão
i n du z i d a ;
yimin = mínima distância crítica;
NG = densidade de descargas;
P i = distribuição de probabilidade acumulada para corrente I.
Fi = número de desligamentos/100km/ano
CAPÍTULO 2 – DESEMPENHO ESTIMADO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 16
FRENTE A DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

3ª. Cálculo do Número Total de Desligamentos (Ft ): para o cálculo do número


total de desligamentos, foi considerada a contribuição das descargas diretas e
indiretas (equação 2.11), conforme exemplo de aplicação apresentado no
Anexo A do guia [IEEE, 2004].

Ft = Fd + 4 × Fi (2.11)
Onde:
Ft = número total de desligamentos [desligamentos/100km/ano];
Fi = número de desligamentos por descarga indireta;
Fd = número de desligamentos por descargas diretas.

A p a r t i r d a m e t o d o l o g i a d e s c r i t a n o g u i a d o I E E E S t a n d a r d 1 4 1 0, pode -
se determinar o número de desligamentos para um circuit o aberto aterrado
(sem blindagem) e para um circuito blindado por árvores e/ou edificações.
Segundo o guia , o método descrito constitui uma forma simplificada para
determinação do número de desligamentos para uma linha de distribuição
provocada por uma descarga próxima [IEEE, 2004] .

2.6 ESTADO DA ARTE

Desde os anos 1930, as pesquisas sobre descargas atmosféricas têm sido


motivadas pela necessidade de redução de seus efeitos no sistema elétrico.
Diversos pesquisadores têm publicado trabalhos, cujo tema principal é o
desempenho de linhas frente a descargas atmosféricas.

E m 1 9 5 0 , o A I E E C o m m i t t e e p u b l i c a u m t r a b a l h o p r o p o n d o uma
me t o d o logia p a r a o c á l c u l o d o d e s e m p e n h o f r e n t e a d e s c a r g a s a t m o s f é r i c a s
para linhas de transmissão até 230kV [AIEE, 1950].

Em 1954, Golde realiza uma investigação das sobretensões provocadas


por descargas atmosféricas em linhas de distribuição [GOLDE, 1954]. Neste
trabalho , são analisados diversos aspectos das sobretensões em linhas de
distribuição, entre os quais o mecanismo de formação da descarga
atmosférica, o cálculo do raio de atração para os diversos tipos de linha,
cálculo das amplitudes dos surtos indiretos, e a determinação da freqüência
de ocorrência dos surtos de descargas direta e indireta.

E m 1 9 5 7 , S . R u s c k e s t a b e l e c e um m o d e l o d e c á l c u l o d e t e n s õ e s
induzidas para linhas, baseado nas equações de Maxwell permitindo calcular a
máxima tensão induzida em uma linha de distribuição provocada por uma
descarga incidindo nas suas proximidades [RUSCK, 1957].
CAPÍTULO 2 – DESEMPENHO ESTIMADO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 17
FRENTE A DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

E m 1 9 8 2 , o E l e c t r i c Po w e r R e s e a r c h I n s t i t u t e ( E P R I ) a p r e s e n t a a 2 ª .
Edição do “Transmission Line Reference Book”, onde o capítulo 12 é dedicado
ao cálculo do desempenho das linhas de transmissão frente às descargas
atmosféricas [ANDERSON, 1982].

E m 1 9 8 4, J . O . S . P a u l i n o e C . A . L . B r a n d ã o p u b l i c a m u m t r a b a l h o d e
melhoria de desempenho de redes de distribuição. Esse trabalho apresenta um
estudo de sobretensões devido a descargas atmosféricas, sendo calculado o
desempenho das Redes de Distribuição, propondo alternativas para melhorar o
d e s e m p e n h o d a s r e d e s . T a m b é m , s ã o a p r e s e n t a d o s o s en s a i o s r e a l i z a d o s e m
estruturas com cruzetas de 2400mm (padrão CEMIG) , em postes de madeira e
concreto, determinando-se o NBI das mesmas e os pontos fracos de cada uma
delas [PAULINO, 1984].

Em 1987, Eriksson e Anderson publicam um estudo detalhado da


i n c i d ê n c i a d e d e s c a r g a s n o s i s t e m a e l é t r i c o [ E R I K S S O N , 1987a ] . E s s e
trabalho apresenta a relação entre o número de trovoadas por ano e a
d e n s i d a d e d e d e s c a r g a s . N o m e s m o a n o , a p r e s e n t a realiz a u m e s t u d o pr o p o n d o
mudanças a o modelo eletrogeométrico até então utilizado [ERIKSSON,
1987 b] .

E m 1 9 8 9 , C h o w d h u r i p u b l i c a um t r a b a l h o p r o p o n d o u m m é t o d o p a r a o
cálculo do número de interrupções causadas por descargas próximas ao solo
[CHOWDHURI, 1989].

Em 1990, Mousa e Srivastava publicam um trabalho propondo um modelo


de cálculo de incidência de descargas em linhas de energia. Esse trabalho
a p r e s e n t a u m a n o v a p r o p o s t a d e m o d e l o e l e t r og e o m é t r i c o [ M O U S A e
SRIVASTAVA, 1990].

E m 1 9 9 0 , s ã o r e a l i z a d a s t r ê s di s s e r t a ç õ e s d e m e s t r a d o n a U F M G , t e n d o
como principal assunto cálculo de tensões induzidas em linhas [LOPES,
1990], [BOAVENTURA, 1990], e [FONSECA, 1990]. Lopes realizou a
i m p l e m e n t a ç ã o d a t e o r i a d e R u s c k p a r a u m a l i n h a f i n i t a e m u l t i– a t e r r a d a ,
t e n d o d e s e nv o l v i d o u m a m e t o d o l o g i a d e c á l c u l o b a s e a d a n a s u b s t i t u i ç ã o d a s
descontinuidades por fontes de correntes equivalentes, fazendo com que os
seus efeitos fossem simulados em um programa de cálculo de transitórios .
Boaventura realizou a investigação do fenômeno da tensão induzida
utilizando técnicas de modelo reduzido em escala 1:200. Finalmente, Fonseca
r e a l i z ou o c á l c u l o d a s t e n s õ e s i n d u z i d a s numa l i n h a u n i f i l a r i n f i n i t a c o m
solo de resistividade nula, utilizando os modelos de Rusck e Uman, e
c o m p a r a ndo o s r e s u l t a d o s d a s simula ç õ e s c o m o s v a l o r e s d e m e d i ç ã o .
CAPÍTULO 2 – DESEMPENHO ESTIMADO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 18
FRENTE A DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

Em 1991, A CEMIG publica o Estudo de Distribuição (ED-2.21) com a


definição dos novos padrões de estruturas com nível básico de isolamento
elevado [CEMIG, 1991].

E m 1 9 9 1 , o G r u p o d e T r a b a l h o d o C o mm it t e e 3 3 d o I E E E p u b l i c a o g u i a
para o cálculo de desempenho de linhas de transmissão. Este trabalho
c o n s t i t u i u m d o s d o c u m e n t o s m a i s c o m p l e t o s , a p r e s e n t a ndo a l g u n s d a d o s d e
medição de descargas, avaliação dos valores de densidade de descarga,
p a r â m e t r o s d e de s c a r g a s a t m o s f é r i c a s ( f o r m a d e o n d a , t e m p o d e c r i s t a ,
análise estatística da forma de onda, entre e outros), incidência de descarga e
blindagem da linha, representação de modelos e estudo do fenômeno
“ b a c k f l a s ho v e r ” e m l i n h a s d e t r a n s m i s s ã o [ C I G R E , 1 9 9 1 ] .

Em 1992, R. P. Starling realiza a dissertação de mestrado na UFMG,


c o m a a b o r d a g e m na t e o r i a d e R u s c k e a a p l i c a ç ã o d e m o d e l o s p r o b a b i l í s t i c o s
p a r a o c á l c u l o d e t e n s õ e s i n d u z i d a s . N e s s e t r a b a l h o , é r e a l i z a da a a p l i c a ç ã o
do método de Monte Carlo para os da dos de parâmetros de descarga e a sua
implementação no algoritmo de cálculo de tensões induzidas em uma linha
f i n i t a , d e s e n v o l v i d o p o r L o p e s [ L O P E S , 1 9 9 0 ] . S ã o r e a l i z a d a s s i m u l a ç õ e s do
c o m p o r t a m e n t o d e u m a l i n h a r e a l e c o m p a r a d o s o s r e s u l t a d o s de m e d i ç õ e s
realizadas nesta linha ao longo de dois anos [STARLING, 1992] .

Em 1993, o Comite de Transmissão e Distribuição do IEEE publica um


relatório cujo tema é o calculo do desempenho de linhas de distribuição
frente a descargas atmosféricas. Este foi o primeiro trabalho de cálculo de
desempenho de linhas, publicado pelo IEEE, cuja abordagem foi para linhas
de distribuição [IEEE, 1993a].

Em 1993, é publicado um adendo ao relatório do Grupo de Trabalho do


C o m it t e e 3 3 , p u b l i c a d o e m 1 9 9 1 . N e s t e t r a b a l h o s ã o a b o r d a d o s a i n c i d ê n c i a
d e d e s c a r g a s d i r e t a s e m l i n h a s , da i n f l u ê n c i a d o f a t o r d e b l i n d a g e m , o s
p r i n c i p a i s d o s p a r â m e t r o s da s d e s c a r g a s , o s e f e i t o s d a s d e s c a r g a s p r ó x i m a s à s
linhas e no final é apresentado o procedimento de cálculo de desempenho
[IEEE, 1993b].

Em 1997, o IEEE public a um guia de cálculo de desempenho de linhas de


d i s t r i b u i ç ã o f r e n t e a d e s c a r g a s a t m o s f é r i c as . E s t e t r a b a l h o ab o r d a , d e f o r m a
ampla , o s p r i n c i p a i s p a r â m e t r o s q u e i n f l u e n c i a m o d e s e m p e n h o d e l i n h a s d e
distribuição [IEEE, 1997a ]. No mesmo ano o IEEE publica o Standard 1243.
O guia apresenta o cálculo de desempenho de linhas de transmissão frente a
descargas atmosféricas. São discutidos os efeitos do tipo de isolamento,
blindagem, aterramento e do tipo de estrutura no desempenho das linha s de
CAPÍTULO 2 – DESEMPENHO ESTIMADO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 19
FRENTE A DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

transmissão. Finalmente, é apresentada a aplicação do programa FLASH


[IEEE, 1997b].

E m 2 0 0 0 , M e l i o u p o u l o s e K e n n e d y , p u b l i c a m um t r a b a l h o o n d e é
r e a l i z a d o o e s t u d o d e de s e m p e n h o p a r a l i n h a s d e d i s t r i b u i ç ã o c o n s i d e r a n d o a
a p l i c a ç ã o do M é t o d o d e M o n t e C a r l o [ M E L I O U P O U L O S e K E N N E D Y , 2 0 0 0 ] .

Em 2001, J.P. Silva realiza a defesa da tese de Doutorado na UFMG,


abordando a implementação do cálculo das tensões induzidas no EMTP. É
desenvolvida uma metodologia RUSCK-EMTP para o cálculo de tensões
induzidas, e implementada em uma linha com dois condutores verticais,
variando os diversos parâmetros de descargas e observando a influência nos
resultados obtidos. Os resultados são comparados com os do modelo em
e s c a l a r e d u z i d a d o C R I E P I e c o m a s m e d i ç õ e s r e a l i z a d a s nu m a l i n h a
experimental do projeto desenvolvido pelo EPRI [SILVA,2001].

