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Uma chave pragmática para

desenvolvimento de equipes com


alta performance, o sistema de
patrulhas
Luciano Oliveira
https://www.linkedin.com/in/luciano-oliveira-56378125/

Gerente de desenvolvimento de negócios | Executivo de negócios | Consultoria |


Transformação digital | Engenharia | Indústria 4.0 | IoT | Inteligência de Mercado |
Machine learning | Tecnologia de materiais

 Publicado em 7 de dezembro de 2019

Frequentemente ouvimos falar que a liderança deve ser inspiradora, em vários


aspectos. De fato, tenho percebido ao londo dos anos, enquanto liderado e enquanto
líder, que quando os objetivos e valores se alinham, os resultados são consistentes e
mais rápidos. Entendo, que com tempo, a equipe torna-se mais competente no
conjunto até se tornar de alta performance. Porém, esta evolução precisa de trabalho,
tempo e dedicação do líder para com as pessoas.

Desenvolver equipes é uma missão e um desafio. Desafio que proporciona


desenvolvimento ao próprio líder!

Conhecer as pessoas, entender seus tempos, suas limitações, seus objetivos, perceber
seus momentos, acompanhar suas evoluções é tarefa permanente.

Apoiar o desenvolvimento individual, conversar 360°, compartilhar ideias,


compartilhar informações, absorver impactos, desdobrar cobranças em tarefas é
parte do trabalho da liderança. Fortalecer a equipe, capacitar, desafiar é importante
para criar um time confiante.

O líder deve delegar atividades com responsabilidades, entretanto, as entregas e o


desenvolvimento da equipe, continuam de responsabilidade do líder.

Existe uma coisa que aprendi desde muito jovem, algo que chamávamos de sistema
de patrulha, para quem foi escoteiro, entende que esta é a chave do movimento e um
legado que o individuo carrega para sua vida corporativa. É algo que os jovens
aprendem na prática. Não há uma aula ou treinamento sobre o sistema de patrulha. É
algo que se faz, desde o primeiro dia na unidade chamada patrulha, um grupo de até
8 jovens entre 10 e 15 anos de idade. O grupo de até 4 patrulhas, chamamos de
tropa.
Resumidamente é um sistema onde a equipe é desafiada a alcançar objetivos
coletivos e individuais, com independência, senso de competitividade e lealdade
entre equipes, unidade da equipe, onde cada elemento tem uma responsabilidade
individual (monitor, intendente, enfermeiro, lenhador, escriba, tesoureiro, mateiro)
importante para o funcionamento desta, por isto o modelo é chamado de sistema.
Mesmo que cada indivíduo tenha sua responsabilidade de manter em ordem sua
operação, todos colaboram entre si. Não há trabalho à todo momento ao enfermeiro,
entretanto, em determinado tempo, precisa o mateiro de ajuda, outrora o lenhador, e
ainda o monitor estará ensinando uma habilidade a um noviço. E este sistema é
rotativo, onde todos devem ter oportunidade de desenvolver as habilidades de cada
função, até somar as competências (soft skills e hard skills) para se tornar um
monitor. Este sistema faz com que a equipe se desenvolva e aumente a sua
eficiência de entrega de resultados. Os monitores também devem abrir espaço para
seus aspirantes, e o seu caminho é tornar-se um escoteiro sênior, em uma tropa
distinta. Nesta nova tropa, o sênior, de 15 a 18 anos, com competências mateiras
desenvolvidas, passa a realizar atividades com enfase em aventura, uma experiência
mais extrema para colocar em pratica suas habilidades adquiridas, aperfeiçoar, e ser
provocado com objetivos mais desafiadores de entrega de resultados. Esta é apenas
uma ideia, pois algo que se vivencia é diferente de um texto. Todavia é possível
traçar paralelos com as empresas e o mundo corporativo. É possível, e razoável
pensar que este modelo, adaptado, pode ser um método de se atingir performance de
equipe com alto desempenho. É possível identificar a contribuição desta
metodologia centenária, para resolver problemas de equipes nas empresas nos dias
atuais. É possível para os gestores de pessoas, utilizar estes insights para
potencializar sistematicamente seus times e consequentemente os resultados.

