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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ (UNIFAP)

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (DEAD )


GRADUAÇÃO EM LICENCIATURA EM SOCIOLOGIA

UNIDADE 3

Olá, turma! Nesta unidade (parte I) finalizaremos nosso estudo sobre artigo
científico, nos deteremos na última parte dos elementos textuais (considerações
finais/conclusões), como também nos elementos pós-textuais (referência, apêndice, anexo e
agradecimentos).

1 ESTRUTURAS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – CONSIDERAÇÕES


FINAIS/CONCLUSÕES

Esta seção é a última dos elementos textuais. Leia as páginas 116 e 117 do livro
base “Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas do trabalho acadêmico”
(PRODANOV; FREITAS, 2013).

Após leitura, vamos retomar o exemplo do artigo “Representações sociais de


professores: desafios para a socialização da criança negra na educação infantil”
(COSTA; SANTOS, 2014), analisado na seção anterior.
Conclusão

Concluímos reiterando que a escola e mais precisamente, as instituições de educação infantil, tem
um papel importantíssimo no trato com as diferenças, considerando que as crianças são sujeitos de
direitos e como tal participam do processo de construção de conhecimento no espaço educacional.
O professor deve ser agente ativo na mediação e intervenção no trato às diferenças, garantindo que
este espaço/tempo vivenciado pelas crianças brancas e pelas crianças negras na educação infantil,
seja constituído pelo diálogo, negociação, reconhecimento e respeito à diversidade racial na escola,
a partir de uma prática pedagógica transformadora, inclusiva e libertadora contribuindo, deste
modo, para a efetivação de uma sociedade intercultural.

Fonte: Costa; Santos, 2014, p. 75

Observe que no exemplo de conclusão/considerações finais apresentado, as autoras


não retomam, de forma explícita, o problema levantado. Isso nos leva a acreditar que para
elas, o problema de pesquisa já foi respondido (de fato, na seção anterior – resultados da
pesquisa – as autores respondem as questões norteadoras), por isso elas se detém em fazer
considerações a respeito do papel da educação no que diz respeito ao tratamento das
diferenças. Elas também destacam a figura do professor, como aquele que ntermedia
questões envolvendo as diferenças entre os alunos. Note que a seção não é longa, mas
concisa e serve como um arremate do todo trabalhado.
Que tal analisar mais um exemplo? Vamos retomar o artigo sobre
vigilância/DOPS, visto na unidade 2: “o movimento negro e a ditatura militar: um estudo
de caso da vigilância do DOP/ES” (FILHO, 2016). Observe como é colocada a seção
considerações finais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na retomada da história do Movimento Negro brasileiro podemos perceber uma


trajetória marcada por momentos de crescimento das organizações e situações de
descenso, onde a luta contra o racismo parece desaparecer nas conjunturas de forte
repressão política as organizações sociais, incluindo o Movimento Negro.
No debate sobre raça partimos da tentativa de classificar raças humanas com base em
dados biológicos, depois essas raças foram hierarquizados com a população negra
ocupando a posição inferior, os avanços nas pesquisas das ciências naturais levou a
conclusão da impossibilidade de definir raças humanas por características biológicas.
Raça deixa de ser um dado biológico e passa a ser uma construção social com base nos
elementos fenotípicos dos seres humanos. Raça como construção social e ideológica herdou da
ideia de raça biológica a hierarquia racial, colocando no topo a população branca e nabase,
no lugar de inferior, a população negra. Essa visão de relações raciais provoca e alimenta
conflitos na sociedade.

A tomada do poder pelos militares no golpe de 1964, foi um dos momentos de arrefecimento
do Movimento Negro provocada pela repressão política às organizações da sociedade. No
modelo de Estado idealizado pelos militares as relações raciais era marcada pela harmonia e
completa ausência de conflitos. Os governos militares acreditavam que o Brasil era uma
democracia racial, todas as raças tinham igualdade de oportunidades para o seu pleno
desenvolvimento material e cultural.

