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Resumo Temáticas de Pesq. Psic.

Aula 01

Ementa
Desenvolvimento de um projeto de pesquisa, com definição do problema de
investigação científica, objetivos e a construção de hipóteses. Reflexões sobre a
relevância social das pesquisas em Psicologia.

Objetivos

Elaboração de um projeto de pesquisa em psicologia, tendo um


posicionamento critico acerca da produção de pesquisas cientificas a partir de um
tema comum: a análise da realidade, práticas inovadoras e a avaliação de
resultados.
(Por garantia será apresentado a tabela de critérios para a avaliação do
trabalho e por conseguintes possíveis elementos que podem vir a ser cobrados na
prova considerando o Fernando e suas birras)

Critérios utilizados na avalição da pesquisa:


O que é a pesquisa cientifica?

Para definir pesquisa e necessário considerar a realidade do objeto de


estudo, ou seja, daquilo que se está investigando.
Devendo ser considerado a existência de uma consonância entre “o que” é
estudado e de “como” será investigado.

Método > forma como e estudado ou pesquisado algo


Metodologia > discussão e reflexão sobre métodos de pesquisa.

Um pesquisador deve sempre se questionar sobre:


 Quais as características do que quero conhecer?
 Como proceder para avançar no conhecimento disso que me proponho
a investigar?
Devendo evitar respostas simples e lineares do tipo A causa B. Entendendo
que o ser humano, enquanto alvo de investigação, não é estático, estando em
constante mudança. Principalmente em pesquisas qualitativas, em que o
conhecimento também passa pela subjetividade do pesquisador.

O significado de pesquisa

De acordo com alguns autores, a diferença entre a pesquisa qualitativa e


quantitativa está na capacidade de generalizar os resultados.
EXEMPLO DE PESQUISAS
QUANTITATIVAS X QUALITATIVAS
Quantitativa Qualitativa
Objetivo Descobrir a relação entre as horas Descobrir a relação entre uso das redes
que alguém fica nas redes sociais e sociais e qualidade do sono
as horas que ela dorme à noite
Amostra Mil pessoas em Bauru 10 estudantes (cada entrevista tem duração
de 1 hora de gravações).
Cada um explicando os detalhes de como
usam seu tempo nas redes sociais, o que
fazem, com quem conversam e como e sua
noite de sono e como se sentem durante a
manhã seguinte.
Dados obtidos Aqueles que passam mais de 4 horas Aqueles que tem uma vida mais ativa nas
nas redes sociais. Tem em média 5 redes, curtindo e postando coisas, tem
horas de sono. Apresentando menor uma qualidade e sono pior, acordando
tempo dormindo. muitas vezes durante a noite e se
Aqueles que passam menos de 2 horas
sentindo muito cansados na manhã
por dia nas redes sociais dormem mais
de 6 horas por noite.
seguinte.

Qualidade dos Obtém-se poucos dados sobre os Obtém-se mais dados sobre o uso das redes
dados participantes. Mas tem-se a e como e a qualidade do sono dos
possibilidade de generalizar a relação participantes. Mas não existe evidencias
observada podendo ser utilizado em suficientes para supor que o mesmo ocorre
outros locais. com outras pessoas.

Pode-se usar esse mesmo método Tenho resultados muito ricos sobre
(entrevista, questionários, estatística) poucas pessoas, mas não é possível
para pesquisar outras coisas, com generalizar.
outros grupos de pessoas (apenas
com estudante.

Independente de qual, ambas têm sua importância como tipos de pesquisa.


Por exemplo, uma pesquisa exploratória e muito interessante utilizar-se de um viés
qualitativo, por tentar avaliar todos os pontos acerca do objeto de estudo, mesmo
que de uma forma subjetiva e ampla.
A pesquisa qualitativa e utilizada na medicina. Em especial a utilização dos
estudos de caso. Que na psicologia são também utilizados. No entanto e importante
entender que o estudo de caso não tem o mesmo peso enquanto evidencia cientifica
não sendo recomendado para pesquisas qualitativas pois não pode ser
generalizado.
Em contraparte, tal como as pesquisas qualitativas os estudos de caso podem
ser utilizados para auxiliar a entender aspectos básicos de um fenômeno
contribuindo no planejamento de pesquisas mais complexas e com maior controle.
Exemplo de estudo de caso (mais bizarro e ilógico que já vi na vida): ao atender um
caso de um homem que tenha medo de viajar de avião foi utilizado uma técnica que
escreve os próprios medos em um avião de papel e joga-o pela janela do prédio.
Resultando na ‘cura’ do paciente.
Como qualquer estudo de caso existem muitas variáveis que não são citadas:
 O paciente pode perder o medo de qualquer jeito;
 Talvez ele gosta muito do terapeuta;

Considerando o exemplo, o próximo passo viável para tornar esse estudo de


caso um objeto de pesquisa poderia ser:
Convocar 50 voluntários com o mesmo medo de avião e fazer uma pesquisa
mais detalhada, com mais terapeutas, um grupo de controle, etc. com o intuito de
investigar até que ponto a intervenção contribuiu, como poderia ter ajudado, quais as
outras possíveis variáveis estariam envolvidas no fenômeno.

O que é a pesquisa cientifica?

Para se discutir sobre metodologias e necessário entender de onde essa


parte entre as teorias de produção de conhecimento (epistemologias). Devendo-se
discutir os procedimentos e se a pesquisa é qualitativa ou quantitativa, sendo
preciso entender a teoria utilizada e seus alcances.
O pesquisador não deve mais ser aquele que diz o que é ou o que não é
verdade. Mas alguém que interpreta o objeto de estudo (realidade) segundo suas
teorias e instrumentos teórico-metodológico, sendo capaz de demonstrar (utilizando
critérios públicos, transparentes e convincentes) que o conhecimento produzido e
fidedigno e relevante.
Exemplo
Na ciência não se fala que é verdade absoluta que a vacina da gripe previne a
gripe. Faz-se investigações e demonstra-se com números, estatísticas e vários
testes que a probabilidade de pegar a gripe e menor quando e feita a imunização
passiva.
Essencialmente, a pesquisa visa a produção de conhecimento novo, relevante
e fidedigno:
 Demonstrando a existência ou ausência de relações entre diferentes
fenômenos;
 Estabelecendo uma consistência interna entre conceitos de uma dada
teoria;
 Desenvolvendo novas tecnologias ou demonstrando novas aplicações
de tecnologias já conhecidas;
 Aumentando a generalidade do conhecimento;
 Descrevendo as condições sob as quais um fenômeno ocorre.

