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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO CEARÁ - IFCE


PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E INOVAÇÃO - PRPI

CONSIDERAÇÕES SOBRE A LEI Nº 9913/12 E A ATUAÇÃO DOS


PROFISSIONAIS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NA EMISSÃO DE LAUDOS DE
VISTORIA TÉCNICA DAS EDIFICAÇÕES

Luana Pereira Linhares(1); Gerson Luiz Apoliano Albuquerque(2)


(1)
Aluna ; Instituto Federal do Ceará, campus Sobral e Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA, campus
CIDAO, Sobral; luuanapereira@gmail.com.
Orientador(2); Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA, campus CIDAO, Sobral;
gersonapoliano@hotmail.com.

1. RESUMO Este trabalho buscar tornar clara a atuação dos profissionais da construção civil
frente às vistorias técnicas em prédios e o processo da emissão de laudos comprobatórios da
qualidade das edificações, exigidas pela Prefeitura Municipal de Fortaleza, conforme a Lei nº 9973,
de 16 de julho de 2012, que dispõe sobre a obrigatoriedade de vistoria técnica, manutenção
preventiva e periódica das edificações e equipamentos públicos ou privados no âmbito do município
de Fortaleza. Sendo assim, estão obrigadas a realizar a vistoria técnica periódica as residências
multiresidenciais (prédios de apartamentos), com três ou mais pavimentos; as edificações de uso
comercial, industrial, institucional, educacional, recreativo, religioso e de uso misto; as edificações
de uso coletivo, públicas ou privadas; e as edificações de qualquer uso, desde que representem
perigo à coletividade. Essa exigência já é adotada em vários municípios do Brasil e espera-se que
ocorra nos demais municípios brasileiros. A obrigatoriedade da realização de vistoria técnica
periódica para fins de reparo das edificações traz muitos benefícios para a coletividade, em termos
de segurança e qualidade das edificações. Também gera uma demanda de serviços para os
profissionais da construção civil. Por outro lado, traz também uma carga de responsabilidade muito
maior para esses profissionais, tendo em vista que, se a vistoria e o laudo não forem minuciosos e
rigorosos, podem esconder problemas que comprometam a segurança das edificações e das pessoas.
PALAVRAS-CHAVE: Manutenção – Prevenção – Conservação.

2. INTRODUÇÃO

Fortaleza é uma metrópole muito importante onde suas edificações fazem parte do registro
histórico da capital cearense. Por essa razão, em seu desenvolvimento e expansão foram necessários
tombamentos e revitalizações de prédios antigos. Porém, nem todos esses prédios recebem a devida
atenção quanto à sua manutenção e prevenção de acidentes, sendo desconsiderada a idade da
edificação e o impacto do desenvolvimento do seu entorno nela. Estima-se que mais 50.000
edificações, na cidade de Fortaleza, se enquadram na exigência do cumprimento dessa norma legal.
Justifica-se este trabalho, então, pelo fato de que se trata de uma nova exigência legal que
implica em uma nova demanda de serviços profissionais da construção civil, especialmente o
Engenheiro Civil, que ainda, em geral, desconhece esse novo ramo de atuação profissional.
Sendo assim, o objetivo deste trabalho é tornar clara a atuação dos profissionais da
construção civil quanto às vistorias técnicas e consequente e missão do Laudo de Inspeção Predial.

