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Maringá
2020
CAMILA FATIMA SPIELMANN
Maringá
2020
FOLHA DE APROVAÇÃO
COMISSÃO EXAMINADORA
O presente trabalho teve por objetivo revisar diversos estudos relacionados ao mel
das abelhas nativas sem ferrão e Apis mellifera, bem como seu potencial
antimicrobiano. O mel é um produto natural elaborado por abelhas sociais, é altamente
nutritivo, devido à sua alta concentração de açuacares, vitaminas e sais minerais. As
abelhas são os polinizadores de plantas nativas e cultivadas com maior importância,
que se destacam pelo fundamental papel que desempenham nos ecossistemas
globais e na agricultura, principalmente na polinização de plantas e fornecimento de
produtos de alto valor econômico. As abelhas sem ferrão também conhecidas como
meliponíneos, recebem esse nome pelo fato de possuírem seu ferrão atrofiado, não
picarem ou portarem veneno. As abelhas nativas sem ferrão são vistas como
fundamentais polinizadoras de várias plantas cultivadas e silvestres. A abelha A.
mellifera é uma polinizadora de grande sucesso de culturas agrícolas, especialmente
pela sua baixa especificidade quanto as espécies de plantas que visita, utilizando para
obtenção de alimento e matéria-prima um amplo número de espécies vegetais. A
criação de abelhas se divide em duas vertentes, que são a Apicultura e
Meliponicultura. O Brasil detém características favoráveis à essas duas práticas,
ficando no ano de 2017 com a décima primeira posição entre os maiores produtores
de mel mundiais. Com o uso irracional de compostos utilizados para combater
bactérias, que vêm desenvolvendo resistência aos antibióticos, são necessários
estudos para novas formulações com ação antimicrobiana a partir de diferentes
produtos naturais, como o mel. Muitos são os fatores que contribuem para a atividade
antimicrobiana do mel, como sua alta viscosidade, baixo teor de água, grande
concentração de açucares, sua acidez e a presença de peróxido de hidrogênio.
Apesar de uma grande quantidade de dados que confirmam a atividade
antimicrobiana do mel, não há estudos que apoiem o uso sistêmico do mel como
agente antibacteriano.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Mel
Mel é um produto alimentício, produzido por abelhas melíferas, originado a
partir do néctar das flores ou de secreções provenientes de partes vivas das plantas.
Por meio da sua origem pode ser classificado em mel unifloral e multifloral. O mel
unifloral é aquele produzido pelo néctar de flores de uma mesma família, gênero ou
espécie, e o multifloral é produzido a partir do néctar de diversas origens florais
(BRASIL, 2000). Também pode ser definido como um fluido viscoso, doce e
aromático, bem como uma solução concentrada de açucares (MEIRELES;
CANÇADO, 2013; BRASIL, 2000).
Apreciado pelos humanos desde a antiguidade, o mel foi utilizado como
alimento, medicamento e oferenda aos deuses. Em papiros egípcios de cerca de 1500
anos a.C., foram encontrados relatos do emprego do mel como medicamento, assim
como oferenda em cerimônias religiosas. Nas antigas Grécia e Babilônia foi utilizado
para a conservação dos corpos de reis e pessoas importantes mortas em batalhas.
Em algumas regiões o mel era destinado para presentear a Deus após as colheitas
bem sucedidas (GOIS et al., 2013; SZWEDA, 2017).
2.4 Abelhas
As abelhas são os polinizadores de muitas espécies de Angiospermas. As
plantas são beneficiadas com o fluxo gênico e as abelhas adquirem alimento e
substratos para a confecção dos ninhos, ou seja a relação abelha-planta é
fundamentada em recompensas, na qual as abelhas se beneficiam com a coleta de
recursos e as plantas com a polinização (GOSTINSKI et al., 2018; MAIA -SILVA et al.,
2012).
As abelhas são insetos que se destacam pelo fundamental papel que
desempenham nos ecossistemas globais e na agricultura, principalmente na
polinização de plantas e fornecimento de produtos de alto valor econômico
(GARIBALDI et al., 2016). Estima-se que mais de 30% da dieta humana é oriunda de
legumes, frutas e sementes que dependem da polinização desses insetos (TEIXEIRA,
2016).
