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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CIVEL DA COMARCA


DA CAPITAL A QUEM ESTA COUBER POR DISTRIBUIÇÃO.

"Ä justiça acompanha aqueles que amam a


verdade. (Lucian Rodrigues Cardoso)”

JOSÉ MARIANO DE MELO CAVALEIRO DE MACEDO, brasileiro,


médico, casado, CPF 019.155.842-72, domiciliado a Tv. Boaventura da
Silva, 1075, Belém-Pará, CEP 66060060, no Estado do Pará, vem mui
respeitosamente à presença de Vossa Excelência propôr:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E


DANOS MORAIS
contra a CENTRO DE ANESTESIOLOGISTAS ASSOCIADOS, pessoa jurídica de
direito privado, CNPJ 07403275000115, com sede nesta cidade em uma
sala alugada, localizada no Hospital Beneficente Portuguesa, pelos
seguintes motivos e fundamentos jurídicos:
DOS FATOS

DA CRIAÇÃO DO C.A.A
O autor foi fundador da associação em 1983, juntamente
com mais dois médicos, cujo nome à época era AA – Anestesistas
Associados.
No dia...., ocorreu a “saída” de sete (07) médicos
associados, por motivo de discussão com Dr. Prócion. Nessa ocasião,
o autor foi convidado para sair para compor o novo grupo, porém,
preferiu permanecer no AA. (Guerra – saíram e fundaram outro grupo
S.A.U. Serviço de Anestesiologistas Unidos - briga com o Dr.
Prócion).
Ressalte-se que na oportunidade, todos os médicos que
saíram foram indenizados, recebendo inclusive, a sua parte no
patrimônio da associação.
Nesta ocasião, restaram apenas dois médicos associados, o
autor (José Mariano de Melo C. De Macedo) e o Dr. Prócion Barreto da
Rocha.

Naturalmente, o grupo cresceu com mais anestesiologistas


associados, no passar do tempo, inclusive, tendo o autor indicado
mais dois médicos que eram seus residentes, para fortalecer o grupo.

Em ...., ocorreu nova divisão no AA, por motivo de


litígio envolvendo novamente o Dr. Prócion e a sua filha, Dra.
Alessandra, pois foi questionado pelo grupo que saiu da AA, possível
proteção na escala de plantão em que elaborava em favor de sua
filha.
Importante aduzir, que, este grupo que saiu fundou o novo
grupo, SAI – Serviço Integrado de Anestesiologia, inclusive, tendo
convidado o autor para integrar este novo grupo, o que não foi
aceito pelo autor.

Após essa divisão, o grupo A.A. era composto pelos


seguintes médicos:
Dr. Mariano C. Maced;
Dr. Procion Klautau;
Dra. Alessandra Klautau.
Foi quando, então, aconteceu uma fusão do AA com os
anestesiologistas do Hospital Porto Dias, nascendo o C.A.A.- Centro
de Anestesiologistas Associados, composto seis médicos.

Paulatinamente, novos médicos foram se associando ou


desligando do CAA, até que na saída do autor, existiam dez (dez)
médicos associados.

DA FORMA DE ACESSO DO C.A.A.


Os médicos que entram para o grupo do C.A.A., não
integralizam nenhum capital para se associar.
Entretanto, os novos médicos associados entram dividindo
as chamadas de trabalho equitativamente e recebendo apenas a metade
(50%) dos demais médicos associados durante o primeiro ano.
Dessa forma, a cada ano os médicos recém associados
aumentam em 10% seus percentuais mensais, até que ao final de cinco
(05) anos passam a receber em igual aos demais o percentual de 100%.
DA FORMA DE SAÍDA DO C.A.A.
A quando da saída do C.A.A., o médico que se desliga tem
direito a receber - caso tenha mais de cinco (05) anos de serviços
prestados - DURANTE TRÊS (03) MESES, o equivalente a parte
igualitária com os médicos associados, como se trabalhando
estivesse.
Tal acerto ocorre porque os planos de saúde pagam com
atraso, de formas que durante esse período ainda faz jus a receber
pelas anestesias que realizou.

Nos últimos 02 anos, saíram 4 médicos que ainda não


haviam completado 05 anos de serviços, de forma que saíram, por
litígio com o Dr. Prócion, sem receber nada.