E m 2 0 0 1 , N u c c i e P a o l o n e p u b l i c a m um t r a b a l h o c o m p a r a t i v o d e c á l c u l o
de tensões induzidas, considerando o modelo de Rusck e o modelo
desenvolvido pelos autores, utiliza ndo o programa LIOV, desenvolvido pela
Universidade de Bologna -Itália, para o cálculo das tensões induzidas [NUCCI
e PAOLONE, 2001]. Adicionalmente, em 2003 , os autores, publicam outro
trabalho onde realizam a comparação dos modelos de cálculo de tensões
induzidas, tendo como base o procedimento definido pelo IEEE Standard 1410
[NUCCI e PAOLONE, 2003]

Em 2003, Savic propõe um método estatístico para o cálculo do número


de falhas de isolamento em sistemas de distribuição devido a descargas
d i r e t a s o u d e s c a r g a s l a t e r a i s na e s t r u t u r a [ S A V I C , 2 0 0 3 ] .

E m 2 0 0 4 , é p u b l i c a d a a r e v i s ã o d o I E E E S t a n d a r d 1 4 1 0 , a p r e s e n t a ndo
opções para a redução do número de desligamentos por descargas
atmosféricas em linhas de distribuição. O texto aborda aspectos do
desempenho de linhas considerando os parâmetros de descarga s , descargas
diretas e indiretas, nível de isolamento das linhas, proteção das linhas com
c a b o p á r a -r a i o s , e u s o d e p á r a- r a i o s [ I E E E , 2 0 0 4 ] . O g u i a s i n t e t i z a t o d a a
metodologia de cálculo de desempenho de linhas de distribuição, sendo
detalhado alguns itens utilizados neste trabalho para o cálculo de desempenho
estimado de linhas de distribuição frente a descargas atmosféricas.
CAPÍTULO 3 – DESEMPENHO REAL DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 20
FRENTE A DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

3. DESEMPENHO REAL DE REDES DE


DISTRIBUIÇÃO FRENTE A DESCARGAS
ATMOSFÉRICAS

3.1 INTRODUÇÃO

E s s e c a p í t u l o a p r e s e n t a a m e t o d o l o g i a d e s e n v o l v i d a p a r a o e s t u d o do
desempenho real de redes de distribuição frente a descargas atmosféricas,
utilizando dados da operação do sistema, topologia da rede e de incidência de
descarga s atmosféricas.

3.2 DADOS DE DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

A C E M I G e m c o n j u n t o c o m o S I M E P A R , F U R N A S e I N P E, c o n s t i t u i u
uma Rede Integrada Nacional de Detecção de Descargas Atmosféricas
( R I N D A T ) , c o n f o r m e a p r e s e n t a d o n a F i g u r a 3- 1 . A i n t e r l i g a ç ã o d o s s i s t e m a s
permitiu um melhor índice de detecção, maior precisão na localização e uma
ampliação da área de cobertura do sistema, passando a abranger as regiões
s u l , s u d e s t e e c e n t r o- o e s t e d o B r a s i l .

Figura-3.1: Localização dos sensores da rede RINDAT


CAPÍTULO 3 – DESEMPENHO REAL DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 21
FRENTE A DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

Dois tipos básicos de sensores são utilizados pela rede RINDAT: LPATS
e IMPACT. Enquanto os sensores LPATS registram somente a componente
elétrica da radiação produzida pelas descargas, os sensores IMPACT
registram tanto a componente elétrica como magnética. Além disso, os
sensores apresentam diferenças na forma de processamento para determinar a
localização e demais características das descargas. Após o registro dos sinais
de descarga pelos sensores, esses são enviados às centrais de processamento
p a r a o b t e r - s e a l o c a l i z a ç ã o e c a r a c t e r í s t i c a s d a s d e s c a r g a s . [ D I A S , 2 0 0 2]

A p r e c i s ã o d a s i n f o r m a ç õ e s d e l o c a l i z a ç ã o da s d e s c a r g a s a t m o s f é r i c a s do
sistema é, em média, de 500 metros dentro do perímetro definido pela posição
das estações remotas de recepção. O SLT opera através do sistema de
p o s i c i o n a me n t o g l o b a l ( G P S ) , o q u a l p r o p o r c i o n a i n f o r m a ç õ e s d e
t e m p o r i z a ç ã o d e r a i o s c o m r e s o l u ç õ e s d e a t é 3 0 0 n a n o s e g u n d o s [ D I A S , 2 0 0 2] .

Entre os principais parâmetros de descargas fornecidos pelo SLT


d e s t a c a m- s e o p o n t o d e l o c a l i z a ç ã o d a d e s c a r g a , o i n s t a n t e d e o c o r r ê n c i a d o
evento(ano/mês/dia e hora/minuto/segundo/milésimo) , a amplitude da corrente
de retorno, valores de tempo de frente e cauda, di/dt, multiplicidade da
descarga, e a largura do pulso da forma de onda eletromagnética irradiada
pelo fenôme no.

Para extração dos dados da s descarga s do SLT, foi considerada a


condição padrão de operação do sistema. O ponto de incidência da descarga é
determinado pela central de processamento do SLT utilizando uma técnica
d e n o m i n a d a i n t e r s e ç õ e s c i r c u l a r e s [ D I A S, 2002] . A l o c a l i z a ç ã o d o p o n t o d e
incidência da descarga é expressa em coordenadas geográficas (Latitude e
Longitude), convertidas nesse trabalho para coordenadas UTM (Universa
Transversa Mercator), expresso em coordenadas Norte (N) e Leste (E). Essa
conversão é necessária, pois os dados do Sistema de Gerência de Redes da
C E M I G , e s t ã o g e o- r e f e r e n c i a d o s n a b a s e c a r t o g r á f i c a e m U T M [ C E M I G ,
2002] , [ C E M I G , 2 0 0 4 ] .

O formato da base de dados de descarga, utilizados nesse estudo, é


apresentado na Tabela 3.1.
T abela - 3 . 1 : F o r m a t o d a b a s e d e d a d o s d e d e s c a r g a

Coord_N Coord_E Corrente T_frente T_cauda di_dt Ano Mês Dia Hora Minuto Segundo Milésimo
657293,22 7674177,00 -13 3 51 0 2003 1 2 20 12 10 357404900
653908,45 7674596,23 7 1 51 0 2003 1 2 21 24 45 194975100
653013,33 7673342,41 16 2 51 0 2003 1 4 4 5 8 49623600
657060,49 7671555,31 -10 3 51 0 2003 1 13 18 13 31 897396700
CAPÍTULO 3 – DESEMPENHO REAL DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 22
FRENTE A DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

3.3 DADOS DA OPERAÇÃO DO SISTEMA

O levantamento de dados da operação é realizado através do Sistema de


C o n t r o l e d e I n t e r r u p ç õ e s d a C E M I G (C O N I N T ) [ C E M I G , 1 9 9 7 b ] . O S i s t e m a
CONINT é um programa de registro e controle das interrupções da
Distribuição. A cada evento de interrupção, as informações da ocorrência são
a r m a z e n a d a s. O s p r ó p r i o s e l e t r i c i s t a s r e g i o n a i s d a s á r e a s d e o p e r a ç ã o e
manutenção são responsáveis pelo registro das informações utilizando um
POP (Procedimento Operacional Padrão) específico para execução da tarefa.
A p ó s a e n t r a d a m a n u a l d e d a d o s , f a z- s e a a n á l i s e d e c o n s i s t ê n c i a d o s d a d o s
emitindo relatórios específicos.

A s i n f o r ma ç õ e s d e i n t e r r u p ç õ e s u t i l i z a d a s n o d e s e n v o l v i m e n t o d e s s e
trabalho foram extraídas de relatórios do CONINT. Depois de extraídos, os
d a d o s f o r a m c l a s s i f i c a d o s s e g u n d o os g r u p os d e c a u s a s d e o c o r r ê n c i a s :

− GRUPO 1 : DETALHAMENTO DAS CAUSAS – Essa tabela possui 8 (oito)


grupos de causas de interrupções. Cada grupo possui um conjunto de
eventos, que pode ser apontado como origem da causa da interrupção.

Os grupos de causas de interrupções são classificados em: (1) Causas


e x t e r n a s a d i s t r i b u i ç ã o , ( 2 ) P r o g r a m a d a , ( 3 ) F e n ô m e n o s N a t u r a i s , (4)
Meio A mbiente , (5) Falha Humana (Turma própria), (6) Falha Humana
(Turma empreiteira), (7) Falhas em Equipamentos e (8) Outras Causas.

− GRUPO 2 : EQUIPAMENTO – Essa tabela informa qual equipamento


operou ou falhou e a causa da falha/operação. Os principais
equipamentos cadastrados são: regulador de tensão, autotransformador,
chave fusível repetidora, chave a óleo, chave fusível, transformador,
rele de proteção, banco de capacitores, cobertura protetora,
transformador autoprotegid o, disjuntor, religador, seccionalizador, trafo
de aterramento, transformador convencional. O objetivo dessa tabela é
classificar os equipamentos por causa de falha.

− GRUPO 3 : CONDIÇÃO ATMOSFÉRICA – Essa tabela informa a condição


a t m o s f é r i c a , q u a n d o d a o c or r ê n c i a d a i n t e r r u p ç ã o . S ã o a s s e g u i n t e s
condições atmosféricas classificadas: tempo limpo, tempo encoberto,
chuva, tempestade, ventania, indefinido.
CAPÍTULO 3 – DESEMPENHO REAL DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 23
FRENTE A DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

− G R U P O 4: T I P O D E R E D E – E s s a t a b e l a i n f o r m a q u a l o t i p o d e r e d e
o n d e o c o r r e u i n t e r r u p ç ã o . A s r e d e s de d i s t r i b u i ç ã o s ã o c l a s s i f i c a d a s e m
rede convencional urbana, rede convencional rural, rede protegida
urbana, rede protegida rural, rede isolada urbana, rede isolada rural e
subterrânea.

− G R U P O 5: T I P O D E T R E C H O – E s s a t a b e l a i n f o r m a e m q u a l t r e c h o d a
l i n ha o c o r r e u a i n t e r r u p ç ã o . O s t r e c h o s s ã o c l a s s i f i c a d o s e m t r o n c o ,
derivação e rede secundária.

A análise dos dados foi realizada através da aplicação de filtros de


informação nos relatórios do CONINT, sendo extraídas as informações de
c a d a a l i m e n t a d o r c o n s i d e r a n d o so m e n t e o s f e n ô m e n o s n a t u r a i s d o G R U P O 1 ;
religador automático, seccionalizador e chave fusível repetidora no GRUPO
2; chuva, tempestade e ventania no GRUPO 3, rede convencional no GRUPO 4
e a interrupção no trecho tronco ou em ramais no GRUPO 5.

