Você está na página 1de 8

MULHERES DE

ATENAS
• As atenienses livres, isto é, não escravas nem estrangeiras, estavam excluídas
da vida política, não podiam participar dos debates e das decisões da Eclésia, a
assembleia de todos os cidadãos. Elas tinham, contudo, o (único) privilégio de
transmitir a cidadania a seus filhos. Segundo lei criada por Péricles, o cidadão
era o indivíduo nascido em Atenas e filho de pai e mãe ateniense. Alguns anos
depois, Péricles convenceu a Eclesia a mudar esta lei bastando apenas o pai ser
ateniense para a transmissão da cidadania. Após a morte de seus dois filhos
legítimos, Péricles queria garantir a cidadania a seu filho com Aspásia, que não
era ateniense. As outras exigências foram mantidas: ser homem, adulto e com
serviço militar completo (aos 20 anos de idade). Portanto, os critérios para ser
cidadão ficaram exclusivamente masculinos marginalizando de uma vez as
mulheres.
A mulher ateniense é uma eterna
menor, que não tem direitos legais
nem políticos. Toda a sua vida, ela
deve permanecer sob a autoridade
de um kurios (“tutor”): primeiro o
pai, depois o marido, seu filho (se
ela é uma viúva) ou seu parente
mais próximo. Esse tutor
acompanha em todos os atos legais
e fala por ela defendendo “seus”
interesses. Nenhum juiz se dirige
diretamente à mulher. Nos
tribunais atenienses, os juris são
compostos unicamente por homens.
No entanto, as metecas podiam
comparecer no tribunal por conta
própria e tomar medidas legais.

* Metecos eram os estrangeiros residentes nas Pólis gregas de


Atenas. Existiam em várias cidades, exceto em Esparta, que
não recebia estrangeiros.

A tecelagem e a confecção de roupas eram as ocupações mais importantes da


mulher ateniense. Mulher fiando e trabalhando a lã, vasos áticos, século V a.C.
A mulher de Atenas Clássica não recebe educação escolar formal. Suas mães lhes
ensinam as habilidades domésticas necessárias para administrar uma casa. Já a
educação dos meninos inclui retórica, necessária para uma participação política
efetiva, e a educação física para o serviço militar. Essas habilidades não são
consideradas necessárias para as meninas.

Sua existência encontra significado através do casamento, a parte mais importante


da vida de uma mulher ateniense livre. Seu principal papel é casar e ter filhos.
Casa-se aos 14-16 anos de idade quase sempre com um homem mais velho.
Curiosamente, a língua grega não tinha uma palavra específica para designar
casamento.

Casada, a mulher é responsável pelo gerenciamento diário da família, do


marido, da saúde e alimentação dos membros da família, da supervisão dos
escravos e do patrimônio. Suas principais funções são cuidar das crianças,
tecer e confeccionar as vestimentas. A autoridade do marido inclui o direito
de escolher um novo marido para sua viúva, o que fica registrado no
testamento, e a noiva-viúva não tem nada a dizer sobre essa decisão.
Mulheres Comuns
Na prática, apenas as famílias ricas podiam manter as mulheres isoladas.
As responsabilidades das mulheres as forçavam sair de casa com
frequência para buscar água na fonte ou lavar roupas, por exemplo.
Embora as famílias ricas possuíssem escravas para esses serviços, a
maioria não tinha escravos suficientes para impedir que a mulher livre
fosse à rua inclusive para fazer compras no mercado. Uma das atividades
mais importantes para as mulheres de todas as classes era visitar ou
ajudar parentes e amigos, e visitar regularmente as sepulturas dos
membros da família para depositar as oferendas.
A mulher livre de família modesta podia trabalhar nos campos com
o marido ou na cidade. Suas ocupações eram, muitas vezes, uma
extensão dos trabalhos domésticos, como tecelagem e lavagem de
roupas. Mas havia outras ocupações não relacionadas às tarefas
domésticas como vendedoras no mercado, sapateiras, douradoras,
oleiras etc. A mulher, contudo, não tinha permissão legal para
dispor de grandes somas de dinheiro, nem para possuir terras e
escravos.
Sobre as mulheres estrangeiras há poucas informações, exceto o valor do imposto que as atingia: elas deviam
pagar cerca de 6 dracmas por ano, contra doze pagos pelo homem. Muitas delas acompanharam o marido que
se estabeleceu em Atenas a negócios.

