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Brenda Fontana – Relações Internacionais

Política Externa Brasileira – Regime Militar As mudanças ocorridas na política externa brasileira se
Castello Branco afastavam das concepções anteriores desenvolvidas
Costa e Silva por  Vargas e  intensificadas  pela PEI.  Em 1967 a PEB
Médici sofre nova alteração,  mantendo-se até 1985.
Geisel
Figueiredo Embora inicialmente tenha sofrido uma regressão, o
Sarney regime militar recuperou as tendências da PEB  ligadas
ao projeto nacional-desenvolvimentista.

A Política Externa do Regime Militar


Castelo Branco com seu governo pretendia estabelecer
Governo Castello Branco (1964 – a ordem e a paz social, o que estava vinculado a
eliminação do perigo comunista, combater a corrupção
1967)
e retomar o crescimento através do estímulo do capital
Bases do Regime Militar privado.
 Burguesia Nacional associada; capital
internacional; maior parte da elite burocrática Os militares governaram sustentado nos tecnocratas
civil e militar; setor agroexportador e liberais,  pois o liberalismo político e econômico
oligarquias tradicionais; constituía um elemento estrutural do regime.
 Doutrina de Segurança Nacional e
Desenvolvimento(DSND);
O Ministério de Relações Exteriores:  Itamaraty se
 Liberalismo econômico e repressão politica;
adequou a posse do novo regime através do
 Atos Institucionais: cassação de políticos e
afastamento de diplomatas diretamente  ligados à PEI.
extinção de partidos políticos (criou-se dois
partidos: Arena e MDB).

Eixos prioritários da política externa de Castelo


Castelo Branco era um Brando e buscava moralizar e Branco:
organizar o Brasil.  Além de, promover eleições e sair  Dimensão hemisférica voltada para os Estados
do poder. Unidos;
 Abertura favorecida pelo capital estrangeiro;
A mídia era o trabalho de legitimação do regime  Enfase nas relações bilaterais.
militar.
Em seu governo,  Castelo Branco desmantelou as
A doutrina de segurança nacional e desenvolvimento realizações e princípios da PEI  e da Operação
era a base ideológica. De 1930 a 1960,  a política Panamericana  e a autonomia brasileira diante da
externa possuía como objetivo central o divisão bipolar do mundo e da hegemonia norte-
desenvolvimento,  apesar de suas concepções americana na América Latina.
variarem:  Getúlio via o desenvolvimento ligado à
industrialização, enquanto a política externa A interdependência das decisões de política
independente embutia um caráter mais social internacional, presumia que para assegurar a
(eancipação). independência era necessária a criação de certo grau
de interdependência (campo militar ou no político).
A DSDN procurava identificar o Brasil no mundo.
Assim como, desenvolver a infraestrutura para se Assim,  buscava-se estabelecer uma íntima
proteger dos comunistas. colaboração com o sistema  ocidental. Dentro dos
círculos concêntricos de atuação,  a noção de
As fronteiras brasileiras são imensas e frágeis,  por isso, interdependência implicavama revisão do conceito de
nesse período,  há uma preocupação com a ocupação segurança nacional e da limitação de soberania. Em
do território nacional para evitar a invasão comunista. outras palavras, defendia-se a ideia de segurança
Outras forma de combate ideológico era a doutrinação coletiva e sacrifício da noção de soberania nacional.
realizada nas escolas e universidades.
Alinhamento com os Estados Unidos:
Liberalismo econômico no plano externo.  Na época, Os Estados Unidos deveriam:
existiam 13 partidos que foram cassados, dando lugar  Transferir para o Brasil recursos para seu
a dois (1965,  ato institucional n. 2). desenvolvimento;
 Dar  apoio tecnológico e financeiro;
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 Conceder empréstimos de longo prazo;  Eliminar os conflitos com os EUA para
 Proceder a abertura do mercado norte- associação dos mercados, capitais e teconogia;
americano aos produtos brasileiros.  Enquadrar as relações interamericanas no
esquema.
O Brasil esperava que o seu apoio político,
diplomático, Ideológico e militar gerasse um Quanto mais o Brasil colaborava, menor era a atenção
relacionamento diferenciado na região,  em que uma estadunidense dada ao país, desviando sua atenção
posição de subliderança fosse concedida ao Brasil. para cenários mais problemáticos.