Os elementos básicos da pesquisa

Qualquer que seja o referencial teórico ou a metodologia empregada, uma


pesquisa implica o preenchimento dos seguintes requisitos:
1) a formulação de um problema de pesquisa, isto é, de um conjunto de
perguntas que se pretende responder e cujas respostas se mostrem novas e
relevantes teórica e/ou socialmente;
2) a determinação das informações necessárias para encaminhar as
respostas às perguntas feitas;
3) a seleção das melhores fontes dessas informações;
4) a definição de um conjunto de ações que produzam essas informações;
5) a seleção de um sistema para tratamento dessas informações;
6) o uso de um sistema teórico para interpretação delas;
7) a produção de respostas às perguntas formuladas pelo problema;
8) a indicação do grau de confiabilidade das respostas obtidas (ou seja, por
que aquelas respostas, nas condições da pesquisa, são as melhores respostas
possíveis?);
9) finalmente, a indicação da generalidade dos resultados, isto é, a extensão
dos resultados obtidos; na medida em que a pesquisa foi realizada sob
determinadas condições, a generalidade procura indicar (quanto possível) até que
ponto, sendo alteradas as condições, podem-se esperar resultados semelhante.
Resumo – 28/02/2023

Aula 2 – Possibilidades

Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa

Para Gunther (2006), para se estudar um tema especialmente seres


humanos, para entender as suas diferenças. Podemos adotar vários tipos de
estudos, incluindo as várias formas de análise: como observação, survey,
experimentos, etc.

As características da pesquisa
OBS: Como o slide do Fernando e uma bagunça usarei
esquemas de cores e tabelas para separar os tópicos
abordados e os exemplos do tipo de pesquisa apresentados
Legenda:
Verde – característica qualitativa
Rosa – qualitativa

1. Na pesquisa qualitativa, há o pressuposto de que a produção de conhecimento parte da


compreensão geral das relações entre os fenômenos e não apenas isolando-o em partes.
Qualitativa Quantitativa
Exempl Em uma entrevista, procura-se saber todas as Procura saber a porcentagem de alunos
o experiências e comportamentos de um aluno em que apresentam distúrbios alimentares e a
sua vida acadêmica. Traçando conexões e relação desse número com a área que
entendendo a experiência geral desse indivíduo: estudam. (Será que alunos de engenharia
seus hábitos de sono, alimentares, acadêmicos, tem mais distúrbios alimentares que alunos
afetivos-sexuais, etc. de pedagogia? Há relações entre variáveis
isoladas?)
2. O pressuposto da construção da realidade, diz que na pesquisa qualitativa há um
enfoque maior na realidade subjetiva do sujeito alvo da pesquisa.
Exempl Como a pessoa sentiu essa experiência? Como Qual o índice de depressão essa pessoa
o ela enxerga esse fenômeno? teve no teste? Qual o seu nível de
satisfação ela apresenta depois do
atendimento?
3. há uma linha de sentido de descoberta e construção de teorias na pesquisa qualitativa.
Porque há uma tentativa de entender um pouco de todas as relações entre as variáveis e
não apenas compreender o todo de algumas partes.
4. A pesquisa qualitativa e por natureza uma ciência baseada em textos (não usa gráficos)
para apresentar e sustentar suas teorias e descobertas
Exemplo (Aqui contemplamos um exemplo de puxa saco ou o ato de puxar a sardinha para o lado que ele trabalha
na pesquisa.)
A pesquisa quantitativa tem por objetivo compreender as relações complexas entre todas as
variáveis. Mas geralmente são necessárias muitas pesquisas para tal devido a quantidade
grande de pessoas e objetos sendo avaliados.
Existe o interesse de construir teorias e conhecimentos por meio de textos, mas na pesquisa
quantitativa o texto e a apresentação e reflexão sobre os dados numéricos. Por isso se diverge
do enfoque dado a esse item nas pesquisas qualitativas.
Objeto de Estudo (pesq. Qualitativa)

O foco está no todo e não apenas nas partes que compõem o objeto de
estudo. Gunther afirma que a discussão entre o todo vs. A soma das partes, entre a
pesquisa qualitativa e quantitativa e uma discussão inútil. Pois é importante estudar
e entender o todo, mas também entender as partes.
Interpretação dos resultados (Qualitativa X Quantitativa)
A diferença se dá pelo nível de interação entre pesquisador e sujeitos

Qualitativa Quantitativa
Há inferências e possibilidades de adicionar novos dados e Há maior foco na quantidade de dados obtidos na
novas informações sobre o objeto de estudo. coleta, sem adicionar nada após.
Generalização dos resultados (Qualitativa X Quantitativa)
Para generalizar os resultados e obrigatório que haja um número representativo (proporcional) entre a população
(pessoas presentes num determinado local/contexto) e a amostra de voluntários para a pesquisa/coleta de dados.