O formato da base de dados do Sistema CONINT é apresentado na Tabela


3.2.
T a b e l a - 3. 2 : F o r m a t o d a b a s e d e d a d o s d e i n t e r r u p ç õ e s
Nº Doc. Tipo Nº da Inicio Final Duração Grupo/ Causa RA Equip. Operado CA. TT. TR. SE/Alimentador Transformador
41073 I 290589 01/01/2001 00:00:00 01/01/2001 00:00:00 0,00 8/ 7 3 22 926810 6 4 2 RCA / 10
41074 I 290589 01/01/2001 00:00:00 01/01/2001 00:00:00 0,00 8/ 7 3 22 926810 6 4 2 RCA / 10
41076 I 290589 01/01/2001 00:00:00 01/01/2001 00:00:00 0,00 8/ 7 3 22 926810 6 4 2 RCA / 10
41075 I 290589 01/01/2001 00:00:00 01/01/2001 00:00:00 0,00 8/ 7 3 22 926810 6 4 2 RCA / 10
3535574 I 254490 02/01/2001 16:22:00 02/01/2001 17:17:00 55,00 3/ 2 7 3 6 2 RCA / 10 7-21831-1-10
3550130 I 254576 03/01/2001 16:17:00 03/01/2001 17:43:00 86,00 3/ 2 7 3 6 2 RCA / 10 7-10579-1-10
3554920 I 280859 04/01/2001 05:42:00 04/01/2001 09:43:00 241,00 3/ 2 24 77777 3 5 2 RCA / 10
3560004 I 281236 04/01/2001 12:42:00 04/01/2001 15:53:00 191,00 3/ 2 24 77777 3 5 2 RCA / 10
3561995 I 257561 04/01/2001 14:23:00 05/01/2001 18:29:00 1.686,00 3/ 2 7 3 6 2 RCA / 10 7-77210-1-10
3575155 I 281362 04/01/2001 19:24:00 05/01/2001 16:42:00 1.278,00 3/ 2 24 99999 3 5 2 RCA / 10
3583846 I 257981 06/01/2001 11:57:00 06/01/2001 12:41:00 44,00 4/ 3 7 1 6 1 RCA / 10 9-27247-1-25
3584438 I 257997 06/01/2001 14:16:00 06/01/2001 15:37:00 81,00 3/ 2 7 2 6 2 RCA / 10 7-94465-1-5
3584916 I 258007 06/01/2001 16:40:00 06/01/2001 18:48:00 128,00 3/ 2 7 2 6 2 RCA / 10 7-11498-1-15
3614887 I 258140 09/01/2001 09:07:00 09/01/2001 10:27:00 80,00 8/ 9 7 2 6 2 RCA / 10 7-23543-1-5
3621967 I 258173 09/01/2001 15:16:00 09/01/2001 16:01:00 45,00 8/ 9 7 2 6 2 RCA / 10 7-14302-1-15
3628304 I 285648 10/01/2001 07:13:00 10/01/2001 09:25:00 132,00 3/ 2 24 99999 2 5 2 RCA / 10
3649074 I 285938 11/01/2001 13:36:00 11/01/2001 13:59:00 23,00 3/ 2 24 74371 3 5 2 RCA / 10
3659169 I 286026 12/01/2001 09:43:00 12/01/2001 11:50:00 127,00 8/ 9 24 77780 2 5 2 RCA / 10
3672957 I 286414 13/01/2001 09:17:00 13/01/2001 14:25:00 308,00 3/ 2 24 77908 2 5 2 RCA / 10

Após a classificação dos registros, conforme os filtros de informação


e s p e c i f i c a d o s , t o d o s o s e v e n t o s f o r a m o r g a n i z a d o s e m o r d e m c r o n o l ó g i c a de
tempo de acordo com a ocorrência do evento.
CAPÍTULO 3 – DESEMPENHO REAL DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 24
FRENTE A DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

3.4 DADOS DE TOPOLOGIA DOS ALIMENTADORES

O Projeto GEMINI é o desenvolvimento de um sistema de apoio às


a t i v i d a d e s e n v o l v i d a s n a G e r ê n c i a do S i s t e m a E l é t r i c o d e D i s t r i b u i ç ã o. O
s i s t e m a é c o m p o s t o p o r u m b a n c o d e d a d o s g e o g r á f i c os , f u n ç ã o d e
processamento gráfico e de imagens, componentes de entrada e saída de dados
e interface gráfica homem/máquina. As informações da rede de distribuição e
d e m a p e a m e n t o s ã o c a d a s t r a d a s d e f o r m a r e f e r e n c i a d a a o S i s t e m a de
Coordenadas UTM. Dos dois módulos principais do projeto GEMINI, o
CARTOR é aquele responsável pela produção e obtenção e atualização de
mapeamento em meio digital. A gerência da rede de distribuição fica a cargo
d o m ó d u l o P R O L U X. O P R O L U X i n t e g r a e m u m ú n i c o b a n c o d e d a d o s a s
Redes de Distribuição Primária e Secundária, informações de clientes,
informações de equipamentos de proteção, entre outras e disponibiliza
ferramentas para subsidiar as atividades do processo de Distribuição de
e n e r g i a e l é t r i c a [ C E M I G, 2002] , [ C E M I G , 2 0 0 4 ] .

Todos os equipamentos, postes, estruturas, proteção, ramais,


c o n s u m i d o r e s e v ã o s d o s i s t e m a e l é t r i c o s ã o c a d a s t r a d o s e g e o- r e f e r e n c i a d o s .
Dessa forma, é possível localizar e extrair a topologia dos alimentadores,
c o m t r o n c o , r a m a i s , v ã o s , e e q u i p a m e n t o s d e p r o t e ç ã o, s e n d o p o s s í v e l o b t e r a
lo c a l i z a ç ã o d a s d e s c a r g a s a t m o s f é r i c a s e m r e l a ç ã o a o a l i m e n t a d o r ,
identificando, por exemplo, em que trecho do alimentador ocorreu o maior
n ú m e r o d e d e s c a r g a s ; a lo c a l i z a ç ã o d o s e q u i p a m e n t o s d e pr o t e ç ã o d o
a l i m e n t a d o r , e a id e n t i f i c a ç ã o d a á r e a d e d e n s i d a d e d e d e s c a r g a e x p r e s s o no
mapa isoceraúnico.

Para a localização e representação geográfica do alimentador (tronco e


r a m a i s ) , f o i u t i l i z a d o o p r o g r a m a d e m a p e a m e n t o g e o- r e f e r e n c i a d o s
MAPINFO. O MAPINFO permite a representação de dados geográficos e
tabelas no mesmo ambiente.

Para a definição da topologia do alimentador, foram utilizados os dados


extraídos dos relatórios do Sistema de Gerência de Redes da CEMIG,
G E M I N I - P R O L U X. D e s s e s r e l a t ó r i o s s ã o r e t i r a d o s t o d o s o s p o n t o s d o
a l i m e n t a d o r ( t r o n c o e r a m a i s ) g e o- r e f e r e n c i a d o s , a s c o o r d e n a d a s d o s p o n t o s
fonte e carga, tamanho do vão (distâ ncia calculada), bitola, tipo e seção do
cabo condutor no vão. A tabela 3.3 apresenta o formato da base de dados dos
alimentadores utilizado no desenvolvimento deste trabalho.
CAPÍTULO 3 – DESEMPENHO REAL DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 25
FRENTE A DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

Tabela - 3.3: Formato da base de dados dos alimentadores

Tipo de Condutor Bitola Condutor N-Fonte E-Fonte N-Carga E-Carga Dist.Calc.


Alumfnio-CA 336,4 MCM - 622703 7714676 622775 7714681 72,17
Alumfnio-CA 336,4 MCM - 622775 7714681 622740 7714370 312,96
Alumfnio-CAA 336,4 MCM - 622740 7714370 622857 7714315 129,28
Alumfnio-CAA 336,4 MCM - 622857 7714315 623737 7713911 968,31
Alumfnio-CA 336,4 MCM - 623737 7713911 623824 7713860 100,85
Alumfnio-CA 1/0 AWG - 53,43 623824 7713860 624035 7713670 283,94
Alumfnio-CAA 1/0 AWG - 53,43 624035 7713670 624106 7713608 94,26
Alumfnio-CAA 1/0 AWG - 53,43 624106 7713608 624129 7713588 30,48
Alumfnio-CAA 1/0 AWG - 53,43 624106 7713608 624173 7713684 101,32
Alumfnio-CAA 1/0 AWG - 53,43 624106 7713608 624090 7713591 23,35
Alumfnio-CA 4 AWG - 21,15 mm2 624090 7713591 624042 7713515 89,89
Alumfnio-CA 2 AWG - 33,63 mm2 624042 7713515 623914 7713273 273,77
Alumfnio-CAA 1/0 AWG - 53,43 624129 7713588 625150 7715401 2080,72
Alumfnio-CAA 4 AWG - 21,15 mm2 625150 7712790 624550 7712660 613,92
Alumfnio-CAA 4 AWG - 21,15 mm2 625150 7712790 625210 7712375 419,31

As informações dos equipamentos instalados ao longo do alimentador


são também extraíd a s do banco de dados do GEMINI-PROLUX, tais como:
nome do alimentador, número do equipamento, tipo de equipamento, corrente
nominal de operação, capacidade de interrupção, operação (fechado ou
aberto), condição planejada de operação, tipo de operação (com carga ou sem
carga), fuso e coordenadas. O formato da base de dados de equipamentos
utilizado no desenvolvimento desse trabalho é apresentado na Tabela 3.4.

T a b e l a - 3. 4: F o r m a t o d a b a s e d e d a d o s d e e q u i p a m e n t o s
CAPÍTULO 3 – DESEMPENHO REAL DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 26
FRENTE A DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

3.5 CÁLCULO DO D ESEMPENHO REAL -


PROCEDIMENT O

Essa seção define o procedimento básico para o cálculo de desempenho


real dos alimentadores, a partir dos dados de descarga, de operação do
sistema e de topologia dos alimentadores.

O cálculo do desempenho real dos alimentadores é realizado em quatro


etapas:
− Seleção e identificação dos equipamentos: através dos dados do GEMINI-
P R O L U X, s ã o s e l e c i o n a dos o s e q u i p a m e n t o s d e p r o t e ç ã o ( r e l i g a d o r e s ,
seccionalizadores, e chave fusível repetidora) para o alimentador em
estudo.

− Filtragem dos dados da operação (CONINT): nessa etapa , s ã o


s e l e c i o n a d o s , pa r a c a d a a l i m e n t a d o r , os e v e n t o s r e g i s t r a d o s c o m o
descarga atmosférica e atuação da proteção (caracterizados pela operação
de religadores, seccionalizadores e chave fusível repetidora). Durante a
montagem dos filtr os de dados , são utilizados como parâmetros de
consistência dos filtros a condição atmosférica (Grupo 3), tipo de rede
(Grupo 4), e trecho tronco e ramais (Grupo 5) .

Para o evento registrado como descarga atmosférica foram consideradas


a s s e g u i n t e s c o n d iç õ e s d e f i l t r a g e m d e d a d o s : g r u p o 1 – f e n ô m e n o
descarga atmosférica, causa descarga atmosférica e grupo 3 – condição
atmosférica – tempo de chuva, tempo encoberto, vento ou tempestades.

Para o evento religamento automático foram consideradas as seguintes


condições de pesquisa: grupo 1 – equipamentos de falha – religador
automático ou seccionalizador e grupo 2 – religador ou seccionalizador
bloqueado. Não foram considerados os religamentos com sucesso,
interrupção momentânea, mas somente os registros de in terrupção
sustentada.

P a r a o s e q u i p a m e n t o s d e p r o t e ç ã o, f o i u t i l i z a da c o m o c h a v e d e a c e s s o a
identificação dos equipamentos selecionados nos relatórios do GEMINI-
PROLUX.

D e p o i s d e s e l e c i o n a d o s o s r e g i s t r o s d e d e s c a r g a e d e a t u a ç ã o d a p r o t e ç ã o,
s ã o t o t a liza dos o n ú m e r o d e e v e n t o s p o r m ê s / a n o d e f o r m a a e s t a b e l e c e r a
relação entre o número de desligamentos/100km/ano × mês/ano de
o c o r r ê n c i a p a r a c a d a t i p o de e v e n t o ( d e s c a r g a e / o u a t u a ç ã o d a p r o t e ç ã o ) .
CAPÍTULO 3 – DESEMPENHO REAL DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 27
FRENTE A DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

− Seleção dos registros de descarga s atmosféricas: nessa etapa são


selecionados os registros fornecidos pelo SLT agrupados por ano e mês
d e o c o r r ê n c i a . A p a r t i r d a d e f i n i ç ã o d a á r e a d e a b r a n g ê n c i a do
a l i m e n t a d o r e d o s d a d o s d e d e s c a r g a s t o t a l i z a d o s p o r a n o , é c a l c u l a da a
d e n s i d a d e d e d e s c a r g a p o r q u i l o m e t r o qu a d r a d o p a r a o a n o .

− O b t e n ç ã o d a re l a ç ã o e n t r e o n ú m e r o d e i n t e r r u p ç õ e s e a i n c i d ê n c i a d e
descarga s : essa etapa utiliza as informações da filtragem dos dados da
o p e r a ç ã o ( C O N I N T ) e d o s r e g i s t r o s d e d e s c a r g a s ( S L T ). O s d a d o s d e
ambos os blocos de informaçã o são analisados , tendo como base comum a
m e s m a c r o n o l o g i a d e t e m p o . D e s s a f o r m a , pode - s e e s t a b e l e c e r uma
relação entre a densidade de descarga e o número de interrupções para um
determinado alimentador . Os pontos definidos nessa relação são plotados
no gr á f i c o d e d e n s i d a d e d e d e s c a r g a s v e r s u s n ú m e r o d e i n t e r r u p ç õ e s
( N g × Fp ) a s s u m i n d o u m a r e l a ç ã o l i n e a r e n t r e e s s e s e l e s .

