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Métodos e Técnicas de Pesquisa

em Comunicação
Profa Dra Camila Craveiro
• “O Nascimento do
Saber
Científico” (texto
disponível no portal)
Qual é a lógica dos trabalhos acadêmicos?

• Qual a diferença de uma redação ou texto qualquer, para um


trabalho ou pesquisa acadêmica?
A lógica da ciência

• Procurar resposta(s) para somente uma pergunta;


• A resposta precisa ser explicada, comprovada e ser satisfatória.
• “O que diferencia um trabalho acadêmico de qualquer outro é
justamente isso: usar o método científico. Se não usar o método
científico, que é a lógica de elaboração de trabalhos acadêmicos,
não pode ser considerado trabalho acadêmico.” (NASCIMENTO-e-
SILVA, 2012, p.9)
Etapas para elaboração dos trabalhos
acadêmicos

1. Primeira etapa: formular uma pergunta de pesquisa


• Não faça uma pergunta que comece com “o quê”?;
• Tem que haver respostas empíricas para pergunta.
• Deve haver uma teoria que a sustente.
2. Segunda etapa: coletar dados

• Coletar dois tipos de respostas para a sua pergunta: uma teórica e uma
empírica;
• Definir o método científico de coleta de dados;
• Todos têm etapas em comum:
1. Os dados serão expressos em números ou palavras?
2. O estudo é exploratório, descritivo ou experimental?
3. Período de tempo a que se refere o estudo;
4. Qual o objeto de estudo (unidade de análise) e a abrangência da explicação
(nível de análise);
5. População ou tamanho da amostra;
6. O instrumento de coleta dos dados.
3. Terceira etapa: organizar dados

• “Organizar os dados é deixá-los de uma forma tal que permita que


eles sejam comparados com a teoria de base que você escolheu na
etapa anterior, de coleta de dados.” (NASCIMENTO-e-SILVA, 2012,
p.15)
• Expor os dados;
4. Quarta etapa: geração da resposta

• É a comparação entre a resposta empírica e a resposta teórica;


• Resposta teórica: etapa de coleta de dados;
• Resposta empírica: coleta e organização dos dados;
• As quatro respostas:
1. Resposta teórica: o resultado das pesquisas de outros cientistas antes de
você;
2. Resposta empírica: a realidade que você pesquisou;
3. Comparação entre teoria com a realidade;
4. Conclusão final – resposta à pergunta formulada.
Como surgem as pesquisas quantitativas,
qualitativas ou mistas ?

As ideias são o primeiro


As pesquisas surgem das
contato que temos com a
ideias, não importando o
realidade que será
tipo de paradigma que
pesquisada ou com os
fundamenta nosso estudo
fenômenos, eventos e
nem o enfoque que iremos
ambientes que serão
seguir.
estudados..
Fontes de ideias para uma pesquisa:

Experiências individuais. Materiais escritos (livros, Materiais audiovisuais e Teorias. Descobertas resultantes de
artigos de revistas programas de rádio ou pesquisas, conversas
acadêmicas ou jornais, televisão, informação pessoais, observações de
dissertações e teses, assim disponível na internet, etc. fatos, crenças e até mesmo
como outros documentos). intuições e
pressentimentos.

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Como surgem as ideias de pesquisa?

De diversas fontes: ao observar um


evento, ao ler uma revista, ao
Enquanto “navega” na internet
estudar em casa, ver televisão ou
alguém pode ter ideias de
ir ao cinema, ao conversar com
pesquisa.
outras pessoas ou ao lembrar
alguma experiência pessoal.
• A maioria das ideias iniciais é vaga e exige ser
analisada com cuidado para que se transforme
em formulações mais precisas e estruturadas,
A imprecisão das principalmente no processo quantitativo.

ideias iniciais • Quando uma pessoa desenvolve uma ideia de


pesquisa deve se familiarizar com o campo de
conhecimento no qual ela está inserida.