O desafio da segurança não era visto como a ameaça A questão cubana, a América do Sul e a
nuclear,  mas sim como a  ideologia comunista  e as OEA
guerras de libertação nacional ocorridas na Ásia,  África
O estabelecimento do regime militar dificultaram as
e América Latina.  Assim,  a reformulação dos
relações com Cuba,  dada a aliança privilegiada com os
conceitos e mecanismos de defesa com a adoção da
Estados Unidos e a força dos setores direitistas. As
segurança coletiva tornou-se uma resposta a esse
relações diplomáticas foram rompidas em 13 de Maio.
novo desafio.

Apesar do rompimento ter sido justificados por


Tendências predominantes no período de 1964 a
questões ideológicas,  de fato,  ele pretendia
1967:
influenciar a IX  reunião de  consulta dos ministros das
 Desmantelamento  da Política Externa
relações exteriores,  1964, Washington. O Brasil apoiou
independente dos governos anteriores.
o isolamento cubano as sanções previstas no Tratado
 Afastamento dos diplomatas ligados à  PEI.
do Rio de Janeiro,  mas se  opôs a ações militares
 Bipolaridade: forte conteúdo ideológico
contra o regime de Fidel Castro,  embora o emprego
regendo as relações exteriores brasileiras.
de Força Armada fosse o ponto principal das sanções
 Características: ocidentalismo, anticomunismo,
previstas no acordo.
interdependência, segurança coletiva,
aproximação com os EUA e abertura
As relações como a Venezuela, o México e o Uruguai
econômica.
foram roubadas durante o governo de Castelo Branco,
 Aliança com EUA em busca da contrapartida e
já que esses governos não reconheciam o governo
tratamento diferenciado.
golpista.
 Abertura ao capital estrangeiro se
contrapondo ao nacionalismo e à estatização.
 Contradição entre diretrizes ideológicas e o Os desacordos entre o Brasil e os Estados Unidos em
realismo da política internacional. temas sensíveis para a ambicionada posição de
 Defendeu a institucionalização da Força destaque brasileira começaram a traduzir a decepção
Interamericana de Paz. do país como a falta de retorno econômico ao apoio
 Política externa dividida em três áreas( círculos político estratégico prestado aos Estados Unidos.
concêntricos).
 América Latina. - Continente Americano - Em 1965,  o Chile propôs a criação de um mercado
Mundo Ocidental. comum latino-americano com base na Associação
Latino Americana de Livre Comércio (Alalc). O Brasil se
Os Estados Unidos e a América Latina: opôs a ideia,  aproximando-se da Argentina com a
proposta de uma união aduaneira, aberta aos demais
relações prioritárias estados da região.
A cooperação entre Estados Unidos e Brasil,  durante o
governo de Castelo Branco,  deu-se  principalmente no
Essa proposta intencionado manter os grandes países
âmbito latino-americano e se estendeu ao conflito
da região como polos aglutinadores de países
leste-oeste.
menores  estruturar uma base econômica de oposição
ao Chile,  Peru e a Venezuela.  O projeto não foi
O projeto induziu o Brasil a abdicar de sua aspiração
efetivado.
em tornar-se uma potência devido ao fato de os
interesses nacionais estarem em segundo plano,
Entre os países latino-americanos,  as relações mais
antecedidos pelo esforço de univade do hemisfério
importantes do Brasil foram com a  Argentina.  Os dois
ocidental.
países que apoiavam na implantação dos regimes de
segurança nacional e a diplomacia brasileira conseguiu
O Brasil no continente, seguiu duas áreas de ação:
o apoio argentino contra a invenção chilena de criar
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um organismo supranacional para controlar a montei uma diplomacia tradicional e  legalista,  ao
integração. contrário dos cubanos e chineses. Vale ressaltar,  que a
dimensão política de barganha dessas relações
Relações com América Latina existentes durante a PEI  foi abandonada  no governo
 Rompimento de relações diplomáticas com Castelo Branco.
Cuba (05/1964).
 Apoio ao Regime militar argentino (1966- Dois eixos nortedores frente às delegações do
1973). africanas:
 Atritos iniciais com vários governos  Cortejo às delegações do Terceiro Mundo em
democráticos: Chile, México, Uruguai, órgãos multilaterais;
Venezuela.  Ampliação dos mercados.
 Não concordou com a criação da Alalc e
propôs, junto com a Argentina, criação de uma Privilegiou-se aspectos econômicos.
união aduaneira.
Após o descompasso entre a política  externa
A política africana do Brasil, apesar de promover maior
fundada  no  contexto bipolar  (já ultrapassada),
aproximação com os países africanos, era obstruída
 Castello Branco tenta retomar algumas