E como acessar esta chave? Vivenciando. Experimentando.

É possível dentro das empresas, mesmo que as pessoas não conheçam o "sistema de
patrulhas"? Sim, é possível!

Como? Adaptando as funções da patrulha para as funções da empresa. Desdobrando


as metas em ações. Capacitando ponto-a-ponto as pessoas. Desenvolvendo
habilidades nas pessoas. Se desenvolvendo e buscando outros desafios, sabendo que
é necessário se movimentar para abrir espaços para novos talentos, que você como
líder pode ter preparado. Observando e garantindo o funcionamento sistemático das
rotinas. Entre outras coisas, estas são possibilidades de semear e fazer crescer um
time de alta performance. E ao longo da vida desta equipe, é preciso fazer as podas
quando necessário e adubar, como em uma planta, para que mantenha a vitalidade e
produtividade.

Isto é uma receita? Não!

Entendi o método, é fácil aplicar? Não. Não estamos falando de programação de


robôs. Estamos falando de desenvolvimento de pessoas, e para tudo tem seu tempo,
intensidade, modo e tantas outras variáveis.

Certo. Já tenho experiência com pessoas, já conheço o "sistema de patrulhas", então,


vou acertar e garantir rapidamente ser um time de alta performance? Não. É possível
errar. Mas conhecer pessoas, gostar de relações humanas e pensar como no sistema
de patrulhas, aumenta consideravelmente a probabilidade de sucesso no objetivo de
ser um time de alta performance.

Algumas empresas fazem atividades vivenciais com suas equipes, gestores,


executivos, em ambientes que simulam "sistema de patrulhas", ou simulam
"operações militares", realmente para despertar comportamentos coletivos e
individuais e trabalhar com técnicas o desenvolvimento das equipes e pessoas, a
partir desta experiência intensiva, observando, analisando cada indivíduo em cada
comportamento. Não é simples, não é fácil. Para melhorar equipes e pessoas, é
importante entender das pessoas e das relações humanas. E este processo de
aprender, é contínuo e interminável. Não há fim o caminho do desenvolvimento
individual, não há fim o caminho do aprender.

Devo aqui fazer referências, primeiramente à Robert Stephenson Smyth Baden-


Powell (BP), fundador do movimento escoteiro e autor da obra prima Escotismo
para rapazes em 1908. Roland Erasmus Philips, que através das ideias de BP,
consolidou o livro Sistema de Patrulhas em 1917. E. E. Reynolds, que fechando este
ciclo, escreveu o livro Aplicando o sistema de patrulhas, ed 1943. Obras relevantes
para o movimento escoteiro, e também, para o ambiente corporativo de equipes.
<<<Grato aos meus bons 17 anos de escoteiro.>>>

Também quando leio publicações sobre as características necessárias dos


profissionais no futuro, vejo muitas competências sendo desenvolvidas pelo
"sistema de patrulhas".

Não encaro a questão como simples, mas quando escuto empresários, diretores,
gestores e representantes de entidades de classe descreverem seus ambientes
corporativos, em relação a equipes e pessoas, quando observo pesquisas como as
Sondagens Industriais especiais número 66 e 71 da CNI, que mostra os desafios
internos das empresas para aumento da competitividade em relação a produtividade
na indústria, quando observo o resultado do Programa Internacional de Avaliação de
Aluno (PISA) de 2018, onde o Brasil ficou na 57° posição em leitura, e saber que
estes alunos serão os profissionais de amanhã, vejo sim, um grande potencial no
"sistema de patrulhas", para as empresas que querem estar fora da curva, acima da
média, navegando com distância dos concorrentes.

E na sua empresa, como está a liderança? Como está o time? Sua empresa quer alta
performance fora da curva, acima da média?

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