Exemplo: uma turma de 100 alunos em que 80% são mulheres e 20% homens, para a pesquisa serão convocados
40 alunos – e necessário que 80% (32) sejam do sexo feminino e 20% (8) masculino. Para se generalizar com muito
cuidado os resultados da pesquisa nessa turma..
E possível generalizar (com muito cuidado) os dados Com uma amostra representativa, pode-se gerar
coletados. Geralmente os números de pessoas dados que podem ser generalizados para grandes
pesquisadas é menor, mesmo com mais detalhes. populações. Exemplo: uma pesquisa com mil alunos
de uma faculdade, 60% que preencheram o
questionário trabalham. Generalizando, pode-se dizer
que 60% de todos os alunos da faculdade trabalham.
Postura pessoal do pesquisador
Ambas as formas de pesquisa assumem que crenças, valores, emoções e subjetividade em geral do pesquisador
pode influenciar na pesquisa.
Para a pesquisa qualitativa, há a aceitação do que existe Na quantitativa, há o esforço para controlar ou
com essa influência, que pode ou não ser analisada e suprimir essas interferências (o chamado controle de
estudada no contexto da pesquisa. variáveis)
O controle de variáveis
Tudo e importante e deve ser descrito e analisado. Essas E necessário fazer o controle de variáveis e evitar que
influencias são colocadas na discussão analisando todos os fatores adversos e/ou subjetivos interfiram na coleta e
aspectos previstos e imprevistos do fazer cientifico. Por isso análise dos dados.
a pesquisa qualitativa e usada como coleta inicial de dados
antes de se propor uma pesquisa quantitativa sobre um
foco/fenômeno novo que se tem pouco conhecimento.
Exemplo de controle de variáveis (bicho puxa saco de novo, essa coisa e sobre a pesquisa quantitativa): almeja-se
pesquisar quantas horas os alunos (as) do 9º semestre de um curso dormem. Para tanto e preciso equilibrar
(controle de variáveis) o número de participantes para que ambos sejam do mesmo sexo, idade variada, ao utilizar o
aparelho para medir as horas de sono considerar como garantir que as cobaias não fiquem ansiosas; se isso afetará
o tempo de sono; quanto tempo medir; prever influencias e como controlar, etc.
Estudo de caso
Geralmente é a descrição de uma intervenção ou um procedimento de investigação sem tantas preocupações
metodológicas. Muitas vezes e realizado depois do fato, sendo um relato de experiência, baseado em documentos
de um atendimento ou intervenção previa. Para ele e outros estudos qualitativos e importante ter dados quantitativos
para ajudar a interpretar e entender os fenômenos como um todo.
Aplicabilidade e uso da Ciência
Muitas vezes podemos cair na armadilha (se isso não for dor de cotovelo alheia de quem ouviu isso de algum
calouro não sei de mais nada) de achar que pesquisa qualitativa e para ajudar a melhorar a qualidade de vida, as
relações interpessoais e sendo mais importante. Enquanto a pesquisa quantitativa não tem utilidade em si, só
porque só obtém números.
O fato e que ambas podem ser socialmente e cientificamente ‘uteis’ gerando conhecimento cientifico e/ou
aplicabilidade social na resolução de problemas. (fica mais ou menos o que ele disse: Existe pesquisa qualitativa
muito boa assim como pesquisa quantitativa merda tudo vai do imbecil que fez a coisa.

Conceitos
Tipo Descrição
Pesquisa aplicada Voltada para problemas reais e na solução dos mesmos muitas vezes
em ambiente natural.

Exemplo: quero saber como e a relação entre alunos e docentes na


UNIP e como melhorar essas relações.
Pesquisa básica Guia-se por duvidas e lacunas no conhecimento, com foco muito maior
em simplesmente conhecer fenômenos observados, sem
necessariamente ser “útil” socialmente.

Exemplo: querer saber em que disposição se sentam os alunos numa


sala de aula universitária.

Seis delineamentos (planejamentos/desenhos) da pesquisa qualitativa:

Estudo de caso: coleta de analises de dados sobre um exemplo individual para


definir um fenômeno mais amplo. Podendo ser coletado e analisados dados
quantitativos tanto quanto qualitativos.
Analise de documentos
Forma mais antiga de realizar pesquisa, especialmente para a revisão de literatura. Pode ser
feita por diversas formas e tipos de documentos.
Qualitativa Quantitativa
Exemplo Imigração Japonesa nas Revistas Ilustradas: Intoxicação por medicamentos em
Preconceito e Imaginário Social (1897-1945) crianças no ambiente doméstico:
(TAKEUCHI, 2016), em que a autora fez uma Revisão sistemática (MORAES et al.,
análise de ilustrações em revistas antigas para 2021), em que os pesquisadores leram
compreender a imagem que se tinha e se e avaliaram artigos científicos em
passava dos imigrantes japoneses. revistas médicas para analisar os
fatores envolvidos em casos de
intoxicação de crianças no ambiente
Pesquisa ação: estudo com maior aplicabilidade, sendo feita em ambiente natural,
com participação ativa do pesquisador e dos participantes nas atividades.
Exemplo: estudo dentro de uma escola em que o pesquisador irá participar das
aulas e atividades dos alunos e professores, enquanto reflete, planeja e aplica uma
intervenção em grupo.

Pesquisa de Campo: pode ser quantitativo, qualitativo ou quali-quanti (ambos)

Experimento Qualitativo e Avaliação Qualitativa

O experimento é um procedimento em que desejasse observar um fenômeno,


mas não o fenômeno natural que e só observando. No experimento, e planejado
ações e observado como respondem os participantes. O pesquisador faz uma
intervenção e coleta os dados de antes e depois, avaliando as mudanças e
respostas. Neste tipo de pesquisa o controle de variáveis é extremamente
importante.

Coleta de Dados na Pesquisa Qualitativa


Tipo Variações
Entrevistas focalizada (não foge do tema); semiestruturada (perguntas
padronizadas mas com liberdade); centrada num problema e centrada
no contexto.
Relatos entrevista narrativa (não estruturada) e entrevista episódica (como a
narrativa, mas múltiplo)
Procedimentos Entrevista em grupo; discussão em grupo e narrativa em grupo
grupais
Procedimentos Observação; observação participante; etnografia; fotografia e análise
visuais de filmes

Critérios de Qualidade de Pesquisa

Certas perguntas devem ser respondidas para classificar a qualidade da


pesquisa, sua fidedignidade, objetividade e validade. São validadas para pesquisas
quantitativas e qualitativas:
 As perguntas da pesquisa são claramente formuladas?
 O delineamento da pesquisa é consistente com o objetivo e as perguntas?
 A posição teórica e as expectativas do pesquisador foram explicitadas?
 Adotaram-se regras explícitas nos procedimentos metodológicos?
 Adotaram-se regras explícitas nos procedimentos analíticos (processo de análise
dos dados)?
 Os dados foram coletados em todos os contextos, tempos e pessoas sugeridos
pelo delineamento?
 O detalhamento da análise leva em conta resultados não-esperados e contrários
ao esperado?
 A discussão dos resultados leva em conta possíveis alternativas de
interpretação?
 Os resultados são – ou não – congruentes com as expectativas teóricas?
 Os resultados são acessíveis, tanto para a comunidade acadêmica quanto para
os usuários no campo?
 Os resultados estimulam ações – básicas e aplicadas – futuras?

A questão não é escolher o tipo que você gosta mais, ou a que mais tem a ver
com sua personalidade e linha teórica favorita.
A escolha entre pesquisas qualitativas ou quantitativas deve ser feita levando
em consideração diversos fatores, mas principalmente:
 Qual a questão de pesquisa a ser respondida?
 Qual o objeto de estudo?
Para então se tentar escolher qual a melhor forma para entender o que se
quer estudar. Obviamente, essas questões devem ter validade cientifica e/ou social.
Responder uma questão que já responderam mil vezes no passado, não tem
relevância nem científica e nem social.
Mas além dessas diretrizes para fazer a escolha, temos que pensar também:
 Quanto tempo eu tenho para fazer a pesquisa?
 Quais as minhas habilidades e competências?
 Quais os recursos financeiros e estruturais eu tenho para fazer essa
pesquisa?
 Qual é o acesso que eu tenho à população que quero estudar?
É importante, como diz a autora, entende que todas as formas de estudo e
não vilanizar ou desqualificar um ou outro tipo. Na hora de entendermos o mundo,
temos que encontrar todas as informações (validas e fidedignas) possíveis.

