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Carlos A. Lisas
Universidade Nacional de Lujan
A cidade de Luján (Prov, de Buenos Aires, Argentina) está localizada às margens do rio de seu nome
em uma planície sem alterações topográficas significativas, onde a combinação de certos fatores (clima,
hidrologia, topografia, etc.) produz ciclicamente períodos de excesso de água, causando inundações
que afetam vastos setores da população.
A situação histórica de risco de inundação em que a cidade se desenvolveu deriva de processos naturais
muito dinâmicos, difíceis de definir e prever, que transformam um risco natural moderadamente grave
em uma catástrofe que atinge uma sociedade vulnerável.
Isso se deve ao fato de o ejido urbano estar localizado próximo ao rio Luján, que se caracteriza por seu
regime eminentemente pluvial e sujeito a oscilações de vazão, determinadas pela irregularidade das
chuvas registradas.
em sua bacia.
Atualmente, o fenômeno em estudo afeta os setores produtivos da cidade, sua infraestrutura física e de
serviços e as condições de vida de seus habitantes.
Em 1985 a cidade foi afetada por duas inundações. A primeira delas começa no final de maio e a
segunda em novembro, ambas constituindo os maiores episódios de inundações já registrados na cidade.
Na primeira oportunidade, a altura máxima atingida foi observada em 1º de junho com 6,30 metros
(marco do hidrômetro local) correspondente à altura de 18,10 metros do Instituto Geográfico Militar
(IGM). No mês de novembro essa altura foi superada, chegando a 6,40 metros (local) no dia 16, uma
altura de 18,20 metros (IGM).
Este fenômeno é caracterizado na cidade de Luján pela ocorrência quase instantânea, magnitude e
imprevisibilidade que aumentam o risco de inundações e diminuem a capacidade da sociedade de se
ajustar ao evento.
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No mês de novembro de 1985, o grande pico de cheias passou de 1,70 metros para
6,40 metros em apenas 48 horas, inundando mais de 150 quarteirões com população
estimada em 6.300 habitantes. A partir deste ponto máximo atingindo em? horas do
dia 16 de novembro, a água começa a descer, mas de forma muito gradual, o que faz
com que o fenômeno dure aproximadamente um
semana.
Da mesma forma, o setor inundável é um dos mais dinâmicos da cidade, pois é onde
está localizado o centro cultural, recreativo, religioso e turístico, cuja importância
transcende o local. Aqui está localizado o Complexo Museológico Enrique Udaondo,
a Basílica de Nossa Senhora de Luján e inúmeras recreações que na zona ribeirinha
atraem a presença de visitantes que realizam mini-turismo.
Por outro lado, neste setor há um alto percentual de serviços ou negócios que
abastecem não apenas os moradores do bairro ou da cidade, mas também atendem
a uma demanda de outras áreas de influência.
Essas considerações nos levam a afirmar que a catástrofe das inundações ocorre
quando basicamente dois fatores se cruzam: de um lado, um determinado espaço
suscetível a inundações e, de outro, uma população com certa organização social e
econômica, com maior ou menor vulnerabilidade, sobre o qual recai o já mencionado
fenômeno de ordem natural que modifica o equilíbrio existente.
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O total do setor urbano inundável, que abrange uma área de aproximadamente 6,1 quilômetros quadrados, é habitado,
conforme indicado acima, por 6.300 pessoas, segundo estimativa baseada no número de domicílios pesquisados e na
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Esta zona de inundação foi setorizada de acordo com as áreas de risco (ver mapa).
Desta forma, considerou-se como maior risco a área até 16 metros de altura (IGM), o
risco médio, entre 16 e 17 metros e o menor risco acima deste último nível.
ali, prédios com mais de 50 anos que foram submetidos a reformas que envolveram tanto a melhoria do
seu estado de conservação quanto a mudança do tipo de uso do imóvel; em geral, desde usos residenciais
até usos comerciais e de serviços (bares, butiques, restaurantes, etc.).
Por fim, a zona periférica das áreas de médio e baixo risco tem um uso do solo fundamentalmente
residencial.
Assim, verifica-se a predominância de grupos familiares com um máximo de quatro pessoas que,
associadas às características da habitação, estabelecem, em termos gerais, um baixo nível de sobrelotação.
Destaque para as elevadas percentagens da população com menos de 14 anos e com mais de 55 anos
(ambos ultrapassando os 50 por cento da população total), por serem os grupos etários mais vulneráveis
face a uma catástrofe como como o que estamos considerando.
Coerente com o peso da população jovem indicada e seus níveis socioculturais aceitáveis, observa-se
uma alta porcentagem da população escolar, em grande parte com ensino fundamental completo.
No que diz respeito ao regime jurídico da casa própria, é notável o peso dos que vivem em casa própria
(80,9 por cento no total de áreas consideradas) o que, juntamente com outras variáveis, permite reforçar
o pressuposto de que pertencem mesmo a uma classe social de classe média. estrato. Da mesma forma,
a depreciação dos valores imobiliários – por efeito das enchentes – reduz as possibilidades de realocação
de quem deseja mudar de residência para locais livres de inundações.
Com base nas informações obtidas nos levantamentos, metade do fenômeno se reflete nos níveis
atingidos pelas águas em ambas as ocasiões, entrando cem por cento dos domicílios na área de maior
risco, sendo quase semelhantes na área de médio risco. pouco inferior no de menor risco, com médias
superiores a 1,70 metros; 1 metro 3' 35 centímetros para cada área respectivamente.
Como resultado desta situação, praticamente todos os moradores das duas primeiras áreas tiveram que
abandonar suas casas, enquanto na área de menor risco, o abandono médio sobe para pouco mais de
70 por cento. –
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Perante esta necessidade de abandono das casas, que em muito poucos casos ultrapassaram os 10
dias, devido às características peculiares das cheias em Luján - ou seja, o avanço brusco das águas
e o regresso ao seu curso em poucos dias, é É importante destacar a capacidade de auto-resposta
dos moradores em buscar acomodação na casa de parentes e/ou amigos diante de uma emergência,
pois apenas uma parte mínima foi alojada nos centros de evacuação sob jurisdição municipal criados
especialmente para isso. propósito.
As consequências imediatas das cheias, no que diz respeito à degradação das habitações, tem sido
a necessidade de realizar, na quase totalidade dos casos, algum tipo de reparação, fundamentalmente
nas paredes e pavimentos, observando-se aqui também um elevado nível de auto-resposta pois são
poucos os pedidos de créditos para a realização de peças de reposição que, por outro lado, nem
sempre foram acordados.
Talvez onde o impacto diferencial entre a primeira e a segunda enchente seja mais claramente
percebido seja nas perdas sofridas pela população em móveis e utensílios domésticos. A diminuição
das perdas em novembro, em relação às de junho, apesar de as águas terem atingido um nível mais
alto naquela ocasião, deve-se a dois motivos fundamentais. Por um lado, muitos dos moradores não
repuseram os itens perdidos na primeira enchente; e por outro, se
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CONCLUSÃO
Por isso, consideramos que os resultados obtidos neste estudo podem servir para
fins de planejamento de medidas que contemplem a execução de obras de
infraestrutura (construção de canais, barragens, etc.) , visando controlar os efeitos
negativos decorrentes de catástrofes como a considerada.
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