Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Pesquisa tem a ver com produção de conhecimento – efeito multiplicador – relevância social.
Podemos nos afastar da ideia de pesquisa do senso comum, de que vamos “descobrir” alguma coisa,
ou de que estamos apenas fazendo perguntas na rua.
Quando falamos de pesquisa, falamos de um território dos saberes disputados. Nada é apaziguado.
Estamos tentando provar que uma determinada narrativa tem relação com a verdade. Sempre haverá
uma luta, entre o processo de inserção num campo e o coletivo que se movimenta nesse bloco de
disputa pelos saberes.
O que entendemos por saberes? Uma espécie de campo (Foucault) → ideia de saberes relacionada
com o poder: onde há alguém que diz que sabe, há um jogo de disputa, de poder, em relação a um
outro. Nessa ideia de saber, podemos não pensar apenas com relação ao conhecimento, mas também
no sentido de um dispositivo maior, de episteme, um campo aberto que, em contínua disputa e
fricção com o poder, será sempre aberto, não é estanque. Essa espécie de episteme, que permite que
pensemos de determinada forma, tem uma certa relação com a verdade. É sempre um ponto de
vista.
Uma pesquisa pura pode subsidiar uma pesquisa aplicada. Exemplo da pesquisa da noção de tempo
na obra de Bob Wilson, que seria uma pesquisa pura porque não visa resolver um problema
concreto.
Não podemos pensar nessas pesquisas como coisas individuais. É o fato de fomentar uma
comunidade de pesquisa que possibilitará a resolução de problemas.
Por isso, no nosso campo, a metodologia é posterior → reflexão sobre os métodos que foram
utilizados.
Metodologia: método pensado, com reflexão
Fazer com que o leitor compreenda os caminhos e as justificativas para o caminho.
Só saberei da minha metodologia no final da minha pesquisa, porque ela abrange tudo: desde o
princípio da pesquisa até a sua conclusão. O método já é mais concreto.
A autoridade do texto é quem valida aquilo que foi escrito como sendo “verdade”.
21/09/2021
Relação da questão com a metodologia → quais métodos utilizarei para responder à questão?
Triângulo: processo de criação, teatro físico (dentro disso há a dramaturgia de ator, dentro do
campo da antropologia teatral, mais perto de quem fala do ator do que quem fala do
dramaturgo), sonoplastia (atmosfera sonora, estímulos sonoros, sono, ronco, repouso e vigia ).
22/09/2021
Tipos de dados
Survey (totalidade)
Amostra (é necessária uma justificativa para o critério dessa escolha)
Dados exploratórios
imagens
fotos e vídeos
transições
dossiê de dados: arquivo único quando foram utilizados diferentes métodos de registro de
dados.
23/09/2021
De um modo geral, ele toma a ideia de paradigma e mostra que o paradigma precisa ser pensado
fora da dicotomia binária causa-consequência, e cria então a ideia de paradigma de elemento
analógico e não dialético, isso significa que o paradigma é uma espécie de entre-lugar, espaço vazio
que se completa a partir da ruptura entre essas categorias binárias (causa e conseq, exemplo e
exemplar).
A academia tem muitas narrativas que são baseadas em binarismos, o que contemporaneamente tem
sido objeto de questionamento por lutas sociais.
Parte 1: ele diz que é possível uma analogia entre Kuhn (conceito de paradigma) e Foucaut
(conceito de saber). Segundo Kuhn, paradigma é exemplo que se torna exemplar e promove a
revolução da ciência.
O conceito de saber segundo Foucault é mais ampla (n é só aquilo q a gente tem conhecimento).
É preciso ter cuidado com a analogia entre o saber científico do Foucault e o paradigma de Kuhn.
Na segunda parte, ele adentra no conceito de paradigma científica de Kuhn – paradigma é substituto
do termo de matriz disciplinas (conjunto de técnicas, conceitos e valores e cujos membros aderem)
e em segundo lugar é um elemento singular desse conjunto que o substitui (tipo a gilete que
substitui a lâmina de barbear).
Para ele, as regras derivam do paradigma e são elas que determinam a ciência.
O paradigma é um exemplo, a partir de sua repetição, adquire a capacidade de modelar o
comportamento e as práticas científicas. Sai do universal e se torna a regra. A revolução científica é
quando um paradigma é substituído por outro.