A r e l a ç ã o l i n e a r e n t r e o s d a d o s p a r t e d o p r i n c í p i o , q u e e m uma r e g i ã o
com elevada densidade de descargas poderá ocorrer um número de
desligamentos também e levado. U m a densidade de descarga s nula
corresponderá a zero em desligamentos por descargas atmosféricas.

F i n a l m e n t e é r e a l i z a d a a re p r e s e n t a ç ã o d a r e l a ç ã o e n t r e o s v a l o r e s d e
d e n s i d a d e d e d e s c a r g a s ( d e s c a r g a / k m 2 / a n o ) e o n ú m e r o de d e s l i g a m e n t o s
(interrupção/100km/ano) considerando-se uma faixa delimitada por duas
retas: o limite inferior corresponde aos desligamentos tendo como causa
registrada “descarga atmosférica”, e o limite superior corresponde à
soma dos desligamentos registrados como “descarga atmosférica” e
“atuação da proteção”.
CAPÍTULO 4 - RESULTADOS 28

4. RESULTADOS
4.1 INTRODUÇÃO

E s s e c a p í t u l o a p r e s e n t a o s r e s u l t a d o s de u m E s t u d o d e C a s o d e s e n v o l v i d o a
p a r t i r d a s m e t o d o l o g i a s d e s c r i t a s nos c a p í t u l o s a n t e r i o r e s . O c a p í t u l o i n i c i a -
s e c o m a d e s c r i ç ã o dos a l i m e n t a d o r e s e s t u d a d o s , e m s e g u i d a f a z- s e u m a
análise de sua exposição a descargas atmosféricas e dos dados de interrupção
a partir dos dados da operação. São apresentados os cálculos de desempenho
real e estimado, para os alimentadores e os resultados comparados entre si. O
capítulo termina com uma discussão de resultados.

4.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO DE CASO –


ALIMENTADORES E DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

Para a definição da área de estudo foi escolhida a Regional Mantiqueira.


O Sistema de Distrib uição Regional da Mantiqueira é formado de 35
subestações com 150 alimentadores distribuídos entre essas subestações. A
escolha da Regional Mantiqueira se deve a três fatores: o elevado índice de
incidência de descarga s atmosféricas na região ( m é d ia de 6,5
descargas/km2 /ano), o maior número de sensores na área e a boa eficiência do
s i s t e m a d e l o c a l i z a ç ã o d e t e m p e s t a d e s n a r e g i ã o d e 9 0 a 9 5 % [ D I A S, 2002] .

Dentro da Regional Mantiqueira foram escolhidos três alimentadores


b a s e a dos n a e x t e n s ã o t o t a l e n o n í v e l b á s i c o d e i s o l a m e n t o d o s m e s m o s . D o i s
alimentadores estão localizados na região de Conselheiro Lafaiete e um na
região de Rio Casca. Conforme apresentado na Figura 4.1. A região apresenta
um valor de r e s i s t i v i d a d e m é d i a d o s o l o d e 1 6 7 0 Ω × m e p r o f u n d i d a de
equivalente de 12 m [CEMIG, 1992].

O a l i m e n t a d o r C N L U 1- 1 0 , l o c a l i z a d o n a s u b e s t a ç ã o C o n s e l h e i r o L a f a i e t e
1 ( C N L U 1 ) d a C i d a d e d e C o n s e l h e i r o L a f a i e t e ( MG) , c o r r e s p o n d e a o 4 º .
a l i m e n t a d o r d e u m t o t a l d e 7 a l i m e n t a d o r e s da S E . E s t e a l i m e n t a d o r p o s s u i
439,68 km de extensão, sendo 10,24 km no trecho do tronco e 429,44 km nos
r a m a i s ( 9 6 , 1 3 k m t r i f á s i c os e 3 3 3 , 3 1 k m m o n o f á s i c os ) . A o l o n g o d o
alimentador estão instalados 5 religadores automáticos, 4 seccionalizadores,
2 reguladores de tensão, 1 banco de capacitores, 165 chaves fusíveis , 116
c h a v e s f a c a e 926 p á r a - r a i o s d e M T ( 4 4 9 n o c i r c u i t o 1 Ø e 4 7 7 n o c i r c u i t o
3 Ø ) . O a l i m e nt a d o r a t e n d e a 8 0 6 5 c l i e n t e s d i s t r i b u í d o s e n t r e a s l o c a l i d a d e s
de C a t a s A l t a s d a N o r u e g a , O u r o P r e t o , C o n s e l h e i r o L a f a i e t e , O u r o B r a n c o ,
P ir a n g a e I t a p e r a v a , p o s s u in d o n í v e l b á s i c o d e i s o l a m e n t o d e 9 5 k V a o l o n g o
CAPÍTULO 4 - RESULTADOS 29

de toda sua extensão. A Figura 4. 2 apresenta o diagrama unifilar do


a l i m e n t a d o r C N L U 1- 10.

Figura-4.1: Localização Geográfica dos Alimentadores do Estudo de Caso

F i g u r a - 4. 2 : D i a g r a m a u n i f i l a r d o a l i m e n t a d o r C N L U 1- 10.
CAPÍTULO 4 - RESULTADOS 30

O segundo alimentador escolhido, RCA-10 está localizado na subestação


R i o C a s c a ( R C A ) d a c i d a d e d e R i o C a s c a ( MG) . A s u b e s t a ç ã o p o s s u i 4
alimentadores, sendo dois alimentadores urbanos (RCA-06 e 07) e dois em
área rural (RCA-10 e 11). Este alimentador possui 633,17 km de extensão
total, sendo 9,25 km no trecho do tronco e 642,42 km nos ramais (187,10 km
trifásicos e 455,42 km monofásicos). Ao longo do alimentador estão
instalados 6 religadores automáticos, 2 seccionalizadores, 122 chaves
f u s í v e i s , 1 2 c h a v e s f a c a e 1742 p á r a - r a i o s d e M T ( 1 2 2 0 n o c i r c u i t o 1 Ø e 5 2 2
no circuito 3Ø). O alimentador atende a 5575 clientes distribuídos entre as
l o c a l i d a d e s de R i o C a s c a , S a n t o A n t ô n i o d o G r a m a , A b r e c a m p o , M a t i p ó ,
Jequeri, Pedra Bonita e Santa Margarida , possuindo o NBI de 170kV ao longo
de toda sua extensão. A Figura 4. 3 apresenta o diagrama unifilar do
a l i m e n t a d o r R C A - 10.

F i g u r a - 4 . 3 : D i a g r a m a u n i f i l a r d o a l i m e n t a d o r R C A - 10

O terceiro alimentador, C N L U 1- 1 9 , localizado na subestação


C o n s e l h e i r o L a f a i e t e 1 ( C N L U 1 ) , d a c i d a d e d e C o n s e l h e i r o L a f a i e t e (MG) ,
corresponde ao 6º. alimentador da SE, possuindo 786,10 km de extensão total,
sendo 11,0 km no trecho do tronco e 775,09 km nos ramais (164,70 km
trifásicos e 610,39 km monofásicos). Ao longo do alimentador estão
instalados : 1 banco de capacitor e s , 141 chaves faca, 233 chaves fusíveis, 18
CAPÍTULO 4 - RESULTADOS 31

chaves repetidoras de MT, 2 reguladores de tensão, 7 religadores


a u t o m á t i c o s , 2 s e c c i o n a l i z a d o r e s e 613 p á r a - r a i o s d e M T ( 3 6 7 n o c i r c u i t o 1 Ø
e 246 no circuito 3Ø). O alimentador atende a 7605 clientes distribuídos nas
localidades de Rio Espera, Queluzito, Conselheiro Lafaiete, Entre Rios de
Minas, Lagoa Dourada, Lamin, Catas Altas da Noruega, e Santana dos
M o n t e s , a p r e s e n t a ndo u m t r e c h o t r o n c o c o m N B I d e 1 7 0 k V e o s d e m a i s r a m a i s
com NBI de 95kV. A Figura 4. 4 apresenta o diagrama unifilar do alimentador
C N L U 1- 19.

F i g u r a - 4. 4 : D i a g r a m a u n i f i l a r d o a l i m e n t a d o r C N L U 1- 19

P a r a o p e r í o d o d e e s t u d o , 2 0 0 1 a 2 0 0 4 , f o r a m r e g i s t r a d a s 73 7 . 7 4 7
descargas em uma área de abrangência de 29.100 km2 . A Figura 4.5 apresenta
a incidência mensal de descargas do período. Observa -s e que 90% das
ocorrências estão entre os meses de setembro a março, correspondendo a
estação de chuvas da região sudeste. Para as três estações de chuva, 2001-
2 0 0 2 , 2 0 0 2 - 2 0 0 3 e 2 0 0 3- 2 0 0 4 , o s v a l o r e s d e p i c o d e i n c i d ê n c i a d e d e s c a r g a
foram: 45.875 em fevereiro de 2002, 54.595 em janeiro de 2003 e 35.445 em
fevereiro de 2004.
CAPÍTULO 4 - RESULTADOS 32

65000

54595
60000

52481
55000

45875

45526
50000
Número de Descargas

45000

36394

35446
40000

32238
31571

30666
35000
29429
29241

27959
27868

27324
26782
24578

30000

25000
19402

17301

16243
20000

14158
12146

12104
15000
7771

7322
7122

7143
6841

10000

5265
4445

4451

4274
3560

3531
2847

2793
1907

1391
1297

1312

5000

set-04 787
173

jul-02 49

mai-03 30
65

35
1

jul-03 8
0
nov-01

nov-02

nov-03

nov-04
jan-01

set-01

jan-02

set-02

jan-03

set-03

jan-04
mar-01

mar-02

mar-03

mar-04
mai-01

jul-01

mai-02

mai-04

jul-04
Meses do Ano
F i g u r a - 4 . 5 : I n c i d ê n c i a m e n s a l d e d e s ca r g a s p a r a p e r í o d o 2 0 0 1 - 2 0 0 4 .

A i n c i d ê n c i a d a s d e s c a r g a s , q u a n d o s e p a r a das p o r p e r í o d o s a n u a i s ,
permitem calcular o valor de densidade de descarga (N G ) e comparar com os
valores de NG extraídos dos mapas de curvas isoceraúnicas (valores
t a b e l a d o s ) . A T a b e l a 4 . 1 a p r e s e n t a a v a r i a ç ã o a n u a l d o NG e o v a l o r m é d i o
p a r a o p e r í o d o d e 4 a n o s , o b s e r v a ndo- s e a c a r a c t e r í s t i c a s a z o n a l d o v a l o r d e
NG ao longo dos anos.

Tabela - 4.1: Quadro comparativo do número de descargas e N G

NÚMERO DE
ANO NG /ANO
DESCARGAS
2001 176. 9 7 5 6,08
2002 245.858 8,45
2003 134.433 4,62
2004 166.481 5,72

2001- 2 0 0 4 737.747 6,22 (1)


Valor do mapa 6,50 (2)

(1) Valor de densidade de descarga calculada para os 4 anos


(2) Valor extraído do mapa de densidade descarga
CAPÍTULO 4 - RESULTADOS 33

4 .3 ANÁLISE D O S D AD OS DE INTERRUPÇÃO DOS


ALIMENTADORES

Para a análise dos dados de interrupção foram considerados 56.587


r e g i s t r o s d o C O N I N T no p e r í o d o 2 0 0 1 - 2 0 0 4 , c o r r e s p o n d e n d o a o s d a d o s d e
interrupção dos alimentadores das Regionais de Conselheiro Lafaiete e Ponte
Nova (região de Rio Casca). Na base de dados estão incluídos registros de
interrupção p r o g r a m a da , acidenta l, momentâne a , sustentada e da
geração/transmissão.