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• Conhecer o que foi feito a respeito de um tema
ajuda a:

Necessidade de • Não pesquisar sobre algum tema que já foi


estudado a fundo
conhecer os
antecedentes • Estruturar mais formalmente a ideia de pesquisa

• Selecionar a perspectiva principal a partir da qual


a ideia de pesquisa será abordada
Critérios para gerar ideias

As boas ideias As boas ideias de As boas ideias de As boas ideias


intrigam, estimulam pesquisa “não são pesquisa podem podem servir para
e excitam o necessariamente servir para elaborar gerar novas
pesquisador novas, mas teorias e solucionar perguntas e
pessoalmente. originais”. problemas. questionamentos .
Exercícios

Desenvolvimento individual de Apresentação das ideias para Desenvolvimento em grupo de


uma ideia de pesquisa. todo o grupo. uma ideia (em equipes de
cinco alunos).
Qual é o campo de pesquisa da Comunicação?

• Texto de apoio Vera Veiga França: Paradigmas da Comunicação –


Conhecer o quê?
• Um campo híbrido e interdisciplinar
Paradigmas da
Comunicação
(FRANÇA, Vera V.)
Paradigma Informacional

• O paradigma informacional entende a comunicação como um


processo de transmissão de mensagens de um emissor para um
receptor, provocando determinados efeitos. Não é necessário
repetir aqui as numerosas críticas que já lhe foram feitas
(unilateralidade, mecanicismo), mas tão somente chamar a
atenção para um aspecto: o movimento analítico por ele
provocado segue duas direções básicas.
Paradigma Informacional (segue)

• Primeiramente, pautado na naturalidade e evidência da lógica


transmissiva, as análises vão se ocupar dos seus resultados: uma dada
mensagem foi ou não bem transmitida, provocou que tipo de efeitos.
• Um segundo caminho, dado que o processo é tomado mecanicamente, e
cada um de seus elementos tem seu papel fixo, definido previamente, é
estudá-los separadamente: estuda-se a lógica da produção, dos
emissores; a característica dos meios (natureza técnica, modos
operatóricos); as mensagens (conteúdos); a posição e atitude dos
receptores. Diferentes teorias e métodos (buscados na sociologia,
política, psicologia social) são acionados para falar de cada um - faz-se
uma sociologia dos emissores, uma análise político-ideológica das
mensagens e assim por diante.
Paradigma Semiótico-Informacional

• O modelo semiótico-informacional acrescenta ao primeiro a


compreensão da natureza semiótica das mensagens: mais do que um
material inerte transportado, as mensagens são unidades de sentido.
Essa compreensão provoca um movimento analítico centrado nas
estruturas de significação das mensagens. Este tipo de estudo evoca
particularmente a contribuição das ciências da linguagem.
• O modelo semiótico-textual quebra o caráter unitário das mensagens, e
procura lê-las na sua intertextualidade – desenvolvendo uma semiótica
da cultura. Aqui, a presença e o papel dos sujeitos sociais, mesmo o
trabalho de produção e recepção, são negligenciados em função da
ênfase na dimensão simbólica e sentidos produzidos.
Paradigma dialógico

• O modelo dialógico, que distingue a comunicação (em


contraposição à relação informativa) a partir da bilateralidade do
processo, da igualdade de condições e funções estabelecidas
entre os interlocutores. Nesse modelo a ênfase é toda centrada
na natureza da relação entre os dois pólos, apagando ou
desconhecendo os demais aspectos do processo (inclusive a
natureza das mensagens e os sentidos produzidos).
• EUA: entre a I e a II Guerra Mundial.
• Popularização do cinema
• Estudos do Fundo Payne: Estudos empíricos
Origem da acerca dos efeitos da comunicação de massa
começaram a ser desenvolvidos, tendo como
pesquisa em pioneiro o trabalho do Fundo Payne,
investigaram o impacto da exposição aos filmes
Comunicação nas idéias e comportamentos de milhares de
crianças. Suas conclusões mereceram grande
atenção do público (...) pareceram apoiar a
Fonte: Ms. Laércio idéias de que os filmes influenciavam
Torres de Góes intensamente suas audiências. (DeFLEUR,
Melvin; BALL-ROKEACH, Sandra. 1993, p.186).
• Transmissão de rádio.
• Aumento da urbanização.
Aparente sucesso da
propaganda nazista em
influenciar a população
da Alemanha
Persuasão da mídia
Efeitos da Comunicação de Massa
•Os lares nos EUA estavam permanentemente transformados pela difusão da
programação de televisão nas salas das pessoas.
•Tanto a de entretenimento quanto as propagandas estavam associadas a mudanças no
comportamento dos americanos.
Evolução das pesquisas