Na terceira parte, o Foucault abandona a concepção tradicional do poder, que é fundada nos
modelos jurídicos de categorias (estado, soberania, etc). Ele n trabalha com a ideia de poder
centralizado, mas sim com a ideia de micro-poderes, poderes dispersos, o poder é próprio de todas
as relações. A relação de poder é móvel → onde há saber, há poder, onde há homens livres, há poder
(n enxerga poder nos escravizados). Mesmo os governados governam a sua forma de vida, como o
poder penetra no corpo. Como o Estado se apropria dos corpos, e como o Rei tem o poder de morte,
ao contrário da República, onde isso n é possível, mas onde o Estado controla a vida das pessoas.
Não é um poder sobre a morte, mas sim um poder sobre a vida.
Na parte 4, Foucault toma distância das noções de paradigma, e prefere a noção de regime
discursivo (Arqueologia do saber), ele propõe a ideia de discurso (o sujeito é produzido pelo
discurso) que é um conjunto de regras/enunciados. Discurso da moda, acadêmico, é um conj de
regras q na proposta do Foucault, o q chamamos de discurso no senso comum é chamado de
ENUNCIAÇÕES. Um enunciado é aquilo que produz o sujeito. Uma verdade fora de nós e à qual
aderimos. Então o regime discursivo é aquilo que governa os enunciados (parte de uma análise
histórica, numa proposição da descontinuidade). Contra a história linear (nela, os fatos são
agrupados em causa e consequência, a história é algo contínuo, ideia de sucessão). Nessa ideia de
continuidade também está a narrativa de progresso (o ponto em que estamos é melhor e superior ao
que vivemos no passado). Em seu trabalho, ele demonstra que fazer história precisa de
descontinuidade (para a história contínua, preciso desconsiderar o que desmente a linearidade).
Então não estamos caminhando para um desenvolvimento que será melhor do que o passado,
caminhamos em diversas direções. A sua obra se ocupa muito das descontinuidades. Ideia de
ruptura. Sobre descontinuidade: é uma operação do pesquisador (deliberada), é o resultado da
descrição histórica e é um conceito que suspende os conceitos lineares de história de causa e conseq
para fundar a história do descontínuo.
Na parte 6, ele trabalha com o texto do Aristóteles, um locus clássico da epistemologia do exemplo
(ideia de exemplo exemplar). O paradigma n funciona como parte acerca do todo e nem vice-versa,
mas como parte a parte. N é a indução nem a dedução (é uma terceira e paradoxal espécie de
movimento). O regime do seu discurso (Aristóteles) é a analogia e n a lógica.
Paradigma enquanto elemento histórico, dispositivos que estão no todo, no movimento histórico.
Na parte 8, ele relaciona com Kant, que no caso do juízo estético é impossível definir uma regra. O
paradigma, nesse caso, pressupõe a impossibilidade de uma regra.
O paradigma tem a ver com uma forma de conhecimento, através da qual a ciência se movimenta,
ele nos dá uma forma de conhecimento, que não pode ser normada fora do próprio paradigma (não
consigo pensar fora do paradigma).
Na parte 9, ele fala sobre as regras monásticas, o modo de vida dos monges que geralmente se
identifica ao modo de vida do fundador do mosteiro. A regra não é uma regra geral, mas uma
comunidade de vida, o exemplo n é generalizável, a regra monástica se torna do exemplum para o
regula, que adquire o significado de um texto escrito, que deve ser lido por aqueles que querem
viver a vida monástica.
P. 28: O paradigma implica um movimento que vai da singularidade à singularidade e que, sem sair
desta, transforma cada caso individual exemplar de uma regra geral que nunca é possível formular a
priori.
Pensar o paradigma como um modelo de pensamento, como uma forma de pensamento. Esse
modelo paradigmático nos ajuda a pensar as coisas de uma determinada forma.
Ele passa a ser um paradigma quando ele passa a ser um modelo de pensamento, e nós temos que
recorrer a ele para poder pensar.
É uma forma de pensar que procura nos desmobilizar/deslocar dessa forma de pensamento que
naturalizamos.
Quais modelos de pensamento são naturais pra nós? E como quebramos com isso? É possível
quebrar?
04/10/2021
ÉTICA NA PESQUISA.
Princípios: respeito, consentimento, respeito aos direitos humanos, defesa dos valores democráticos,
responsabilidade social.
Autonomia da vontade.
Plataforma Brasil: inserir os dados da pesquisa para passar por um comitê de ética.
PESQUISAR ETNOGRAFIA
05/10/2021
Alto impacto: têm impacto na área. O artigo que é mais citado, o que muda a forma de pensar algo,
o que tem um efeito em determinada área.
Há outra forma para saber o impacto. O índice H do Google acadêmico → rankings das pesquisas e
dos pesquisadores.