Na retomada do Movimento Negro contemporâneo na década de 1970 teve como


bandeira de luta de combate ao racismo à denúncia da democracia racial como
mito. Nas práticas das relações raciais na sociedade brasileira, o racismo,
camuflado no discurso de democracia racial, criava dificuldade de acesso da
população aos bens culturais produzidos pela sociedade.

Defender a democracia racial significar não aceitar, não reconhecer que existem na
sociedade brasileira desigualdades sociais provocadas pela discriminação das
pessoas com traços fenotípicos característicos do povo negro. Era essa realidade
que os governos militares negavam e reprimia os militantes do Movimento Negro
por fazer a denúncia da existência do racismo.

Na análise dos documentos produzidos pelos Dops/ES na vigilância do Movimento Negro


podemos perceber o esforço desprendido pelo Estado para monitorar as ações desenvolvidas
pelos militantes da luta antirracismo. Servidores públicos são destacados para infiltrar-se
num ato público com objetivo de obter informações; esforço para recolher, organizar e
sistematizar documentos com o fim único de impedir o livre funcionamento das organizações
da população negra. Essa ação repressiva nega ao povo negro o direito de organizar-se para
defender-se das injustiças acarretadas pelo racismo. Na perspectiva do Estado, as atividades
de vigilância tinha o objetivo de proteger a sociedade de indivíduos que disseminava o ódio
racial ao denunciar e combater o racismo. Estava defendendo a democracia racial.

Podemos constatar que o Movimento Negro capixaba tinha a atenção dos órgãos
de repressão, senão de todos, pelos menos do Dops/ES. Sendo objeto das ações
vigilância desse órgão. O relatório da ação de infiltração realizado pelos agentes do
Dops/ES e o informe 318 que articula a repressão nacional ao Movimento Negro
nos permite fazer essa inferência.

Somente com a análise do dossiê movimento contra a discriminação racial não podemos
afirmar que ação de repressão do Dops/ES provocou algum dano à organização do Movimento
Negro no Espírito Santo. Não encontramos nenhuma referência a processo ou prisões contra
militantes. Nenhuma alusão a algum tipo de ação que poderia ser classificada como
intimidatória (sequestro, roubos de documentos, invasões sedes). Não esquecendo que a
participação de agentes policiais infiltrados em atividade do Movimento pode ser caracterizada
como uma forma de intimidação e coação. Precisamos aprofundar as pesquisas para sanar essa
e outras dúvidas.
Essa é a primeira análise de documentos do fundo Dops/ES com recorte racial. Muitas
outras pesquisas precisam ser desenvolvidas para possamos ampliar os nossos
conhecimentos dos conflitos provocados pelas tensões raciais na sociedade brasileira e
de forma especial, a sociedade capixaba. A massa documental é enorme, é do
tamanho do esforço que os pesquisadores precisam fazer para revelar a sociedade
uma história que por enquanto estácoberta com o véu do esquecimento.
Fonte: Filho (2016, p. 333-335)

Agora com base na leitura do texto base Prodanov; Freitas (2013), vamos analisar
essa seção do artigo:

Parâmetros/pontos importantes Elementos do texto/respostas


Os resultados obtidos respondem as Com base no dossiê “movimento contra a
perguntas de estudo? discriminação racial” o autor chega as
seguintes respostas:
Questões (dadas no texto):
1. quais atividades de vigilância foram Questão 1: atos públicos eram
efetivamente realizadas? vigiados/monitorados por servidores públicos
infiltrados com o objetivo de coletar
2. Que documentações foram produzidas informações (recolhiam, organizavam e
como resultado desse monitoramento? sistematizavam documentos) e, assim, impedir
o livre funcionamento das organizações da
população negra.
3. Que impacto esta ação repressiva tevesobre
o Movimento Negro?
Questão 2: O dossiê (composto por 5
documentos) é prova da ação monitoradora
realizada pelo Estado.