• Era das pesquisas sobre os efeitos da


mídia, na pressuposição de terem
grandes influências na política, no
comportamento dos consumidores e
no estilo de vida das pessoas.

• •Descobriu-se que esses efeitos


eram menos potentes e mais
complexos do que se pensava no
início.

• •A comunicação interpessoal e a
comunicação de massa interagiam de
formas complexas (efeitos limitados).
Pesquisas em
Comunicação

• Pesquisa histórica sobre o


jornalismo e a tecnologia da
comunicação é
principalmente qualitativa.
• •Pesquisa experimental
sobre os efeitos da mídia
geralmente utiliza
experimentos
cuidadosamente controlados
e medidas bem calibradas.
• •Métodos qualitativos X
Métodos quantitativos.
Revisão de
literatura e
construção do
marco teórico
• O desenvolvimento da perspectiva teórica é:
• - Um processo de imersão no conhecimento
O que significa o existente e disponível que pode estar vinculado à
nossa formulação do problema.
desenvolvimento • - Um produto, o marco teórico.

da perspectiva • O desenvolvimento da perspectiva teórica implica


teórica? expor e analisar teorias, conceituações, pesquisas
anteriores e outros antecedentes que sejam
considerados válidos para o correto encaixe do
estudo.
Ajuda a prevenir erros.

Orienta sobre como o estudo será realizado.

Amplia o horizonte do estudo ou guia o pesquisador para que se concentre

Funções da em seu problema.

perspectiva Documenta a necessidade de realizar o estudo.

teórica Leva à formulação de hipóteses ou afirmações.

Inspira novas linhas e áreas de pesquisa.

Proporciona uma estrutura de referência para interpretar os resultados do


estudo.
A revisão analítica da
literatura
Quais são as correspondente.
etapas do
desenvolvimento
da perspectiva A construção do marco
teórica? teórico, que pode
implicar a adoção de
uma teoria.
O que buscamos na revisão da literatura?

Teorias Variáveis e
definições

Afirmações Dados
ou hipóteses
Abordagens
Casos
Instrumentos

Exemplos Métodos
• Livros.

• Artigos de revistas acadêmicas/científicas


(journals).

As
• Artigos de jornais.

Exposição e trabalhos apresentados em


referências

atos acadêmicos (congressos, seminários,
etc.).

• Entrevistas com especialistas. podem ser


• Teses e dissertações. basicamente

• Materiais impressos de relatórios de
pesquisas.

• Materiais audiovisuais.

• Relatórios governamentais e de empresas


ou outras organizações.

• Páginas web com respaldo adequado e de


caráter acadêmico-científico.

E também...
Busca de referências

• Partimos das “palavras-chave”, “marcadores”


ou “termos de busca”, que devem ser
normalmente retirados da ideia ou tema e da
formulação do problema.

• Os termos de busca devem ser precisos e


concretos.

• Realizamos uma “busca avançada” (advanced


search) com os marcadores ou utilizamos
operadores booleanos para ligar os termos de
busca: e (em inglês “and”), ou (em inglês
“or”) e não (em inglês “not”).
Bases de dados e referências

• Na base de dados somente nos


interessam as referências que
estiverem estreitamente
relacionadas com o problema
específico a ser pesquisado.
Obtenção Em bibliotecas físicas.

(recuperação)
da
Em bibliotecas eletrônicas,
literatura bases de dados, livrarias
virtuais, etc.
Consulta da
literatura (referências):
revisão de uma
referência primária
Proximidade ou semelhança com nossa
formulação (utilidade).

Semelhança com nosso método e amostra.

