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Unidade 4

AESCRITA NA UNIVERSIDADE

a unidade anterior, vimos que os textos escritos não são

N nem um pouco homogêneos. Eles apresentam diversida-


de composicional, temática e estilística, justamente por-
que são concretizados em gêneros textuais diferentes. Compare,
8

por exemplo, um bilhete e uma ata de reunião de condomínio;


uma receita médica e um versículo bíblico; um poemae uma
de
reportagem. Todos são textos escritos, mas configurados
modos bem distintos.
E verdade que os gêneros escritos são inúmeros numa

SOciedade complexa como a nossa, atravessada por múltiplas


e constantes práticas de escrita. Mas também é verdade que
alguns deles apresentam semelhanças e relações entre si, por
1azerem parte de um mesma instância de produção, que abriga
hossas rotinas comunicativas, interacionais.
Essas instâncias de
ser denominadas
de
produção também são variadas podem
e
discursivos. Há,
esteras da atividade humana ou domínios
o juridico,
assim, o domínio jornalístico, o literário, o religioso,
entre outros.
O domínio do cotidiano, o domínio acadêmico,

consumidos
Sera com os gêneros textuais produzidos e

trabalharemos nesta
esse ultimo domínio, o acadêmico, que

Aescrita na
universidade
Escrever na Universidade -

Fundamentos
projeto de pesquisa ensaio, ementa
unidade. Trata-se do domínio em que circulam os diferentes tese,
alguns exemplos.
e lano de curso são
gêneros que fazem parte da sua vida de estudante universitário
Você seria capaz de elencar alguns gêneros desse domínio? Todavia, em outras
colunas, bém
desse dominio, mas
prototipicos aparecem generd
menos também
exemplo,frequentemente
dzidos e lidos. Pensemos, por
nele produ
na
41. Os generos acadêmicos le u m
trabalh de conclusão de curso, no dedicatória
post de um blog em
Inicialmente, vamos pedir para você voltar à unidade 3 e
que são regi: eistradas
as atividades de
estágio, na entrevista para
dados de uma
indicar quais gêneros lá listados provavelmente fazem parte do a oleta de na Coni pesquisa,
contracapa e nas orelhas
livro indicado para um
inário, na legenda da foto de
domínio acadêmico. Considere que um mesmo gênero pode ser de um

relacionado a mais de um domínio, o que só ratifica a diversi- um


eahalho realizado, nas anotações de aula, no requerimento
dade desses construtos sociais e linguísticos. Para facilitar seu rasolicitar reposição ou revisao de prova, entre outros tan-
trabalho, seguem os gêneros mais tos textos (e, consequentenmente, tantos gêneros) que regulam a
distribuídos
uma vez,
naquela escrita acadêmica.
mesma escala de formalidade com que trabalhamos:
Você, estudante universitário, n0 pode ignorar as parti
Gêneros Gêneros Gêneros 'Gêneros cularidades composicionais e os propósitos a que esses gêneros
informais semiformais formais
:ultraformais
servem no conjunto de práticas de escrita acadêmica. Os textos
Carta pessoal Carta de leitor Resenha Requerimento
Diário Sinopse Resumo acadêmicop Memorando que habitam a universidade se organizam a partir de certas
Crônica Entrevista Carta comercial
90 Abaixo-assinado estruturais, temáticas estilisticas
Mensagem de texto Artigo de opinião Carta aberta Ata de reunião possibilidades restrições e e
91
Bilhete Biografia Carta de reclamação Lei caracterizam como pertencentes a este ou àquele gênero.
os
Post de bloOg Contracapa de livro Prova
que
Veredicto Demandas e objetivos acadêmicos específicos solicitam gêneros
Dedicatória Orelha de livro Notícia *********

Declaração de amor Regra de jogo Reportagem específicos, organizados a partir de estruturas e formas tam
***--~--*
Poema Artigo cientifico
essa
Fábula
Conto
Verbete
Receita médica
bém específicas. Portanto, você conhecer e saber produzir
desenvolvimento de seu
Romance Relatório aversidade de gêneros é essencial ao de
Receita culinária Fichamento
letramento acadêmico, isto é, à sua inserção nas práticas
Legenda de foto Versículo bíblico
Anotações de aula
só de escrita, também de leitura) proprias
--
unguagem (não mas

do espaço universitário.
E provável que você tenha apontado como próprios do
dominio acadêmico os gêneros resenha, resumo, prova, artigo
cientifico, relatório e fichanento, todos eles apresentados na
coluna que abriga exemplos de
gêneros formais. Realmente,
Leitura1 entrevista
realizada

esses gêneros são bastante Você vai ler o início


de uma

representativos da esfera acadêmica: agor com o linguista e prolessor


circulam intensamente nos espaços por brasileiras Estados
universitários, moldando as pesquisadoras
de lowa,
nos

práticas de linguagem da comunidade, sobretudo dos alunos e inglês David Russel, da


Universidade

história da
escrita
e
profissional
professores. Outros gêneros do registro formal, não exibidos na Unidos. Especialista em escrita
desafios do ensino
de
os
listagem, também são bem característicos das práticas de leitura fala sobre seguirão
educação, o trevistado
leitura do
tevto,

c escrita dos estudantes


universitários. eitura e escrita naa Após a
Monografia,
dissertação, Iversidade.

algumas uestões para sua reflexão.


Aescrita
na
universidade
Escrever na Universidade -Fundamentos
conhecimentos, ores etc; em
outras
LETRAMENTO ACADEMIcO: tender ao objetivo da comunicação. palavras, a escrita pode
LEITURA E ESCRITA NA
UNIVERSIDADE
Você afirma que a escrita
acadèmica é distinta
entrevista com David Russel