Entretanto, ocorreram as saídas dos Drs. Carlos Alberto e


( ) , que foram devidamente indenizados, nos montantes de ......

O pessoal que se desligou e formou o SIA- Serviço


Integrado de Anestesiologia, foi devidamente indenizado e inclusive
quanto ao material de trabalho.

DA ESCALA DE TRABALHO DO C.A.A.


A escala de trabalho era definida pelo Dr. Prócion
Barreto da Rocha. Inclusive os plantões aos finais-de-semana.
Na escala, os médicos associados trabalham todos os dias,
sem folgas.
É de se considerar que o autor era um dos mais velhos com
37 anos de serviços prestados, e dividia os trabalhos de forma
igualitária com os mais novos do grupo.
Ocorreu que, por várias vezes, o Dr. Prócion organizou a
escala favorecendo a sua filha, Dra. Alessandra, que também faz
parte do grupo, o que revoltava os demais médicos associados, que
brigavam e acabavam pedindo afastamento do grupo por conta disso.
Ademais, quando a Dra. Alessandra engravidou, o Dr.
Prócion mudou as regras do jogo, inovando, concedendo um mês de
licença a mais do que acontecia normalmente, no que também foi
agraciada a Dra. Vanda, obrigando os demais médicos a trabalharem
mais.
Tal votação foi manipulada pelo Dr. Prócion, que forçou
os votos, pelo que requer o autor a anulação da alteração, para que
seja indenizado nos meses que trabalhou a mais por força da
alteração da escala.

DOS RENDIMENTOS DO C.A.A


O C.A.A. presta serviços a diversos planos de saúde,
profissionais liberais ou clientes particulares.
Durante o mês, as chamadas para os anestesistas são
divididas igualitariamente, de maneira que todos trabalham no mesmo
volume, e ao final, dividem os lucros de forma igual.
Conforme se vê dos extratos anexos, somente da
Coopanest, o C.A.A recebeu conforme abaixo verificado, o que dá em
média a cada médico, considerando que são dez:

Total Repassado Coopanest Salário médio dos médicos


(dez médicos)
Janeiro 210.843,88 21.084,38
Fevereiro 179.112,47 17.911,24
Março 187.092,84 18.709,28
Abril 196.660,46 19.666,04
Maio 200.567,37 20.056,73
Junho 186.915,04 18.691,50
Julho 184.802,58 18.480,25
Agosto 257.461,85 25.746,18
Setembro 203.998,52 20.399,85

O C.A.A ainda possui outras fontes, como:


- Cirurgias e Consultas Particulares;
Ressalte-se que nem todos os médicos associados
detinham o percentual de 100%.

Dessa forma, Requer o autor a quebra do sigilo bancário


e a apresentação mensal, dos valores recebidos pela C.A.A, para que
se levante o real valor referente aos meses subseqüentes a sua saída
do grupo, para que receba a parte que lhe cabe a titulo de
indenização nesses três meses, com juros e correção monetária.

DA SAÍDA DO AUTOR DO C.A.A.


Na ocasião da saída do autor, foi realizada uma reunião
com todos os médicos associados e a advogada do grupo, Dra. Jandira
Barreto.
Na oportunidade, o Dr. Prócion se pronunciou informando
que estava deixando a chefia do serviço, e que achava que até a
saída do Dr. Mariano, as indenizações por saída do grupo estavam
sendo equivocadas, e que, a partir daquele momento ele não iria mais
chefiar o serviço e iria modificar todo o estatuto (que não
existia), inclusive a forma de indenização por desligamento do
grupo.
Nessa reunião, foi requerida uma proposta do autor, que
foi encaminhada no dia......, e que, até a presente data, não foi
respondida.
São os Fatos.
DOS DIREITOS

DA SOCIEDADE LTDA.
O C.A.A. é uma sociedade LTDA, que presta serviços de
anestesiologia.
Tal sociedade está registrada na Junta Comercial do
Estado do Pará, cujo CNPJ é 074032750001-15.
Trata-se de uma sociedade intuitu personae, pois, os
atributos individuais de cada sócio são mais relevantes para a
formação da sociedade do que as contribuições materiais.
O C.A.A é uma pessoa jurídica de direito privado,
cabendo-lhe aplicar, juridicamente, as disposições constantes dos
arts. ....... do CC.

Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao


valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do
capital social.

Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas
normas da sociedade simples.

Parágrafo único. O contrato social poderá prever a regência supletiva da


sociedade limitada pelas normas da sociedade anônima.

Art. 1.054. O contrato mencionará, no que couber, as indicações do art. 997, e, se


for o caso, a firma social.

BUSCAR CONTRATO SOCIAL NA JUCEPA.

DAS COTAS DO AUTOR.


O autor, com ... anos de serviços prestados junto ao
C.A.A., é detentor igualitário aos demais médicos quanto às quotas.

Art. 1.055. O capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou
diversas a cada sócio.
§ 1o Pela exata estimação de bens conferidos ao capital social respondem
solidariamente todos os sócios, até o prazo de cinco anos da data do registro da
sociedade.

§ 2o É vedada contribuição que consista em prestação de serviços.

Art. 1.056. A quota é indivisível em relação à sociedade, salvo para efeito de


transferência, caso em que se observará o disposto no artigo seguinte.

§ 1o No caso de condomínio de quota, os direitos a ela inerentes somente podem ser


exercidos pelo condômino representante, ou pelo inventariante do espólio de sócio
falecido.

§ 2o Sem prejuízo do disposto no art. 1.052, os condôminos de quota indivisa respondem


solidariamente pelas prestações necessárias à sua integralização.

Art. 1.057. Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente,
a quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se não
houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital social.

Parágrafo único. A cessão terá eficácia quanto à sociedade e terceiros, inclusive para os
fins do parágrafo único do art. 1.003, a partir da averbação do respectivo instrumento,
subscrito pelos sócios anuentes.

Art. 1.058. Não integralizada a quota de sócio remisso, os outros sócios podem, sem
prejuízo do disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, tomá-la para si ou transferi-la a
terceiros, excluindo o primitivo titular e devolvendo-lhe o que houver pago, deduzidos os
juros da mora, as prestações estabelecidas no contrato mais as despesas.

Art. 1.059. Os sócios serão obrigados à reposição dos lucros e das quantias retiradas, a
qualquer título, ainda que autorizados pelo contrato, quando tais lucros ou quantia se
distribuírem com prejuízo do capital.
DA ADMINISTRAÇÃO DA SOCIEDADE.

Art. 1.060. A sociedade limitada é administrada por uma ou mais pessoas designadas no
contrato social ou em ato separado.

Parágrafo único. A administração atribuída no contrato a todos os sócios não se estende


de pleno direito aos que posteriormente adquiram essa qualidade.

Art. 1.061. Se o contrato permitir administradores não sócios, a designação deles


dependerá de aprovação da unanimidade dos sócios, enquanto o capital não estiver
integralizado, e de dois terços, no mínimo, após a integralização.

Art. 1.062. O administrador designado em ato separado investir-se-á no cargo mediante


termo de posse no livro de atas da administração.

§ 1o Se o termo não for assinado nos trinta dias seguintes à designação, esta se tornará
sem efeito.

§ 2o Nos dez dias seguintes ao da investidura, deve o administrador requerer seja


averbada sua nomeação no registro competente, mencionando o seu nome,
nacionalidade, estado civil, residência, com exibição de documento de identidade, o ato e
a data da nomeação e o prazo de gestão.

Art. 1.063. O exercício do cargo de administrador cessa pela destituição, em qualquer


tempo, do titular, ou pelo término do prazo se, fixado no contrato ou em ato separado,
não houver recondução.

§ 1o Tratando-se de sócio nomeado administrador no contrato, sua destituição somente


se opera pela aprovação de titulares de quotas correspondentes, no mínimo, a dois
terços do capital social, salvo disposição contratual diversa.

§ 2o A cessação do exercício do cargo de administrador deve ser averbada no registro


competente, mediante requerimento apresentado nos dez dias seguintes ao da
ocorrência.

§ 3o A renúncia de administrador torna-se eficaz, em relação à sociedade, desde o


momento em que esta toma conhecimento da comunicação escrita do renunciante; e, em
relação a terceiros, após a averbação e publicação.

Art. 1.064. O uso da firma ou denominação social é privativo dos administradores que
tenham os necessários poderes.