3. METODOLOGIA
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E INOVAÇÃO - PRPI

Para este trabalho, foi utilizada uma pesquisa bibliográfica, do tipo exploratória, com estudo
e análise da legislação que trata do assunto, especialmente a Lei 9913/2012 e o Decreto nº
13.616/2015, que regulamenta a referida Lei. Também foi consultado material disponível no Curso
de Inspeção Predial e Patologias na Construção, realizado em novembro de 2015, pela DIH –
Desenvolvimento da Inteligência Humana, em Fortaleza.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A vistoria técnica deverá ser realizada por engenheiro ou arquiteto ou empresa legalmente
habilitados nos respectivos Conselhos Profissionais, CREA/CE ou CAU/CE, que elaborará o Laudo
de Vistoria Técnica, observando as normas técnicas da ABNT pertinentes, atestando as condições de
conservação, estabilidade e segurança da edificação. Detectada situação de risco iminente à
segurança da edificação, o profissional ou empresa responsável deverá notificar o responsável pela
edificação sobre as medidas a serem tomadas de imediato, bem como informar a situação ao Corpo
de Bombeiros e ao órgão de Defesa Civil competente. Os laudos deverão ser emitidos, obedecendo
os seguintes prazos: anualmente, para edificações com mais de 50 (cinquenta) anos; a cada 02 (dois)
anos, para edificações entre 31 (trinta e um) e 50 (cinquenta) anos; a cada 03 (três) anos, para
edificações entre 21 (vinte e um) e 30 (trinta) anos e, independentemente da idade, para edificações
comerciais, industriais, privadas não residenciais, clubes de entretenimento e para edificações
públicas; a cada 05 (cinco) anos, para edificações com até 20 (vinte) anos.
A idade do imóvel é contada da data de expedição da Carta de Habitação (“habite-se”) e,
caso não tenha, começa a contagem a partir da data da matrícula no cartório de registro de imóveis
em nome do primeiro proprietário ou, ainda, a partir de outra evidência que possibilite sua aferição.
No Laudo de Vistoria Técnica, o profissional deverá observar e registrar os aspectos de
segurança da edificação, obedecendo a todas as normas técnicas da ABNT pertinentes, devidamente
acompanhado da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), contendo, conforme a Lei
9913/2012, no mínimo: a descrição detalhada do estado geral da edificação (estrutura, instalações e
equipamentos); as características das anomalias por ventura encontradas e suas causas; as
especificações dos pontos sujeitos à manutenção preventiva ou corretiva, bem como a periodicidade
das mesmas; as medidas saneadoras a serem utilizadas; os prazos máximos para a conclusão das
medidas saneadoras propostas.
Os problemas, anomalias e patologias das edificações podem ser de vários tipos, como
manchas; fissuras, trincas; rachaduras; ferragem dos elementos estruturais (pilar, viga, laje) exposta;
revestimento cerâmico descolando; instalações elétricas, telefônicas, de incêndio, pluviais e
hidrossanitárias precárias; ausência de portas contra fogo e hidrantes; extintores de incêndio
vencidos; falta de corrimão nas escadas; falta de iluminação de emergência, dentre outros.
De posse do Laudo de Vistoria Técnica e de outros documentos exigidos, tais como o
Certificado de Conformidade do Sistema de Proteção de Incêndio e Pânico, emitido pelo Corpos de
Bombeiros, o proprietário ou preposto apresenta-os junto à Prefeitura, que expedirá o Certificado de
Inspeção Predial daquela edificação. Na hipótese da constatação de irregularidades, os responsáveis
pelas edificações deverão providenciar, nos prazos definidos no Laudo de Vistoria Técnica, a
recuperação, manutenção, reforma ou restauro necessário à segurança e utilização da edificação.
Ocorre infração administrativa a não apresentação do Laudo de Vistoria Técnica nos prazos
previstos e a não realização das obras e serviços para recuperação dos imóveis, no prazo
estabelecido no Laudo de Vistoria Técnica, podendo o poder público, através do órgão competente
de fiscalização, lavrar auto de infração para aplicação de sanções administrativas, conforme
determinado em lei.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Devido à necessidade de regulamentar a manutenção preventiva e periódica das edificações


e equipamentos públicos e privados no âmbito do município de Fortaleza, o prefeito da cidade
sancionou a Lei nº 9973, de 16 de julho de 2012, que além de tornar obrigatória a realização da
vistoria técnica das edificações, públicas ou privadas, prevê a análise do grau de risco com relação à
segurança dos sistemas construtivos, tais como: estrutura, alvenarias, revestimentos, cobertura,
instalações, equipamentos e demais elementos que as compõem.
Constitui em uma responsabilidade muito grande para profissional da construção civil na
elaboração e emissão do Laudo de Vistoria Técnica e respectiva ART (Anotação de
Responsabilidade Técnica), pois é a partir deste laudo que as providências serão tomadas para o
reparo das anomalias e patologias detectadas. Caso o laudo não relate todas as anomalias e
patologias da edificação, poderá a edificação apresentar problemas de segurança posterior, em que
profissional responderá no âmbito administrativo, civil e penal por seus erros e falhas.

5. REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Mozarly. Assessora de Imprensa do Crea-CE. Lei de Inspeção Predial é


regulamentada. TECHPROJ, em 24 de junho de 2015.

FORTALEZA. Câmara Municipal de. Lei no 9913, de 16 de julho de 2012. Paço Municipal,
Fortaleza, 2012.

________. Decreto nº 13.616, 23 de junho de 2015. PAÇO MUNICIPAL, Fortaleza, 2015.

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