Resumo 06/03
Aula 3
Definições e ética

Possibilidades e limitações das pesquisas quali - quanti em Psicologia

1. Definição de Ciência e Cientificidade

Os seres humanos sempre tiveram o interesse em conhecer a realidade que


os cerca. Uma vez que esse é um dos fatores para a sobrevivência da espécie, dado
que ao ter a capacidade de interpretar os fenômenos naturais, distinguir o que é ou
não comestível, o momento ideal para realizar as plantações, etc. Há uma maior
possibilidade de prever situações e criar contramedidas/intervenções.
Tal saber sobre a vida geral pode ser produzida e separada por sistemas de
conhecimento, como a filosofia e a religião. Mas também a arte funciona como forma
de produção de conhecimento sobre o mundo.
A Ciência, e a mais nova dessas formas, se constitui como um sistema de
conhecimento. Mas principalmente como um Método de conhecimento da
realidade.
Tendo sido a principal forma de chegar mais próximo da realidade, por
conseguinte dos critérios de verdade.
Apesar disso mesmo com sua normatividade caraterística, essa esta
permeada de atritos e conflitos.

Ciências Sociais X Ciências da Natureza


Ciências Sociais Ciências da Natureza
Variação mais recente da ciência, tem A mais antiga e bem fundamentada. Estuda
como foco o estudo das relações os fenômenos da natureza, visando prever,
individuais, sociais e grupais do ser controlar e intervir. Áreas: física, química,
humano bem como sua complexidade. biologia, ciências da saúde, psicologia
Áreas: ciências sociais, sociologia, (saúde, hospitalar e psicopatologia), etc.
pedagogia, psicologia, antropologia, etc.

De acordo com as autoras, há grande interesse que as ciências sociais


tenham maior afinidade ou se utilizem de métodos das ciências naturais.
As autoras apresentam um forte viés contra o uso de métodos das ciências
naturais nas ciências sócias. Afirmando que as ciências sócias devem:
 Apresentar uma relação sujeito-objeto diferente;
 São conscientes de seu caráter ideológico
 E por serem essencialmente qualitativas

Porem na visão do Fernando (a criatura que faz nossa prova então e o que se
deve decorar e foda-se as autoras).
Na realidade – ao meu ver – aqui falamos de Psicologia, e nesta existem
pesquisas muito boas, importantes e interessantes com todos os tipos de métodos.
A Psicologia vive no limiar entre as ciências sociais e ciências da natureza.
O importante (realmente importante) e o método cientifico ser respeitado
quanto a sua honestidade, fidedignidade e ética.

2. O conceito de Metodologia de Pesquisa


Metodologia é a discussão sobre o método utilizado na pesquisa.
Para as autoras, método e teoria andam juntos: “enquanto conjunto de
técnicas, o método deve dispor de instrumento claro, coerente e elaborado capaz de
encaminhar os impasses teóricos para o desafio da pratica”.
Advertem contra o endeusamento da técnica – que levaria a resultados
simples e insatisfatório. Mas também são contra ignorar as técnicas – o que
produziria um conhecimento ilusório ou especulações inúteis.
O método utilizado na pesquisa é sempre baseado em bases teóricas (não
simplesmente uma abordagem psicológica, como Psicanálise ou Behaviorismo, mas
sim de teorias sobre a produção de conhecimento).
Teorias são formas de explicar um fenômeno (s) ou processo (s). No senso
comum, falamos teoria para dizer sobre coisas que "achamos" ou que imaginamos
sobre algo...
Exemplo: Meu pai tem a teoria: quem não gosta de cachorro é má pessoa.
Ela tem uma teoria do porquê seus relacionamentos sempre dão errado...
No senso comum chamamos isso de teoria, mas na Ciência, teoria é outra
coisa!
Diferente do senso comum teoria na ciência e o ápice, mais próximo da
verdade da realidade possível. Por ter sido embasada e testada por meio de
experimentos rigorosos e comprovado sua fidedignidade. E diferente da hipótese
que apenas se limita a uma suposição.
Portanto Teoria e um conjunto de explicações baseadas em evidencias e
pesquisas solidas. Em ciência teorias são fundamentadas em conhecimentos já
comprovados e testados.
Ao fazer uma pesquisa, deve-se ponderar quanto a qual método utilizar, com
base nos embasamentos em bases teóricas que contribuem em:
 Entender melhor o objeto de investigação;
 Levantar questões, problemas, perguntas e hipóteses para a pesquisa;
 Ter mais clareza na organização dos dados;
 Ajudar na análise dos dados.

3. A pesquisa qualitativa
A pesquisa qualitativa, nas Ciências Sociais, trabalha com um nível de
realidade que não pode ser quantificado. Muitas vezes porque não existem ainda
critérios para quantifica-los, ou esses critérios não foram ainda bem concretizados.
Ou então porque é uma área ainda muito nova e necessita de pesquisas mais
exploratórias.
A diferença entre o Qualitativo e o Quantitativo é de natureza, com avaliação
de formas diferentes do mesmo fenômeno (como já discutido em aulas passadas).
No entanto, os dados quantitativos e os dados qualitativos não se opõe, e sim se
complementam.

