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[Aula nº 8] [David Casanovas]

Que tipos de investigação existem?

 Não-Experimental ou Descritiva
- Foco no porquê, quem, quando e onde
- Descritiva: O que está a acontecer? (1º objetivo da investigação em Psicologia)
- O investigador mede as variáveis, não as manipula.
- Subtipos: Inquérito, Investigação Correlacional

 Experimental
- Foco no porquê do comportamento
- Explicativa: Porque é que determinado fenómeno acontece? (2º Objetivo da
investigação em Psicologia)
- O investigador recorre à distribuição aleatória e manipula e mede variáveis.
- Subtipos: Desenhos de grupos, Desenho de Pré-Teste e Pós-Teste

O Que são Inquéritos?


1. Objetivo: Conhecer as opiniões, características e/ou comportamentos de uma
dada população.
2. Procedimento: O investigador questiona diversos elementos dessa população
sobre uma variável.
3. Conclusão: Uma afirmação de frequência
4. Exemplo de pergunta de investigação a que este desenho responde: “Que
percentagem de adolescentes tem problemas de sono?”

Porque não é possível fazer uma afirmação de frequência sem um inquérito?


 Perceções de frequência do público geral
- Frequentemente baseada em amostras pequenas e não representativas.*
- Não se baseiam em medidas rigorosas e as observações não são registadas de forma
sistemática, pelo que podem estar sujeitas a enviesamentos de confirmação e de
memória.-
-*Exemplo: “No meu grupo de amigos, ninguém fuma. A percentagem de fumadores na
faixa etária dos 30 anos deve ser próxima de 0.”
O Que são estudos correlacionais?
1. Objetivo: Avaliar se existe relação entre duas variáveis.
2. Procedimento: O investigador questiona diversos elementos dessa população
sobre duas variáveis
3. Conclusão: Uma afirmação de associação.
4. Exemplo de pergunta de investigação a que este desenho responde: “O uso de
telemóveis à noite associa-se a problemas de sono?”
Que conhecimento se obtém com os estudos correlacionais?

 Permitem testar a hipótese de que duas ou mais variáveis estão


estatisticamente relacionadas.
 Viáveis mesmo quando não é possível manipular ou controlar
variáveis.

Não permitem saber o motivo pelo qual duas variáveis se associam:


Não há manipulação de variáveis: Não permite identificar qual ocorre
primeiro.
 Não há controlo de variáveis: Podem existir muitos fatores responsáveis pela
relação.
Não têm validade interna, pelo que não permitem estabelecer relações de causa-efeito!

A que pode dever-se uma dada relação?


Estudos descritivos demonstram associação entre A e B
“A participação em cerimónias religiosas associa-se a felicidade”

A causa B B causa A C causa A e B


A participação em cerimónias A felicidade promove a O otimismo promove a participação
religiosas promove a felicidade participação em em cerimónias religiosas e a
cerimónias religiosas. felicidade.

Um estudo descritivo não permite saber qual destas opções é a correta


Porque não é possível fazer uma afirmação de associação sem um estudo correlacional?

 Perceções de associação do público geral


- Sujeitas à correlação ilusória: as pessoas percecionam erradamente algumas relações
entre variáveis (a investigação é precisa para avaliar se a associação realmente existe)*
- Não se baseiam em medidas rigorosas e as observações não são registadas de forma
sistemática, pelo que podem estar sujeitas a enviesamentos de confirmação e de
memória.
-* Exemplos: relação entre lua cheia e suicídios, partos e crimes violentos; tempo
chuvoso e dores nas articulações.
Quais as fontes de dados para estudos descritivos?
 Dados ex post facto
 Dados de Arquivo
 Observação
 Testes
O Que são dados ex post facto?
Exemplo:

“Foi realizada uma investigação para avaliar o efeito da pressão do tempo no desempenho
numa tarefa verbal. Foram recolhidos dados sobre sexo, idade, tipo de personalidade e outras
características dos participantes. Estes dados não foram utilizados no âmbito desse estudo, por
serem considerados irrelevantes para o objetivo. Posteriormente, o investigador vai explorar a
relação entre essas variáveis.”