Flávia Brocchetto Ramos


tes disciplinas. Seria tareta de cada em
docente/área ensinara
diferen-
escrever na sua disciplina/área?
Vânia Marta Espeiorin
a leitura e a escrita no
Sim. é a responsabilidade que o protessor tem de ensinar os alunos a
Que aspectos diferenciam ensin0
médio e no superior?
minicar conhecimento em sua área para
o
sua área. Se os alunos
A escrita na universidade é algo bastante especializado, muito
não Conseguem comunicar o que sabem, não é possivel afirmarmos
o que é realmente conhecido e sabido por eles.
mais especializado do que na escola secundarla. Os alunos devem
aprender a usar vocabulários especializados (com frequência,
passamos boa parte de uma disciplina introdutória na univer (Fonte: Conjectura, Flávia B. Ramos et al., v. 14, n. 2,
sidade ensinando terminologia e conceitos). No entanto, eles maiolago. 2009, p. 241-247.)
também precisam aprender novos gêneros ou formas, aqueles
que sejam apropriados à pesquisa em determinado campo, pelo
menos em níveis mais avançados de educação superior. Algo (1) De acordo com o Prof. Russel, a especificidade da escrita
que liga a escrita à educação secundária e à superioré a avalia- na universidade, quando comparada à escrita na escola
ção. Em geral, se usa o escrever para exibir a aprendizagem, a básica, não consiste apenas no incremento de novas termi-
última parte do processo de aprendizagem, tanto na educação
nologias e conceitoos.
secundária quanto na superior. Mas essa é apenas uma função
92 (a) Que outro fator de distinção é apontado? 93
e se focarmos nossa atenção na avaliação (notas) isso pode nos
afastar das outras funções. (b) Como poderíamos relacioná-lo ao que estamos abor
Quais são as funções da escrita acadêmica na formação dando nesta unidade?
universitária?
c) Como você poderia relacioná-lo à sua experiência na

A escrita, tanto na educação secundária como na superior, funciona


educação básica e superior?
principalmente para mostrar a aprendizagem, e o professor exerce da
o papel de examinador quando lê. Mas, naturalmente, essa não é (2) Ainda de acordo com o Prof. Russel, uma das funções
a única função
possível. Uma das metas dos esforços da proposta escrita no contexto pedagógico é a "exibição da aprendiza-
o aluno escreve ao
de "Writing Across the Curriculum (WAC)", nos EUA e em outroS gem por parte do aluno. Nesse sentido,
é a de fazer com que os alunos escrevam com o prolessor para mostrar que aprendeu o
conteúdo, ou mesmo
paises, proposito escrita
de aprender examinando e manipulando ideias, sintetizanddo, os propósitos da
que aprendeu a escrever. Entretanto,
dimensão.
analisando, explorando. As vezes, essa escrita pode ser podem (e devem) ultrapassar
essa

às vezes, informal, às vezes, avaliada


formal na universidade

(com nota) e, às vezes, nao.


Com essas outras funções, o (a) De que maneira?
professor pode exercer outros papeis possibilitando
além de examinador,
papéis tais como o de experiência como estudante vem lhe
professor (treinador Sua
propósitos
explicador, crítico encorajador etc.). No final, a escrita pode da escrita para atingir quais
nar com0 um meio de fazer
funcio Se valer
vinculados às es-
com que os outros mudem de fortemente
opiniao, (3) OSgeneros acadêmicos
estão
depender
acadêmica. A
comunidade
Tradução livre: "Práticas de escrita em todas Pecilicidades de cada doutorado, por
exemplo,
as
disciplinas do curso. teses de
let area de conhecimento,

Aescrita na
universidade
Escrever na Universidade
Fundamentos
-

icamente
cadêmica,generica qualificada como
distintos, resulan o a partir. de nossas fora
cotidianaimpessoal.
de modos bem
podem se organizar
tanto em calhamaços de 400 paginas de texto ido
Aos
pouc

ebendo que a diversid experiências


das vamos
situações
e r c e b

quanto em compilados
de artigos que nao ultrapassam too práticas de escrita também demanda
páginas. Outro exemplo: marcas giramaticais de impessoa-
nós

competencias múltiplas diversificadas,


para além da que exigem
lidade (Analisa-se neste artigo..; Este artigo analisa..). formal. Então, vamos nos
simples obediència
registro

sensibilizando ao
costumam garantir o distanciamento entre o sujeito e o nossa inserç
espaço no
cadèmico, sujeita para fato de o

determinadas
que
a
obieto próprio das ciências naturais, não necessarianmente
regrasde interaçãoe juízo de valor, só será
presentes em muitos dos textos das ciencias humanasS, riação adequada desse possível a partir da
estão
cujos autores podem perfeitamente escrever em primeira
conjunto de
gèneros, ou de boa
parte deles.
pessoa (Analiso neste artigo..; Nosso artigo analisa...).
a t re
gêneros da escrita essenciais ao
OS
(a) O que dissemos acima se relaciona a qual das respostas atendimento das
tncinais demandas de estudoe pesquisa
dadas pelo Prof. Russel em sua entrevista? no meio académico,
destacam-se estes, aistribuidos aqui em ordem alfabética
(b) Você conseguiria dar outros exemplos que poderiam - - -

atestar o condicionamento de gêneros acadêmicos es. ARTIGO CIENTÍFICO


critos a fatores ligados às especiticidades de diferentes ENSAIO
FICHAMENTO
áreas de conhecimento? Quais? Se preferir, converse
MONOGRAFIA
sobre isso com alguns colegas de outros cursos e áreas. PROJETO DE PESQUISA

94 RELATÓRIOo 95
O quadroa seguir sumariza os gêneros acadêmicos escritos
RESENHA
mencionados até aqui e acrescenta mais alguns: RESUMO

EXEMPLOS DE GNEROS ACADËMICOS ESCRITOS


Agora, valendo-se de seus conhecimentos prévios, tente pre-
RESUMO RESENHA ARTIGO CIENTÍFICO ENSAIO
encher o quadro a seguir, em que constam possíveis definições
RELATÓRIOo FICHAMENTO POST DE BLOG DEDICATÓRIA ENTREVISTA para cada um desses oito gêneros acadêmicos. Se preferir, essa
atividade pode ser realizada em dupla.
CONTRACAPA DE LIVR0 ORELHA DE LIVRO LEGENDA DE FOTO PROVA

ANOTAÇOES DE AULA PORTFOLIo REQUERIMENTO MONOGRAFIA


: dispõe e organiza as ideias principais
1
DISSERTAÇÃO TESE PROJETO DE PESQUISA EMENTA de um texto em tópicos, esquemas e/ou citações, com