Art. 1.065. Ao término de cada exercício social, proceder-se-á à elaboração do


inventário, do balanço patrimonial e do balanço de resultado econômico.
Administrativamente, o Dr. Prócion gerenciava o grupo,
fazendo as escalas, estabelecendo os plantões, viagens para cursos,
compra de bens, divisão de bens a quando da saída de algum médico do
grupo, inclusive folha de pagamentos, divisões financeiras, etc.

Há dois ou três anos atrás, em reunião de diretoria,


foi estabelecido que o Dr. Antonio Jorge, Dr. Bruno Carmona e o Dr.
Mariano, iriam fazer um estatuo do CAA.
Tal trabalho foi feito, e foi entregue ao Dr. Prócion,
que iria ler e analisar.
Entretanto, até a presente data o Dr. Prócion não
devolveu o Estatuto.

DO CONSELHO FISCAL

Do Conselho Fiscal

Art. 1.066. Sem prejuízo dos poderes da assembléia dos sócios, pode o contrato instituir conselho fiscal
composto de três ou mais membros e respectivos suplentes, sócios ou não, residentes no País, eleitos na
assembléia anual prevista no art. 1.078.

§ 1o Não podem fazer parte do conselho fiscal, além dos inelegíveis enumerados no § 1 o do art. 1.011, os
membros dos demais órgãos da sociedade ou de outra por ela controlada, os empregados de quaisquer delas
ou dos respectivos administradores, o cônjuge ou parente destes até o terceiro grau.

§ 2o É assegurado aos sócios minoritários, que representarem pelo menos um quinto do capital social, o direito
de eleger, separadamente, um dos membros do conselho fiscal e o respectivo suplente.

Art. 1.067. O membro ou suplente eleito, assinando termo de posse lavrado no livro de atas e pareceres do
conselho fiscal, em que se mencione o seu nome, nacionalidade, estado civil, residência e a data da escolha,
ficará investido nas suas funções, que exercerá, salvo cessação anterior, até a subseqüente assembléia anual.

Parágrafo único. Se o termo não for assinado nos trinta dias seguintes ao da eleição, esta se tornará sem
efeito.

Art. 1.068. A remuneração dos membros do conselho fiscal será fixada, anualmente, pela assembléia dos
sócios que os eleger.

Art. 1.069. Além de outras atribuições determinadas na lei ou no contrato social, aos membros do conselho
fiscal incumbem, individual ou conjuntamente, os deveres seguintes:

I - examinar, pelo menos trimestralmente, os livros e papéis da sociedade e o estado da caixa e da carteira,
devendo os administradores ou liquidantes prestar-lhes as informações solicitadas;
II - lavrar no livro de atas e pareceres do conselho fiscal o resultado dos exames referidos no inciso I deste
artigo;

III - exarar no mesmo livro e apresentar à assembléia anual dos sócios parecer sobre os negócios e as
operações sociais do exercício em que servirem, tomando por base o balanço patrimonial e o de resultado
econômico;

IV - denunciar os erros, fraudes ou crimes que descobrirem, sugerindo providências úteis à sociedade;

V - convocar a assembléia dos sócios se a diretoria retardar por mais de trinta dias a sua convocação anual, ou
sempre que ocorram motivos graves e urgentes;

VI - praticar, durante o período da liquidação da sociedade, os atos a que se refere este artigo, tendo em vista
as disposições especiais reguladoras da liquidação.

Art. 1.070. As atribuições e poderes conferidos pela lei ao conselho fiscal não podem ser outorgados a outro
órgão da sociedade, e a responsabilidade de seus membros obedece à regra que define a dos administradores
(art. 1.016).

Parágrafo único. O conselho fiscal poderá escolher para assisti-lo no exame dos livros, dos balanços e das
contas, contabilista legalmente habilitado, mediante remuneração aprovada pela assembléia dos sócios.

