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INTITUTO SUPERIOR DE CIENCIAS E EDUCACAO A DISTANCIA

DEPARTAMENTO DE CIENCIAS SOCIAIS E HUMANAS


LICENCIATURA EM GESTAO DE RECURSOS HUMANOS

ANALISE DAS DOENÇAS OCUPACIONAIS E SUAS CONSEQUÊNCIAS


PARA FINS DE ESTABILIDADE NO TRABALHO: UM ESTUDO COM
PROFESSORES DA ESCOLA SECUNDARIA DO INFULENE.

Isaura Tomas Torres Tobias Bene

Maputo, Maio 2022


Analise das doenças ocupacionais e suas consequências para fins de estabilidade no
trabalho: Um estudo com Professores Da Escola Secundaria Do Infulene.

Resumo

A atuação do professor nas instituições vem gerando cada vez mais a incidência de problemas de
saúde, tanto no início ou no final do percurso profissional. Devido a isso, doenças resultantes do
exercício desta profissão são nosso objecto de estudo. Trata-se de um estudo descritivo com
abordagem quantitativa dos dados realizada com 57 docentes atuantes na Escola Secundaria do
Infulene, através de um questionário semiestruturado com o objetivo de identificar as principais
doenças ocupacionais que acometem os professores da instituição, suas consequências em relação
a estabilidade no emprego e a qualidade de vida durante o exercício da profissão. Os resultados
obtidos mostraram que os professores apresentam doenças ocupacionais como: Estresse (21%),
Depressão (12%), Insônia (12%), Ansiedade (30%), Síndrome de Burnout (9%), vertigens e
tremores (16%). Esses problemas estão relacionados às condições de trabalho, à carga horária e a
dupla jornada dos docentes.
Palavras-Chave: Doenças ocupacionais. Professores. Qualidade de vida no trabalho.

Introdução

O trabalho é considerado uma forma de dignificação, gratificação, formador de caráter


social e da identidade do ser, além de ser o meio de obtenção de recursos financeiros para
sustento e sobrevivência da pessoa e família, e isso requer participação ativa do
trabalhador, podendo acarretar em problemas de saúde e alterações na qualidade de vida
do mesmo devido à sua demanda.

Com base nessa linha de pensamento, a docência é uma área que apresenta diferentes
exigências e dimensões de cuidado, aprendizado e ensino que estão relacionados a
conteúdos cognitivos, efetivos e instrumentais que demandam muito do profissional e
podem afetar a sua qualidade de vida. Essa interferência apresenta riscos ocupacionais
aos professores que se não forem aplicadas as ações de políticas públicas de atenção
integral à Saúde do Trabalhador, visando à assistência, promoção, vigilância e prevenção
dos agravos, pode acarretar em doenças e/ou disfunções ocupacionais aos professores,
afetando no seu desempenho na instituição de ensino.

Todavia, grande dos problemas de saúde que acometem os professores ocorre em


consequência do ambiente de trabalho no qual muitas vezes não possuem condições
estruturais adequadas, falta de recursos materiais, clima organizacional e relacionamento
interpessoal desfavorável com os demais profissionais, esforço físico e mental bastante
exigido, estarem expostos a riscos à segurança pessoal em função às demandas físicas do
trabalho, entre outros aspectos que interferem na atuação do docente e, consequente, no
desempenho adequado desejado.

Portanto, o presente estudo vem identificar quais as principais doenças ocupacionais que
acometem os professores da Escola Secundaria do Infulene, a sua relação com
estabilidade no emprego e qualidade de vida no trabalho.

Por estes motivos justifica-se realizar tal estudo para a necessidade de discutir sobre as
condições de trabalho, tempo de exercício de profissão e a saúde/qualidade de vida dos
professores da Escola Secundaria do Infulene. Para que assim seja possível a inserção e
colaboração da assistência de enfermagem aos docentes e aos estudantes para a melhora
da qualidade de vida e redução dos riscos à saúde.

Resultados

A amostra do presente estudo foi composta por 57 professores que atuam na Escola
Secundaria do Infulene, dois quais 38 são homens e 19 são mulheres, como ilustra o
gráfico 1 abaixo.

Gráfico 1: Amostra Total do estudo (n = 57)

Amostra total do estudo

19; 33%
Homens
Mulheres
38; 67%

A predominância do sexo masculino entre os professores, como ilustra o gráfico, está


relacionada ao fato desse campo profissional ter sido um dos primeiros a incorporar a
participação dos homens no mercado de trabalho e pela docência ser vista como uma
atividade exclusivamente para homens. Neste estudo temos 38 professores homens que
correspondem a 67% e 19 professoras que correspondem a 33%.

Gráfico 2: Dados referentes ao trabalho: Doenças Ocupacionais (n=57)

Dados referentes ao trabalho: Doenças


Ocupacionais

Estresse
9; 16% 12; 21% Depressao
5; 9% Insonia
7; 12% Ansiedade
17; 30% 7; 12% Sindrome de Burnout
Vertigens e tremores

Em relação aos problemas de saúde mental relatados foram a problemas emocionais


Estresse (21%), Depressão (12%), Insônia (12%), Ansiedade (30%), Síndrome de
Burnout (9%), vertigens e tremores (16%); problemas na voz como fendas nas cordas
vocais e problemas cardiovasculares, sendo a hipertensão arterial sistêmica (HAS). No
entanto, todos os docentes entrevistados que apresentaram algum problema de saúde
procuraram atendimento médico, fizeram tratamento em decorrência do problema e
alguns fazem acompanhamento profissional como forma de prevenção de agravo do
problema.