Para analisar
as referências Data de publicação ou divulgação (quanto mais
recente for, melhor).

consideramos Que envolva pesquisa empírica (coleta e análise


de dados).

Rigor e qualidade do estudo (quantitativo,


qualitativo ou misto).
Que existe uma teoria completamente
desenvolvida.

Que existem várias teorias que podem ser aplicadas


ao nosso problema de pesquisa.
O que a
revisão da Que existem “partes e fragmentos” de teoria com
algum respaldo.
literatura pode
nos revelar? Que existem descobertas interessantes, mas
parciais.

Que existem somente orientações ainda não


estudadas e ideias vagamente relacionadas com o
problema de pesquisa.
• Devemos responder algumas perguntas
de autoavaliação tais como:
Procuramos em algum lugar onde
havia teses e dissertações sobre o
tema de interesse? Recorremos ao
menos a dois banco de dados ou
referências? Pedimos referências de
pelo menos cinco anos atrás até o dia
de hoje? Procuramos em diretórios,
sites de busca e espaços apropriados
Fizemos uma
da internet? (ao menos três)
Consultamos no mínimo quatro
revisão
revistas científicas que costumam
abordar o tema e a formulação de adequada da
interesse? , etc.
literatura? I
• Verificar na lista de informação e
vínculos se foram detectadas e
obtidas certas questões como: dados
estatísticos (situar problema),
opiniões qualificadas, uma teoria ou
várias, estudos com a mesma Fizemos uma
formulação ou similar, autores-chave,
etc. revisão
adequada da
literatura? II
Panorama claro do que foi estudado.
O que devo

A forma como a formulação foi abordada.


ver em meu

Deficiências no conhecimento do problema


marco

(oportunidades).

teórico? • Resultados concretos.


• Fora da sala de aula: desenvolvimento do índice
do marco teórico de sua pesquisa.
Exercício
Pesquisa Quantitativa

✓ Adequada quando se deseja conhecer a extensão – estatisticamente falando – do objeto de estudo, do


ponto de vista do público pesquisado.
✓ Tem caráter estatístico, leva à aferição, constatação numérica de fenômenos e comportamentos já
conhecidos.
✓ Aplica-se nos casos em que se busca identificar o grau de conhecimento, as opiniões, impressões,
hábitos, comportamentos, seja em relação a um produto, sua comunicação, serviço ou instituição.
✓ Ou seja, o método quantitativo oferece informações de natureza mais objetiva e aparente.
Pesquisa Quantitativa

✓ O instrumento utilizado na coleta de dados é um questionário, que pode conter questões fechadas
(com alternativas pré-definidas) e/ou abertas, isto é, sem a pré-definição de alternativas, em que o
entrevistado responde livremente.
✓ Freqüência de uso de determinado produto/serviço, níveis de conhecimento, participação de
mercado, intenção de voto, proporção de consumidores, enfim, tudo aquilo que pode ser
dimensionado numericamente.
✓ Normalmente, trabalha-se com amostras grandes e abrangentes.
Desvantagens

Prazos e custos maiores;

Exige que se parta de hipóteses;


limitações nos instrumentos de
coleta de dados (em relação à
pesquisa qualitativa)
Métodos de coleta de dados
❖ Observação (futuro da pesquisa – IA). Obter dados de
comportamento. A observação pode ser humana (direta) ou por
instrumentos (indireta). Retrata somente a situação observada.
❖ Inquérito: entrevistas pessoais no domicílio, em algum ponto de
fluxo ou por telefone; envio por mala direta de questionário auto
preenchível, entrega de questionário auto preenchível com
orientação de entrevistador para esclarecimentos, encarte de
questionário auto preenchível em revistas e publicações ou
embalagens de produtos, questionário eletrônico, via internet.
- Pessoal (mais fidedigno, o melhor dos métodos): contato pessoal
entrevistador (faz as perguntas e registra as respostas) –
entrevistado.
Dificuldades: camadas mais altas de renda (alcance); custos altos e
prazos também; fraudes e enviesamento por parte do entrevistador.
Vantagens: seleção da amostra; credibilidade e uso de elementos 09/03/2020 15:41
estruturados.
❖Inquérito por telefone: recusa grande atualmente
por causa do TMK.
Método de Dificuldades: baixa incidência de telefones fixos;
cultura do brasileiro; questionários longos
coleta de Vantagens: amostragem; barato e rápido.