O gráfico da Figura 4.6 apresenta a análise de causas de desligamentos


a g r u p a d a s p a r a o s t r ê s a l i m e n t a do r e s e m e s t u d o . P o d e - s e o b s e r v a r q u e a s
c a u s a s “f e n ô m e n o s n a t u r a i s ” e “s i s t e m a ” ( a t u a ç ã o d a p r o t e ç ã o , r e l i g a m e n t o
automático entre outras causas) correspondem a quase 70% do total das
interrupções. Os menores índices de desligamento são devido à falha de
e quipamento com 2% do total das interrupções.

1400

1156
1200
NUMERO DE DESLIGAMENTOS

1000
909

800 759

642
600
494
456
372
325 385
400

238
131
200
71 52 54
39
0
PROGRAMADA FENOM. NATURAIS MEIO AMBIENTE FALHA CAUSAS DO
EQUIPAMENTO SISTEMA
CAUSAS DE DESLIGAMENTO

CNLU1-19 CNLU1-10 RCA-10

Figura-4.6: Diagrama de causas de desligamento dos alimentadores

R e a l i z a n d o u m a a n á l i s e p o r c a u s a e s p e c íf i c a , ob t é m- s e o g r á f i c o d a
F i g u r a 4 . 7, o n d e s ã o a p r e s e n t a da s c o m o p r i n c i p a i s c a u s a s o s e v e n t o s de
interrupção programada (construção, manutenção e operação) , fenômenos
naturais (vento, descarga atmosférica e temporal) , meio ambiente (contato de
árvores, animais e pássaros na linha, queimada, vandalismo e outras causas
CAPÍTULO 4 - RESULTADOS 34

do meio ambiente), falha de equipamentos , e atuação do sistema (sobrecarga,


religamento automático, emergência e outras causas).

1250

1118
1000
Numero de Desligamentos

CNLU1-10
CNLU1-19
738
750
RCA-10
628

500

436

369
344

228
203
250

188
156

96 150
148

130

123
83
69

79

71
73

73
62
59

58

54
52

52
39
29
021

818

19

821

721
12

317

7
17

4
0
0

0
DE NTO

QU ORE
L
GA

ND DA
ÃO

CA A
O
OP ÃO

O
GA GA
UT O

RA

AS
TO

I
ISM
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A

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V

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E

RE
M

EQ
AL

OU
EI
M
IM

A
LH
AN

FA
TR
OU

Figura-4.7: Análise estratificada de causas de desligamento

O gráfico da Figura 4.7 mostra que as principais causas de desligamento


n o s i s t e m a d e d i s t r i b u i ç ã o s ã o a s d e s c a r g a s a t m o s f é r i c a s ( 4 2 % ), c o n t a t o
a c i d e n t a l c o m a n i m a i s , p á s s a r o s e á r v o r e s ( 2 4 % ), r e l i g a m e n t o a u t o m á t i c o
( 1 2 % ) , c o n s t r u ç ã o ( 3 , 5 % ), f a l h a d e e q u i p a m e n t o ( 3 , 0 % ), e m e r g ê n c i a ( 3 , 0 % ) e
causas diversas (11,5%).

Para todos os três alimentadores em estudo, as causas analisadas


a p r e s e n t a r a m a m e s m a t e n d ê n c i a d e e f e i t o e e v o l u ç ã o, pode n d o- s e a f i r m a r q u e
as principais causas de interrupção são as descargas atmosféricas,
r e l i g a m e n t o a u t o m á t i c o e c o n t a t o a c i d e n t a l d e p á s s a r o s , an i m a i s e á r v o r e s
com a linha de distribuição.
CAPÍTULO 4 - RESULTADOS 35

4.3.1 Alimentador CNLU1 -10 – Análise de Interrupções

A Tabela 4. 2 apresenta o número de desligamentos do alimentador


C N L U 1- 1 0 , c o n s i d e r a n d o t o d o s o s r e g i s t r o s o n d e a c a u s a p r i m á r i a d e
interrupção foi ide ntificada como descarga atmosférica ou religamento
automático, no período 2001- 2004, considerando-se a mesma cronologia de
tempo dos registros de descargas fornecidos pelo SLT.

T a b e l a - 4. 2: N ú m e r o d e D e s l i g a m e n t o s n o A n o – A l i m e n t a d o r C N L U 1- 10

Causa: Causa:
Total Geral de
Ano Descarga Religamento
Desligamentos
Atmosférica Automático
2001 295 86 762
2002 354 144 776
2003 238 311 624
2004 350 309 706
2001 -2004 1237 850 2868

A T abela 4 . 2 m o s t r a q u e o n ú m e r o d e r e l i g a m e n t o s a u t o m á t i c o s f o i
maior para os anos 2003 e 2004, se comparados com os períodos anteriores,
devidos provavelmente, à intensa atividade de descargas atmosféricas na
região durante a estação chuvosa de 2002/2003 e 2003/2004, a grande
extensão do alimentador, e o baixo nível de isolamento (95kV) o que fe z com
os religadores atuassem com maior freqüência.

A Figura 4.8 apresenta a variação do número de desligamentos


o r d e n a d o s p o r m ê s d e o c o r r ê n c i a p a r a o a l i m e n t a d o r C N L U 1- 10, o n d e a s
principais causas apresentadas foram o religamento automá tico e descarga
atmosférica.

Para as estações chuvosas 2001/2002 (09/2001 a 03/2002) e 2002/2003


(09/2002 a 03/2003) o número de desligamentos por descarga atmosférica foi
de 2 a 7 vezes maior do que o número de interrupções por religamento
a u t o m á t i c o . D ua s s ã o a s p r o v á v e i s r a z õ e s p a r a e s s a d i f e r e n ç a : o f a t o d e q u e
nem todas as descargas resultam na atuação ou bloqueio do religador e o
baixo valor de NBI da linha. Contudo, para o período de chuvas 2003/2004
( 0 9 / 2 0 0 3 a 0 3 / 2 0 0 4 ) o n ú m e r o d e r e l i g a m e n t o a u t o má t i c o f o i s u p e r i o r a o
número de descargas atmosféricas. A possível, explicação está na condição de
meio ambiente (contato de árvores, pássaros e animais na linha , temporal,
queimadas, outras causas de meio ambiente ) apresentada no gráfico da Figura
4.7.
CAPÍTULO 4 - RESULTADOS 36

Religamento Automático Descarga Atmosférica


135

120 115

105 98 98
Numero de Desligamentos

96

90
82

75 69 71 70
68 68
65

60 57
52 50
48
45 4238 42
38 40
35 36 35 36
30 30 31 31 3130
28 28 28
30 24 24
22
21 22
21 23
20 18 19
18 18 16
14 13 1312
15 11 11 12 10 8
6 7 6 7 8 9
5 5 4 4 4 5 3 4 5 3 5
2 2 2 21 2 2
0 0 1 0 0 0 0 0 1 0
1 0 0 0
0
nov/01

nov/02

nov/03

nov/04
jul/01

jul/02

jul/03

jul/04
jan/01

jan/02

jan/03

jan/04
mar/01

mar/02

mar/03

mar/04
mai/01

set/01

mai/02

set/02

mai/03

set/03

mai/04

set/04
Mes/Ano

F i g u r a - 4 . 8 : A n á l i s e d e c a u s a s p r i m á r i a s d o a l i m e n t a d o r C N L U 1- 10

4 . 3 . 2 A l i m e n t a d o r R C A- 1 0 – A n á l i s e d e I n t e r r u p ç õ e s

A Tabela 4. 3 apresenta os resultados da pesquisa no banco de dados de


interrupções (CONINT), e os valores agrupados por ano para o alimenta dor
R C A - 10.

A t a b e l a m o s t r a q u e pa r a o p e r í o d o c h u v o s o 2 0 0 2 - 2 0 0 3 e 2 0 0 3 - 2 0 0 4 o
número de atuações dos religadores foi muito maior se comparado com o
período 2001-2002. Três são as hipóteses que explicam essa variação: a
mudança no ajuste dos tempos de atuação dos religadores realizado pela
operação; maior atividade elétrica na região (maior número de incidência de
d e s c a r g a s p a r a o p e r í o d o 2 0 0 2 / 2 0 0 3) ; e a p o s s i b i l i d a d e d e a l g u m a s d a s
atuações dos religadores por contato com a arborização ou uma causa
semelh ante (pássaros ou animais na linha).
CAPÍTULO 4 - RESULTADOS 37

T a b e l a - 4. 3: N ú m e r o d e d e s l i g a m e n t o s n o A n o – A l i m e n t a d o r R C A - 10
Causa: Causa:
Total Geral de
Ano Descarga Religamento
Desligamentos
Atmosférica Automático
2001 227 45 272
2002 365 27 392
2003 159 204 363
2004 226 374 600
2001 -2004 977 736 1713

A F i g u r a 4. 9 a p r e s e n t a a a n á l i s e d a v a r i a ç ã o d o n ú m e r o d e
desligamentos ordenados por mês de ocorrência, onde as principais causas
apresentadas foram religamento automático e descargas atmosféricas. Existe
uma relação entre o número de descargas e o religamento automático. Sabe -se,
que nem toda descarga resultará no bloqueio do religador, contudo o número
d e r e l i g a m e n t os é m a i o r e m a l g u n s m e s e s . E s s a d i f e r e n ç a p o d e s e r c r e d i t a d a a o
contato eventual entre a linha e arborização ou a ação de animais ou pássaros
na linha. Essa condição pode ser verificada através dos dados do CONINT e da
Figura 4.7.

100

Religamento_Automatico Descargas_Atmosfericas 88
90
81

81
80
76
Número de Desligamentos

68

70
61

60
54
51
50
42
42

41

40 37 38 38
35
32

32
29

29

30
28

27

30 28
25

25

25
23

23
21
19

19

20
17

17

17

20
16
15

13
11

11 111011 12
9

10 8 7
6 6 6 6 6
6

6
5

4 4 3 3 4
4

3 2 2 3 2 2 3 2
2

1
1

1
1

0 0 0 0 0 0 0 0
0
0

0
0

0
nov/01

nov/02

nov/03

nov/04
jan/01

set/01

jan/02

set/02

jan/03

set/03

jan/04

set/04
jul/01

jul/02

jul/03

jul/04
mar/01

mai/01

mar/02

mai/02

mar/03

mai/03

mar/04

mai/04

Mes/Ano

F i g u r a - 4 . 9 : A n á l i s e d e c a u s a s primária s a l i m e n t a d o r R C A - 10
CAPÍTULO 4 - RESULTADOS 38

4.3.3 Alimentador CNLU1 -19 – Análise de Interrupções

A F i g u r a 4 . 10 a p r e s e n t a a e v o l u ç ã o d o n ú m e r o d e r e l i g a m e n t o s
a u t o m á t i c o e d e s c a r g a s p a r a o a l i m e n t a d o r C N L U 1- 1 9 . P a r a o p e r í o d o d e
chuvas 2003/2004 a freqüência de atuação do religador foi maior, se
c o m p a r a d o c o m o s p e r í o d o s a n t e r i o r e s . O b a ix o v a l o r d e N B I ( 9 5 k V ) d o s
diversos ramais monofásicos , que compõe m o alimentador pode ser apontado
como uma das possíveis causas do aumento do número de religamento
automático no período.