DELIBERAÇÕES DOS SÓCIOS

DA DISSOLUÇÃO E APURAÇÃO DE HAVERES DO


AUTOR
Com base no que já foi narrado alhures, já inexiste a
affectio societatis, entre o autor e os demais sócios da ré.
O principal fundamento é de que um dos sócios de uma
sociedade não cumpre com as suas obrigações, contratuais e legais,
satisfatoriamente, pelo que se requer a retirada da sociedade do
autor.
Tal requisição via judicial é plenamente sustentável
com a saída do autor, pois a sociedade continua com os sóciso
remanescentes, devendo-se apenas apurar os haveres do sócio
retirante, conforme a tendência de nossos tribunais:
SOCIEDADE LIMITADA - DISSOLUÇÃO PARCIAL - ADMISSIBILIDADE.
Ainda quando composta de apenas dois sócios, admissível é a dissolução parcial
da sociedade por cotas de responsabilidade limitada, aplicando-se
subsidiariamente o art. 206, inc. I, d, da Lei das Sociedades Anônimas, e em
atendimento ao princípio da preservação da sociedade e da utilidade social desta,
apurando-se os haveres do sócio retirante, devendo, entretanto, ser recomposta a
sociedade no prazo de 1 ano, sob pena de dissolução de pleno direito (TA-MG -
Ac. da 5ª Câm. Cív. publ. no DJ de 16-6-92 - Ap. 103.219-3-BH - Rel. Juiz
Marino Costa - José Roberto Castilho vs. Neyda Maria Campos Amaral).

SOCIEDADE COMERCIAL - DISSOLUÇÃO PARCIAL -


PROCESSAMENTO- Tratando-se de dissolução parcial de sociedade, deve-se
agir como se de dissolução total se tratasse, embora apenas em relação ao sócio
que sai, porque, para esse, o vínculo social se extingue, continuando, assim,
normalmente a sociedade. A dissolução, portanto, não implica a perda do objeto
da sociedade e não enseja a sua dissolução total, pois compete aos sócios
remanescentes tocar o negócio (TJ-SP - Ac. unân. da 16ª Câm. Cív. julg. em 3-5-
94 - Ap. 226.149-2/5-São José dos Campos - Rel. Des. Pires de Araújo).

SOCIEDADE COMERCIAL - FIM DA "AFFECTIO SOCIETATIS" -


DISSOLUÇÃO PARCIAL A affectio societatis, elemento específico do contrato
de sociedade comercial, caracteriza-se como uma vontade de união e aceitação
das áleas comuns do negócio. Quando este elemento não mais existe em relação a
algum dos sócios, causando a impossibilidade da consecução do fim social,
plenamente possível a dissolução parcial, com fundamento no art. 336, I, do
Código Comercial, permitindo a continuação da sociedade com relação aos sócios
remanescentes (STJ - Ac. unân. da 3ª T. publ. no DJ de 15-4-96, pág. 11.531 -
Agr. Reg. no Agr. 90.995-RS - Rel. Min. Cláudio Santos - Advs.: Cláudio Leite
Pimentel e Luiz Carlos E. Piva ).

SOCIEDADE COMERCIAL - Dissolução parcial. Empresa constituída por


apenas dois sócios. Rompimento da affectio societatis. Possibilidade de o réu,
quotista majoritário e remanescente, admitir novo sócio ou tocar o negócio
individualmente. Dissolução com apuração de haveres do autor determinada.
Recurso provido para esse fim. (TJSP - AC 172.398-2 - 14 ª C. - Rel. Des.
Franciulli Netto - J. 20.08.91) (RJTJESP 132/224)

SOCIEDADE COMERCIAL - Dissolução parcial. Discórdia grave entre os


sócios. Rompimento da affectio societatis. Cabimento da dissolução pela
impossibilidade de execução dos fins sociais. Arts. 336, I, do CCo., e 1.399, III,
do CC. Apuração de haveres dos excluídos de forma mais ampla possível, em face
dos fatos trazidos para os autos. Aplicabilidade, ademais, do art. 5º, XX, da CF.
Ação procedente. ( TJSP - AC. 160.235-2 - 19ª C - Rel. Des. Mohamed Amaro -
J. 18.03.91). (RJ 180/103)
Sob o tema, comenta Fran Martins (in Curso de Direito
Comercial, 12ª ed., 1987, págs. 299/300):

"No nosso ponto de vista, havendo ou não cláusula contratual, reduzindo-se o


número de sócios a apenas um, poderá o mínimo de dois ser reconstituído no
prazo de um ano, a contar da data em que foi constatada a existência do único
sócio, aplicando-se ao caso, por força do art. 18 do Decreto nº 3708/19, a regra de
letra d do art. 206 da Lei das sociedades anônimas, que permite tal procedimento a
essas sociedades quando se constata que há apenas um acionista. A Lei das
sociedades anônimas, acompanhando o desenvolvimento das empresas e
reconhecendo o alto valor dessas nas atividades das sociedades, sempre facultou a
continuação das atividades da companhia quando o número de sócios se tornava
inferior ao mínimo estabelecido na lei. E a lei atual, permitindo que a anônima se
forme e funcione regularmente com apenas dois sócios (artigo 80, I),
expressamente dispôs que, reduzida a sociedade a um único acionista, o mínimo
de dois seja reconstituído no prazo de um ano, sob pena de ser a companhia
dissolvida. O mesmo deve acontecer com as sociedades que se formam de acordo
com o art. 302 do Código Comercial entre as quais a sociedade por quotas."

