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A priori, se faz essencial o reconhecimento de que as instituições não só ocupam nossas vidas,

mas se tornam parte relevante delas; visto que sua presença preenche grande parcela do
cotidiano, interferindo até mesmo em nossa subjetividade. Neste sentido, o paralelo a ser
realizado com o clássico do cinema “Um Sonho de Liberdade” busca a melhor compreensão da
instituição retratada neste audiovisual, o cárcere. Ao analisá-lo como organismo vivo, devido ao
seu espaço ocupado, é notável que sua composição molda os padrões de
comportamento/pensamento dos servidores e principalmente daqueles que ali estão sob pena.
Estes que claramente sofrem muito mais as consequências de uma negligência institucional, ao
não direcionar corretamente recursos e verbas para os fins necessários.
Existem atualmente prisões brasileiras que não respeitam os direitos humanos, em estado de
calamidade pública ou superlotadas; isso se dá porque as reais demandas não são cumpridas
pelas autoridades da instituição. Tudo isso reflete e escancara a questão social que foi exibida
no filme: a perda de dignidade e humanidade dos presos, sobretudo ao olhar de poderes locais;
ou seja, tornando-se encarcerado param de enxergar-lhe como pessoa e dessa forma, a
conclusão para os agentes penitenciários é que não existe a necessidade de um tratamento com o
mínimo de educação, restando apenas indiferença e rispidez. Nem sequer por parte da direção e
administração prisional costuma-se haver zelo com o local, comida ou se dispõem de algum
passatempo de qualidade para o entretenimento dos detidos. Como criminosos –muitas vezes
tratados como animais- neste local não se encontra misericórdia e mesmo que já estejam
pagando pelos seus erros todos os dias, ainda há policiais nestas instituições que fazem por si
maneiras de tornar as penas ainda mais duras; assim como é retratado no filme em cenas de
tortura e tiro à queima roupa.
A realidade é que tais estruturas ou mecanismos de ordem social criam suas próprias demandas,
afim de atender interesses pessoais, gerar lucro e manipular a população; isto é, a maioria das
demandas são culturais e inventadas conforme a época. Além disso, a lógica do capital é a base
e o que move grande parte das instituições; o que gera um afastamento do real propósito,
prevalecendo apenas os créditos. Como também se evidencia no decorrer da trama, nas cenas de
lavagem de dinheiro que moveram até um assassinato. Portanto, se faz preciso o entendimento
de como funcionam as instituições para ter ciência da nossa posição dentro destas e não nos
tornarmos reféns de seus moldes.
Logo, existem na Análise Institucional ferramentas que auxiliam neste processo: a autoanálise e
autogestão -que são temidas pelo sistema, por representarem uma possibilidade de enfraquecer o
status quo-. A autoanálise constitui-se em observar os problemas pensando nas possíveis
soluções. Também há a autogestão, onde a comunidade se une em prol da defesa de seus
interesses, organizando-se para o seu ideal de progresso. Essa organização deve ser feita por
pessoas interessadas na transformação para que o mundo não perpetue a desigualdade e ideais
de contradição de muitas autoridades das instituições capitalistas.  Para que assim como
retratado em “Um Sonho de Liberdade”, não fiquemos nas mãos de pessoas egocêntricas, sem
empatia e que utilizam discursos bonitos apenas por conveniência; estes que anseiam por ocupar
cargos de poder apenas para saciar suas vontades, deixando de atender o que realmente é
necessário a quem se presta seu serviço.
Ademais, a análise institucional investiga as demandas em uma busca de estabelecer quais são
as necessidades reais e as moldadas. Portanto, faz-se uma intervenção com atenção a estas num
ato esquemático em prol de mudanças para o que a sociedade analisou precisar de intervenção,
em busca de superar os aspectos institucionais negativos e com base nestes leva-se sugestões de
melhorias para todos os quesitos que podem ser inovados.

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