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Disciplina: Metodologia de Pesquisa em Artes Cênicas 1 (código 343455) Curso: Mestrado

Professores: Gilberto Icle e Sulian Vieira


Período: intensivo
Aluno: Rodrigo Ribeiro Bittes
Matrícula: 21/0025212

FICHAMENTO 3
Machado – O diário de bordo como ferramenta fenomenológica.

Marina Marcondes Machado escreve, a partir da sua própria experiência de mestrado


acadêmico, sobre a importância metodológica do Diário de Bordo como instrumento de pesquisa
em Artes Cênicas. Trata-se de artigo importante para a minha pesquisa porque uma questão que se
agiganta diante de mim (e dentre tantas, talvez inúmeras outras) é o modo de registro das
experimentações cênicas e da investigação de dramaturgias de ator e de sonoplastia – o objeto
próprio da minha pesquisa. Por certo que, em discussões com o meu orientador, ventilamos algumas
possibilidades: o registro em vídeos, o registro em fotos, até mesmo entrevistas quando da
residência que realizarei… e, claro, o diário de bordo – aqui entendido de maneira mais ampla que
no artigo ora analisado, vez que compreendemos que o diário de bordo também pode ser composto
por registros sonoros como gravações de voz durante ou após os ensaios, num fluxo criativo.

Dada a importância do tema para a minha pesquisa, li com atenção o que dizia Machado.
Segundo ela, “a expressão Diário de Bordo refere-se a uma das etapas do trabalho do pesquisador
acadêmico em Artes Cênicas que realiza a sua pesquisa processualmente (metodologia work in
progress)” (MACHADO, 2002, p. 260). Assim, trata-se de um complicação de anotações de um
processo criativo, que pode ou não estar inserido ou ser objeto de uma pesquisa acadêmica.

O diário de bordo caracteriza-se, também, por ocupar uma “posição intermediária entre a
experiência vivida na criação e a escrita da dissertação”(Idem, ibidem). É necessário que o
pesquisador ou pesquisadora adote uma metodologia própria, com critérios de observação, que lhe
viabilizem o estudo do material criado durante o seu processo criativo. A autora ressalta, ainda, que
o diário se diferencia da escrita acadêmica por ser muitas vezes não-linear e caótico durante o
período de criação – a análise e a edição de maneira cronológica e ordenada ocorrerão em momento
posterior e distinto do de elaboração do próprio diário (Idem, p. 261).

Nessa altura do texto, a autora menciona, de maneira talvez tangencial, um tema que é de
grande importância para mim, mas sem um grande aprofundamento, infelizmente. Diz ela que um
trabalho em processo “(work in process) demanda que o pesquisador em Artes Cênicas crie
metodologia no decorrer da pesquisa; sendo que prescindir de noções teóricas prévias é o desafio, e
uma das maiores dificuldades, da escolha do método fenomenológico para pesquisa” (Idem,
ibidem). Eis outro grande desafio para a minha pesquisa: a definição e a criação de uma
metodologia que me permita a pesquisa e investigação dos temas escolhidos.

Por fim, a autora conclui com uma interessante síntese do diário de bordo, que me faz
questionar até do seu valor artístico como obra autônoma, ou da possibilidade de entendê-lo como
obra de arte por si só. Diz ela: “Diário de Bordo um canteiro de formas, um corpo em movimento:
corporalidade tatuada com imagens vivas e prontas a saltar no mundo, para brincar e dançar fora do
papel, quando abertura suficiente for permitida” (Idem, p 263). De todo modo, sei que o diário de
bordo será uma ferramenta essencial no registro – desordenado, em fluxo, muitas vezes caótico – do
processo de pesquisa, mas me falta ainda a criação e escolha da metodologia adequada.

Bibliografia:
MACHADO, Marina Marcondes. (2002). O diário de bordo como ferramenta fenomenológica para
o pesquisador em artes cênicas. Sala Preta, v. 2, p. 260-263. Disponível em:
https://doi.org/10.11606/issn.2238-3867.v2i0p260-263

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