pelo discreto apoio que conferia ao colonialismo
políticas universalistas com o objetivo de
português e pelos vínculos de cooperação com a África
alavancar o desenvolvimento nacional.
do Sul do apertheid, embora procurasse publicamente
 Intenções de estreitar os laços comerciais com
minimizar a dimensão de tais relacionamentos para
a URSS. Entre setembro de 1965 e 1966 várias
obter a simpatia de países libertos.
visitas mútuas para tratar de questões culturais
e comerciais.
Cenário asiático: ausência brasileira. Destaca-se,
As relações com a Europa ocidental,  países episódios ligados à diplomacia da Guerra Fria e
socialistas,  África e Ásia interesses econômicos em relação ao Japão.
Europa ocidental:  aproximação  modesta,  pois o
continente representado o espaço alternativo aos
Relações com a Europa Ocidental
Estados Unidos. A cooperação com a Europa como
● Relações modestas. Alemanha segue sendo principal
elemento de barganha com  Washington,  como havia
parceiro
sido esboçada durante a política externa
● Divergências com a França de Charles de Gaulle,
independente, foi abandonada.
Vaticano e CEE
● Aproximação com Espanha e, especialmente
Descontentamento francês em relação a reafirmação Portugal.
da hegemonia norte-americana sobre a América Relações com URSS e Leste Europeu
Latina,  impulsionado pela estabelecimento do regime ● Estabelecimento de  relações econômicas.
militar no Brasil. Principalmente após escassez de recursos por
  parte dos EUA
Deteriorização das relações com o Vaticano devido às Relações com o continente africano:
animosidades com bispos nordestinos referentes ao  Condenação do colonialismo, apoiando assim
regime militar. as delegações africanas nos órgãos
O Brasil buscou reverter ou atenuar medidas multilaterais. Limitação de tais iniciativas às
comerciais discriminatórias,  principalmente da colônias não portuguesas.
Comunidade Econômica Europeia,  além de obter o  Ampliação de mercados para os produtos
reescalonamento da dívida externa contraídas com os brasileiros.
europeus. Diplomacia Multilateral e de Segurança
A formulação e execução da política externa do
Apesar do discurso diplomático apoiado na lógica da Castelo Branco perseguiram uma trajetória
guerra fria e nas suas fronteiras ideológicas,  o Brasil predominantemente bilateralista e hemisférica,
manteve as suas relações com a União Soviética. Para apresentando forte redução do conteúdo
a diplomacia brasileira não havia razão para romper multilateralista incrementado pela PEI.
com o bloco socialista,  foi as  relações com os países
ocidentais constituíam prioridade absoluta. A atuação brasileira em organismos multilaterais, como
Unctad, GATT, Conferência do Desarmamento, ONU,
Esse posicionamento estava ligado às necessidades FMI, BM e o BID, enfocou o afastamendo do discurso
comerciais brasileiros e ao fato de a União Soviética
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terceiro mundista e estruturalmente contestatório da Argentina virou rivalidade; aumentou
ordem mundial. dependência.
 Não adota o discurso Ocidente e Oriente, nem
O Itamaraty atuou nesses órgãos em convergência o conceito de fronteiras ideológicas.
com o Ocidente, apoiando os interesses estratégicos  Anti-colonialista e Anti-racista.
norte americanos no plano mundial, como forma de  Volta o Eixo da Política Externa Brasileira para
obter dos Estados Unidos compra as ações no plano a discussão Centro-Periferia.
regional.  Dá ênfase ao desenvolvimento (Brasil-
potencia).
Aproximava-se da PEI,  embora não fizesse referência a
O Brasil buscou a melhoria Nas condições do comércio
reforma social.
internacional para os países em desenvolvimento,
embora a partir de uma posição individual e de um
enfoque técnico,  em detrimento da político. A recusa em assinar o TNP também vinculou a
diplomacia brasileira há uma nova postura.
A política brasileira não foi completamente
subordinada, mas acatou as principais decisões dos O Itamaraty passou a propor uma integração regional
organismos financeiros internacionais,  resistindo horizontal e a cooperação no campo nuclear.
apenas pontualmente.
Na ONU,  o Brasil se alinhou com as grandes potências No plano  doméstico,  o novo governo comprometeu-
ocidentais,  e adotou uma posição mais discreta e se com o desenvolvimento econômico e com a
modesta.  Essa atuação devia-se a nova orientação liberalização do regime,  visando promover uma ampla
diplomática do país,  assim como a pouca legitimidade União nacional e permitir uma maior participação da
internacional do regime militar. burguesia nacional.