Uma minoria de estrangeiras era composta por mulheres solteiras que vieram buscar fortuna em Atenas. As
mais pobres acabavam se prostituindo em bordeis do porto de Pireu ou do Cerâmico, bairro de Atenas.
Mulheres mais instruídas podiam se tornar cortesãs. Mantendo um salão para receber, elas são companheiras
quase oficiais de ricos comerciantes e políticos influentes. A mais famosa delas foi Aspásia, nascida em Mileto,
que se tornou amante de Péricles. Sua casa se tornou um centro intelectual em Atenas, atraindo os escritores e
pensadores mais importantes, incluindo o filósofo Sócrates.

Funções públicas da mulher ateniense


A religião era a única área da vida pública que as mulheres atenienses podiam desempenhar um papel de liderança na cidade. A
sacerdotisa da deusa Atena usou sua influência para convencer a população a evacuar a cidade durante a guerra contra os
persas.
As festas religiosas eram o único momento da vida grega em que uma mulher era igual a um homem. Mesmo as estrangeiras
participavam de atividades religiosas públicas. Os mistérios de Elêusis controlados pelo Estado, por exemplo, estavam abertos a
todas as pessoas de língua grega, homens e mulheres, livres e não livres.
As Panateneias, festas em homenagem à deusa Atena, eram o evento mais importante de Atenas e aberto a ambos os sexos
incluindo metecos e escravos. As Pequenas Panateneias, realizadas anualmente, e as Grandes Panateneias, a cada quatro
anos, reuniam todos os habitantes de Atenas. As mulheres carregavam cestos com utensílios para os sacrifícios; os rapazes,
vasos com óleo e vinho; e os velhos, ramos de oliveira.
https://www.youtube.com/watch?v=
MabbVn0Rlv4
Embora em toda a música o autor conclame as pessoas a imitarem o exemplo das mulheres de Atenas, ele etá na verdade
fazendo uma crítica. Ele está mostrando que, naquele momento, vivíamos em uma sociedade patriarcal em que a mulher não
tinha voz nem direitos, onde seus desejos eram anulados.

Veja alguns trechos e as ideias que eles transmitem:

submissão: vivem para os seus maridos, se perfumam, se banham com leite e se arrumam; quando fustigadas não choram: se
ajoelham, pedem e imploram; não têm gosto ou vontade, defeitos ou qualidades (despersonalização); têm medo, apenas; não
têm sonhos, só tem presságios;
supremacia masculina: os maridos são chamados de “orgulho e raça”, “poder e força”, “bravos guerreiros”, “heróis e amantes”
de Atenas;
atuação exclusivamente doméstica: quando eles embarcam, soldados, elas tecem longos bordados (inclui a noção de futilidade,
já que bordado é um “enfeite”);
servidão sexual: guardam-se para seus maridos, ficam em quarentena quando eles embarcam, estão à disposição quando
retornam, suportam traições;
procriam para alimentar a guerra: geram para seus maridos os novos filhos de Atenas;
sofrem perdas devido à guerra: temem por seus maridos, jovens viúvas marcadas, gestantes abandonadas, vivem o luto, se
conformam e se recolhem às suas novenas;
Portanto, de forma até irônica, Chico Buarque se refere à sociedade patriarcal. Ele canta o exemplo das mulheres de Atenas
mas, na verdade, está criticando um mundo em que não existe direitos iguais para pessoas de gêneros diferentes.

Fonte: https://ensinarhistoria.com.br/mulheres-ao-longo-da-historia-4-
grecia-antiga/ - Blog: Ensinar História - Joelza Ester Domingues

Você também pode gostar