Por igual, ressalta Rubens Requião:

"A dissolução parcial passou a ser, em último caso, a regra indicada para solução
dos problemas cruciais da sociedade nos seus momentos críticos. Em nossa tese
de concurso para a cátedra de direito comercial, numa de suas conclusões,
expunha-mos a nossa convicção de que "consideramos obsoleto o instituto da
dissolução da sociedade comercial na extensão adotada pelo Código. O princípio
preservativo da sociedade ou da empresa impõe a necessidade de novas fórmulas,
que o direito comercial encontrou na exclusão do sócio.

Vale ressaltar que há de se resguardar a integralidade


do patrimônio do sócio retirante, consubstanciado no seu capital e
lucros inserido na sociedade. Isto significa estabelecer que somente
a forma pactuada no contrato social - para os casos de retirada -
não satisfaz, com eficácia, a apuração dos haveres do sócio excluído
da referida sociedade.
Deve-se observar in casu, o enunciado da Súmula 265 do
Eg. STF:
"Na apuração de haveres, não prevalece o balanço não aprovado pelo sócio
falecido, excluído ou que se retirou."

É conveniente, assim, assegurar ao sócio, que se retira


da sociedade - de receber o valor de sua cota com base em apuração
de haveres que encontre valores reais e tudo o mais o que constituir
o fundo de comércio e não apenas valores históricos ou contábeis.

Como referido pelo Desembargador Fernandes Filho, em


caso análogo:
"Em outras palavras: a apuração dos haveres se fará com base em valores reais, e
não apenas em valores contábeis ou históricos, sob pena de enriquecimento ilícito
dos réus, ao indireto confisco da propriedade dos autores, pois a tanto equivaleria
sua exclusão da sociedade sem o efetivo e integral recebimento do valor do
patrimônio que nela tem." (In Jurisprudência Mineira, vol. 82, pág. 40).

Vem, também, muito a propósito o seguinte acórdão:

SOCIEDADE - DISSOLUÇÃO PARCIAL - SÓCIO RETIRANTE -


APURAÇÃO DOS HAVERES. Na apuração dos haveres para determinação
daqueles do sócio que se retira devem ser considerados os seus valores reais e não
aqueles do último balanço (TJ-RJ - Ac. unân. da 2ª Câm. Cív. reg. em 26-8-93 -
Ap. 1.485 - Rel. Des. Murillo Fábregas).

Reitere-se que não é justo e nem consentâneo com as


vontades dos sócios que a sua retirada da sociedade, prevista
contratualmente, se dê por valores meramente escriturais. A
convenção, em todos os contratos, de um balanço especial para o
caso, tem sua razão de ser. Pretende-se um balanço atual,
objetivando total satisfação não só do patrimônio inserido na
sociedade, bem como, dos lucros e da valorização do fundo de
comércio.

DA RESPONSABILIDADE CIVIL
No caso em tela, apura-se que um dos sócios não cumpriu
com as suas obrigações contratuais ou legais.
Dessa forma, uma vez que um sócio esteja agindo contra
a lei, ou esteja agindo com excesso de mandato ou que esteja
infringindo o contrato social, deixando, destarte, de cumprir com as
suas obrigações, faz-se necessária a apuração da responsabilidade
por constituir violação de obrigação derivada de um negócio
jurídico, cujo descumprimento caracterizaria o fato ilícito civil
gerador do dano, e a responsabilidade delitual ou extracontratual,
que abstrai a existência de um contrato previamente celebrado e
decorre de um ato ilícito absoluto, violador das regras de
convivência social, e causador de um dano injusto.

