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Redação

O seriado “Batwoman” narra a história de Kate Kane, uma super-heroína que assume a
responsabilidade de defender a fictícia Cidade de Gotham quando Bruce Wayne, seu antigo
herói, desaparece. Dentre os vilões enfrentados por Kate está a Pirata da Pele, uma
adolescente tão obcecada pela própria aparência que começou a arrancar pedaços dos
corpos de outras pessoas e costurá-los em sua própria pele a fim de alcançar o “corpo
perfeito”. Hodiernamente, inúmeros brasileiros sofrem com semelhante situação, sentindo-
se obrigados pela sociedade a atingirem um nível idealizado de beleza, problema que deve-
se, especialmente, à indiferença do Estado quanto ao conflito e o estigma cultural no que
tange a qualquer aparência considerada “fora do padrão”.
Em primeira análise, faz-se relevante citar o quanto a falta de atitudes por parte do
Estado contribui para o crescimento do entrave. Consoante a ideologia de Freud, o homem
possui a tendência de exigir que seu semelhante realize uma tarefa sem, no entanto, dar a
ele as devidas condições de fazê-lo, teoria que reflete as dificuldades vistas no Brasil. Com
pouco ou nenhum apoio dos governantes, o cidadão tende a sentir-se encurralado pelos
recursos de mídia e internet que, de maneira arbitrária e elitista, estabelecem uma
aparência padronizada que deve ser seguida por todos não importando as consequências,
fato que demonstra o quão grave é a proporção da problemática.
Outrossim, é válido citar o dano causado pelo forte estigma histórico que polui a
cultura do povo brasileiro no relativo à aparência física. Consoante os escritos de Rousseau,
o homem já nasce bondoso, mas acaba por ser corrompido pelas mazelas de uma sociedade
injusta, proposta que aplica-se à realidade brasileira. Controladores das programações de
entretenimento, as fontes midiáticas tendem a propagar como correto um modelo de
aparência com características muito específicas, estabelecendo tudo que fuja ao imposto
pela elite como “feio”, “ruim”, “repugnante”, assim alienando o cidadão e manipulando-o a
consumir cada vez mais produtos e realizar cada vez mais cirurgias, colocando em risco sua
situação financeira, sua saúde física ou mesmo sua condição mental diante do fracasso em
atingir o corpo perfeito, situação que enfatiza o quão imperativo é que a questão seja
solucionada.
Portanto, indubitavelmente, medidas devem ser tomadas para corrigir o empecilho. O
Ministério da Cidadania deve realizar uma campanha de conscientização em escala nacional
por meio de palestras e atividades lúdicas realizadas em espaços de trabalho e estudo,
públicos e privados, a fim de apresentar ao povo formas mais eficazes de adquirir a
autoestima sem a necessidade de modificar o próprio corpo, entendendo que nem tudo que
é diferente é necessariamente inferior e que a diversidade deve sim ser abraçada por todos
os âmbitos da sociedade. Desse modo, os estigmas serão extintos, as diferentes aparências
serão aceitas em sociedade e a situação drástica da Pirata da Pele tornar-se-á uma distante
ficção.

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