dados *nem tudo pode ser perguntado por telefone


*funciona para verificar relação comercial recente
Método de
❖Inquérito por correspondência: questionários
autopreenchidos.

coleta de • Funciona bem no caso B2B (B2C o índice de


questionários devolvidos é inferior a 10%).

dados • Vantagens: barato, respostas abertas respondidas


com tempo
❖Inquérito eletrônico
Método de Acesso à página/documento de pesquisa

coleta de Aberta a todos = dificuldade no controle da amostra;


baixa penetração.
dados Permite grandes amostras, é barato e rápido
(acompanha-se em tempo real). Google Survey
Qual é o melhor método?

Depende:
✓ Dos objetivos da pesquisa
✓ Do tipo de pesquisa
✓ Do método de pesquisa
✓ Do perfil do respondente
E ainda:
✓ Do orçamento
✓ Dos prazos
Amostra é uma parte do todo, que o representa.
Representatividade = o poder de tomar a amostra em substituição
do todo, para representar o todo.

“Uma boa amostra é uma miniatura do universo”

Amostragem
Miniatura = apresentar as mesmas características nas
mesmas proporções.

Universo: “todo o grupo de casos que o pesquisador deseja


estudar e sobre o qual deseja generalizar as conclusões”
(Trujillo. V.)
Probabilística: todos os casos têm a probabilidade
conhecida de inclusão na amostra. Probabilística
simples, sistemática e estratificada.

Amostra probabilística: margem de erro máxima no


Brasil é de 5 pontos.

Tipos de
Amostras A margem de erro é o índice que determina a
estimativa máxima de erros do resultado de uma
pesquisa. Ou seja, quanto maior a margem de erro,
menos precisos são os resultados da pesquisa

Nível de confiança: é a probabilidade de o resultado


estar dentro da margem de erro. Quando diminui-se a
margem de erro, aumenta-se o nível de confiança.
Não-probabilística: de conveniência (faz o que é mais fácil); por
julgamento (o entrevistador analisa se o respondente está ou não
no perfil desejado) e Cotas (não é aleatória).
• Cotas: frequentemente usada em pesquisas online através de
painéis. Essa amostra é composta por três fases:
1- Segmentação
Em primeiro lugar, dividimos a população do estudo em grupos de
forma exaustiva (todos os indivíduos estão em um grupo)
mutuamente exclusivos (um indivíduo só pode estar em um único
Não- grupo). Normalmente, esta segmentação é feita através de alguma
variável sócio-demográfica, como: sexo, idade, classe social ou

probabilística
região.
2- Definindo o tamanho das cotas
Estabelecemos a meta de indivíduos a serem entrevistados para
cada um desses grupos. Normalmente definimos estes objetivos de
forma proporcional ao tamanho do grupo populacional. Por
exemplo, se nós definimos segmentos por sexo numa população em
que há 60% das mulheres e 40% homens, e queremos obter uma
amostra de 1.000 pessoas, definimos uma meta de 600 mulheres e
400 homens. Estes objetivos são conhecidos como cotas. Neste
exemplo, teríamos uma cota de gênero de 600 mulheres e 400
homens.
3- Seleção de participantes e comprovação de cotas
Para finalizar, buscam-se por participantes para cobrir todas as
cotas definidas. Este ponto é onde nos afastamos da amostra
probabilística: Na amostragem por cotas é permitido que a
Cotas seleção de indivíduos não seja aleatória, ou seja, os indivíduos
podem ser selecionados através da amostra por conveniência.

(segue...) Por exemplo, em um estudo no qual nós definimos uma quota


de 100 pessoas com menos de 25 anos e 100 pessoas com
idades entre 25 anos ou mais, caso não conseguimos atingir
100% da quota prometida, poderíamos sair nas ruas e abordar
pessoas, entrevistando aquelas que cumprem as idades
restantes para fechar a quota referente a nossa meta.
(https://www.netquest.com/blog/br/blog/br/amostra-quotas)
Pesquisa Qualitativa

 Objetivos.