Aspectos éticos na pesquisa

As diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos

"Ao se abordar a ética em pesquisa, deve-se destacar que a ética é uma postura
que transcende qualquer regulamentação." (LORDELO; SILVA, 2017)
Os códigos e resoluções nunca vão dar conta de toda e qualquer situação em
que possa haver um dilema ético no contexto da pesquisa.
No entanto, são extremamente necessários.
No Brasil, os códigos de ética passam por algumas resoluções.
O primeiro marco regulatório de ética aplicado a pesquisa no Brasil:
A resolução 196, de 1996, do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Que
aprovou diretrizes e normas para desenvolver a pesquisa com seres humanos.
A partir dessa resolução cria-se o sistema de revisão ética, composto por
Comitês de Ética em pesquisa (CEPs) e a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa
(CONEP).
A atualização ocorreu em dezembro de 2012, com regulamentação das
resoluções anteriores (196/96, 303/2000 e 404/2008). Que foi substituído pela:
Resolução 466, de outubro de 2012 (CNS 466/2012)
Resolução com 13 divisões, sendo mais longa e filosófica, abrangendo todas
as áreas, contando também com referenciais básicos de bioética: “ reconhecimento
e a afirmação da dignidade, a liberdade, a autonomia, a beneficência, a não
maleficência, a justiça e a equidade”. Outros tem objetivo de assegurar os direitos e
deveres dos participantes da pesquisa, na comunidade cientifica e do Estado.
O início da resolução deixa claro que e baseado em documentos
internacionais, como:
- Declaração de Helsinque, de 1964 e versões de 1975, 1983, 1989, 1996 e
2000;
- Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, de
1966;
- Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, de 1966;
- Declaração Universal sobre o Genoma Humano e os Direitos Humanos, de
1997;
- Declaração Internacional sobre os Dados Genéticos Humanos, de 2003;
- Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, de 200

Além disso, pautado também, na: “Constituição Federal da República


Federativa do Brasil, cujos objetivos e fundamentos da soberania, da cidadania, da
dignidade da pessoa humana, dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e
do pluralismo político”;
Para construir uma “sociedade livre, justa e solidária, de garantir o
desenvolvimento nacional, de erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais e de promover o bem de todos, sem qualquer tipo
de preconceito, ou de discriminação”
A resolução 466 apresenta Termos e Definições sobre a pesquisa, dentre
outros:
Termos e Definições sobre pesquisa resolução 466
Termos/indivíduos Definições
Pesquisa Processo formal e sistemático que visa à produção, ao avanço do conhecimento e/ou à
obtenção de respostas para problemas mediante emprego de método científico
Pesquisador Membro da equipe de pesquisa, corresponsável pela integridade e bem-estar dos
participantes da pesquisa.
Pesquisador responsável Pessoa responsável pela coordenação da pesquisa e corresponsável pela integridade e
bem-estar dos participantes da pesquisa. (resumo na hora que der merda e ele que se
fode).
Participante de pesquisa Indivíduo que, de forma voluntaria e esclarecida, ou com esclarecimento e autorização de
responsável legal, aceita ser pesquisado.
Achados de pesquisa Fatos e informações encontradas pelo pesquisador e que
sejam de relevância para os participantes
Termo de consentimento TCLE - documento no qual é explicitado o consentimento livre e esclarecido do participante
livre e esclarecido e/ou de seu responsável legal, de forma escrita, devendo conter todas as informações
necessárias, para o mais completo esclarecimento sobre a pesquisa a qual se propõe
participar;
Assentimento livre e Anuência do participante, criança, adolescente ou legalmente incapaz; que devem ser
esclarecido esclarecidos na medida de sua compreensão sobre todos os aspectos da pesquisa e
respeitadas suas singularidades. (nem que seja necessário ilustras ou fazer show de
fantoches mas o ser tem que entender o que vai ser feito – o direito da cobaia importa,
mesmo que a mãe queira se ele não quiser não pode fazer a pesquisa.)
Benefício da pesquisa Proveito direto ou indireto, imediato ou posterior, para o participante da pesquisa. (O
Fernando disse que teve casos de darem um livrinho ou pagar o custo do deslocamento.
Só não pode subornar o ser pra fazer a pesquisa: dar dinheiro, comida e tals.)
Riscos da pesquisa Possibilidade de danos à dimensão física, psíquica, moral, intelectual, social, cultural ou
espiritual do ser humano, em qualquer pesquisa e dela decorrente. (Você pode ficar
cansado, você pode ter diarreia, os dados podem ser perdidos ou vazados. Contramedida
usar um firewall que preste, não perguntar dados pessoais que possibilitam identificação.
Caso os resultados venham a ser apresentados em palestras, eventos e jornadas deve
constar no TCLE se não nada feito)

Na seção de Aspectos Éticos são apresentados fundamentos éticos e


científicos:
 Respeito ao participante,
 Ponderação entre riscos e benefícios;
 Garantias de prevenção de danos;
 Relevância social da pesquisa;
 Fundamentação em princípios e fatos científicos;
 Participação de humanos apenas quando não houver outra forma de
obter aquele conhecimento;
 Uso de métodos adequados;
 Obtenção de Consentimento e Assentimento;
 Respeito a valores culturais, sociais, morais, religiosos e éticos;
Utilizar os achados apenas para os fins esclarecidos anteriormente ou
conforme consentimento do participante as diretrizes e normas regulamentadoras de
pesquisas envolvendo seres humanos E outras, com especificidades de acordo com
área da pesquisa.
Em outras partes, há informações específicas sobre O Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, sobre os Riscos e Benefícios e o Protocolo da
Pesquisa.
Além desses pontos, a Resolução traz uma série de informações importantes
e técnicas sobre as Atribuições dos dispositivos do Sistema CONEP/CEP. Assim
como ao final, as Atribuições do Pesquisador Responsável.
A Resolução 466/2012 não é um código de regras rígidas, mas contém
diretrizes que norteiam o julgamento ético dos protocolos de pesquisa. Há a
necessidade de sempre estar em atualização.
Depois da Resolução de 2012, uma nova atualização, especialmente para a
área de Ciências Humanas, surgiu, a resolução 510/2016.
Não substitui a resolução anterior, apenas dá especificações sobre as
Ciências Humanas e Sociais. É um avanço para a ciência brasileira, surgindo de
questionamentos de pesquisadores na área de CHS.
“Esses questionamentos, vindos dos pesquisadores da área de CHS, diziam
respeito fundamentalmente ao equívoco da aplicação universal de ambas
resoluções, a 196 e a 466, relativas à ética em pesquisa envolvendo seres humanos,
uma vez que suas normas foram elaboradas no campo da saúde, com base nos
fundamentos da bioética, a partir de problemas éticos resultantes dos métodos
experimentais da pesquisa na área da saúde, estranhos, portanto, aos problemas
que se colocam nas pesquisas em CHS. ” (SARTI et al., 2017, p. 1)
A Resolução 510/2016, dentre outras coisas, especifica:
 Quais tipos de pesquisa não necessitam passar pela apreciação de
CEP;
 Discute a relação entre pesquisador e participantes de forma mais
flexível;
 Flexibiliza as formas de obtenção de consentimento livre e
esclarecido;
 Possibilita a análise de protocolos por meio de diretrizes específicas e
profissionais específicos dentro dos CEP.