PLANO DE CURSO possiveis comentários do graduando, servindo


como pon
BIBLIOGRAFIA SLIDES DE AULA OU SEMINÁRIO
to de partida para o desenvolvimento
de outros gêneros
academicOs.
A lista nem de longe é exaustiva. Além disso, como já dis-
semos, alguns géneros são mais centrais no meio acad mico 2. um dos gêneros mais importantes
outro
sumariza conteúdos
de
nas atividades acadêmicas,
que outros. submetido
um trabalho
texto para posterior consulta ou de
Normalmente, quando começamos a fazer um curso un a evento ou periódico.
versitário, acreditamos haver certa padronização da escrita

Aescrita na universidade
fBrPer na Uver'staatundemertos
do seu
cOs
e dasubjetivida Tofessor, gène s iguais poderào
de maneiras bem
3. :além de sumariar informações
de um
sobre
se
conligurar

nento de suas caracteristicas


particulares. tretanto, um
avaliações ele,
comentáriose
tormais e funcionais mais
m a p e a m e n t o

outro texto, apresenta


costumam vir
fundamentados, explicitamente ou ITentes A
vai ajuda voce a dar os
os quais
autores que tratam do tema. de gênerOs que
primeiros passos nessa
não, em outras obras e constelaç ão stuma abrigar a escrita academica
é uma critica, mas não a um texto ou durante um curso de graduação.
4.
dado tema, questão, debate de
obra especificos, e sim aum O mercado edito ial brasileiro ja conta com
ordem cientifica, a
posicionamento formal e
partir de um algumas boas
de referenciais publicaçoes sobre ensino de generos acadèmicos, destinadas
bem fundamentado, mas sem as exigências a

teóricos explicitados ede evidências empiricas analisadas. ostldantes de graduaçao e pos-graduação de diferentes áreas
reportaeanalisao desenvolvimento Recomendamos aqui os seguintes titulos, todos sob o selo da
Parábola Editorial (São Paulo):
e os resultados de atividades de estágio, pesquisa ou ex
tensão, num determinado periodo de tempo, geralmente
fundamentando a descrição e os comentários em literatura MACHADO, Anna Rachel: LouSADA, Eliane: ABREU-TAR
teórica adequada. DELLI Lflia Santos.Resumo, 2004: apresenta atividades pré
6. normalmente submetido a uma ticas envolvendo osprocedimentos para a produção do resumo
instituição, éoplanejamento prévio da pesquisa. Costuma academico
assim ser organizado: introdução,perguntas de pesquisa MACHAD0 Anna Roche: LOUSADA, Eliane ABREU-TARDELLI,
hipóteses,objetivosgeraleespecificos, justificativa,sintese Lilia Sartos Resenhd,2004: aborda diferentes situações de
96 da literatura teórica, metodologia, resultados
ronograma de execuço.
esperadose produçãode una resenhae centre-se no plano glabal de uma
resenhaacademic0
99
spublicado emperiódicos acadénicos MACHADO An Rachel:LOUSADA, Eliane: ABREU-TARDEuI
éogêneromais usadocomo meio de produção e divulgação Lilia Santos Planejargeneros acadêmicos, 2005: propõe um
de conhecimentos decorrentes de atividades de pesquisa
conjutodepratcasdeeserite pare o deminio da pesquisa e
nas universidades. Em geral, compõe-se das seguintes do texto academico de um modo geral.
seções: introdução, fundanmentação teórica, metodologia
MOTTA-ROTHDésire HENDGES, Graciela Rabuske Pro-
resultadose discussão e considerações finais, além de ducao textua na universidade, 2010 reúne informações
resumo (em português e em outra lingua) e
referências pelevantes paraaredacdodoresunoe daresenhaacadëmicos,
bibliográficas. do
projeto de pesquisaedo artigo cientifico
8 trabalho de conclusão de curso (rcc) 8ORNGustavi Comoescrever e ilustrar um artigo cien-
bastante exigido nos cursos
superiores, concentra sua
rico 201A apresenta uma série dedeboas reflexões que vdo
abordagem num determinado tema ou problema, a partir artigo cientifico
do
processo de escrita a publicação um
de
embasamento teóricoe procedimentos metodológicos
adequados. naa0 preten
nosso livro
Conr'ario das obras acima, este
iame
E verdade que uC dar Conta do ensino de generos acadenicos proP
as
definiçoes acima são bem genéricas e na
de algumas qtestoc
diferentes modelos Verdade estamos tratando
para cada um desses péneros. A OS que

área de conhecimento, e até depender da envolvem a produção eserita


de esttudantes

mesmo dos C a i s que


propósitos pedagop generos
acadencos
sao Lina

universitários- Ihaturalmente,
os

Aescrita
na
universidade
Escreverna Uhiversidade- Fundamentos

A fim de ilustrarmos um
nossa intenção abordar a uco alguns
Entretanto, não é
dessas questões. ização, rimeiramente
convidamos você cedimentos de
sumariz

de pesquisa ou de um artigo
organização textual de
um projeto É o início de um ler texto
Mesmo assim, proporemos
a você, nas
seg
capítulo do livro Convitea à o a
científico, por exemplo.
escrita bastante comuns no
Marilena Chaui, professora da Faculdade filosofia, de
duas atividades de de
seções a seguir, e Letras da niversida Filosofia,
de São Paulo Cièncias
acadêmico. Vamos a elas! (USP). Em
domínio dimos que estude com
atençao e exercite o seguida, pe
tópicos numerados. que aparecerá nos
resumo
4.2. Sumarização: fichamento e
Em boa parte dos cursos superiores,
um bom desempenho Leitura 2
dose de leitura de textos aca-
do estudante requer u m a farta
isso. Também AS CIENCIAS HUMANAS
dêmicos. É provável que você já tenha percebido
lista de textos, indicados São possíveis ciências humanas?
é provável que a essa hora exista
uma

protessores, a serem lidos por voce.


por seus
Embora seja evidente que toda e qualquer ciência é
exigir dos alunos práticas de
humana, porque
Alguns professores costumam resulta da atividade humana de conhecimento, a
As razões, declaradas ou humanas refere-se àquelas ciëncias que têm o
expressão ciências
escrita a partir de sugestões de leitura. próprio humano
ser
s e r bem diferentes: vão
não, para esse tipo de atividade podem como objeto. A situação de tais ciências é muito especial. Em primeiro
de u m conteúdo à oferta lugar, porque seu objeto é bastante recente: o homem como objeto
da m e r a verificação de aprendizagem
de caminhos didáticos para o estudo e compreensão
efetiva de cientifico é uma ideia surgida apenas no século XIX. Até então, tudo 99
98
quanto se referia ao humano era estudado pela Filosofia.
algum assunto.