Recomendações:
seja um leitor da revista, conheça a avaliação e o impacto do periódico, tenha uma novidade para
apresentar à comunidade, saiba escrever ou procure ajuda.
Qualidade é melhor que quantidade: melhor publicar um artigo numa boa revista do que vários em
revistas de pouca qualidade.
Art comunica resultado de pesquisa. Ensaio n necessariamente. Artigo de revisão são artigos que
fazem o estado da arte de um determinado tema.
Estrutura do artigo:
título, palavras-chave, resumo, introdução, desenvolvimento, conclusões, referências.
Palavras-chave (entre 3 e 5): comece pela disciplina (teatro, dança, performance, artes cênicas,
circo, contação de histórias), acrescente as temáticas e/ou autores, pergunte-se quem você quer que
recupere seu artigo.
Resumo: linguagem impessoal (discute-se, este artigo objetiva, problematiza-se, apresenta-se). Não
se usam conceitos ou afirmações, não se usam citações ou referências, deve-se sintetizar todas as
partes do artigos, especialmente as conclusões.
Introdução
Preferencialmente, tenha uma pergunta ou um conjunto delas para iniciar. Panorama da situação
atual da temática. Objetivos. Recorte da pesquisa de origem (caso o artigo tenha vindo de uma
pesquisa maior). Metodologia emprega. Questão específica do artigo e/ou argumento central. Tecer
um panorama no campo. Não é somente a introdução do tema, é a introdução dos elementos da
pesquisa. Aqui eu posso usar citações indiretas, pois estou fazendo um panorama da produção.
Desenvolvimento
Separar por seções conforme o que é preciso compreender para o argumento central. Em cada um
apresentar os conceitos e autores necessários. Todo o texto deve manter o foco no argumento
central. Pense num texto cumulativo, você deve convencer o leitor somando argumentos menores
para construir um argumento maior. Use citações diretas para dar consistência ao texto.
Evite generalizações e expressões não suportadas por dados ou autores. Um bom texto é preciso nos
conceitos, eles devem sempre ser desenvolvidos. Toda a discussão deve se concentrar num
argumento (questão) central. Evite dispersões, um artigo é um texto curto. Não use citações sem
comentá-las. Não traia os autores. Não faça textos prescritivos (“o ator deve fazer tal coisa”).
Conclusão
Retome o percurso realizado. Não acrescente novos argumentos, muito menos autores surpresa.
Mostre claramente como a questão apresentada na introdução está sendo respondida. Pergunte-se se
cumpriu o objetivo traçado e apresentado na introdução. Pode incluir citações diretas.
Referências
Liste apenas aquelas mencionadas durante o texto. Revise se estão corretas segundo as normas da
revista.
Sala Preta, Repertório de Teatro e Dança, Urdimento, Mói-mói, tem uma do César sobre voz,
procurar a revista do Icle. Na Argentina, Telóndefondo, na França, Sociedade História do Teatro,
tem a IFTR, the drama review. Estudos da Presença → pelo IP da UnB, a gente consegue usar o
portal de periódicos da CAPES, e ver as revistas de acesso fechado.
Ver também a plataforma MUSI (indexador). Também outro indexador, em francês, revue.org.
Ciência aberta.
Pesquisa aberta.
Diferentes possibilidades de abertura: pesquisa aberta, dados abertos, avaliação aberta, acesso
aberto.
Operadores da ciência aberta e impactos para as revistas
1. interoperabilidade – na cultura digital eu posso ter interação entre diferentes sujeitos e diferentes
veículos. P. ex: DOI – a identidade de um documento colocado na internet. Operação de sistemas de
identificação, citação e publicação de maneira integrada (ORCID, por exemplo).
2.Preprint. Base de publicação de artigos e/ou resultados de pesquisa antes da avaliação e antes da
publicação de em um periódico. Como na base Scielo. Maior autonomia para o autor.
3. Base de dados. Repositórios nos quais os pesquisadores depositam em diferentes graus de acesso
os dados de suas pesquisas (entrevistas, gravações dos processos de criação etc). Há diferentes
graus de publicidade dos dados.
06/10/2021
Escrita acadêmica.
Universo de vídeos sobre a escrita acadêmica da Débora Diniz.
Lives no Instagram sobre temas – também da Débora Diniz.
A construção de um estilo de escrita acadêmica depende da relação com os textos nossos na medida
em que eles forem redigidos, revisados e analisados.
Sem que isso fragilize o texto, a pesquisa, o rigor processual → a escrita acadêmica autoral, que
incide no rigor acadêmico.
