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MÉTODOS PSICOLÓGICOS, procedimento ou técnica específica para recolha e

análise de dados. A investigação científica necessita de usar métodos quantitativos e


estes métodos incluem de uma maneira geral a observação sistemática, um controlo
experimental exigente, instrumentos de medida e recolha de dados fiéis e precisos, a
aleatoriedade das amostras de sujeitos e uma análise estatística rigorosa. Os métodos
psicológicos de recolha de dados mais comuns são:
1. Observação naturalista;
2. Estudo de Casos;
3. Questionários;
4. Método correlacional;
5. Método dos testes;
6. Método diferencial;
7. Método experimental.
Observação naturalista, recolha atenta e cuidada de dados de animais e pessoas no seu
ambiente natural. A observação é realizada de modo flexível e sem qualquer restrição,
de modo a tirar partido, inclusive, de acontecimentos inesperados que possam surgir.
Margaret Mead (Antropóloga 1901-1978) foi uma das primeiras investigadoras a utilizar
este método num trabalho desenvolvido com uma tribo asiática. Os métodos
naturalísticos têm sido usados em psicologia para estudar, entre outros, o
comportamento social das crianças na escola; manifestações de violência em locais
desportivos; comportamento dos condutores na estrada e em situações de
engarrafamento, etc. Estudo de casos, refere-se à descrição detalhada de um único
indivíduo em termos de passado e história usando-se, por vezes, a entrevista, fazendo
avaliações ou aplicando testes e discutindo os resultados. O estudo de casos tem sido um
método muito usado em psiquiatria, em psicologia clínica e em neuropsicologia, sendo
considerado como o menos científico dos métodos empíricos usados, por envolver o
caso específico de uma pessoa que é única e não pode ser reproduzido; interpreta o
comportamento sob uma certa perspectiva teórica; implica (na maioria dos casos) uma
relação do tipo terapêutico que, pela sua natureza de ajuda dificilmente pode ser objetiva
em termos de análise. Há estudos de casos em que a análise é meramente qualitativa,
sem qualquer tipo de medição ou análise estatística; noutros foram feitos registos e
medições de natureza quantitativa.
Questionários, têm a vantagem de recolher muita informação em pouco tempo de um
grande número de pessoas e são formados por um conjunto de perguntas planeadas
sobre um certo tema para serem administradas com o objectivo de se obter informação
sobre atitudes, opiniões e comportamentos. Um exemplo deste método é o questionário
de metamemória de Zelinski, que estuda a frequência do esquecimento e a qualidade de
recordação em situações do dia-a-dia, como a memória para nomes, datas, tarefas,
moradas e números de telefone, entre outros.
Método correlacional, tem por objectivo determinar uma relação entre duas ou mais
variáveis, podendo esta ser positiva (+1), negativa (-1), ou inexistente (tende para zero).
O tipo de relação é determinado a partir de uma análise estatística: o teste de correlação.
Os valores de correlação variam entre –1 e +1. Quando as variáveis estão relacionadas
entre si o coeficiente aproxima-se de –1 ou +1. Se a relação for nula o coeficiente
aproxima-se de 0. O coeficiente de correlação descreve de forma precisa e quantitativa o
grau de relação, ao dar sinais positivos a variáveis positivamente relacionadas e vice-
versa. O método correlacional é útil no domínio da psicometria para determinar traços
comuns de um determinado estilo de personalidade (ex: introversão e extroversão), na
psicologia na determinação dos índices de fidelidade (consistência entre várias
aplicações do mesmo teste) e de validade (medição adequada daquilo a que o teste se
destina) dos questionários e testes de inteligência e personalidade. Uma grande limitação
deste método é a incapacidade de se estabelecer uma relação causal entre variáveis que
apresentam um alto coeficiente de correlação. Pode suspeitar-se de alguns factores
causais comuns, mas não é possível afirmar que uma variável é a causa de outra (ex: em
Itália surgiram mortes sem haver explicação clara, mas que se relacionavam com
consumo de azeite, donde se concluiu que o azeite era tóxico. Estudos mais profundos
concluíram que a causa das mortes tinha sido a ingestão de tomates contaminados com
pesticidas e comidos em saladas temperadas com azeite. Pode concluir-se então que um
coeficiente de correlação significativo não prova que uma variável é a causa de outra,
antes indica que as variações no valor de uma variável prevêem variações noutra
variável. A causa determina-se pela investigação experimental.
Método dos testes, os testes são métodos objectivos de observação e medida de
variáveis. São constituídos por tarefas uniformes administradas individualmente ou em
grupo com o objetivo de medir diferenças entre indivíduos de forma a permitir uma
classificação de natureza mental e comportamental. Em psicologia há centena de testes,
escalas e medidas que podem dividir-se em vários grupos:
1. Testes de aptidão e inteligência;
2. Testes de realização;
3. Medidas de personalidade e escalas de valores e atitudes.
Através dos testes elaborados para o efeito podem ser analisadas variáveis de
comportamento como a ansiedade ou o autoritarismo; a inteligência geral ou aptidões
específicas como a fluência verbal ou o raciocínio espacial; realização escolar, como o
nível de leitura ou de aritmética, etc. Os testes são instrumentos importantes de medida
não só em psicologia, como também em investigação, após terem sido normalizados e
aplicados a amostras representativas. A construção e normalização de um teste são
tarefas longas e complexas. Podem esclarecer, por ex: qual o nível de desenvolvimento
intelectual de uma criança desde a infância à adolescência, ou o eventual declínio
cognitivo de uma pessoa durante a idade adulta. Os testes são um meio indispensável
para ajudar a esclarecer diferenças de grupo em função de variáveis como a instrução ou
o meio sociocultural.
Método diferencial, tem por objectivo investigar o desempenho de dois ou mais grupos
que se distinguem na base de uma variável pré-existente (idade, habilitações, género,
etc.). Um exemplo: Análise de resultados de uma prova de memória entre dois grupos,
um do género feminino e outro masculino. O género é a variável independente porque
define os grupos. Desempenho de memória é variável dependente. Problema:
Dificuldade de controlo das variáveis que concorrem com a variável independente. No
ex: anterior foi o género, mas a memória também varia com a idade, estilo cognitivo,
níveis de anos de escolaridade, etc. Como tal, nesta situação, a diferença de memória
entre o género feminino e masculino seria artificioso. Na investigação diferencial, a
variável independente (no ex: anterior o género) não é manipulada pelo investigador, ela
existe efectivamente e é apenas medida e não manipulada, não é possível ir além do grau
de relacionamento das variáveis estudadas. Este método orna a investigação diferencial
muito mais difícil de interpretar.
Método experimental, é considerado o único método científico em que é possível
estabelecer-se uma relação de casualidade entre variáveis ou fenómenos. Em termos
gerais, uma experiência é um arranjo de condições, procedimentos e equipamento com o
objetivo de se avaliar uma hipótese e mantendo sob controlo todos os restantes fatores.
Em termos específicos, uma experiência é uma observação objectiva de um fenómeno
que é forçado a ocorrer numa situação rigorosamente controlada, e em que um ou mais
fatores são manipulados enquanto que os restantes são controlados. As variáveis
manipuladas designam-se por experimentais, independentes ou de tratamento e os
resultados da experiência a variável dependente. É crucial estabelecer-se condições de
controlo das variáveis concorrentes face á variável independente. A manipulação
sistemática dos valores da variável independente tem por objectivo demonstrar um efeito
causal directo na variável dependente. Pontos fortes da investigação experimental →
controlo das variáveis, precisão das medições obtidas e possibilidade de se proceder a
uma relação causal entre variáveis.

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