 Perguntas de pesquisa.

 Justificativa e viabilidade.

 Exploração das deficiências no conhecimento do problema.

 Definição inicial do ambiente ou contexto.


Visualização gráfica de uma
formulação qualitativa
Exemplo de
visualização gráfica
de uma formulação
qualitativa
Outro modelo para a formulação qualitativa
Detectar conceitos-chave que não
havíamos pensado.

Qual é o papel da Fornecer ideias sobre métodos.

revisão da
literatura e da Evitar os erros que outros cometeram
anteriormente.
teoria na pesquisa
qualitativa? Conhecer diferentes maneiras de pensar e
abordar a formulação.

Melhorar o entendimento dos dados e


aprofundar as interpretações.
Qual é o papel das hipóteses no processo de pesquisa qualitativa?
 São hipóteses emergentes, surgem dos dados.
Entrada no ambiente ou contexto (campo)

 Conveniência e acessibilidade.
 Conseguir o acesso implica obter autorização daqueles que
controlam a entrada (gatekeepers).
 Determinar ambientes ou lugares alternativos.
Desenvolver relações.

Recomendações Elaborar uma história sobre a


pesquisa.

para entrar no
ambiente Ganhar empatia.

Planejar a entrada.
Observar os eventos que ocorrem no ambiente.

Estabelecer vínculos com os participantes.

A imersão no
Começar a adquirir o ponto de vista “interno” dos
participantes.

ambiente Coletar dados iniciais.

implica… Detectar processos sociais fundamentais.

Elaborar as descrições do ambiente.

Reconhecer nosso papel.

Refletir sobre as experiências vividas.


Descrição
do
ambiente
Anotações
ou registros
de campo
• Anotações da observação direta.

• Anotações interpretativas.

• Anotações temáticas.

• Anotações pessoais.

• Anotações da reação dos participantes.


Tipos de
anotações
Inclui fundamentalmente:

As descrições do ambiente ou contexto.

Diário de Mapas.

campo Diagramas, quadros e esquemas.

Listagem de objetos ou artefatos.

Aspectos do desenvolvimento do estudo.


A imersão no
ambiente é focada
e paulatina.
• Identificar quais tipos de dados devem Como
ser coletados, com quem (amostra);
quando, onde e por quanto tempo, assim
como definir seu papel.
resultado da
imersão o
pesquisador
deve:
• Criar uma formulação qualitativa.

• Escolher o contexto ou ambiente.


Exercícios • Realizar uma imersão inicial.

• Elaborar uma descrição do ambiente.


• O objetivo é obter dados de pessoas, seres vivos,
comunidades, contextos ou situações de maneira
profunda; nas próprias “formas de expressão” de
A coleta dos cada um deles.

dados a partir • No caso de pessoas buscamos dados para


entender os motivos subjacentes, os significados
do enfoque e as razões internas do comportamento humano.

qualitativo • A coleta de dados é realizada nos ambientes


naturais e cotidianos dos participantes ou
unidades de análise.
Significados.

Práticas.

Unidades de Episódios.

análise na Encontros.

pesquisa Papéis ou funções.

qualitativa Relações.

Grupos, organizações, comunidades, subculturas, culturas…

Estilos de vida.
O papel do pesquisador na coleta
dos dados qualitativos

• Os pesquisadores devem
criar formas inclusivas para
descobrir os vários pontos
de vista dos participantes e
adotar papéis mais pessoais
e interativos com eles
Qual é o instrumento de coleta dos
dados nos estudos qualitativos?
Observação.

Entrevistas.
Principais
técnicas de Grupos de foco.
coleta dos dados
qualitativos Reunir documentos, registros, materiais e
artefatos.

Biografias e histórias de vida.