É de extrema importância sempre a continuação das discussões sobre limites


éticos da pesquisa, sem, no entanto, cair na armadilha de desqualificar e cercear
automaticamente a ciência.
De acordo com o bioquímico Van Rensselaer Potter, que foi um dos maiores
proponentes da Bioética, a melhor maneira de lidar com o conhecimento perigoso é
buscando mais conhecimento. (Agora entendemos o porquê de J. K. Rowling deixar os vilões da saga
entrarem como professores de defesa contra as artes das trevas)
Resumo 13/03

Relevâncias
Onde falta melhorar a pesquisa em psicologia no Brasil

O autor, professor Silvio Botomé (UFSC). Aborda o tema acerca da ciência


em psicologia no Brasil como um todo. A partir da fala da professora Carolina Bori,
durante a XIV Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP) em
Ribeirão Preto - SP. Em outubro de 198

Professora Carolina Bori

Dados relevantes (E para praticamente encher linguiça e a aula não terminar antes
do tempo. Quando for estudar pode pular essa merda):
 Graduação em Pedagogia em 1947 (não existiam cursos de psicologia na época)
 Foi contratada como professora da USP em 1948 (onde defendeu o doutorado em Psicologia
em 1954)
 Foi professora de um dos primeiros cursos de Psicologia (USP) em 1958.
 Defensora da Psicologia e da Ciência, foi presidente da Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência (SBPC).
 Trabalhou na UNB e foi responsável para abertura e ampliação de diversos cursos e
laboratórios de Psicologia no país.
 Menções honrosas:
 Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher”, promovido pela Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência (SBPC)
 Edifício Carolina Bori (UFSCAR)

Psicologia e Ciência

É de extrema importância a discussão acerca da pesquisa em Psicologia no


Brasil.
Em especial sobre:
 O que implica a nossa cultura em nossa ciência?
 E em nossa Psicologia? Os temas? Os métodos?
 As teorias?...
Sobre a estrutura da pesquisa em Psicologia no país.
 Qual o investimento*?
 De onde vem esse investimento?
 Quais os interesses?
 Quais os problemas a serem resolvidos?
* Investimento no caso não apenas financeiro, mas também o empenho dos
alunos na pesquisa para satisfazer a as questões almejadas. Uma vez que isso
normalmente e o único ganho da criança (vida de universitário aprendiz de
faculdade pobre e triste).

Um ponto importante é sobre o conceito da própria Ciência, o qual não está


limitando apenas a Psicologia. Devendo ser questionado: Qual o seu papel e o
status enquanto ciência (independente da área) dentro da Ciência Nacional. Possui
voz ou relevância no cenário nacional?
Enquanto profissionais e alunos devemos lembrar que a Ciência no Brasil é
uma ciência de um país do terceiro mundo, que vive angustiada por problemas que,
se não forem resolvidos ou mitigados, trarão consequências negativas para o país
como um todo.
Existe uma comunidade científica pequena com um investimento pequeno.
Nesse sentido, "o que pesquisar" acaba tendo uma responsabilidade social enorme,
pensando no que fazer pela Ciência e pelo país.
Parte dessa responsabilidade do cientista é deixar de falar apenas para si
mesmo e seus pares apenas. Ele(a) deve falar com a sociedade como um todo.
Para ser um cientista e conseguir suprir essa demanda e responsabilidade é
importante dominar o que já se sabe, o que já foi estudado e conhecido. De tudo.
Independentemente de ser de outras culturas, não ter cunho cientifico (parte
do senso comum) ou antiquado. Um pouco de cada tipo de conhecimento e preciso
se ter. Estudar sempre.
Não importa se gosta ou não gosta de algo, se tem interesse ou não em algo.
É preciso obter o conhecimento que existe. É disso que depende seu desempenho e
sua responsabilidade enquanto psicólogos (as) e/ou cientistas.
E além de dominar o conhecimento e preciso torná-lo acessível à sociedade.
“Pobre daquele que acha que, quanto mais difícil suas palavras, mais
inteligente ele ou ela é. Se você não consegue passar seu conhecimento adiante,
você falha em sua função social”.
A universidade e o único lugar de produção e compartilhamento de
conhecimento. Não deve ser perdido. A discussão sobre a ciência e as
universidades demanda que saibamos a importância dessas e as coisas boas que
produzem, e não apenas o lado ruim. Nas palavras de alguém (sei lá quem, aqui se
confunde a fala do Fernando, do autor e da Caroline), essas instituições têm
defeitos, mas acabar com elas não é o caminho certo. A discussão sobre a ciência e
universidades deve passar também pela discussão dos objetivos de universidades
públicas e privadas.
Poucas universidades privadas investem na pesquisa, enquanto a maior parte
da ciência nacional (bem como a tecnologia criada) é feita em universidades
públicas, e isso implica em maior responsabilidade ainda.
Toda ciência produzida na universidade e um investimento público devendo
ser financiada pelo Estado e tendo como centro a contribuição para com a
sociedade ao se realizar uma pesquisa.
Sendo necessário entender que a Universidade não é apenas uma escola
onde se passa conhecimento. Mas é também onde conhecimento é produzido,
testado, refletido e verificado. E deve ter a estrutura para fazer tudo isso.
Por mais que a gente precise saber o que existe no mundo, não podemos ser
um país consumidor do que há lá fora. Precisamos formar cientistas brasileiros
capazes de estudar e resolver os problemas do país.
Para isso, a universidade e seus cientistas têm que dialogar e apresentar qual
seus objetivos para convencer a população, os políticos e os próprios colegas (e
nossos alunos) da importância desse investimento para toda a população.
Uma das críticas do autor e que a verba para a ciência no país tem diminuído
drasticamente nos últimos anos “isso era real em 1984, era real em 2007”. O que
significa que o país parou ou diminuiu brutalmente seu investimento em produção de
conhecimento e de Tecnologia Nacional. E, por conseguinte nos leva a comprar
tecnologia de fora o que custa muito.
E a Psicologia e psicólogos devem participar disso, e exigir maior
investimento para a ciência. E não ficar apenas no canto das "ciências humanas e
sociais", pois assim é ignorada e silenciada quando o assunto é investimento,
produção de conhecimento e tecnologia.
Por tanto a uma necessidade para que haja um diálogo e comunicação entre
as áreas, departamentos, profissionais, dentro da ciência e em especifico aqui na
Psicologia. Muitas vezes as mesmas coisas estão sendo produzidas, estudadas,
mas por conta de falta de comunicação e diálogo entre as áreas, muito trabalho e
investimento é perdido.
“Sem essa autonomia e essas reivindicações, bem como a participação de
psicólogos nessas discussões, corremos o risco de, não apenas não termos Ciência
no país, mas de fazermos a ciência que nos mandarem fazer”
Existe na psicologia uma ausência de diálogo entre os profissionais no campo
prático e no campo cientifico e entre si (no geral) o que resulta no desencontro das
linhas de pesquisa e atuação.
Enquanto a pesquisa perde cada vez mais verba e energia por pesquisar as
mesmas coisas, outros tentam financiar suas próprias pesquisas ignorando o fato de
que tais atos culminam na diminuição de investimento nacional como também
acabarem pesquisando o que a hegemonia política/cultura/econômica exercida
pelos outros países “mandarem” que seja feito.
Influencias externas não ocorrem apenas na economia, mas na educação, na
cultura e na ciência.
A ciência também não deve ser, portanto, uma simples produção de textos,
dados e satisfação de curiosidades pessoais.
Devendo questionar-se:
 Para quem esse trabalho vai ser útil?
 Como e a quem deve ser acessível?
 E para que nos serve isso?
É importante que, mesmo que não se tenha um interesse na pesquisa, que se
saiba o que é pesquisa.
Que saibam que, na base da prática de vocês, há pessoas e instituições
estudando o que é melhor, o que é mais efetivo, o que gera maior qualidade de vida
e diminui o sofrimento, o que é visto, sentido, percebido, etc...
E deve ser com base nessa produção, nesses investimentos (intelectual,
financeiro e de tempo) que o psicólogo deve atuar.
Resumo 20/03
O Manual