150 144
145
140

130

120 119 Religamento Automático Descarga

110

100 100
Número Desligamentos

92 87 89
90

80
82 77
73
70
70 71
62
62 63
60 60 58 56
57 53
54
50 50
45 43
43
40 36
37 35 31 33
32 30 30
30 27 31 25
23 2323
21 23 20 26 22 22 26
18
20 1614 14 20 1616
11 17 16
9 9 11 7 9 13
10 6 6 5 8 10 9
73 7
4 0 6 0 0 0
3 2 5 7
4 0
3 2 7 6 8
1 3 1 0 1 0
0 00
jul/01

jul/02

jul/03

jul/04
jan/01

nov/01
jan/02

nov/02
jan/03

nov/03
jan/04

nov/04
set/01

set/02

set/03

set/04
mar/01

mar/02

mar/03

mar/04
mai/01

mai/02

mai/03

mai/04

Meses/Ano

F i g u r a - 4 . 1 0 : A n á l i s e d e c a u s a s p r i m á r i a s d o a l i m e n t a d o r C N L U 1- 19

A Tabela 4.4 apresenta a evolução das principais causas primárias de


d e s l i g a m e n t o p a r a o a l i m e n t a d o r C N L U 1- 19.
CAPÍTULO 4 - RESULTADOS 39

T a b e l a - 4. 4: N ú m e r o d e d e s l i g a m e n t o s n o A n o – A l i m e n t a d o r C N L U 1- 19

Causa: Causa:
Total Geral de
Ano Descarga Religamento
Desligamentos
Atmosférica Automático
2001 384 134 518
2002 435 197 632
2003 314 307 621
2004 371 629 1000
2001 -2004 1504 1267 2771

D a m e s m a f o r m a d o a l i m e n t a d o r C N L U 1- 1 0 ( 9 5 k V ) , p a r a o p e r í o d o 2 0 0 3
a 2 0 0 4 o n ú m e r o d e r e l i g a m e n t os a u t o m á t i c os f o i s u p e r i o r a o n ú m e r o d e
d e s c a r g a s . A s c a u s a s p o s s í v e i s do a u m e n t o d o n ú m e r o d e d e s l i g a m e n t o s s ã o
a s m e s m a s a p r e s e n t a d a s n o i t e m 4 . 3. 1 .

4.4 CÁLCULO DE DESEMPENHO ESTIMADO E REAL DOS


ALIMENTADORES

Para o cálculo de desempenho estimado, realizado segundo o


procedimento definido no capítulo 2, foram considerados os seguintes dados:
− N ú m e r o d e d e s c a r g a s d i r e t a s c a l c u l a d o c o n f o r m e p r o c e d i m e n t o d e s c r i t o no
item 2.5. Para o cálculo das descargas diretas, foi adotada a altura média
d o s p o s t e s d e 1 0 m e a l a r g u r a d a e s t r u t u r a e m 2. 4m a o l o n g o d e t o d o o
alimentador.
− N ú m e r o d e d e s c a r g a s i n d i r e t a s c a l c u l a d a s c o n f o r m e p r o c e d i m e n t o do i t e m
2.5. Contudo, para o cálculo das tensões induzidas foi considerado o fator
d e r e d u ç ã o d e s o b r e t e n s ã o n o s i s o l a d o r e s i g u a l a 0. 9 ( c o n d i ç ã o
conve rsadora).
− V a l o r do N B I d e f i n i d o p a r a o a l i m e n t a d o r d o e s t u d o ( 9 5 o u 1 7 0 k V ) .
Na transformação do valor de NBI para CFO foi utilizada a equação (4.1),
c o n s i d e r a n d o o d e s v i o p a d r ã o ( σ) i g u a l a 3 % d e C F O . E s s a t r a n s f o r m a ç ã o
f a z- s e n e c e s s á r i a p a r a o c á l c u l o d o n ú m e r o d e d e s l i g a m e n t o s p o r d e s c a r g a s
laterais próximas, conforme procedimento descrito no item 2.5.

CFO = NBI
( 1 − 1 ,28 × σ ) (4.1)
CAPÍTULO 4 - RESULTADOS 40

− F a t o r d e b l i n d a g e m d e 0. 0 1 p a r a a 1 ª . c o n d i ç ã o d e c á l c u l o , o u s e j a , l i n h a
s e m b l i n d a g e m e o f a t o r d e b l i n d a g e m d e 0. 99 pa r a a 2 ª . c o n d i ç ã o d e
cálculo, ou seja, linha totalmente blindada por objetos próximos .Os valores
de fator de blindagem foram calculados considerando a variação de 0.05.

− V a l o r e s d e N G v a r i a n d o d e 0. 0 a 1 0 . 0 d e s c a r g a s / k m 2 / a n o c o m o i n t e r v a l o d e
0. 5 d e s c a r ga / k m 2 / a n o . O s l i m i t e s d e v a r i a ç ã o f o r a m d e f i n i d o s d e f o r m a a
manter a mesma escala de valores do mapa de curvas isoceraúnicas
apresentadas no capítulo 2.

Para o cálculo do desempenho real da linha , foram considerados os


registros de interrupções do CONINT e a aplicação da metodologia
apresentada no capítulo 3. Em cada alimentador , é realizada também uma
estimativa do fator de blindagem médio da instalação.

4.4.1 Alimentador CNLU1 -10 – A n á l i s e de Desempenho

Esse alimentador apresenta -se com o nível de isolamento básico de


95kV em toda a sua extensão (tronco e ramais). O gráfico da Figura 4.11
apresenta os resultados do cálculo de desempenho para a condição estimada e
r e a l r e p r e s e n t a d o n o e i x o d a s a b s c i s s a s o v a l o r d e Ng [ d e s c a r g a s / k m 2 / a n o ] e
n o e i x o d a s o r d e n a d a s o v a l o r d e Fp [ N ú m e r o d e I n t e r r u p ç õ e s / 1 0 0 k m / a n o ] .

Alimentador Cons. Lafaiete 1-10 (95kV)


180,0
170,0
160,0
150,0 FS=0,01
140,0
130,0
DESCARGA +
Fp[Interrupções/100km/ano]

120,0
RELIGAMENTO
110,0
100,0
90,0
DESCARGA
80,0
70,0
FS=0,99
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 8,5 9,0 9,5 10,0
Ng [Descargas/km2/ano]

Figura 4.11: Gráfico de Desempenho da Linha de 95kV – Estimado e


Real
CAPÍTULO 4 - RESULTADOS 41

Considerando o valor de N G igual a 6,22 descargas /km2 /ano, valor


m é d i o p a r a o p e r í o d o 2 0 0 1- 2 0 0 4 , t ê m- s e o s s e g u i n t e s v a l o r e s l i m i t e s d e
desligamento/100km/ano:

1. Real: limite superior 110 desligamentos/100km/ano considerando a


somatória dos eventos registrados como descargas atmosféricas e
religamento automático e o limite inferior 64 desligamentos/100km/ano
considerando a p e na s os eventos registrados como descargas
atmosféricas.

2. Estimado : limite superior 120 desligamentos/100km/ano calculados para


o fator de blindagem igual a 0,01 (linha sem blindagem por objetos
próximos) e o limite inferior 58 desligamentos/100km/ano para o fator
de blindagem igual a 0,99 (linha totalmente blindada por objetos
próximos).

Os valores limites da condição real, estão muitos próximos dos valores


c a l c u l a d o s p e la m e t o d o l o g i a do g u i a d o I E E E S t d . 1 4 1 0 ( c á l c u l o e s t i m a d o d e
desempenho). Essa aproximação de valores indica que o guia apresenta
resultados compatíveis com os dados reais da operação.

O b s e r v a -s e q u e o s v a l o r e s d e d e s e m p e n h o e s t i m a d o , c o n t ê m o s v a l o r e s d e
desempenho real. Dessa forma, para uma linha com NBI de 95kV, e
c o n h e c i d o s o s v a l o r e s d e NG d a r e g i ã o e o f a t o r d e b l i n d a g e m d a l i n h a , é
possível estimar o número de desligamentos/100km/ano a partir do gráfico da
Figura 4.11.

A faixa de variação da condição real, diferença entre o limite superior e


inferior, é bastante ampla com 46 desligamentos/100km/ano. Contudo, para a
condição estimada essa variação é ainda maior com o valor de 62
desligamentos/100km/ano.

O gráfico da Figura 4.12 apresenta a variação do número de


desligamentos em função do fator de blindagem por objetos próximos . N e sse
cálculo foram considerados os seguintes valores de fator de blindagem: 0.01
( c o n d i ç ã o d e l i n h a s e m b l i n d a g e m ) , 0 . 1 0 , 0 . 2 5 , 0 . 3 5 , 0 . 5 0 ( v a l o r me d i a n o ) ,
0.75, 0.85 e 0.99 (condição da linha com blindagem por objetos próximos).
CAPÍTULO 4 - RESULTADOS 42

P a r a o N G d e 6. 2 2 d e s ca r g a s / k m 2 / a n o , o n ú m e r o d e d e s l i g a m e n t o s v a r i a
d e 5 8 ( F S = 0. 9 9 ) a 1 2 0 ( F S = 0. 0 1 ) d e s l i g a m e n t o s / 1 0 0 k m / a n o , c o m o v a l o r
m é d i o d e 8 9 d e s l i g a m e n t o s / 1 0 0 k m / a n o ( F S = 0. 5 5 ) . C o m p a r a n d o a s f i g u r a s
4.11 e 4.12, pode - se estimar o fator de blindagem médio real da linha é menor
o u i g u a l a 0. 58.

Faixas de Blindagem - Alimentador CNLU1-10 (95 kV)


200,0

180,0
FS=0,01
FS=0,01
FS=0,10
160,0
FS=0,25
FS=0,35
FS=0,50
Numero interrupções/100km/ano

140,0
FS=0,75
FS=0,35
FS=0,85
120,0 FS=0,99
FS=0,50

100,0 FS=0,75

80,0
FS=0,99
60,0

40,0

20,0

0,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 8,5 9,0 9,5 10,0
Densidade de Descarga [descarga/km2/ano]

Figura-4.12: Gráfico de fator de blindagem para o alimentador de 95kV

4 . 4 . 2 A l i m e n t a d o r R C A- 1 0 – A n á l i s e d e D e s e m p e n h o

O a l i m e n t a d o r R C A - 10 ( R i o C a s c a - 1 0 ) c a r a c t e r i z a - s e p o r a p r e s e n t a r o
n í v e l b á s i c o d e i s o l a m e n t o e m 1 7 0 kV e m t o d a s u a e x t e n s ã o ( r a m a i s e
tronco). Para o cálculo de desempenho foram considerados os mesmos dados
da condição de cálculo do item 4.4 com o valor de NBI de 170kV para o
alimentador RCA-10.
CAPÍTULO 4 - RESULTADOS 43

A F i g u r a 4 . 13 a p r e s e n t a o s r e s u l t a d o s d o c á l c u l o d e d e s e mp e n h o p a r a
c o n d i ç ã o e s t i m a d a e a r e a l , r e p r e s e n t a d a n a f o r m a d o g r á f i c o ( N g × F p ).

Alimentador Rio Casca 1- 10 (170kV)


110,0

100,0
FS=0,01
90,0

80,0
Fp[Interrupções/100km/ano]

70,0
DESCARGA+
60,0 RELIGAMENTO

50,0

40,0
DESCARGA
30,0

20,0 FS=0,99

10,0

0,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 8,5 9,0 9,5 10,0

Ng [Descarga/km2/ano]

Figura- 4.13 : Gráfico de desempenho da linha de 170kV – Real e


Estimado.

C o n s i d e r a n d o o v a l o r d e N G i g u a l a 6. 2 2 d e s c a r g a s / k m 2 / a n o , t ê m- s e o s
s e g u i n t e s v a l o r e s d e d e s l i g a m e nt o s / 1 0 0 k m / a n o :

(1) R e a l: l i m i t e s u p e r i o r 52 d e s l i g a m e n t o s / 1 0 0 k m / a n o (e v e n t o : d e s c a r g a s
atmosféricas+ religamento automático) e inferior 35 desligamentos
/100km/ano (evento: descargas atmosféricas );

(2) E s t i m a d o : l i m i t e s u p e r i o r 7 2 d e s l i g a m e n t o s / 1 0 0 k m / a n o ( F S = 0. 01 – l i n h a
sem blindagem por objetos próximos ) e inferior 10
d e s l i g a m e n t o / 1 0 0 k m / a n o ( F S = 0. 99 – l i n h a c o m b l i n d a g e m p o r o b j e t o s
próximos ).
CAPÍTULO 4 - RESULTADOS 44

Comparando os valores desligamentos para a condição real, pode -se


o b s e r v a r uma e s t r e i t a f a i x a d e v a r i a ç ã o ∆ = 1 7 d e s l i g a m e n t o s / 1 0 0 k m / a n o .
Contudo, para a condição estimada essa variação é maior ∆=62
d e s l i g a m e n t o s / 1 0 0 k m / a n o . A f a i x a d e v a r i a ç ã o d a c o n d i ç ã o r e a l, r e p r e s e n t a a
influência do evento religamento automático no desempenho da linha , já que
apenas os eventos com o bloqueio do religador foram considerados na
t o t a l i z a ç ã o, n ã o s e n d o c o n s i d e r a d o s o s r e l i g a m e n t o s m o m e n t â n e o s c o m
sucesso.