Ademais, considerando os professores que apresentaram algum tipo de doença


ocupacional, todos relataram ter procurado atendimento médico e realizado tratamento de
saúde, oferecido ou não pele Serviço Distrital da Educação da Matola.

Ao comparar e relacionar os dados de gênero com os dados referentes ao trabalho


observou-se que todos os docentes que apresentaram doenças ocupacionais, porém as do
sexo masculino (67%), são as que apresentaram maior prevalência. As demais variáveis
não apresentaram diferenças ou resultados significativos para o estudo.
Discussão dos dados

O processo do adoecer do professor é ocasionado principalmente devido a agentes


estressores presentes diariamente na docência e a maneira como eles são enfrentados.
Estudos demonstram que as condições e locais de trabalho oferecidos aos professores são
fatores que podem contribuir e levar ao adoecimento. Esses levantamentos puderam ser
observados nesse estudo, a partir de relatos dos docentes quanto à influência do ambiente
de trabalho no surgimento de problemas de saúde.

Quanto aos professores que queixam-se do estresse (21%), referem-se a um esgotamento


pessoal que interfere na vida do indivíduo e não na sua relação com o trabalho. O estresse
causa no docente a sensação de medo, tensão, derrota, raiva, cansaço e falta de iniciativa,
ansiedade; geralmente é fruto da pressão por resultados sem o suporte necessário, da
jornada sobrecarregadas, das salas superlotadas.

As queixas relacionadas a Insônia (12%) e a Depressão (12%), verificam-se quando o


docente perde o interesse pela sua pessoa, e até da higiene e cuidados pessoais,
apresentando sentimentos de culpa com ideias suicidas, dificuldade de concentração,
alteração no sono e no apetite, além de perda do interesse sexual. Portanto, isto pode levar
a outras doenças como o alcoolismo, pois um o insone bebe para dormir.

Outro facto observado neste estudo está relacionado a Ansiedade, 17 professores (30%),
padecem de transtorno de ansiedade. A ansiedade é um sinal de alerta, que adverte sobre
perigos iminentes e capacita o indivíduo a tomar medidas para enfrentar ameaças. O
professor é acometido por um sentimento desagradável, vago, acompanhado de sensações
físicas como vazio (ou frio) no estômago (ou na espinha), opressão no peito, palpitações,
transpiração, dor de cabeça, ou falta de ar, dentre várias outras, e pode evoluir para
transtornos de pânico.

Enfim, o estresse foi o problema mais abordado nesse quesito por estar relacionado com
o excesso da carga de trabalho, rotina cansativa, quantidade de alunos em sala de aula,
qualidade e disponibilidade de materiais e recursos didáticos para ensino, problema
interpessoais com outros professores, alunos e pais de alunos, entre outros fatores
relacionados à instituição, além dos problemas pessoais de cada docente que não foram
abordados no presente estudo.
Portanto, isto tudo gera uma grande sobrecarga no profissional e um esgotamento físico
e emocional podendo desencadear em outros problemas como depressão, problemas
emocionais, transtornos de ansiedade, fobias, distúrbios psicossomáticos, síndrome de
Burnout.

Considerações finais

A partir da realização dessa pesquisa, conclui-se que os professores apresentam doenças


ocupacionais relacionadas ao trabalho e que interferem negativamente na sua qualidade
de vida. As doenças mais comuns apresentadas foram: Estresse, Depressão, Insônia,
Ansiedade, Síndrome de Burnout, vertigens e tremores. Tais doenças, foram necessárias
a busca por serviços de saúde e tratamento, e de alguma forma afetaram o desempenho
do professor na instituição e causou o afastamento de alguns de suas funções, sendo
necessária sua readaptação e realocação na escola.

Não obstante, estas doenças podem causar a exaustão emocional, o estresse agudo, além
de distúrbios comportamentais como, por exemplo, a despersonalização, irritabilidade,
impaciência, apatia, medo, agressividade dentre outros. Entre os fatores que interferem
na qualidade de vida do professor estão as condições inadequadas de trabalho, seguidas
de jornadas duplas e/ou triplas, ausência de lazer, fragmentação das atividades laborais,
e mais especificamente, os ambientes de trabalho insalubres.

Portanto, frente a essas considerações, percebe-se que mais estudos precisam ser
realizados abrangendo a investigação dos aspectos psicossociais presentes no processo de
adoecimento dos professores. Ao se discutir as questões psíquicas e sociais a questão do
direito à saúde vem à tona em formato de políticas públicas, atribuindo assim, a
importância necessária que essa temática demanda.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

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revisão de literatura. Revista Formação Docente. Belo Horizonte.

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Escola de Ensino Infantil e De Estimulação Precoce no Distrito Federal. Trabalho de
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Paulo.

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