 Descrição: Dados recolhidos num âmbito(Avaliação da pressão do tempo no


desempenho de uma tarefa verbal) são utilizados para outro objetivo (Comparar sexos
numa tarefa verbal, concluindo que as mulheres têm um desempenho superior)
 Validade:
- Externa: Necessidade de obter uma amostra aleatória da população (Podem ter sido
incluídos no estudo original homens com níveis de inteligência média e mulheres com
níveis de inteligência acima da média).
- De constructo: Necessidade de recorrer a medidas válidas (Garantia de que a tarefa
permite avaliar a competência verbal e é igualmente válida para homens e mulheres)
- Interna: Impossibilidade de fazer inferências sobre a causalidade (É possível afirmar
que as diferenças de sexo existem, mas não que têm como causa o sexo)
 Qualidade: A qualidade do estudo depende da qualidade e quantidade dos dados
previamente recolhidos. Recolher mais dados possibilita o estudo futuro de mais
hipóteses.

O que são dados de arquivo?


Dados recolhidos por outra pessoa e codificados
 Fontes: censos, estatísticas, etc.
 Foram atribuídos números aos comportamentos registados.
 Poupança de tempo e de recursos.
 Formas de recolha e de cotação podem não ser apropriadas para responder à pergunta
de investigação.
 Exemplo: avaliar se o número de suicídios aumenta após a notícia de uma ocorrência
semelhante (sim, mas só se houver semelhança etária com a vítima).
Dados recolhidos por outra pessoa e não-codificados

 Fontes: vídeos de programas televisivos, transcrições de reuniões, diários, comentários


de fóruns, etc.
 Análise de conteúdo: o comportamento é codificado de maneira a avaliar se pertence a
uma dada categoria, a qual deve ser objetivamente definida.
 É possível evitar problemas de cotação.
 Poupança de tempo na recolha de dados.
 Dificuldade no estabelecimento de critérios de codificação objetivos, face à relevância
do contexto.
 Exemplo: Verificar gravações dos vencedores olímpicos e codificar as suas expressões
faciais, de maneira a identificar os classificados mais felizes (um estudo mostrou que os
terceiros classificados demonstram mais felicidade do que os segundos)
Qual a validade dos dados de arquivo?
 Validade Interna:
- Estudo correlacional não permite avaliar a causalidade.
 Validade de constructo:
- As medidas não foram escolhidas pelo investigador e podem não ser as
melhores.
- Enviesamentos de instrumentação: pode haver mudanças na medida devido
a alterações na própria medida, na forma como é cotada e nas pessoas que
são avaliadas (e.g., contabilizar o número de desempregados com o critério
“estar desempregado” vs. “estar desempregado há pelo menos 6 semanas e
apresentar prova de que procura pelo menos três empregos por semana”)
 Validade Externa:
- Tende a ser boa, dada a facilidade de recolher muitos dados.
- A recolha pode prolongar-se por vários anos, sendo possível generalizar os
resultados para outros períodos temporais.
 Dados Agregados:
- Não permitem o foco em indivíduos, apenas em grupos.
- A psicologia foca-se no comportamento dos indivíduos, pelo que estes dados
podem ser insuficientes para responder a algumas questões.

O Que é a Observação?
 Observação Laboratorial:
- Ocorre em laboratório, em condições controladas.
- Comportamento dos participantes pode assemelhar-se ao que têm no mundo
real.
 Observação Naturalista:
- Ocorre no mundo real, o comportamento das pessoas tende a ser
espontâneo.
- Avaliação não-intrusiva: as pessoas não sabem que estão a ser observadas, o
investigador mantém distância.
- Dados recolhidos sem o consentimento das pessoas (comprometimento
ético).
 Observação Participante:
- Ocorre no mundo real, o comportamento das pessoas tende a ser
espontâneo.
- Investigador interage com as pessoas observadas, podendo influenciá-las.
- Possibilidade de recolher mais informação, mas dificuldade em registá-la.
- Dados recolhidos sem o consentimento das pessoas e envolvendo engano,
porque o investigador esconde a sua identidade (comprometimento ético).
Que limites tem a observação?
 Reatividade:
- As pessoas podem reagir ao facto de estarem a ser observadas, não agindo
naturalmente.
- Recurso a opções não-intrusivas (e.g., espelhos unidirecionais), manutenção
da distância e/ou promoção da familiaridade com o investigador.
 Falta de objetividade dos registos:
- Observadores diferentes podem codificar o mesmo comportamento de
forma diferente.
- Avaliação da fidelidade interjuízes, recurso a um esquema de codificação
claro e treino de observadores.

O que são testes?