solicitados costu- Em segundo lugar, porque surgiram


Nesse tipo de processo, os gêneros mais depois que as ciências mate-
a resenha- não necessa- máticas e naturais estavam constituidas ejå haviam definido a ideia
mam ser o fichamento, o resumo e
de cientificidade, de métodos e conhecimentos cientificos, de.modo
riamente nesta ordem de preferência. Notemos que os três lidam
Ser hábil que as ciências humanas foram levadas a imitar e copiar o que aque
questão da sumarizaç o de conteúdos.
nesse
com a

você. Inclusive, as las ciências haviam estabelecido, tratando o homem como uma coisa
procedimento, portanto, é fundamental para
sua graduação
natural matematizável e experimentável. Em outras palavras, para
intormações sumarizadas e organizadas durante
acadêmica, ganhar respeitabilidade científica, as disciplinas conhecidas como
poderão lhe s e r úteis em outros momentos da vida ciências humanas procuraram estudar seu objeto empregando
escrita.
sempre recheada de demandas de estudo e produção Conceitos, métodos e técnicas propostos pelas ciências da Natureza
Bons fichamentos, por exemplo, nos permitem elaborar a fun
lugar, por terem surgido no periodo em que prevalecia
a
damentação teórica de um artigo ou de um projeto de pesquisa, Em terceiro
também proCuraram
nos poupando a releitura dos textos-fonte a qual, embora Concepção empirista e determinista da ciência, e
tratar o objeto humano usando os modelos hipotético-indutivos
válida, nem sempre é possível (texto inacessivel, falta de tempo buscavam leis causais neces
experimentais de estilo empirista, e
ou mesmo essencial ao objetivo. humanos. Como, entretanto
Sarias e universais para os fenômenos
A prática de sumarizar os textos lidos, portanto, éum integral e perfeita dos
nao erapossível realizar uma transposição estudos dos
hábito acadêmico bastante bem-vindo. Tente incorporá-lo a teorias naturais para os
metodos, das técnicas e das
trabalhando por
seus estudos. humanas acabaram
atos humanos, as ciências

Aescrita na universidade
EsCrever na Universidade -fundameato

e seus
resultados tornar
naram-Se Retiramos dOs dois primeiros parágrafos
com as
ciéncias
naturais,

naleriam estar ausentes, sem informações que


analogia
e pouco
cientificos.

do conteúdo
prejudicar a
inteligibilidade
muito
contestáveis

e tilósofos a uvidar
duvidar da pos-
da principal.
Para nào
prejudicar a coesão do
muitos
cientistas
t mexemos um tex-
Essasituação
levou
homem como objeto. Ouaiis pouco na sua estrutura.
tivessem o Veja como ficou:
das ciências human
ciências que
sibilidade de anas? A expressão ciências humanas
objeções
feitas à
possibilidade
refere-se àquelas ciências
as principais com seres e acontee
eci- têm o próprio ser humano como que
fatos observaveis, isto e,
ohiata.
objeto. A situação de tais
A ciência lida
com
especiais
de laboratório, são os ciênciasé muito especial. Em primeiro ugar,
nas condições porque o homem
mentos que, por exemplo como objeto científico é uma ideia
de experimentação.
Como
observar-experimentar,

o objeto da psicolopia?
surgida apenas no século
que seria XIX. Em segundo lugar, porque as ciências
a consciência
humana individual,
humanas surgiram
da soCiologla:
Ou uma época passadaada, depois que as ciências matemáticas e naturais estavam
sociedade, objeto
Ou uma cons
objeto da historia? tituídas e já haviam definido a ideia de cientificidade. Então,
A ciência busca as
leis objetivas gerais,
universais e necessárias dos
para ganhar respeitabilidade cientifica, as ciências humanas
ieis objetivas para Oque essencialmente
e procuraram estudar seu objeto empregando conceitos, méto-
fatos. Como estabelecer
humano? Como estabelecer leis uni- dos e técnicas propostos pelas ciências da Natureza.
subjetivo, como opsiquismo
é particular, como e o caso de uma sociedade
versais para algo que (2) Embora bem menor que os dois parágratos originais, este
leiS necessarias para o que acontece
humana? Como estabelecer novo trecho continuou intormativo e coeso, concorda? Para
èo caso do acontecimento
histórico?
uma única vez, como que iss0 acontecesse, as eliminações e os acréscimos não
de um fato complexo
A ciência opera por análise (decomposição poderiam ser aleatórios. A seguir, riscamos todos os tre 101
e sintese (recomposição do
fato complexo
100 em elementos simples) chos eliminadose pusemos entre colchetes OS acréscimos.
essenciais dos
elementos simples, distinguindo os
por seleção dos Observe-os atentamente:
o psiquismo human0, uma
acidentais). Como analisar e sintetizar
sOCiedade, um acontecimento histórico? Emborasejaevidente quetotaeqtatqtercieneiaétumana
ciência lida com fatos regidos pela necessidade causal ou pelo perqte resttBta ta ativictacte trttmana te conhecimento, a
é dotado de razão, expressão ciências humanas refere-se àquelas cièncias que
principio do determinismo universal. O homem
escolher entre têm o próprio ser humano como objeto. A situação de tais
vontade e liberdade, é capaz de criar fins e valores, de

várias opções possiveis. Como dar uma explicação científica


necessária ciências é muito especial. Em primeiro lugar, porque set

aquilo que, por é


esséncia, contingente, pois é livre e
age por liberdade? objetot bastatte recettte: o homem como objeto
cientitico