C o m p a r a n d o o s r e s u l t a d o s d a s Fi g u r a s 4 . 13 e 4 . 14 p o d e - s e e s t i m a r o
f a t o r d e b l i n d a g e m m é d i o p a r a a c o n d i ç ã o r e a l d o a l i m e n t a d o r R C A - 10 , s e n d o
m e n o r o u i g u a l a 0. 43.

Faixas de Blindagem- Alimentador RCA_10 (170kV)


120,0

110,0

100,0 FS=0,01
FS=0,01
FS=0,10
FS=0,25
90,0
FS=0,35
Fp[Numero interrupções/100km/ano]

FS=0,50
FS=0,10
80,0 FS=0,75
FS=0,85
FS=0,25
70,0 FS=0,99

60,0 FS=0,35

50,0 FS=0,50

40,0 FS=0,75

30,0
FS=0,85
20,0

FS=0,99
10,0

0,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 8,5 9,0 9,5 10,0
Ng (Descarga/km2/ano)

F i g u r a - 4 . 14 : C u r v a s d e f a t o r d e b l i n d a g e m p a r a l i n h a c o m N B I d e 1 7 0 k V
CAPÍTULO 4 - RESULTADOS 45

4.4.3 Alimentador CNLU1 -19 – A n á l i s e de Desempenho

O a l i m e n t a d o r C N L U 1- 1 9 ( C o n s e l h e i r o L a f a i e t e 1 9 ) a p r e s e n t a - s e c o m o
nível básico de isolamento (NBI) de 170kV na extensão do tronco e 95kV nos
ramais, constituindo dessa forma um alimentador com característica mista .

P a r a o c á l c u l o d o d e s e m p e n h o , f or a m u t i l i z a do s o s d o i s v a l o r e s d e N B I ,
9 5 k V e 1 7 0 k V , d e f o r m a a d e f i n i r o s l i m i t e s e x t r e m o s d a s f a i x a s de
d e s e m p e n h o . O s d e m a i s p a r â m e t r o s s ã o o s m e s m o s d e f i n i d o s n os ite n s
anteriores.

A F i g u r a 4 . 15 a p r e s e n t a o g r á f i c o d e d e s e m p e n h o p a r a a c o n d i ç ã o r e a l e
estimada . São apresentados os limites superiores e inferiores para a condição
de NBI de 95kV e 170kV (cálculo estimado) , além dos valores reais do
a l i m e n t a d o r C N L U 1- 19.

Alimentador Cons. Lafaiete 1- 19 (95 e 170kV)


150,0

140,0 FS=0,01-95kV
130,0

120,0 FS=0,01-170kV

110,0
DESCARGA+
100,0
Fp [Interrupções/100km/ano]

RELIGAMENTO
90,0

80,0
FS=0,99 - 95kV
70,0

60,0

50,0
DESCARGA
40,0

30,0
FS=0,99 - 170kV
20,0

10,0

0,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 8,5 9,0 9,5 10,0
Ng [Descarga/km2/ano]

F i g u r a - 4 . 15 : A l i m e n t a d o r M i s t o 9 5 - 1 7 0 k V – A n á l i s e d e F a i x a s
CAPÍTULO 4 - RESULTADOS 46

C o n s i d e r a n d o o v a l o r d e N G i g u a l a 6. 2 2 d e s c a r g a s / k m 2 / a n o t ê m- s e o s
seguintes valores de desligamentos:

(1) R e a l: l imite s u p e r i o r 75 d e s l i g a m e n t o s / 1 0 0 k m / a n o ( e v e n t o : d e s c a r g a s
atmosféricas + religamento automático) e inferior 42
desligamentos/100km/ano (evento: descargas atmosféricas );

(2) E s t i m a d o p a r a o N B I d e 9 5 k V : li m i t e s u p e r i o r 1 2 0
d e s l i g a m e n t o s / 1 0 0 k m / a n o ( F S = 0 . 0 1 ) e i n f e r i o r 78
desligamentos/100km/ano (FS= 0. 99);

(3) E s t i m a d o p a r a o N B I d e 1 7 0 k V: l imite s u p e r i o r 72
d e s l i g a m e n t o s / 1 0 0 k m / a n o ( F S = 0. 0 1 ) e i n f e r i o r 10
d e s l i g a m e n t o s / 1 0 0 k m / a n o ( F S = 0. 9 9 ) .

Comparando os dados de desempenho real com o estimado , pode -se


perceber que o alimenta dor possui o seu desempenho influenciado pelo trecho
d e 170kV . E s s a c o n d i ç ã o é d e m o n s t r a d a p e l a c o i n c i d ê n c i a d o s v a l o r e s d a
condição real superior (descarga + religamento) e o limite superior do trecho
de 170kV (FS=0. 01).

C o m p a r a n d o o s g r á f i c o s d a F i g u r a s 4. 12, 4 . 1 4 e 4 . 1 5 f o i p o s s í v e l
d e t e r m i n a r o f a t o r d e b l i n d a g e m m é d i o p a r a o a l i m e n t a d o r C N L U 1- 19 , s e n d o
e s s e v a l o r m e n o r o u i g u a l a 0. 23.

4.5 DISCUSSÃO DE RESULTADOS

Os dados do CONINT permitem identificar as principais causas de


d e s l i g a m e n t o s p a r a o s a l i m e n t a d o r e s e s t u d a d o s . P o d e -s e c o n s t a t a r a p a r t i r
deles que as principais causas de desligamento são: descarga atmosférica,
religamento automático e intervenções na linha por contato de animais, aves
ou árvores. As duas primeiras causas (descarga atmosférica e religamento
a u t o m á t i c o) p o s s u e m u m a f o r t e d e p e n d ê n c i a . E m m u i t o s c a s o s , a d e s c a r g a
atmosférica provoca uma perturbação no sistema elétrico, podendo originar
uma atuação do religador. Da mesma forma , as intervenções na linha por
c o n t a t o e v e n t u a l t a mb é m p r o v o c a m a a t u a ç ã o d o r e l i g a d o r .

A análise do desempenho considerando valores extremos de faixas pode


representar uma indicação do número de desligamentos diferente dos índices
p r a t i c a d o s p e la o p e r a ç ã o. D e s s a f o r m a , u m a m e l h o r a n á l i s e s e r i a p e lo v a l o r
médio dos índices de desligamento.
CAPÍTULO 4 - RESULTADOS 47

O gráfico da Figura 4.16 apresenta o valor médio para a condição real de


operação dos três alimentadores estudados.

130

120
Alimentador-CNLU1-10
110 95 kV

100
Alimentador CNLU1-19
Fp [Interrupções/100km/ano]

90 Misto
80

70

60

50 Alimentador RCA-10
170 kV
40

30

20

10

0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 8,5 9,0 9,5 10,0
Ng [ Descargas/km2/ano]

Figura-4.16: Análise comparativa dos alimentadores – Valores Médios

C o n s i d e r a n d o o v a l o r d e N G ig u a l a 6. 2 2 d e s c a r g a s / k m 2 / a n o , o b t é m- s e o
valor médio para cada alimentador do estudo, sendo: 85
d e s l i g a m e n t o s / 1 0 0 k m / a n o p a r a o a l i m e n t a d o r C N L U 1- 1 0 ( 9 5 k V ) , 5 9
d e s l i g a m e n t o s / 1 0 0 k m / a n o p a r a o a l i m e n t a d o r C N L U 1- 1 9 ( m i s t o / 9 5 e 1 7 0 k V )
e 46 desligamentos/100km/ano para o alimentador RCA-10 (170kV).

A tabela 4.5 apresenta o quadro comparativo de desempenho médio para


os três alimentadores, seus respectivos fatores de blindagem estimados pelo
valor médio e os percentuais de redução do número de desligamentos.
CAPÍTULO 4 - RESULTADOS 48

Tabela - 4.5: Comparativo dos Valores Médios de Desligamentos, Fator de


Blindagem e Redução Percentual do Número de Desligamentos/100km/ano.

Fp (médio) F.S Estimado % Redução


(1) (2) (3)
CNLU1_10
85 0. 58
(95kV)
CNLU1_19 31%
59 0. 23
(95 e 170 kV)
RCA_10 46%
46 0. 43
(170 kV)

(1) Fp = N ú m e r o de Desligamentos médio/100km/ano


(2) FS = Fator de blindagem médio estimado para o valor médio do
número de desligamentos/100km/ano.
(3) % Redução do Número de desligamentos .

V a l o r e s o b t i d o s p a r a o N G = 6,22 de s c a r g a s / k m 2 / a n o .

Comparando o desempenho médio real entre os alimentadores de 170kV


( R C A - 1 0 ) e o d e 9 5 k V ( C N L U 1- 1 0 ) , p e r c e b e - s e q u e a a d o ç ã o d o a l i m e n t a d o r
de 170kV representa uma redução do número de desligamentos/100km/ano de
46% , j á c o n s i d e r a n d o o f a t o r d e b l i n d a g e m d a l i n h a . P o r é m , a m u d a n ç a d o
alimentador de 95kV para um alimentador misto, com trechos de 170kV e de
9 5 k V , p o d e r á c o r r e s p o n d e r a u m a r e d u ç ã o m é d i a d e 3 1% n o n ú m e r o d e
desligamentos.

A tabela 4.5 apresenta os valores de fator de blindagem médio para os


alimentadores estudados. Esses valores foram determinados a partir dos
g r á f i c o s d a s F i g u r a s 4 . 1 2 , 4 . 1 4 e 4 . 1 6. O f a t o r d e b l i n d a g e m m é d i o d e f i n i d o
p a r a cada a l i m e n t a d o r , p o d e v a r i a r a o l o n g o d e t o d a a e x t e n s ã o d o
a l i m e n t a d o r . O b s e r v a - s e , q u e o a l i m e n t a d o r C N L U 1- 1 0 ( 9 5 k V ) a p r e s e n t a o
maior fator de blindagem, o alimentador RCA-10 (170kV) um valor
i n t e r m e d i á r i o e o a l i m e n t a d o r C N L U 1- 1 9 ( m i s t o ) o m e n o r v a l o r e n t r e o s t r ê s .

O s g r á f i c os d a s F i g u r a s 4 . 1 1 , 4 . 1 3 e 4 . 1 5 a p r e s e n t a m a m e s m a t e n d ê n c i a
de c r e s c i m e n t o d a s f a i x a s e n t r e o s v a l o r e s r e a i s e e s t i m a d o s . C o n s i d e r a n d o ,
que no processo de cálculo estimado o número de descargas indiretas foi
multiplicado por um fator igual a 4 (quatro), conforme expresso na equação
( 2 . 1 1 ) , p e r c e b e -s e q u e e s s e v a l o r co r r e s p o n d e a u m a a p r o x i m a ç ã o d o m o d e l o
da condição estimada para a condição real. No cálculo das tensões induzidas,
foi utilizado o fator 0.9, representando a redução de sobretensões nos
isoladores, pela presença do condutor neutro na linha. Esse valor é
CAPÍTULO 4 - RESULTADOS 49

considerado conservador, embora a redução das tensões induzidas pela


presença do neutro seja maior do que o estimado.