Compomos a nossa escrita acadêmica na medida em que revisamos o nosso próprio texto, na
medida da sua própria estrutura e argumentação.
Dica 2: aprendam a ter paciência para revisar os próprios textos incansáveis vezes → assim se
constrói rigor acadêmico e autoria.
Escrita como trabalho: paulatino, lento e que consiste, especialmente, na tarefa de ir e voltar sobre
seus próprios textos.
Escrever exige organização, preparação – o que significa saber antecipar etapas (isso antes mesmo
de sentar para escrever).
Escrever um texto argumentativo será sempre lidar com dinâmicas de acumulação, progressão e
desenvolvimento → revisão bibliográfica, articulação com a experiência de trabalho, parte de um
lugar e chega a outro lugar, desenvolvimento: os argumentos procriam, eles são complexificados,
dobrados.
Como começar?
Vou escrever sempre um fragmento sobre aquele assunto e não tudo → o fragmento sempre é
autoral.
ANTES DA ESCRITA: Com base na primeira seleção prévia, realizar a construção de um esboço.
Estabelecer três ou quatro nós de discussão. Considerando o que há na minha pesquisa, aquilo que
tenho prazer e aquilo que sei mais, o que não pode ficar de fora, o que é fundamental → assim
haverá um micro-sumário. Como fazer isso? Avisando o leitor: “nesta sessão, tenho por objetivo
discutir isso isso e aquilo e neste momento elejo quatro discussões fundamentais”. Quando
avisamos para o leitor, criamos uma coesão no texto. Um texto é progressão.
Dicas:
Assegure-se de que você tem algo a dizer.
Faça um plano geral do que você pretende escrever.
Não fantasie que você deveria estar escrevendo outra coisa.
Na falta de palavras, desenhe.
Criar um enorme glossário de palavras e de expressões, como uma coleção, para a utilização
na escrita.
Selecionar os textos específicos para o que você quer dizer, para o que você quer estudar.
CONSTRUÇÃO DE PARÁGRAFOS
Parágrafos devem começar e terminar com informações relevantes (à pesquisa, à seção, ao
capítulo);
Em geral, a frase inicial anuncia a ideia principal, aquilo do qual o parágrafo vai tratar;
A frase final deve sumarizar, concluir, fechar a ideia introduzida no parágrafo;
Cada parágrafo conecta-se com o anterior e com o seguinte.
Cada parágrafo desenvolve uma ideia chave? Que estratégias de desenvolvimento foram utilizadas?
A primeira frase informa o leitor sobre o que será tratado no parágrafo?
De que forma os parágrafos estão relacionados?
Argumento do tipo non-sequitur: deduzir uma dada premissa com uma conclusão que não tem nada
a ver.
Argumentos circulares: a proposição de uma ideia que é a mesma proposição inicial escrita de outra
forma.
07/10/2021
13/10/2021
Módulo 2
Culler – a teoria nunca para, nunca vai ter fim, o lugar da teoria supervalorizada entre os anos 60 –
80, no campo acadêmico em relação às artes → sentimento de desconfiança com relação às teorias.
PROBLEMA DE PESQUISA
TEXTO DA FÉRAL → Genética teatral: lugar da crítica teatral, próximo da teoria. E ela vem da
crítica literária para a crítica teatral, e traz essa metodologia que era da literatura para o teatro (era
uma metodologia da crítica literária). Os críticos vão atrás do processo de criação da obra. Ideia das
tentativas.
Interessam todos os aspectos estruturais mínimos da construção do todo → relação das partes com o
todo.
Crítica à crítica teatral que era baseada em pensar como transpor o texto teatral para a encenação.
Obra, processo de ensaio (assistido presencialmente e/ou registrado), diário de bordo (qualquer
documento que se auto-legitima), registros em forma de fotografia, vídeo e literatura.
Diário de bordo, versão mais simples: descrição de tudo o que foi feito. Outro tipo: descrevo as
minhas impressões sobre o processo (duas partes, perspectivas objetivas e subjetiva).
Traço como vestígio, como lembrança, como rastros, marca d’água, o que fica mesmo depois de
apagado.
Sílvia Davigni:
3 dimensões para acessar um objeto artístico: produção (a feitura da coisa), reprodução (qualquer
tipo de réplica, de tentativa de repetição da coisa em si), representação (quando eu modifico uma
determinada linguagem para um outro tipo de suporte, de maneira intencional).
Dimensões que concorrem o tempo todo nas nossas dimensões do fazer.
É impossível não recuperar o impacto das tecnologias nos próprios processos. O próprio registro
impacta a produção.
20/10/2021
01/11/2021