 Validade Externa:
- Dependente da representatividade da amostra.
 Validade Interna:
- Correlação não implica causalidade: a relação entre as variáveis avaliadas
pode não ser causal.
 Validade de Constructo:
- Mais assegurada em medidas desenvolvidas por outros autores e
amplamente estudadas.
[Aula nº 10]

O que é a Validade Interna?


Grau em que o estudo consegue demonstrar que um determinado acontecimento
observável causou ou influenciou uma mudança de comportamento
Isso implica comprovar três aspetos:
 Associação:
- Como as causas têm efeitos, a investigação precisa de mostrar que mudanças
na variável considerada a causa se relacionam com mudanças na variável
considerada o efeito.
Depende dos resultados do estudo
 Cronologia:
- Como as causas têm de surgir antes dos efeitos, a investigação precisa de
mostrar que a alegada causa mudou antes da ocorrência do alegado efeito.
Depende dos procedimentos do estudo
 Exclusividade:
- Como os efeitos têm várias potenciais causas, a investigação precisa de
mostrar que a alegada causa é a única explicação plausível para o efeito.
Depende dos procedimentos do estudo

O que pode ameaçar a Validade Interna?


Constrangimentos éticos e práticos podem impedir a manipulação de
variáveis
 Alternativa: Recurso à observação.
- Impossibilidade de identificar a variável que mudou primeiro leva ao risco de
tirar conclusões contrárias à realidade.
Incumprimento do critério da cronologia
- Possibilidade de existir um terceiro fator responsável pela relação estatística
entre as duas variáveis.
Incumprimento do critério da exclusividade

Quais são as dificuldades relacionadas com a validade interna?


- “Um detetive de homicídios chega a uma cena de crime em que encontra dois homens mortos
junto a uma arma”.
1. A pessoa A matou a pessoa B e suicidou-se depois?
2. A pessoa B matou a pessoa A e suicidou-se depois?
3. As pessoas A e B foram mortas pela pessoa C?
4. Solução: informação do médico legista
- “No caso dos investigadores, as perguntas são:”
1. a variável A influencia a variável B?
2. a variável B influencia a variável A?
3. as variáveis A e B são influenciadas pela mesma terceira variável?
4. Solução: Manipulação do tratamento

O que é um Estudo Experimental?


Único tipo de estudo com validade interna: permite aos investigadores identificar relações de
causa-efeito através de dois procedimentos:
 Manipulação do tratamento
- Para garantir que o tratamento ocorre antes da diferença no comportamento
 Distribuição Aleatória
- Para tentar garantir que a diferença no comportamento não se deve a um
fator que não o tratamento (as restantes variáveis são controladas, porque são
constantes entre os níveis da variável independente – ou seja, as diferenças
individuais são distribuídas de forma equilibrada pelos grupos).

Como avaliar se um dado fator causa um efeito?


1. Formar dois grupos que não difiram de forma sistemática em nenhum critério.
2. Administrar o tratamento a um grupo (grupo experimental) e não a outro
(grupo de controlo).
3. Atribuir as diferenças encontradas ao tratamento.

Como contornar as ameaças à validade interna?


 Impossibilidade de criar dois grupos com personalidades e experiências idênticas ->
Possibilidade de estas diferenças explicarem o comportamento -> Solução: distribuição
aleatória
 Os grupos poderiam ser testados em momentos diferentes -> Possibilidade de o
momento de avaliação explicar o comportamento -> Solução: Contrabalanceamento
 Possível existência de outros fatores externos não controláveis pelo investigador ->
Podem existir soluções para alguns fatores, mas não para outros.

O que é a distribuição aleatória?


 Distribuição:
- Parte dos participantes recebe um tratamento e outra parte recebe um
tratamento diferente: o tratamento é algo que é dado pelo investigador aos
participantes
- Há características que não se podem dar aos participantes (e.g., género,
idade, etnia).
 Aleatória:
- Todos os participantes, independentemente das suas características, têm a
mesma probabilidade de receber o tratamento.
- Método sistemático, baseado em tabelas de números aleatórios ou
programas de computador.
Este método garante que, além do tratamento, o acaso é o único fator que
causará diferenças entre os grupos.
Permite assegurar a exclusividade.

Como formar grupos sem diferenças sistemáticas?