O modelo de cálculo do desempenho estimado, definido pelo guia do


IEEE apresenta algumas limitações, entre as quais citamos: o cálculo das
tensões induzidas é realizado considerando a condição de uma linha infinita
com resistividade do solo ideal; não foram consideradas as atuações dos pára-
raios de MT; a atuação dos religadores/seccionalizadores também não é
c o n s i d e r a d a ; n a li n h a e x i s t e m d e s c o n t i n u i d a d e s ; o s v a l o r e s d e a t e r r a m e n t o d e
equipamentos; o valor real de resistividade do solo; condutor neutro com
múltiplos aterramentos; a influência da tensão induzida de uma descarga
“iluminando” mais de um ponto do alimentador, a topo logia da rede, entre
outros fatores. Segundo o guia o processo de cálculo constitui uma
representação simplificada, contudo o modelo apresenta resultados próximos
dos dados reais.

A presença dos dados da operação do sistema, representado pelo cálculo


de desempenho real, permite uma avaliação do modelo de cálculo definido
p e l o g u i a . A a ná l i s e d o s r e s u l t a d o s d o c á l c u l o r e a l e e s t i m a d o , d e m o n s t r a m
que os valores são próximos, apesar das limitações do modelo d o guia.

A a v a l i a ç ã o d o d e s e m p e n h o p o r v a l o r e s m é di o s p e r m i t e u m a m e l h o r
compreensão dos índices reais e estimados, embora a avaliação por faixas
limites mostre as condições extremas, ou seja, o número mínimo e máximo de
desligamentos que podem ocorrer.
CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES 50

5. CONCLUSÕES
A p a r t i r d o l e v a n t a m e n t o d e d a d o s do S i s t e m a d e I n t e r r u p ç õ e s d a C E M I G
(CONINT), é possível determinar os três eventos mais freqüentes associados
a desligamentos em linhas de distribuição: descargas atmosféricas (40%);
contato eventual da arborização ou pássaros na linha (21%), e religamento
automático (12%). Já as falhas de equipamentos correspondem a 3% do total
de desligamentos e a manutenção programada 4%. Dessa forma, as descargas
atmosféricas contribuem com mais de 50% dos desligamentos no sistema de
distribuição.

Estudo realizado cons iderando os dados de descargas, para o período


2 0 0 1 a 2 0 0 4 , p e r m i t i u a a v a l i a ç ã o d a d e n s i d a d e a n u a l d e d e s c a r g a s . P o d e - se
perceber a variação sazonal do número de descargas ao longo do período de
quatro anos analisados. Contudo, para o valor médio dos anos de estudo, esse
se aproxima do valor definido no mapa de curvas isoceráunicas. Dessa forma,
pode - s e c o n s i d e r a r q u e o s d a d o s d o S i s t e m a d e L o c a l i z a ç ã o d e T e m p e s t a d e s ,
quando trabalhados ao longo de diversos anos apresentam valores próximos
d o s m a p a s d e c ur v a s i s o c e r á u n i c a s .

N o d e s e n v o l v im e n t o de s s e t r a b a l h o , f o i c o n s i d e r a d a u m a a m o s t r a d e
d a d o s d o C O N I N T e d o S L T d e 4 ( q u a t r o ) a n o s . A a m o s t r a d e d a d o s , foi
definida considerando a disponibilidade de dados do SLT (a partir de 1998) e
do CONINT (a partir de 2000) para o mesmo período de anos , e a
configuração do número de sensores da RINDAT (25 sensores a partir de
2001) . P a r a e s s a c o n f i g u r a ç ã o f o r a m a n a l i s a d o s 7 3 7 . 7 4 7 r e g i s t r o s d e
descargas atmosféricas e 56.587 registros de interrupções. Uma comparação
h is t ó r i c a i d e a l s e r i a u m p e r í o d o d e 1 0 ( d e z ) a n o s . C o n t u d o , p a r a e s s e pe r í o d o
estima -se um volume de 1.850.000 registros de descargas atmosféricas e
142.500 registros de interrupções.

O e s t u d o d o d e s e m p e n h o r e a l d o a l i m e n t a d o r C N L U 1- 1 0 d e 9 5 k V
m o s t r o u u m n úm e r o m é d i o d e i n t e r r u p ç õ e s d e 8 5 d e s l i g a m e n t o s / 1 0 0 k m / a n o . O
a l i m e n t a d o r C N L U 1- 1 0 a p r e s e n t o u o p i o r d e s e m p e n h o e n t r e o s t o d o s o s
alimentadores do Estudo de Caso. O fator de blindagem médio para o
a l i m e n t a d o r C N L U 1- 10 é d e 0 . 5 8 .

O d e s e m p e n h o d o s e g u n d o a l i me n t a d o r , R C A - 1 0 d e 1 7 0 k V , é o m e l h o r
d o s t r ê s a l i m e n t a d o r e s d o e s t u d o . O s í n d i c e s d e i n t e r r u p ç õ e s s i t u a m- s e e n t r e
3 5 e 5 2 d e s l i g a m e n t o s / 1 0 0 k m / a n o p a r a a c o n d i ç ã o r e a l e d e 10 a 72
desligamentos/100km/ano para a condição estimada. O índice médio de
interrupções é de 46 desligamentos/100km/ano e o fator de blindagem médio é
CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES 51

0,4 3. O a l i m e n t a d o r a p r e s e n t a u m d e s e m p e n h o e m m é d i a 4 6 % m e l h o r d o q u e o
a l i m e n t a d o r C N L U 1- 1 0 d e 9 5 k V .

O t e r c e i r o a l i m e n t a d o r a n a l i s a d o C N L U 1- 1 9 , p o s s u i o t r e c h o t r o n c o c o m
o NBI de 170kV e os ramais com NBI de 95kV. Os índices de interrupções da
c o n d i ç ã o r e a l s i t u a m- s e e n t r e 4 2 e 75 d e s l i g a m e n t o s / 1 0 0 k m / a n o , u m v a l o r
médio de 59 desligamentos/100km/ano e um fator de blindagem médio de
0,2 3. E s t e a l i m e n t a d o r a p r e s e n t a u m d e s e m p e n h o e m m é d i a 3 1 % m e l h o r d o
q u e o a l i m e n t a d o r C N L U 1- 1 0 d e 9 5 k V .

De maneira geral, os três alimentadores estudados possuem baixos


v a l o r e s d o f a t o r d e b l i n d a g e m m é d i o ( < 0 , 58) v a l o r e s e s s e s t í p i c o s d e
i n s t a l a ç õ e s r u r a i s . C o n t u d o , d e v e - s e c o n s i d e r a r q u e e s s e f a t o r r e p r e s e n t a uma
média de diversos trechos do alimentador com e sem blindagem por objetos
próximos . Dessa forma o fator de blindagem por objetos próximos não deve
ser interpretado como um “fator de ajuste”, mas como uma variável que pode
i n f l u e n c i a r n o d e s e m p e n h o f i n a l d a l i n h a f r e n t e a s d e s c a r g a s a t m o s f é r i c as .

Na elaboração do Estudo de desempenho r eal foram considerados todos


os registros de descargas atmosféricas e de religamento automático. Ambos
registros foram extraídos do banco de dados do CONINT. Para os registros de
r e li g a m e n t o a u t o m á t i c o , f o r a m c o n s i d e r a d o s a p e n a s o s r e g i s t r o s d e b l o q u e i o
do religador, ou seja , interrupção sustentada . Não foram considerados os
religamentos com sucesso, ou seja, interrupção momentânea. Essa diferença,
indica que o número de religamento automático possa ter sido maior do que o
número considerado no Estudo. Porém, para efeitos práticos foram
consideradas apenas as interrupções sustentadas, onde o tempo de duração foi
maior ou igual a 3 (três) minutos.

O m o d e l o d e c á l c u l o d e d e s e m p e n h o , a pr e s e n t a d o n o g u i a d o I E E E
Standard 1410 representa uma formula simplificada de cálculo. Existem
algumas limitações do modelo, contudo os resultados reais e estimados
apresentam valores próximos entre si, indicando uma boa aproximação do
modelo. A comparaçã o dos resultados dos cálculos estimados e reais, permitiu
uma melhor compreensão do modelo de cálculo e de suas limitações. A
simplicidade do modelo, indica que ele pode ser aprimorado e aperfeiçoado.

Esse trabalho envolveu uma árdua pesquisa no banco de dados da


Operação do Sistema (CONINT) e do Sistema de Localização de Tempestades
( S L T ) . A se l e ç ã o , f i l t r a g e m , p r e p a r a ç ã o e o r d e n a ç ã o d e s s e s d a d o s , c o n s t i t u e m
e t a p a s i m p o r t a n t e s n o p r o c e s s o d e c á l c u l o . D e s s a f o r m a , f a z- s e n e c e s s á r i a
u m a a v a l i a ç ã o c r i t e r i o s a d o s d a d o s d o C O N I N T ( o p e r a ç ã o) d e m a n e i r a a
permitir uma “filtragem” mais precisa das causas de desligamentos. Da
CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES 52

mesma forma a análise dos dados do SLT deve ser realizada com critério, pois
s e n d o o S L T u m s i s t e m a a u t o m a t i z a d o p o d e m e x i s t i r v a l o r e s e x t r e mos
discrepantes na base de dados do Sistema.

Uma importante contribuição desse trabalho foi à possibilidade de se


calcular o fator de melhoria de desempenho real para o alimentador de
1 7 0 k V . G u a r d a d a s a s d e v i d a s p a r t i c u l a r i d a d e s d o a l i m e n t a d o r , c o n s t a t a - s e,
que o número de desligamentos 46% inferior no alimentador com NBI de
170kV é muito próximo do valor especificado no Estudo de Distribuição –
Padrões de Montagem de Estruturas de NBI Elevado [CEMIG, 1991], estudo
este baseado em resultados dos projetos de pesquisas e ensaios elétricos
realizados pela CEMIG em parceria com a UFMG, durante os anos 80 e 90.

A metodologia desenvolvida para o cálculo do desempenho real dos


alimentadores baseada nos dados de incidência de descargas e nas
informações da operação do sistema permitiu a avaliação do número de
desligamentos através de faixas limites extremas e do valor médio. O trabalho
conclui pela viabilidade da utilização dos dados da Operação do Sistema
( C O N I N T ) e d o S i s t e m a d e L o c a l i z a ç ã o d e T e m p e s t a d e s ( S L T ) .D a m e s m a
forma a metodologia apresentada pelo guia pode ser verificada e comparada
com os valores reais de desligamentos, demonstrando a validade dos seus
resultados.

5.1 PROPOSTAS DE CONTINUIDADE

D i v e r s o s s ã o o s a s p e c t o s c o m p l e m e n t a r e s , q u e p o d e m s e r a na l i s a d o s e m
trabalhos futuros, entre os quais citamos:

− A partir dos dados de incidência de descargas determinar a distribuição


acumulada de probabilidade de corrente para o Estado de Minas Gerais.

− Expandir o estudo para outras áreas do Estado, considerando diferentes


valores de densidade de descargas e utilizar o valor de distribuição
acumulada de probabilidade de corrente calculada para o Estado.

− Avaliar o desempenho de uma linha rural considerando a atuação de pára-


r a i o s i n s t a l a d o s a o l o n g o d o a l i m e nt a d o r .

− Avaliar o desempenho da linha considerando um estudo de transitórios,


onde deverão ser considerados os efeitos de descargas em todos os pontos do
alimentador, ramais e tronco.
CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES 53

− Simular o desempenho do alimentador para uma configuração mista de


rama is de 95 kV e 170kV e tronco de 170kV. Essa simulação tem por objetivo
determinar o percentual de melhoria de desempenho do alimentador
considerando um aumento do número de ramais de 170kV.

− A v a l i a r a s l a r g u r a s d e f a i x a d e s e r v i d ã o d a s l i n h a s d e d i s t r i b u iç ã o
c o n s i d e r a n d o a a p l i c a ç ã o d o s f a t o r e s d e b l i n d a g e m p o d e n d o- s e c h e g a r a o
fator de blindagem de diferentes alimentadores com o mesmo nível de
isolamento.
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