• Algumas de suas finalidades são:

• Explorar ambientes, contextos,


subculturas e a maioria dos aspectos da
vida social.
• Descrever comunidades, contextos ou
ambientes, as atividades e as pessoas e
seus significados.
• Compreender processos, vínculos,
eventos, padrões e contextos.
Observação


Identificar problemas.
Gerar hipóteses para futuros estudos.
qualitativa I
• Torna-se focada paulatinamente.
• Uma vez focada e estruturada é possível
utilizar formatos.
• O pesquisador pode adquirir diferentes
papéis ou funções:
• Não participação
Participação passiva
Observação

• Participação moderada
Participação ativa
qualitativa II

• Participação completa
 A entrevista qualitativa é mais íntima, flexível e aberta.

Entrevistas
Tipos de
Estruturadas.
entrevistas

Semiestruturadas.
qualitativas

• Não estruturadas ou abertas.


• Perguntas gerais (gran tour).

• Perguntas para exemplificar.

• Perguntas de estrutura ou estruturais.

• Perguntas de contraste.

• De opinião, conhecimento, expressão de Tipos de


sentimentos, sensitivas, de antecedentes
e de simulação. perguntas
Partes de uma
entrevista
Sessões profundas ou grupos
de foco

• Reuniões de grupos pequenos


ou médios onde os
participantes conversam
sobre um ou vários temas
num ambiente relaxado e
informal, que são conduzidas
por um especialista.
Grupos focais (focus
groups)

• O formato e a natureza da
sessão ou sessões depende do
objetivo e das características
dos participantes e da
formulação do problema.
Grupos focais I

• O que se pretende é analisar a


interação entre os participantes e
como os significados são
construídos em grupo.

• Os grupos de foco são positivos


quando todos os membros
participam e evitamos que um dos
participantes direcione a
discussão.
• O moderador do grupo utiliza um roteiro de
Grupos focais tópicos para orientar a discussão.

II • O roteiro pode ser semiestruturado ou


estruturado.

• As perguntas se referem aos temas que


interessam ao pesquisador.
Documentos, • Individuais: documentos pessoais escritos,
materiais audiovisuais, artefatos individuais e
registros, arquivos pessoais.

materiais e • Coletivos: documentos, materiais audiovisuais,


artefatos e construções elaborados por grupos ou
artefatos comunidades, documentos e materiais
organizacionais, registros em arquivos públicos e
pegadas, rastros, vestígios, medidas de erosão ou
desgaste e de acumulação.
Análise de
documentos,
registros, materiais
e artefatos: de todo
tipo e tamanho
Biografias
e histórias
de vida
A análise
dos dados
qualitativos
• Na pesquisa qualitativa a amostragem, a
coleta e a análise acontecem
praticamente ao mesmo tempo.

• A análise não é padrão, pois cada estudo


exige um esquema ou uma “coreografia”

Análise de
própria de análise.

dados
• O processo essencial da análise consiste
em recebermos dados não estruturados e
estruturá-los.

• Buscamos encontrar sentido para os dados


qualitativos I
no âmbito da formulação do problema.
• Uma fonte de dados importantíssima que
se acrescenta à análise são as impressões,
percepções, sentimentos e experiências
do pesquisador ou pesquisadores.

• Os segmentos de dados são organizados Análise de


num sistema de categorias. Os segmentos
produzem as categorias, não que sejam
“encaixados nelas”.
dados
Os resultados da análise são sínteses de
qualitativos
II

“ordem superior” que surgem na forma de
descrições, expressões, temas, padrões,
hipóteses e teoria.
Espiral de
análise dos
dados
qualitativos
A análise
qualitativa
• Reflexões e impressões durante a
imersão inicial.
se
• Reflexões e impressões durante a
fundamenta
imersão profunda.
na reflexão
constante
• Organização dos dados e da informação, assim
como revisão do material e preparação dos
dados para a análise detalhada.

• No caso de entrevistas e sessões é necessário


transcrever os materiais para analisá-los
(geralmente num processador de textos).

• Explorar o sentido geral dos dados (incluindo as


anotações), principalmente se foram coletados
Análise
por vários pesquisadores.
detalhada
• Os dados podem ser organizados
cronologicamente, por sucessão de eventos, por
tipo de dados, por grupo ou participante, por
dos dados
localização do ambiente, por tema, por
importância do participante, etc.
• Sua função é documentar o procedimento de
análise e as próprias reações do pesquisador no
processo.

