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Redação

J. Jonah Jameson, personagem fictício dos quadrinhos da Marvel, é o chefe de um


importante jornal conhecido pela sua rigidez extrema para com os funcionários, tendo
ataques de fúria constantes e abusando psicologicamente de qualquer um de seus
empregados, humilhando-os todos os dias e deliberadamente fazendo-os desistir de suas
ideias para roubá-las depois. Hodiernamente, inúmeros são os brasileiros que sofrem em
semelhante situação, sendo moralmente assediados por seus patrões em ambientes
teoricamente formais de trabalho e tendo a sua saúde mental prejudicada, problema que
deve-se especialmente à indiferença governamental somada à ignorância populacional.
Preliminarmente, faz-se relevante citar o quanto a falta de atitudes por parte do
Estado contribui para a proliferação do entrepilho no Brasil. Consoante Freud, o homem
possui a tendência de exigir que seu semelhante realize tarefas sem, no entanto, dar a ele as
devidas condições de fazê-lo, ideia que manifesta-se na realidade brasileira. Embora haja
leis que proíbam o assédio moral e estabeleçam punições aos que o praticarem, o fraco
sistema judiciário raramente condena os patrões que possuem melhores condições
financeiras com o devido rigor, criando um sentimento coletivo de impunidade que não só
os incentiva a continuar oprimindo seus funcionários propositalmente como também
desencoraja estes a denunciar, gerando um ciclo vicioso tóxico no trabalho e enfatizando o
quão urgente é que a situação seja consertada imediatamente.
Outrossim, é válido ressaltar como a desinformação vinculada a estigmas culturais
veiculada pela população contribui para o alastramento do conflito. Conforme Rousseau, o
homem já nasce bondoso, mas é gradativamente corrompido pelas mazelas de uma
sociedade injusta, teoria que prova-se como real na vivência diária do cidadão. Preso à
noção individualista do capitalismo, o patrão, guiado exclusivamente pelo objetivo de lucrar,
abandona quaisquer noções de empatia e torna-se um humano indiferente ao sofrimento
alheio, não só prejudicando a sanidade de seus funcionários como também contribuindo
para que estes tornem-se progressivamente miseráveis no sentido financeiro, jamais
ajudando-os nem mesmo no melhor cenário possível, mostrando que é imperativo que
soluções sejam colocadas em prática de imediato.
Portanto, indubitavelmente, o entrave do assédio moral precisa ser corrigido o mais
rápido possível. O Ministério da População deve promover uma campanha de
conscientização em escala nacional por meio de palestras e atividades lúdicas em ambientes
de trabalho e estudo, públicos e privados, além de propagandas na rede aberta de televisão
a fim de mostrar aos cidadãos a necessidade da denúncia para o avanço da sociedade e o
cumprimento da lei, também provando aos patrões o quanto sua produtividade aumentaria
ao criar um ambiente de trabalho saudável e as chances enormes que eles possuem de
serem condenados pela justiça caso não o faça. Desse modo, o Brasil tornar-se-ia um país
livre do assédio moral no trabalho e casos como o de J. Jonah Jameson nada serão além de
uma distante ficção.

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