Questão 3: O documento base (dossiê) não


permite dimensionar impactos à organização
do movimento negro.
Os objetivos propostos foram alcançados? O autor alcança o objetivo por meio de
pesquisa documental e bibliográfica. Debruça-
Objetivo (dado no texto): se sobre o documento (dossiê) disponível no
Analisar a vigilância dos militantes do arquivo público (fonte primária); realiza
movimento negro pelo Dops/ES nos governos interpretações a respeito do conteúdo desse
militares – período de 1970 a 1985. documento com base na
literatura que trata do assunto.
Aponta os limites da pesquisa? 1. reconhece que somente o dossiê não
consegue
responder a questão 3 – nesse ponto não há
avanço. Aguarda-se o aparecimento de novos
estudos/documentos que, analisados
conjuntamente, poderão responder o problema;
2. o volume de documentos disponível é
imenso, carece de mais estudos/pesquisas (tem
relação direta com o limite 1).
Sugere novos horizontes investigativos? Sim. O autor aponta que é necessário
desenvolver
novas pesquisas com a intenção de ampliar o
conhecimento no que diz respeito aos conflitos
que desencadeadas pelas tensões raciais na
sociedade brasileira e capixaba.
Indica a(s) contribuições importantes do estudo? Sim. Inclusive o estudo é inovador por fazer
uma análise documental (dossiê/Dops/ES) com
recorte de raça.
Fonte: Filho (2016); Prodanov; Freitas (2013). Adaptações do autor

ESTRUTURAS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO –


ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS (REFERÊNCIA, APÊNDICE, ANEXO E
AGRADECIMENTOS)

Uma vez finalizado a parte textual do artigo, agora vamos obeservar os elementos pós-textuais
que compõe esse tipo de comunicação científica. Vejamos:

2 REFERÊNCIA

A ABNT NBR 6022 (2018, p. 3) define a referência como o “Conjunto padronizado


de elementos descritivos, retirados de um documento, que permite sua identifIcação
individual”. Asssim, é nessa seção que o autor precisa identificar e padronizar toda a
documentação que lhe serviu de base, com o máximo cuidado para não deixar nenhum
documento de fora.
É importante saber que a referência segue um padrão definido pela NBR 6023
(2018). Esse documento encontra-se disponível na biblioteca do nosso curso, juntamente com
outras NBR’s.
3 ANEXO, APÊNDICE E AGRADECIMENTOS (OPCIONAIS)

A NBR 6022 (2018, p. 1) define anexo o “texto ou documento não elaborado pelo
autor, que serve de fundamentação, comprovação e ilustração”. Por apêndice entende-se o
“texto ou documento elaborado pelo autor, a fim de complementar sua argumentação, sem
prejuízo da unidade nuclear do trabalho”.

Quanto a seção agradecimentos, de acordo com a NBR 6022 (2018, p. 1), ela se
caracteriza por ser o momento dedicado a agradecer a todos que contribuíram
relevantemente no processo de elaboração do artigo. Essa seção deve ser sucinta, além de
figurar como a última parte do pós-textual.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022: informação e


documentação: artigo em publicação periódica científica impressa: apresentação.
Rio deJaneiro, 2018.

. NBR 6023: informações e documentação: referências: elaboração. Rio de


Janeiro,2018.

COSTA, Regiane de Assunção; SANTOS, Tânia Regina Lobato dos. Representações


sociaisde professores: desafios para socialização da criança negra na educação infantil.
Tópicos educacionais, Recife, v. 20, n. 1, p. 57-78, 2014.

FILHO, José Gomes de Oliveira. O movimento negro e a ditadura militar: um estudo de


caso da vigilância do DOP/S ES. In: Seminário Nacional de Educação das Relações
Étnico-RaciaisBrasileiras. Diante de novos desafios, 2016, Espírito Santo. Anais do VIII
Seminário Nacional de Educação das Relações Étnico-Raciais Brasileiras, 2016, p.
323-335.

PRODANOV, Cleber Cristino; FREITAS, Emani César de. Metodologia do trabalho


científico: métodos e técnicas do trabalho acadêmico. 2ª ed. Novo Hamburgo: Feevale,
2013.

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