O manual utilizado como base para a aula, foi escrito por professores da
UNIP para servir de guia na produção de Projetos de Pesquisa e Relatórios de
Pesquisa.
Apesar de não serem os únicos documentos produzidos pela ciência, Projeto
e Relatório de Pesquisa, se caracterizam como o centro do que é ciência e como
ela e feita. (na pratica, o cientista pode vir a produzir projetos, relatórios, artigos
científicos, posters, resumos, livros, protocolos, manuais etc...)
E importante entender que um projeto e escrito ANTES da pesquisa, devendo
descrever o que será feito. Já um relatório deve ser de caráter descritivo, sendo
escrito após a pesquisa, expondo o que foi feito.

No Projeto
O pesquisador deverá contar ao leitor sobre:
 O tema da pesquisa e a história de pesquisas científicas acerca desse
tema;
 As suas pretensões na continuidade de estudos sobre esse tema;
 A importância que esse objetivo tem, tanto academicamente, quanto
socialmente;
 Bem como o que se pretende fazer com esse estudo, descrevendo
locais, formas, instrumentos e um plano de trabalho detalhado.

O projeto e, portanto, uma proposta de realização de um trabalho que será


apresentado a professores, orientadores, comitês de ética em pesquisa e órgãos de
fomento (financiamento como o caso de Iniciações Cientificas).

Um bom planejamento de pesquisa deve ser bastante detalhado e


realista, considerando as possibilidades daquele estudo ser realizado.

A escrita de um projeto deve ser conjugada no tempo verbal do Futuro do


presente (“o estudo será realizado”, “serão realizados”).
O Relatório

O relatório de pesquisa, por sua vez tem a função de descrever:


 O que foi feito em uma pesquisa até aquele momento (pode ser um
relatório parcial ou um relatório final);
 Os resultados obtidos;
 A discussão destes resultados em detrimento com o conhecimento já
descrito inicialmente no projeto.
Portanto, em reação a sua escrita, deve adotar a conjugação verbal do
passado (“foi encontrado”, “foi desenvolvido”).
Elementos do projeto e relatório

Tipo Descrição Exemplo/explicação


Identificação Inicialmente os trabalhos devem ser Estes dados são apresentados na Capa e na
apresentados com informações que identifiquem Folha de rosto.
a instituição de origem, o título e o nome dos
autores
Opcionais Em um relatório de pesquisa há a possibilidade -----
de elementos opcionais

Dedicatória: Para quem dedica ou homenageia "Dedico essa aula à minha tia".

Agradecimentos: tópico em que a autora pode "Gostaria de agradecer a fulano, fulano e


agradecer a todos os que fizeram parte do fulano, pela ajuda com as análises...”
trabalho e ajudaram no percurso (mais longo, “Também queria agradecer meu marido que
pessoal). me aguentou durante a pesquisa, etc,”
Epígrafe: Um pensamento ou uma frase que "E o motivo todo mundo já conhece/ É que o
ilustra algo que o autor(a) queira passar no de cima sobe e o de baixo desce" Xibom
trabalho. Bombom, As Meninas, 1999)

Sumário Cada item do trabalho é listado e apresentado (vejam as regras no Manual. Sempre
recomendo aprenderem a usar o mecanismo
com o número de paginas.
de criar sumários automaticamente no Word).

Lista de Tabelas Nessa lista separada serão apresentadas todas (não tem função estética, devem servir para
apresentar informações de uma forma mais
(Quadros) e as Tabelas e Figuras que aparecem no decorrer
rápida e complexa que o simples texto). Se o
Figuras do trabalho, com o título e o número da página. trabalho não utilizar em demazia não a
necessidade de ser utiliazada.
Figuras e tabelas tem funções claras no texto e
devem ser usadas com atenção
Lista de Parte opcional também. Pode ser muito util -----
abreviações ou naquelas trabalhos que apresentam muitas
siglas abreviações.