DA INDENIZAÇÃO.
A primeira encontra seu fundamento no art. 1.056, do
Código Civil: "Não cumprindo a obrigação ou deixando de cumpri-la
pelo modo e no tempo devidos, responde o devedor por perdas e
danos"; a segunda, no art. 159, do Código Civil: "Aquele que, por
ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar
direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o
dano".
A responsabilidade civil encontra amparo quando o
agente não cumpre a obrigação ou deixa de cumpri-la pelo modo e no
tempo devidos, respondendo por perdas e danos. Ou quando o agente
prática uma ação ou omissão voluntária; ou uma negligência ou
imprudência; ou uma violação de direito; ou, finalmente, quando
causa prejuízo a outrem. E, assim, fica obrigado a reparar o dano
causado.
Isto é, quando o agente assume uma responsabilidade,
tal qual lhe impõe um contrato de sociedade comercial, vindo a agir
de forma culposa ou dolosa, contrariando os dispositivos contratuais
e legais, poderá, evidentemente, responder pela indenização por
perdas e danos.
No contrato bilateral, os contraentes se obrigam
reciprocamente uns diante dos outros, pois a prestação de um
corresponde à contraprestação do outro, havendo um nexo ou sinalagma
que liga as obrigações das duas partes, mantendo-as numa relação de
correspectividade e de interdependência.
DOS HÁBITOS E COSTUMES DA EMPRESA.
O Dr. Prócion agendava as reuniões, dia e hora, para
tratar de assuntos de interesse do grupo.
A conta corrente do grupo, para ser movimentada,
necessitava de, no mínimo, duas assinaturas.
Quem podia movimentar a conta eram Dr. Procion, Dr.
Mariano e Dra. Alessandra.
Contudo, quem determinava pagamentos, adiantamentos e
movimentações financeiras, eram o Dr. Procion.
Inclusive, o Dr. Procion podia vetar adiantamentos e
pagamentos sem convocar reuniões e aprovar decisões desse caráter.

Os bens que eram comprados pelo grupo eram


administrados pelo Dr. Procion. Não existe relação de patrimônio, do
que era comprado.
Certa vez, o Dr. Prócion comprou 04 laringoscópios
modernos e articulados, para uso do CAA. Com a separação do grupo
que formou o SIA, por exemplo, este material não foi dividido,
ficando com o CAA, por decisão do Dr. Procion.

A quando do desligamento, a empresa por hábito pagava


por três meses consecutivos, os salários completos referentes ao que
todos os médicos rateavam. Essa era a forma de indenização.

DA RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS.


Acerca da responsabilidade dos sócios, nada existe
formalmente.
Normalmente, aplica-se no caso em tela a regra do art.
1.024 do CC.
Entretanto, cabe excepcionalmente, a responsabilização
direta do sócio-administrador, pelas dívidas da Sociedade, nos
termos do art. 990 do CC.

DO ATO ILÍCITO.
De acordo com o disposto no artigo 186 da Lei
10.406/2002 (Código Civil Brasileiro), temos que:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

O autor é fundador do Centro de Anestesistas


Associados, desde 1983, e possui um percentual no capital social do
centro.
Na ocasião da sua saída, não foi devidamente
indenizado, pelo que o centro de anestesistas associados incorreu em
ato ilícito, nos termos da lei.
DA AÇÃO CONTRA A TIM.

DOS PLANTÕES
O Dr. Prócion fez acordo com o Hospital Metropolitano, onde o autor
não realizava plantões.
No repasse dos valores referentes aos plantões, feitos pelo Hospital
ao CAA, já vinham efetuados os descontos de I.R.
Porém, o Dr. Prócion remunerava os plantões integralmente, usando
dinheiro do CAA.
Logo, requer o autor o pagamento dos valores que não recebeu e que
foram indevidamente repassados aos médicos plantonistas com dinheiro
do CAA.

DA SEMANA DE TRABALHO NÃO REMUNERADA.


Na semana do falecimento do irmão do autor, Dr. Paulo
Sérgio Cavalleiro de Macêdo, o autor adoeceu por Pneumonia, e não
pode trabalhar por uma semana.
Como hábito, sempre que um médico adoecia, recebia os
seus honorários de maneira integral.
O Dr. Prócion, por exemplo, afastou-se para oporar o
coração, o braço, a perna, a coluna, uma úlcera no estômago, e
sempre recebeu integralmente os honorários, sem lhe ser concedido
férias.
No entanto, o autor não recebeu pela semana trabalhada,
tendo sido contada férias.
DOS VALORES A RECEBER DOS PLANOS DE
SAÚDE.
A quando da saída do autor da CAA, o grupo detinha
alguns devedores, como a UNIMED-Belém.
Tais valores devem ser levantados e pagos ao autor, nos
limites de sua quota.