Com o processo evolutivo de milhares de anos, as abelhas e plantas
desenvolveram inúmeras relações mutualísticas. Em consequência dessa relação
intrínseca com as flores, as abelhas desempenham um papel essencial para a
conservação do meio ambiente, são promotores fundamentais para a reprodução de
muitas espécies vegetais nativas (SLAA et al., 2006; ROUBIK, 2006). Relatos indicam
que as abelhas surgiram no período Cretáceo, coincidentemente com a origem e a
diversificação das Angiospermas, mais conhecidas como plantas com flores
(DANFORTH et al., 2012).
As abelhas exibem vários padrões com relação a sociedade, podendo
apresentar hábitos solitários ou níveis complexos de organização social (TEIXEIRA,
2016). A A. mellifera, bem como os meliponíneos, são abelhas eussociais (com
sociedade mais complexa), constituem colônias perenes, nas quais armazenam
alimentos e protegem a sua prole (MICHENER, 2013). Quando a oferta de alimento é
baixa no ambiente externo, os indivíduos são alimentados com o néctar e pólen
estocados no interior das colônias (PEREIRA et al.,2006).
As colônias das abelhas sociais são compostas por uma abelha rainha que é
encarregada pela postura dos ovos, e um grande número de operárias estéreis ou
semi-estéreis que são distribuídas em várias tarefas relacionadas com a manutenção
da colmeia e do ninhos, tais como: coleta e estoque de recursos, limpeza,
termorregulação, cuidados da cria, construção de células e guarda (MICHENER,
2013).
O corpo das abelhas é divido em três partes: cabeça, tórax e abdome, como
mostra a Figura 1. Possuem estruturas corporais adaptadas para a coleta e transporte
do pólen das flores para seus ninhos, tais como a presença de cerdas no corpo,
corbículas ou cesta polínica que fica localizada em cada tíbia do terceiro par de pernas
(DANTAS, 2019; DOMINGOS; NÓBREGA; SILVA, 2016; MICHENER, 2007).
Figura 1. Esquema demonstrando as partes do corpo de uma abelha.
No ano de 2017 em termos mundiais, a China foi maior produtor de mel, com
uma produção de 551 mil toneladas, seguido pela Turquia, com produção de 114 mil
toneladas e Argentina com 76 mil toneladas. O Brasil ficou com a décima primeira
posição entre os maiores produtores de mel (41,594 toneladas), conforme mostra a
Tabela 1. (FAO, 2018; NUNES, HEINDRICSON, 2019).
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As abelhas desempenham papel muito importante na natureza devido a
polinização de muitas espécies de Angiospermas. Desde o início das sociedades
humanas, os produtos das abelhas (mel, cera, pólen, própolis) têm sido utilizados
tanto para a alimentação como para saúde. A ciência moderna começou a estudar as
características químicas, físicas e as propriedades antimicrobianas do mel para
entender e utilizar esse produto apícola de forma terapêutica. Contudo, apesar dos
avanços obtidos até o presente, ainda há um longo caminho de pesquisas a serem
desenvolvidas para compreender as interações entre as abelhas, as plantas e a ação
antimicrobiana desse produto apícola.
4. REFERÊNCIAS
PEREIRA, F.M.; FREITAS, B.M.; VIEIRA NETO, J.M.; LOPES, M.T.R.; BARBOSA, A.L.;
CAMARGO, R.C.R. Desenvolvimento de colônias de abelhas com diferentes
alimentos protéicos. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 41, p. 1-7, 2006.
MICHENER, C.D. The Bees of the World. Baltimore: John Hopkins University Press,
2007.
MATOS, V. R.; ALENCAR, S. M.; SANTOS, F. A. R. Pollen types and levels of total
phenolic compounds in propolis produced by Apis mellifera L. (Apidae) in an area of the
Semiarid Region of Bahia, Brazil. Anual Academia Brasileira de Ciências 86(1): 407-
418, 2014.