Resumo Parte bastante importante do trabalho, e vai O resumo para casos de projeto usa-se
conjugação verbal no futuro.
apresentar para o leitor todas as informações
Enquanto que o relatorio o verbo e no
necessárias para entender do que se trata o passado.
Palavras chave são importantíssimas, é com
trabalho.
esses descritores que as pessoas vão
Deve conter partes da Introdução, Método, encontrar o seu trabalho. Não deve inventar
palavras ou colocar coisas pouco usuais,
Objetivos, Justificativa, Resultados e
devem ser simples, usuais e descritivas.
Discussão e Conclusão Utilizar banco de palavras-chave.
(esses três últimos apenas no relatório).
Não tem recuo na primeira linha e não tem
referências bibliográfica. Devem vir
acompanhados de palavras-chave.
Introdução Na introdução é mostrado qual será o objeto ou Deve ser escrito na forma de um texto
situação que será investigada na pesquisa, dentro introdutório, mostrando ao leitor conceitos
de seu panorama social e científico.O primeiro básicos que serão importantes para entender
item da introdução é a apresentação do Tema, o restante do trabalho, mas gradualmente
seguido da Revisão da Literatura. aumentando complexidade, apresentando
estudos mais recentes sobre o problema
estudado.
O texto também deve ser escrito de uma forma
que guie o leitor naturalmente até o objetivo do
trabalho

Objetivo No final da introdução, é apresentado Exemplo: Escrevo sobre o que é bullying,


textualmente qual o objetivo da pesquisa. descrevo pesquisas que relacionam bullying a
problemas psiquiátricos, apresento a
possibilidade de que o bullying pode ter
alguma relação com violência doméstica na
vida adulta --> E no final da introdução eu
apresento meu Objetivo: "O presente estudo
tem como objetivo investigar a relação entre o
bullying e a violência doméstica na vida
adulta"

Enquanto os Objetivos específicos também são "Realizar levantamento do número de casos


importantes de descrever, mas demandam que o de violência doméstica na população
método esteja bem definido! estudada"; "Discutir formas de prevenir a
violência doméstica entre profissionais da
área"
Neste momento também podem ser adicionadas "Esperamos encontrar uma relação causal
Hipóteses entre o bullying na infância e casos de
violência doméstica na vida adulta, de acordo
com as pesquisas de 'Fulano, Siclano, etc...' "

Justificativa Ao final (podendo ser em um tópico separado ou Não são os desejos e anseios pessoais do
não, e acrescentado a importancia da pesquisa pesquisador
para a sociedade e para a ciencia.
Métodos Deve-se descrever COMO, QUANDO, ONDE, Essas escolhas devem ser explicadas com
COM QUEM, vamos realizar a pesquisa. base nas posições teóricas e epistemológicas
do pesquisador/pesquisa.
Exemplo:
Ao pesquisar sobre o 'dasein', não dá pra fazer
uma pesquisa experimental Behaviorista.
- Ao fazer um estudo de caso de um
atendimento psicanalítico, não é possível usar
o Inventário de Depressão do Beck
(Cognitiva).
- Ao mesmo tempo, seria incoerente
partir do pressuposto Monista do Behaviorismo
e investigar o ID Freudiano.

vamos descrever alguns pontos importantes, Exemplo: Enfermeiros que trabalham nos
como: Participantes - Quem serão os voluntários, Hospitais públicos da cidade (projeto); P1, P2,
e qual a população estudada. P3, P4, enfermeiros dos hospitais da cidade
(no caso do Relatório).

Instrumentos - Ou seja, quais serão as Exemplo: Questionários, Inventários, Escalas,


ferramentas utilizadas, podendo se dividir entre: etc.
Instrumentos de Coleta de dados
Instrumentos de Análise de dados Exemplo: técnica de análise de dados
específica.
Aparatos de pesquisa são equipamentos ou Statistical Analysis Software; Excel; Gravador,
instrumentos mais específicos que as tecnicas Notebook, Prancheta, etc...
Procedimentos - Essa é uma das partes mais Levando em conta um trabalho em grupo, é
importantes do Método, é aqui que vamos importante que nessa descrição tenhamos
descrever o que será realizado, detalhadamente, uma divisão de tarefas sobre quem vai fazer
tanto na coleta de dados, quanto na análise qual parte!
desses dados.

Cronograma - Aqui vamos descrever os passos


da pesquisa de acordo com cada uma das etapas
descritas no procedimento e os prazos que a -----
pesquisa deve obedecer (de acordo com cada
tipo de pesquisa, instituição, etc...)

Os cuidados e planejadas pelos autores, incluída a menção ao


precauções éticas Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE) e Termo de Assentimento Livre e
Esclarecido (quando necessários).

Os próximos três tópicos estarão presentes apenas nos Relatórios de Pesquisa. Resultados, Discussão e Conclusão
Lembrando que o Relatório pode ser parcial, então serão descritos Resultados Parciais, uma Discussão e uma Conclusão
parciais também...
Resultados No tópico de resultados vamos descrever os Literalmente, apenas a descrição o que
dados encontrados e analisados, sem muita encontramos a partir do nosso método.
preocupação em interpretá-los ou contextualizá-
los em relação a outras pesquisas e dados.

Discussão Nessa seção vamos confrontar aquilo que "Basicamente, esta seção implica vários níveis
obtivemos como resultado da pesquisa com de discussão que englobam: a comparação
aquilo que apresentamos na introdução da com aquilo que foi apresentado na revisão
pesquisa. bibliográfica (Introdução); a comparação com o
que foi proposto como hipótese e objetivos da
pesquisa (Objetivos); a discussão dos
aspectos operacionais da pesquisa, naquilo
em que eles colaboraram ou dificultaram o
andamento do trabalho."

A parte mais importante e a contextualização


desses resultados frente ao conhecimento já
estabelecido da área. Comprovando hipóteses
antigas, replicando resultados já obtidos
anteriormente, ou então negando e se opondo
ao conhecimento anteriormente obtido.

Conclusão A última seção do texto é um resumo que fecha a • - Sugerindo replicações mais refinadas
ideia apresentada no trabalho, com o que foi • - Com novos métodos
encontrado e como isso é relevante, e • - Com novas populações
descrevendo possíveis desdobramentos desse
trabalho;

Referências Aqui vamos colocar as referências de acordo com Exemplo:


as normas da ABNT. GONÇALVES, J.; OLIVEIRA, A.J.; SILVA,
((apesar de usarmos essa norma, existem J.V.A. Psicologia Cognitivo-Comportamental e
diversas outras normas. Na área da saúde usam experiência de estágio em Psicologia Clínica:
Vancouver ou Harvard, na Psicologia avaliação psicológica da Ansiedade.
Internacional usa-se as normas da APA.)) Perspectivas Online: Humanas & Sociais
Importante: apenas as fontes efetivamente Aplicadas, v. 8, n.21, p.28-36,2018.
utilizadas são referidas nesta seção, e é
necessário que todas estas referências estejam
citadas no corpo do texto.

Anexos e Anexar no trabalho documentos que não Anexos são documento que nos produzimos, e
Apêndices caberiam no corpo do texto, como o TCLE, o Apêndices são documentos externos
Roteiro da Entrevista, a Transcrição das
respostas de um participante, etc...

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