Aciência lida com fatos objetivos, isto é, com os fenômenos, depois é uma ideia surgida apenas no século XIX. Atéetio,ttto
qtanto sereteria ao tttmano era esttttacto pett Ftiosota.
as
que foram purificados de todos os elementos subjetivos, de todas
qualidades sensiveis, de todas as opiniões e todos os sentimentos,
Em segundo lugar, porque [as cièncias humanas/ surgiram
de todos os dados afetivos e valorativos. Ora, o humanoe justd naturais estavam
depois que as ciências nmatemáticas e
mente o subjetivo, o sensivel, o afetivo, o valorativo, o opinativ0. cientificidade,
constituídas e jáhaviam definido a ideia de
Como transformá-lo em objetividade, sem destruir sua principal cte mocto qtre as
tontecimentoscienttticos,
caracteristica, a subjetividade? cte metodos e
imitar ecoprar o qtre
ctencias humants fortm tevactast tomem
estabelecido, tratandoo
(Fonte: CHAUI, Marilena. Convite d filosofio. São Paulo: Ática, 2000, p. tcjtetts ciências haviam
3433* ratttramatematizávet e expertmentavet:
Cototma coist
Aescrita na iversidade
Escrever na Universidlade - Fumdamentoc

ganhar respeitabilidaa. de 1dro acima. Sintetizando, teríamos


|Então,J para
EmottraspaBarras. conhecidas
como ciências hs de trechos elimináveis:
o
seguinte conjunto
disciplinas
cientifica, as conco.
estudar s e u objeto
empregando
eitos,
nas procuraram

técnicas propostos
pelas ciências da Natue
Natureza. ressalvas e contra-argumentos;
métodos e
porque justamente ese .. informações genéricas;
se perguntando:
estar
pode
(3) Você
riscadas toram
as
escolhidas para desapareceo m desenvolvimento e justificativa de ideias;
passagens abaixO
na elaboração do
texto resumido:
O quadro aponta
informações reformuladas, parafraseadas.
lgumas razões:

Outros trechos que normalmente podem


RAZÖES ser limados no
TRECHOS APAGADOS
processO de sumarização são:
Espécie de ressalva ou contra-argumento
Emberasejaevidente que em relação à ideia principal do parágrafo:
todaequaBqter-cinciaé "A expressão ciências humanas refere informações triviais ou inferíveis;
humana,porquErettta se àquelas ciências que tëm o próprio
daativicadetumaade ser humano como objeto". O texto não informações redundantes;
contecimente;
vai desenvolver tal ressalva, que pôde, exemplificações e analogias
portanto, ser eliminada.
digressões.
Informação genérica e retomada de
setobjetoébastanteretente:
modo mais preciso na explicação que a
sucede: "O homem como objeto científico é
102 103
uma ideia surgida apenas no século XIX"
Atéentãotudequante Espécie de desenvolvimento ou Produção escrita 1
sereferia aetumae era justificativa da informação "o homem Agora a sumarização caberá a você.Continue a atividade que
esttdede peta FiBesefia como objeto cientificoé uma ideia surgida
apenas no século XIX", não essencial paraa
iniciamos a partir do texto da professora Marilena Chaui. Siga os
Sua validade ou entendimento. procedimentos de sumarizaço estudados.
demétodese centetimentos Informações reformuladas Após realizados os apagamentos e pequenos ajustes no
eientficos,de mede qe posteriormente (como sugere o conectivo texto original, releia o novo texto e veja se ele taz sentido por si
asciências htmanasforäm "Em outras palavras"), de modo mais
só, na sua imanência, sem necessariamente termos de recorrer
Hevadas-aimitaretopiare Sucinto e não menos inteligivel. Optamos,
queaquelastiéntiashaviam então, pelo trecho reformulado: "Para ao texto da professora Chaui para entendê-lo. Se isso aconteceu
estabeleeide, tratande ganhar respeitabilidade cientifica, as e porque você fez um bom resumo ou um bom fichamento do
hememeemotma ttise disciplinas conhecidas como ciências aberto criticas.
nattratmatematizávete humanas procuraram estudar seu objeto
texto. Mostre-o a um colega e esteja a possiveis
experimentável- Emottras empregando conceitos, métodos e técnicas Reescreva-o, se necessário.
patdvtas propostos pelas ciências da Natureza"

4) Geralmente, no
processo de sumarização para a escrila
IMPORTANTEL
de um
fichamento, resumo ou resenha,
podemos apagar E m se tratando de um texto sumarizado para estudo do
passagens informativas, maiores ou menores, que podemos dizer que não há
funcio assunto ou consultas posteriores,
nam num texto do mesmo modo
como essas
dispostas no
diferenças entre um resumo e um fichamento, exceto pelo

Aescrita na universicdade
Escrever na universidade- undamentos

Acontece que a organização


e o r e s u mao composicional do
absoluta. Vimos issogênero
topIcalização
não é
dotada de uma estabilidad
fichamento tender à
fato de o duas últimas unidade: Assim, devido a essa nestas
texto corrido.
também podem
entar algum flexível, descri natureza relativa-
fichamento
seguido da página
mente
as
dessas quatro
e um e n t r e aspas, seg9 etapas (introdução,
U m r e s u m o

conceito ou
citação
importante
71arizaç o, crítica e
conclusão) de uma resenha acadèmica
foram
retirados.
aadem
não podei ser tomadas como
fórmulas fixas para a
de onde
exata
o novo
as pági- videncie
texto evid
boa senha,
sim como
reser mas produção
O E realmente
importante que
extraídos os
dos.
conteúdos. Quanto maior o de uma

para o aprendiz de resenhista na lida com o planejamento,


possibilidades
disponíveisa
foram
as de onde
mais e s s e
intervalo d de páginas precisa
resumo ou
fichamento,
na utilização do
material sumarizado execuçã0, a revisao e a reescrita de seu texto. Essas possibilida-
ser
detalhado, pensando
textos no futuro
como um artigo, um
um ds Dodem ser combinadas de diterentes formas. Veja que näo
escrita de outros recisa haver mesm fronteiras definidas entre a
nem
na
ou uma
resenha, por
exemplo. 2 a3
etapa (sumarizaçäo e crilica), ou seja, ao longo de uma resenha
e

projeto
resumir e avaliar Simultaneamente.
Dode-se
académica
4.3. Aresenha
costuma ser
muito Solicitado aos alunos Leitura 3
Outro texto que de
livro, de um filme, ou outra
é a resenha de
um
de graduação Leia agora trechos de quatro resenhas diferentes. A ideia é
o conteúdo
da disciplina. Como já
obra que tenha relaçãco
com