1. Recrutar mais participantes ( de preferência +30 para aumentar a
probabilidade de os grupos serem semelhantes ).
2. Não recrutar grupos que se distribuíram pelas condições
experimentais: A distribuição aleatória exige que a cada participante,
de forma independente, seja atribuído um grupo.
3. Os grupos criados serão, em média, iguais ou muito parecidos.
4. O investigador certifica-se de que não há diferenças sistemáticas
entre os grupos prévias ao estudo.

O que é o Contrabalanceamento?
Estratégia que permite, de forma sistemática, equilibrar um determinado fator.
Como manipular o tratamento?
1. Um grupo recebe um tratamento, o outro recebe um tratamento diferente.
2. Isolar o efeito do tratamento, porque todos os outros fatores são iguais para os
grupos.
3. Nos estudos experimentais simples, há dois níveis da VI: valores (quantidades ou tipos)
diferentes do tratamento.
4. Há fatores que não podem ser manipulados, como sexo, etnia, idade, personalidade,
inteligência.
Este procedimento permite assegurar a cronologia.

Como avaliar os participantes? [Exemplo no Slide 63]


 Os elementos do mesmo grupo podem influenciar-se em resultado da
interação, pelo que não devem ser testados em grupo.
 Os grupos não devem ser testados em sessões diferentes, para que as
diferenças inevitáveis entre sessões não se tornem efeitos sistemáticos
passíveis de ser confundidos com os efeitos do tratamento.
 Se possível, os participantes devem ser avaliados individualmente ou em
pequenos grupos. Se for necessário avaliar grupos grandes, deve-se incluir
elementos de ambos os grupos em cada sessão.

Como garantir a causalidade entre duas variáveis?

1. As mudanças na variável A são acompanhadas de mudanças na variável B? As variáveis


correlacionam-se? Sim. ↓ . Não. A não causa B
2. As mudanças na variável A são seguidas de mudanças na variável B? Sim. ↓
.Não. A não causa B.
3. Há outra variável que possa estar a influenciar A e B? Não. ↓ .Sim. A pode não
causar B
4. A causa B.
[Aula nº11]
Como demonstrar a causalidade entre variáveis? [Exemplo no Slide 9]
É preciso cumprir 3 condições:

 Mudanças no fator relacionam-se com mudanças no efeito.


- Ambas as variáveis são medidas e avaliadas estatisticamente.
 Mudanças no fator ocorrem antes das mudanças no efeito.
- É necessário manipular o tratamento para saber qual ocorreu primeiro.
 Mudanças no fator são a única causa das mudanças no efeito.
- Não há influência de variáveis alheias a esta relação (todas as outras além do fator).
Estudos experimentais permitem verificar que a causa ocorreu antes do efeito e que é
o único fator que difere entre os grupos.

Que tipos de desenhos experimentais existem?


 Grupos independentes ou intergrupos
- Grupos diferentes de participantes recebem níveis diferentes da variável
independente. Exemplo: Desenho de dois grupos (com ou sem pré-teste).
 Medidas repetidas ou Intragrupos
- Existe apenas um grupo de participantes e cada pessoa recebe todos os níveis da
variável independente. Exemplo: desenho de pré-teste e pós-teste.

Como controlar a influência de variáveis alheias nos desenhos de dois grupos?


Versão ideal do desenho de dois grupos
1. Seleção de dois grupos idênticos
2. Procedimento idêntico, exceto no facto de apenas um grupo receber o
tratamento (VI)
3. Comparação dos dois grupos na Variável Dependente
Porque não é possível constituir grupos idênticos?
Grupos Idênticos -> Presumir que existem -> É um erro: Enviesamento de Seleção
Grupos Idênticos -> Tentar formá-los(equiparação) -> Não é possível: Enviesamento de Seleção
Grupos Idênticos -> Tentar formá-los(equiparação) -> Podem ser parecidos, mas vão-se
diferenciando: Interação entre seleção e maturação
Grupos Idênticos -> Tentar formá-los(equiparação) -> Houve equiparação em variáveis muito
contaminadas por erros aleatórios: Regressão para a Média.
Grupos Idênticos -> Tentar formá-los(equiparação) -> Constituição dos grupos é diferente da
inicial: Atrito
O que são enviesamentos de seleção?[Exemplo no Slide 16]
Ter grupos que diferem entre si antes de o estudo começar (a maior ameaça à validade
interna num desenho de dois grupos) devido a:

 Autosseleção
- Os participantes escolhem o grupo a que querem pertencer.
- Existe pelo menos uma diferença: alguns participantes escolhem o grupo, outros não.
 Distribuição a cargo do investigador
- Mesmo de forma não intencional, o investigador pode enviesar o estudo.
 Distribuição arbitrária
- O investigador usa uma regra arbitrária para distribuir os participantes.
- Essa regra tem por base uma diferença entre os grupos, levando a que não sejam
equivalentes.
- Poderão existir diferenças adicionais entre os grupos.
O que é a equiparação?
O investigador tenta assegurar-se de que os grupos são tão semelhantes quanto
possível antes da administração da VI.
1. Avaliação inicial dos participantes nas variáveis relevantes.
2. Formação de pares com base na pontuação obtida.
3. Distribuição aleatória dos elementos do par pelos grupos.
Este procedimento exige tempo e recursos.

Que problemas advêm da equiparação?


Selecionar grupos idênticos em variáveis relevantes
 Múltiplas variáveis (equiparação incompleta).
- Impossibilidade de ter participantes idênticos.
- Impossibilidade de equiparar participantes em todas as variáveis.
- Impossibilidade de equiparar participantes em todas as variáveis relevantes.
 VD no pré-teste (equiparação imperfeita).
- Grupos semelhantes que se vão diferenciando. Interação entre seleção e maturação
- VD muito contaminada por erros aleatórios. Regressão para a média
- Constituição dos grupos muda ao longo do tempo. Atrito
O que é a Interação entre Seleção e Maturação?
 Descrição:
- Grupos começaram por ser idênticos (pré-teste) mas progrediram a diferentes ritmos
ou em diferentes direções.
 Causas:
- Maturação física, emocional, social e/ou intelectual.
- Maturação é afetada por inteligência, motivação e saúde.
- É preciso equiparar os grupos em todas as variáveis que afetam a maturação.
 Exemplo:
1. Rapazes e raparigas do 4.º ano são avaliados na capacidade de levantar pesos,
conseguindo levantar 18 kg.
2. Rapazes recebem tratamento (comprimidos para aumentar a força durante 8
anos).
3. Nova avaliação, no 12.º ano, mostra que rapazes são mais fortes.
4. Diferença pode dever-se ao tratamento ou ao sexo (variável em que os grupos
não foram equiparados).
O que é a Regressão para a Média?
 Descrição:
- Processo de medição não é perfeito: verificar que dois grupos são idênticos não
significa que o sejam.
- Medições são afetadas por erros de medida aleatórios, que podem influenciar os
grupos de maneira diferente.
- Pontuações extremamente raras tendem a aproximar-se mais da média numa segunda
avaliação.
 Exemplo:
1. Pontaria no tiro ao alvo é avaliada com base em cinco disparos.
2. Formação de dois grupos: pessoas que acertaram cinco vezes; pessoas que
falharam cinco vezes.
3. Erro aleatório favoreceu o primeiro grupo e prejudicou o segundo.
4. Nova avaliação: média do primeiro grupo tenderia a descer e a do segundo a
subir (pontuações menos extremas e mais próximas da média).
O que é o Atrito?
 Descrição:
- Grupos podem começar por ser idênticos, mas deixar de o ser ao longo do estudo.
- Num dos grupos, pode haver mais participantes a desistir do que noutro.
- Atrito torna os grupos diferentes por influenciar quem sai de cada grupo.
 Exemplo:
1. Programa desenvolvido para adolescentes em risco, com dois grupos de 40
participantes cada (experimental e controlo).
2. Adolescentes do primeiro grupo mostram probabilidade superior de vir a ter
uma vida profissional estável.
3. 75% dos participantes do primeiro grupo abandonaram o estudo.
4. Comparação entre os 10 adolescentes mais resilientes do primeiro grupo e 40
adolescentes do segundo grupo.
5. Sucesso pode não advir do programa, mas da comparação entre os melhores de
um grupo com a totalidade do outro.
Que ameaças considerar num desenho de dois grupos?
Ameaça: Verificação:
- Enviesamentos de Seleção: Os grupos eram idênticos antes de o estudo começar?
- Interação seleção x maturação: Mesmo sem o tratamento, os grupos iriam diferenciar-se?
- Regressão para a média: Mesmo que os grupos parecessem equivalentes antes do estudo,
esta equivalência era ilusória e resultante do erro de medida aleatório?
- Atrito: Houve mais participantes a desistir num grupo do que no outro?
O que é um desenho de pré-teste e pós-teste?
1. Avaliação antes do tratamento [Pré-teste(VD)]
2. Administração do tratamento [Manipulação(VI)]
3. Avaliação posterior ao tratamento [Pós-teste(VD)]
Vantagens: Recurso aos mesmos participantes elimina enviesamentos de seleção e não é
necessária uma amostra tão grande.
Ameaça: Validade interna dependente de o tratamento ser a única razão para diferenças entre
pré-teste e pós-teste.
Exemplo:
Objetivo: Investigar a eficácia de um programa de melhoria da gestão financeira numa amostra
de pessoas endividadas.
1. Avaliação das competências de gestão financeira [Pré-teste(VD)]
2. Aplicação do programa de melhoria da gestão financeira [Manipulação(VI)]
3. Reavaliação das competências de gestão financeira [Pós-teste(VD)]