O diário de • Inclui as anotações e os memos analíticos de


diferentes tipos.
análise
• É um instrumento inestimável para a validade e
confiabilidade da análise.

• Deve ser escrito diariamente.


Surgimento de unidades de
análise e codificação no
primeiro nível ou plano inicial

• Identificar unidades de
significado, categorizá-las e
atribuir códigos às categorias.
• Em textos: palavras, linhas, parágrafos,
intervenções de participantes, páginas, mudança
de tema e todo o texto.

• Em gravações de áudio ou vídeo: palavras ou


expressões, intervenções de participantes,
mudança de tema, períodos, sessão completa.

• Em biografias: períodos, mudanças de tema e


ações conhecidas.

• Em música: linha da canção, estrofe, melodia e


obra.
Exemplos de
• Em artefatos: peça completa ou partes ou
unidades
lugares.
• O número de categorias aumenta toda vez
que o pesquisador identifica unidades
diferentes quanto ao significado do
restante dos dados (unidades prévias
categorizadas).

• À vezes as unidades de análise ou


significado não geram categorias claras,
então costumamos criar a categoria

Categorias
“outras” (“vários”, “miscelânea”…).
Descrever as
categorias
• O segundo plano é mais abstrato e
codificadas
conceitual que o primeiro e envolve
descrever e interpretar o significado das que surgiram
categorias.
e codificar os
• Recuperamos exemplos de unidades para
apoiar cada categoria. dados num
• Também comparamos categorias em
segundo nível
termos de semelhanças e diferenças.
ou central
Comparação
constante
Redução de
códigos pelo
processo
completo de
codificação
Na análise qualitativa é
fundamental dar sentido para:

• As descrições de cada categoria.

• Os significados de cada categoria.

• A presença de cada categoria.

• As relações entre categorias.


• Diagramas de conjuntos ou mapas
conceituais.
Ferramentas
• Matrizes.
para
• Metáforas.
visualizar
• Estabelecimento de hierarquias (de
problemas, causas, efeitos, conceitos). relações
• Calendários (datas-chave, dias críticos, entre
categorias
etc.).

• Outros elementos de apoio (fotografias,


vídeos, etc.).
A análise qualitativa pode ser efetuada por computador
Atlas.ti®
Principais

Decision Explorer®
programas

• Ethnograph®

• Nvivo® de análise
qualitativa
• Quando as categorias foram “saturadas” e
não encontramos informação nova.
Quando
devemos
• Assim que tivermos respondido a
formulação do problema (que foi parar de
evoluindo) e gerado um entendimento
sobre o fenômeno pesquisado. coletar e
analisar
dados?
• Dependência.

• Credibilidade.

• Transferência (aplicabilidade dos


resultados).

• Confirmação ou confirmabilidade.

• Outros critérios: fundamentação, Rigor na


aproximação, representatividade de vozes
e capacidade de dar significado. pesquisa
qualitativa
• Quanto a sua formulação do problema de
pesquisa qualitativa: quais instrumentos você
utilizaria para coletar os dados?

Exercício • Defina e colete dados de cinco casos


(participantes, materiais, etc.). Realize todo o
processo de análise qualitativa.
Métodos e técnicas de pesquisa mais
comumente utilizados em Comunicação

• Estudo de Caso
• Estudos de recepção (audiência)
• Etnografia
• Folkcomunicação
• Pesquisa-ação
• Netnografia
Métodos e técnicas de pesquisa mais
comumente utilizados em Comunicação

• Análise de Conteúdo
• Análise do Discurso
• Análise de Imagem (semiótica)
• Estudos de Gênero
Apresentações dos métodos e técnicas
Desenvolvimento do Paper (N2)

• Trabalho a ser feito em duplas


• Entregue no modelo disponível no Plano de Aula
• Média de 10 páginas
• Tema definido pela professora. O mesmo para toda a turma.
• Orientações
• Entrega

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