Costuma ser denomi-


/vocé observar a qual etapa de elaboração daresenha (irntrodução,
estudamos na seção
anterior, esse gêneO 105
resenha crítica). Sumarização, crírica e conclusão) cada parte se refere. Reticen-
resenha académica (ou
104 nado cias e colchetes- L..J-indicando os recortes realizados não
resenha acadêmica pode s e r
desenvol-
De modo geral, u m a serão informados, para não Ihe sugerirem possíveis respostas.
Pensando especiticamente n a
resenha
Vamos aos trechos:
vida em quatro etapas.
percurso para a organização
de um livro, teríamos seguinte
do texto: TRECHO A

centrais Na parte l da obra, intitulada Da (dis)tensão teórica, a autora, pri-


São apresentados tema e propósito
1 etapa: Introdução autores e meiramente, recorre às teorias de Lacan para
tratar do sujeito da
do livro, informações sobre seus
momento,
seu modo de produção,
referências a outras
Análise do Discurso de linha francesa. Nesse primeiro
entre outros aspectos construido pela alteridade, pela
a professora afirma ser o sujeito
publicações semelhantes,
que o situem contextualmente controla o seu dizer, sendo,
historicidade social e discursiva, que não
realiza-Se afetado pelo inconsciente. Assim, o sujeito
2 etapa: Sumarização Descreve-se organizaço do livroe
a
portanto, clivado, cindido,
seu predominio do discurso
com baseando-se no discurso de si e
do outro.
resumo, Constrói sua identidade,
indireto, embora citações literais também sejam obras
discussão de duas importantes
válidas. Depois, a autora dedica-se à da segunda fase da
retoma a obra inaugural
de Pécheux. Primeiro,
Avalia-se a obra positiva ou negativamente discurso: atualizações
3 etapa: Crítica análise automática do
considerando aspectos gerais e/ou especificos. AD, A propósito de uma social, língua,
conceitos como formação
e perspectivas, em que como
discute noções
4 etapa: Conclusão livro é ou não recomendado, são apresentadas são discutidos. Depois,
leitores em discurso e ideologia tratadas na obraDiscurso
possiveis restrições e indicados seus
e "desidentificação",
potencial. Tdeologia dominada"

Aescrita na universidade
Escrever na Univer sidade - Fumdamentos

mais força, tem-se a hete-


olivro vem ao mercado brasileiro
na qual, com em
estrutura ou acontecimento,
do discurs0 e o equívoco marcado por aquilo que Oliveira (2007)um momento nuito oportuno,
principio constitutivo chama de "a virada
rogeneidade como

da linguagem. Coracini
fecha a primeira parte. linguistica" atualmente em cursoe politico
como constitutivo
como "o Sonho da Torre de Babel"
a
"utilidade ou relevåncia social doscontribui
estudossignificativamente para
(Fonte: RAJAGOPALAN, K. Resenhalinguisticos"
considerando o monolinguismo
constituidos apenas pela nossa lingua
Temos a ilusão de que somos de As
Entretanto, a heterogeneidade constitui dej. Calvet. D.E.L.T.A., 24.1,Politicas linguisticas,
(a maioria,em especial). p. 135-139, 2008.)
sujeito. Nesse sentido, ha
um impedimento da
a linguagem e o
não sao transparentes, pelo
delimitação das linguas, os sentidos
contrário, são deslizantes e, por isso, Coracini (2001, p. 46) retoma TRECHO C
Derrida ao tratar da desconstrução e da impossibilidade da tradução Com objetivo apresentar à comunidade acadêmica brasileira
o de
como devolução do mesmo. estudos sobre (e para) a formaço inicial e continuada do
(Fonte: MORAES, S. O. de. Celebrando as múltiplas identidades de lingua inglesa, a obra Experiëncias didáticas no
professor
ensino-aprendi-
Resenha de A celebração do outro, de M. J. CORACINI. zagem de lingua inglesa em contextos diversos apresenta-se como
Todas os Letras, 19.1, p. 234-237, jan./abr. 2017.)
singular, em qualidade e gênero, para a divulgação de experiências
em contextos educacionais diversos vividas por
profissionais de
norte a sul do Brasil.
TRECHO B
A coletânea foiorganizada pelas professoras doutoras Rosinda de
Como um livro introdutório, o livro é altamente recomendável. Os Castro Guerra Ramos, Silvia Matravolgyi Damião e Solange Teresinha
capitulos são redigidos numa linguagem acessível aos iniciantes. o Ricardo de Castro, que faleceu durante o processo de organização.
106 autor ilustra cada caso com ajuda de exemplos concretos colhidos Por essa razão, as professoras Rosinda Ramos e Silvia Damião fazem
10
de paises ao redor do mundo. Encontram-se discutidos casos como uma homenagem (mais que merecidal) à memória da professora
os da China,
Mli,
Turquia, Noruega, Tanzania, Indonésia, Suíça, Solange Castro, que muito contribuiu para a formação de profes
Marrocos, Tunisia, Argélia, entre outros. Salta aos olhos a ausência sores no Brasil.
de uma discussão detalhada da india - um verdadeiro caldeirão
O livro, formado por nove artigos, com contribuições de pesquísa-
de multilinguismo, com 1.652 linguas identificadas, além de 527
dores de diversas universidades brasileiras, se propõe a expandir
ainda não classificadas (Mallikarjun, 2004), das
quais 22 são hoje e a divulgar formação do professor
trabalhos sobre a
no Brasi,
reconhecidas pela constituição daquele país,
graças à mobilizaçao trazendo reflexões pertinentes à Linguística Aplicada.
política dos seus respectivos falantes. Também
chama a atençãoa de F.eC. Resenha de Experiéncias
ausência de qualquer menção à situação (Fonte: ARAUJO, M. de S.; MONTEIRO, M. diversos, de R.
linguística nospaíses como
didaticas no ensino-aprendizagem de lingua inglesa
em contextos

2016.)
Estados Unidos e Grä-Bretanha, o que pode dar a D.E.L.T.A., 32.2, p. 557-563,

de que
impressão errónea Ramos et ali (orgs.).

política linguística é assunto de interesse principalmente


a

para países do terceiro mundoe alguns outros


os
países (que seriam
apenas exceções que comprovariam a regra!). TRECHO D
Mas nada do que apontei nos senti-me provOcada
parágrafos anteriores como sendo durante a leitura
do Ratio,
vezes, Não se pode
questões pontuais que deixaram a desejar no tratamento que Calvet O
muitas
dimensão persuasiva subjacente.
dá ao tópico subtrai do mérito do seu pelo autor, em face da considerar o Ratio
livro importante, publicado discursiva de
Leonel Franca ao
alinhavada
originalmente em francês em 1996etraduzido por Isabel de Oliveira e g a r a capacidade
Estudos de vigorosa
magnitude,
Duarte, Jonas Tenfen e Marcos Sudiorum um Plano de
Bagno, com revisão de Telma Pereira.
à sua formação jesuitica.