Como controlar a influência de variáveis alheias nos desenhos de pré-teste e


pós-teste?
Versão ideal do desenho de pré-teste e pós-teste
1. Seleção de participantes
2. Avaliação da VD
3. Aplicação do tratamento, garantindo que nada mais muda na vida dos
participantes
4. Nova avaliação da VD
Porque não é possível garantir que o tratamento é o único fator que muda do
pré-teste para o pós-teste?
Mudança nos Participantes: Maturação/História/Testagem - > Mudança nas Pontuações:
Instrumentação/Regressão para a Média/Atrito
O que pode levar a mudanças nos participantes?

 Maturação
- Mudanças biológicas e desenvolvimentais que ocorrem no participante.
- Pessoas estão constantemente a mudar, de forma espontânea, a curto (e.g., fadiga,
fome) e longo prazo (e.g., crescimento).
 História
- Acontecimentos ocorridos no mundo exterior: major (e.g.,guerra) ou minor (e.g.,
rumores)
- Mudanças no ambiente, não relacionadas com o tratamento, que exercem influência
sistemática (afetam a maioria dos participantes).
 Testagem
- Pré-teste pode mudar os participantes (e.g., motivação, treino, reflexão sobre uma
questão).
- Efeito pode ocorrer com testes de conhecimento e de outras variáveis.
- Alternativas: Não ter pré-teste ou usar instrumentos diferentes.

O que pode levar a mudanças nas pontuações?


 Instrumentação
- Mudanças no instrumento de medida, na sua administração ou cotação.
- Mudanças intencionais (e.g., tentativa de melhorar a avaliação) ou não-intencionais
(e.g., falha humana)
- Alternativas: não incluir pré-teste; usar formas equivalentes dos testes; treinar os
observadores.
 Regressão para a Média
- Grau em que o erro aleatório afeta o pré-teste e o pós-teste pode diferir, quando os
participantes são selecionados com base nas suas pontuações extremas.
- Vulnerabilidade potencial de todas as medidas influenciadas por erros aleatórios.
 Atrito
- No pós-teste, são avaliados menos participantes do que no pré-teste.
- Participantes com pontuações mais baixas no pré-teste (fator sistemático) podem
abandonar o estudo – o investigador pode eliminá-los do pré-teste.
Que ameaças considerar num desenho de pré-teste e pós-teste?
Ameaça: Verificação:
- Maturação: As diferenças entre pré-teste e pós-teste podem dever-se a mudanças naturais
resultantes do envelhecimento dos participantes?
- História: Há outros acontecimentos na vida dos participantes ou no mundo que possam levar
às diferenças?
- Testagem: As diferenças podem dever-se ao treino e à experiência que os participantes
adquiriram no pré-teste?
- Instrumentação: Os participantes foram avaliados com o mesmo instrumento e da mesma
forma nas duas ocasiões?
- Regressão para a Média: Os participantes foram selecionados devido a pontuações extremas
no pré-teste?
- Atrito: Todas as pessoas que participaram no pré-teste realizaram o pós-teste ou o grupo do
pós-teste é mais seleto do que o do pré-teste?
Como evitar ameaças num desenho de pré-teste e pós-teste?
Desenho de pré-teste e pós-teste com dois grupos permite minimizar as ameaças anteriores
1. Avaliação antes do tratamento(ambos os grupos) [Pré-teste(VD)]
2. Administração do tratamento(apenas um dos grupos) [Manipulação(VI)]
3. Avaliação posterior ao tratamento(ambos os grupos) [Pós-teste(VD)]

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