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Universidade de Brasília – Instituto de Artes

Departamento de Artes Cênicas


Professora: Sulian Vieira
Disciplina: A Palavra em Performance
Aluno: Rodrigo Ribeiro Bittes Matrícula: 15/0147181

TRABALHO FINAL

Questão 1:
A quarta cena do terceiro ato de Hamlet tem um “mapa da cena” bastante
complexo. Ela já se inicia com um panorama de tensão, visto que Hamlet já brigou com
a Ofélia, já arranjou a apresentação da trupe de teatro indicando a culpabilidade do Rei e
já desistiu de matar o Rei-impostor enquanto este rezava para que ele não subisse aos
céus, e não obtivesse clemência. Nesse cenário é que começa a cena, apresentando um
rápido diálogo entre a Rainha e Polônio, no qual ambos apresentam preocupação acerca
do comportamento do príncipe. Durante os ensaios, definimos que era necessário que
esta primeira parte da cena guardasse certa comicidade, já que o Polônio é quem dá
ordens à Rainha, tal como ele o faz com todos os demais personagens. Em seguida,
entra Hamlet, incialmente com uma atitude pouco reativa, ele não planeja matar uma
pessoa naquele momento. Conforme o diálogo com a sua mãe se acirra, e ela ameaça
buscar outra pessoa que consiga conversar com ele, Hamlet se exalta, e, pensando ser o
Rei escondido atrás da cortina, mata Polônio. Esse momento é a grande chave da cena.
Se até então Hamlet possuía uma atitude muito mais cuidadosa com as palavras, depois
de reconhecer ter matado a pessoa errada, ele passa por um turbilhão de sensações e
começa a regurgitar todo o ódio e todo o sentimento guardado desde que soube da
identidade do assassino de seu pai e do repentino casamento de sua mãe. Ele passa por
um grande momento verborrágico, em que muitas imagens são construídas, justamente
porque ele hesita em dizer claramente à Rainha qual seria o crime cometido por ela.
Esse era um grande desafio da cena: construir todos esses recursos imagéticos,
colorindo a cena, sem que o Hamlet se tornasse monocórdico, mas ainda assim manter a
tensão. Enfim, ele se descontrola e, depois de dar muitas voltas, finalmente revela a
natureza do crime (do ato, como ele diz) à Rainha. A cena termina no ápice, quando ele
se mostra uma verdadeira ameaça à vida de sua mãe, justamente no momento em que o
Espectro intervém

Questão 02:
A) Acredito ter aproveitado a etapa de treinamento da disciplina. Os exercícios
de respiração, associados à consciência corporal, foram importantes para a
produção de voz ao longo do semestre. Mas reconheço que tenho grande
dificuldade em trazer os princípios estudados de maneira específica nos
exercícios de treinamento vocal/corporal para a produção de fala em cena.
Acabei por reproduzir vários vícios vocais meus em cena, o que acaba por
prejudicar a minha produção de voz, já que em muitas ocasiões eu acabo
ficando rouco por não utilizar o meu corpo de uma maneira muito saudável.
Acredito que com mais prática desses exercícios, associados à produção de
voz em cena, eu consiga superar essas dificuldades.
B) Tive bastante dificuldade no início com o processo de memorização e de
flexibilização, porque ele demanda não só tempo, mas, principalmente,
paciência para que o meu corpo se adapte ao texto trabalhado. Depois, em
um segundo momento, o texto se tornou natural, como se estivesse no meu
inconsciente – não era mais necessário me preocupar com ele, o que me
permitiu focar na flexibilização e na exploração de sentidos diversos do
texto.
C) O primeiro momento de ensaios/apresentação foi muito bom, eu acredito,
porque conseguimos expandir os sentidos que já estavam impressos no texto,
e contextualizar a cena de maneira mais madura na peça.
D) O segundo momento de ensaios/apresentação teve novos desafios. Os
sentidos da cena já eram razoavelmente conhecidos, mas faltava um colorido
maior, mais nuances, um trabalho vocal mais consciente, atitudes mais bem
delineadas. O ensaio foi mais minucioso, o que colaborou para que
construíssemos esse trabalho mais detalhado, mas, ao mesmo tempo, como
tivemos pouco tempo de ensaio, me senti mais inseguro na apresentação,
porque percebi que algumas atitudes e algumas imagens ainda precisavam de
um maior polimento. É interessante, porque eu me senti mais inseguro na
segunda apresentação do que na primeira.

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