DA INDENIZAÇÃO PELA SAÍDA DO AUTOR

O autor tem direito, desde a data da sua saída do


Centro, à indenização pela sua quota referente ao patrimônio do
C.A.A, entenda, bens materiais do CAA.

Ademais, o autor saiu sem receber parcelas salariais, o


que

DAS PERDAS E DANOS – LUCROS CESSANTES E


ENRIQUECIMENTO ILÍCITO
O autor acumula dívidas desde o seu desligamento do
CAA, por perda dos valores não recebidos.
Isso afeta a saúde financeira do autor, que não pode
dispor dos valores a que faz jus por ato unilateral do CAA.
Com isso, o autor utiliza obrigatoriamente o seu cheque
especial, com juros altos, além de empréstimos, que não existiriam
se os valores a receber do CAA por direito fossem pagos.
DOS BENS MATERIAIS

Ademais, faz jus o autor ao pagamento da indenização


equivalente a três meses de trabalho após sua saída do Centro,
conforme hábito/costume do próprio grupo.

DO ASSÉDIO MORAL E TERROR PSICOLÓGICO.


O autor foi vítima, inúmeras vezes de assédio moral, cometido
pelo administrador da empresa.
O Dr. Prócion, nas formas de agir em nome da empresa,
prejudicava o autor nas escalas, determinando férias quando estava
afastado por doença, mudou as regras das indenizações por
desligamento do grupo a quando do pedido de saída do autor, sem
indenizá-lo.
Tais formas de agir geravam constrangimentos, intimidações,
que deixavam o autor

DO DANOS MORAIS
Complicada é a missão de atribuir valor nos danos moral. Na
lição de Rizzatto Nunes:
“Seu objetivo é duplo: satisfativo - punitivo. Por
um lado, a paga em pecúnia deverá proporcionar ao
ofendido uma satisfação, uma sensação de
compensação capaz de amenizar a dor sentida. Em
contrapartida, deverá também a indenização servir
como punição ao ofensor, causador do dano,
incutindo-lhe um impacto tal, suficiente para
dissuadi-lo de um novo atentado.”
Não se conforma o autor com a situação constrangedora que
passou, qual seja, da impossibilidade de efetuar o contrato com a
CLARO, em face da restrição no SERASA em seu nome.
Estando comprovada a prática do ato ilícito pela
EMPRESA TIM S.A, cabe na forma prescrita em lei, a devida reparação
pelos danos morais decorrentes da irregular inscrição do nome do
Autor nos Órgãos de Proteção ao Crédito.
O Mestre Sérgio Cavalieri Filho, in Programa de
Responsabilidade Civil, Malheiros Editores, págs. 74/5, afirma que,
"enquanto o dano material importa em lesão de bem patrimonial, gerando
prejuízo econômico passível de reparação, o dano moral é lesão de
bem integrante da personalidade, tal como a honra, a liberdade, a
saúde, a integridade física e psicológica, causando dor, sofrimento,
tristeza, vexame e humilhação à vítima.

Diante do transtorno causado pela EMPRESA TIM S.A,


requer o autor a condenação da EMPRESA para indenizá-lo no valor de
R$ 30.000,00 (trinta mil reais), a título de danos morais.

DO PEDIDO

Excelentíssimo Julgador, ante o exposto o Autor requer:

1 – A procedência total da presente ação;


2 –;
3 - A citação da Ré, nos termos da presente, para que, caso
queira, conteste a ação, sob pena de revelia e confissão ficta
quanto à matéria de fato.
4 – Que seja deferido o pedido de LIMINAR, sendo estipulada
multa diária em caso de descumprimento de determinação legal;
5 –,
Desde já, protesta por todos os tipos de provas admitidas em
Direito.
Dá-se-à causa o valor de R$ (mil reais) para efeitos meramente
fiscais.

Belém, 08 de março de 2010.

In verbis,
P. deferimento.

Guilherme Messias Cavalleiro de Macedo


OAB-Pa 15.450-B

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