Aescrita na universidade
Escrever na Univcr sidade - Fundamentos

especial, o autor demonstrou


Ao longo do texto
introdutório, em

da Companhia de Jesus como instituicão


Recomenda-se (ou não) o livro? Como?
o papel preponderante de ensino tradicional, asSsegurando a Restriçoes à obra são
de vanguarda no processo
na educação instrucional São indicados os leitores
apresentadas?
Quais?
hegemonia da influência religiosa potenciais? Quais?
Quanto ao ordenamento
normativo em si mesmo, a segunda parte Há algum elemento imprevisivel na
do livro, incontestavelmente, representa
uma alavanca que impul chamado a atenção? Indique-o(s). conclusão que Ihe tenha
da Educação, mediante seus de-
siona discussões sobre a história
ate mesmo para mais claramente
cretos educativos, abrindo pistas
vislumbrarem-se as estratégias da lgreja Católica no fortalecimento
(3 Junte-se com um
colega, voltem
do poder do Papa, dos dogmas, do clero, dos concilios, enfim, da ao
quadro em que são
tudo isso ligado à Inquisição.
apresentadas as quatro partes da resenha e, a
partir delas,
propria Igreja, elaborem perguntas análogas a essas da
Embora o autor seja jesuíta, sua obra O Mëtodo Pedagógico dos Je- conclusão para
as demais etapas: ntroduço, sumarização e critica.
Suitas configura-se como o primeiro sistema organizado de ensino
católico, uma contribuição de inestimável importância, de mérito (4) Por fim, troquem sua perguntas com outra
dupla, que deve-
indiscutivel no que tange ao estudo dos princípios educacionais rá responder às perguntas recebidas de vocês, e
vice-versa.
da Companhia de Jesus, responsáveis pelo ensino não só no Brasil, Mãos à obra!
mas em várias regiðes do mundo, cujas linhas pedagógicas ficaram
incorporadas como parâmetro nas mentes dos educadores, não

108 sendo de todo superadas, independente do pensamento laico sobre


educação e das muitas reformas que se Ihe sucederam.
Produção escrita 2 09
(Fonte: NEGRÃO, A. M. M. Resenha de OMétodo Pedagógico dos Jesuítas, de L Chegamos, entim, a nossa última proposta de produção es-
Franca. Revista Brosileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 14, p. 154-157, 2000.) crita: uma resenha acadêmica.
Provavelmente, neste semestre ou ano letivo, voc deve estar
envolvido com a leitura de pelo menos um livro em alguma disci-
(1) Agora, preenchao quadro a seguir, fazendo corresponder
adequadamente as quatro etapas do gênero resenha aos plina do seu curso de qraduação. Caso não esteja lendo nenhum
trechos lidos:
livro na íntegra, por certo há alguns indicados nas bibliografias
dos planos de curso dos professores.
ETAPAS que aprendeu
TRECHO(A,B,COUD) Então, pensamos que você poderá praticar o
resenha
INTRODUÇAo nesta unidade sobre qêneros acadêmicos escrevendo uma
SUMARIZAÇAO ae uma obra seu sucesso em alguma disciplina
importante para
CrITICA em andamento no curso.
mostramos
CONCLUSAO trechos das resenhas que
E verdade que os
universitarios, es-
u l roram todos escritos por
professores
(2) Tente também identificar os disso, não
movimentos que acontecem n resenhada. Sabemos
no assunto da obra
interior de cada etapa. Por PELldilstas estudante podera,
exemplo, no trecho
que se retere Mas também sabemos que um
à conclusão, responda às seguintes perguntas: o preocupe. resenha acadêmica. Os
procediment0s
e s C r e v e r uma boa

Aescrita na universidade
EsCrever na Universidade - Fundamentos

Após a revisao e reescrita de sua


nisSo. Seguem outras in-
specialista na rea que leia seu
resenha, ped
peça a um
vão ajudá-lo protessor
que apresentamos
aqui
não nasce desse encontro um textoeodiscuta com você. Quem
formações importantes:
de sua resenha em um periódico0? possivel projeto de publicação
resenha é a leitura atenta da
O passo inicial para planejar sua
menos duas
vezes.
obra, pelo
livro se organiza, quais Leitura 4
N a primeira leitura,
você vai ver como o
são os principais conteúdos, quais são os percursos argumen última unidade, aprendemos
Nesta
no material, entre outros que a universidade
do autor, o que há de singular
tativos
pontos relevantes.
/tem seus generos esCritos prereridos, os quais circulam entre
de sumarização, os agentes envolvIdos airetamente com as atividades
de ensino,
Na segunda leitura, ative os procedimentos
selecione possíveis citações, dialogue
criticamente com algu- nesquisae extenso: professores-pesquisadores e estudantes. O
mas ideias do livro.
Comece a esboçar o seu texto. artigo cientifico - u m desses gêneros- é chamado de calei
livro e outras obras semelhan doscópico pelas autoras do texto a seguir. Curioso, não?
Pesquise sobre quem escreveuo
tes a ele. Essasinformações jápodem começar a ser colhidas na Conheça a ideia e, sempre que for produzir um artigo cien-
orelhas e na apresentação do próprio
capa, na contracapa, nas ifico, tenha-a em mente. Boa leitura!
livro a ser resenhado. Lembre-se de que dados desse tipo vão
compor a introdução de seu Veja que a escrita de uma
texto.
resenha é uma ótima oportunidade de voce contextualizar os ARTIGO CIENTÍFICO:
conhecimentos trabalhados nas aulas. UM GENERO TEXTUAL CALEIDOSCÓPICO
110
A extensão da resenha varia de acordo com diferentes fato O saber cientifico demanda letramento de mesma natureza, isto
res, que vão desde as diretrizes dos periódicos em que elas é, a capacidade de características da ciência, de
compreender as
são publicadas até as regularidades de cada área do conheci diferenciá-la de outras formas de conhecimento e investigação ede
mento. Para evitar o risco de escrever um textosuperficial ou emprega-la para formular questões, explicar fenômenos, elaborar
exageradamente descritivo, sugerimos que sua resenha gire Conclusoes e adquirir novos conhecimentos pautados em evidên
em torno de 5 páginas. De todo modo, seu
professortambém Cias cientificas. Esse conceito abrange também a conscientização
pode orientá-lo a respeito disso.
de como nosso meio material, cultural e intelectual é moldado pela
Cuide da apresentação de sua resenha. Convém digitarotexto Ciencia e pela tecnologia e o interesse do sujeito em participar at
de
e imprimi-lo em oficio A4. As margens superior eesquerda Vamente das demandas cientificas, como cidadão
crítico capaz

podem ficar em 3 cm, e as margens inferior e direita, em 2 cm. natural e das mudanças
entendere posicionar-se acerca do mundo
Sugerimos que o espaçamento entre linhas seja de 1,5eafonte
utilizada seja Times New Roman, tamanho 12. nele ocorridas.
muitas disciplinas, particularmente
Resenhas não costumamtertitulos. Você pode apresentar a Sabemos que, lamentavelmente, que
Científica, centram-se quase
referência bibliográfica da obra, precedendo o corpo do texto, as concernentes à Metodologia
estruturais dos géneros
que deve ser corrido, sema identificação das partes: introdução, ExCIusivamente na abordagem
dos aspectos
Associação
revisão, crítica e conclusäo.Após o texto, vocêdeverá se identificar, memorização das
prescrições da
Lextuais cientificos e na
norteia a formataçao,
escrevendo um pequeno cabeçalho. Capa, folha de rosto, sumário Normas Técnicas (ABNT), que
Brasileira de cientificos e, consequen
Ou Outro
elemento pré-textual não são recomendáveis. outros documentos,
de trabalhos Cientifica. Mas
uentre
manuais de
Metodologia
dos
Emente, a elaboração

AesCrita na universidade
Escrever na Universidade - Fundamentos

esses fragmentos, refletidos


no
espelho, formam
cientes de que,
felizmente, muitos
estudos têm ras colorida em imagens múltiplas e diferentes figu-
também somos
realizar um trabalho
mais amplo, auando olhamos pelo tubo, temos a arranjos
simétricos. Assim,
intuito de
sido desenvolvidos no
n adens formam uma única impressão de que essas várias
atividades de textualização
e retextuali-
figura, bela e colorida,
Tais estudos postulam que diferentes práticas lingua- de alhar e causa admiraçao nos que se que prende o
alunos confrontar deixam encantar
zação permitem
aos
construídas, oferecendo-lhes a desse artefato cultural. pelo brilho
sócio-histórico-culturalmente

gem
praticas e de reconstruí-las.
dessas No artigo acadêmico, tamberm um
possibilidade de se apropriarem artefato cultural, diversas
leiturae de produção de textos, microa-
das atividades de coes de linguagem (fragmentos coloridos) são
Para o sucesso
dispostas
tanto orais como
análise esmerada de três fatores pre-
escritas, a tor, de modo especifico, para gerar um texto (imagem pelo escri final). Essas
suscitadas: as especificidades das práti-
ponderantes precisam ser microações também são comuns a outros gêneros acadêmicos/ciern-
serão objetos de aprendizagem,
inclusive o
cas de linguagem que tificos, multiplicadas em arranjos plurais, gerando a
dominio discursivo a que pertencem;
as capacidades de linguagem
de diferentes gêneros,
sobreposição
dentre eles, o resumo, a resenha e
de ensino desenvolvidas. Nesse o
projeto
dos aprendizes; e as estratégias de pesquisa, e revelando a inter-relação das três camadas
do professor é necessária textuais
sentido, a intervenção consciente planejada
e
(organizacional, enunciativa e semäntica) que os constituem.
inserido nas práticas de linguagem típicas do
para que o aluno seja Nessa perspectiva, atribuimos as microações de linguagem um
Gmbito cientifico.
papel fundamental na configuração de um gênero caleidoscópico,
embora existam modelos
Precisamos ter ciência também de que,
uma vez que a recorrência delas contribuirá na caracterização de
dos mais variados gêneros textuais, cada texto empírico
prototipicOs um determinado gênero e de suas particularidades no delineamento
produzido é único, possui um estilo próprio e individual, pois reflete
em suas condutas ver
da singularidade de cada texto.
as semioses que o agente produtor pratica 13
12 Fonte: PEREIRA, R. C. M.; BASÍLIO, R.; LEITÃO, P. D. V. Artigo cientifico como
bais, únicas e irrepetíveis. Na cornstituição dos gêneros acadêmicos, gênero caleidoscópico. D. E.L.T.A., Documentação de Estudos em Linguistica
especificamente, do artigo cientifico, outros estão imbricados,
mas
Teórica e Aplicada (Online), v. 33, p. 663-695, 2017. (Adaptado)
o texto empírico gestado é sempre singular.
desse
Para explicar o que ocorre, em subjacência, na construção
gênero, usamos a analogia do artigo cientifico como gênero caleidos
cópico. O artigo científico é um gênero textual elaborado através
de um processo de textualização, realizado a partir de diferentes
atividades de retextualização, e imbricado de diferentes gêneros
textuais, tais como resumo, resenha, projeto de pesquisa, entre
outros cada um moldado por diferentes microações de lingua-
gem que ora
convergem, ora divergem-, comportando-se como
um caleidoscópio.
Também chamado "calidoscópio", esse instrumento óptico é cons-
tituido por um pequeno tubo de papelão ou metal, em cujo fundo
há fragmentos coloridos que podem ser de diversos tipos (vidros,
lantejoulas em diversos formatos, pequenos recortes de papeis
coloridos etc.). No seu interior, precisamente nas laterais, são fi-
xados pequenos espelhos dispostos em
ângulos diferentes (45",
60° ou 90°). Ao movimentarmos o tubo, através da luz exterior,

Aescrita na
universidade

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