A política externa do Governo Costa O grupo liberal imperialista,  assim,  perdeu espaço
para a linha dura nacionalista,  apoiada pelo
e Silva ( 1967  a 1969) empresariado nacional e por boa parte da tecnocracia
A política externa do governo Castelo Branco  teve estatal.
suas expectativas frente o governo norte-americano
frustradas:  os fluxos de capitais foram modestos,  a
Base sócio-econômica do regime:  empresa estatal,
cooperação técnica desejada sua escassa e a
capital estrangeiro  e burguesia nacional. O
transferência tecnológica não aconteceu.
desenvolvimento desse tripé fez emergir algumas
contradições.
Conjuntura:
 Estrutura econômica mundial se manteve a
O estado passou a desempenhar o papel de agente
mesma;
econômico direto  e,  em termos políticos,
 O conjunto dos países latino-americanos
transformou a posição de subordinação barganhada
rejeitou o processo de integração tal como
em relação às transnacionais para uma postura de
fora proposto pelos Estados Unidos e o Brasil;
negociação ativa.
 As bases de cooperação com a Argentina
transformaram-se em rivalidade;
O jogo político restringiu-se a três forças:
 Aumentou-se a distância entre os países
 Liberal imperialista:  burguesia
desenvolvidos e os em desenvolvimento;
internacionalizada em aliança com setores
 A política de defesa não produziu os efeitos
militares da burocracia civil e da
esperados:  os laços de interdependência não
tecnoburocracia;
foram aprofundados, mas sim os de
 Reacionário oportunista: partido menor
dependência.
vinculado a ideologias negativas do
anticomunismo e do anti progressismo;
Bases do governo
 Nacional autoritário:  corrente ascendente
 Base socioeconômica permanece a mesma.
desde a queda de Castelo Branco,  a partir da
 Três forças politicas: liberal-imperialista;
posse de Médici,  uma espécie de partido
reacionário-oportunista e nacional-áutoritário.
burocrático da emancipação nacional.
Diplomacia da prosperidade
 Problemas herdados do governo Castelo:
A partir do governo Costa e  Silva,  o grupo Nacional
fluxos de capitais modestos; transferência
autoritário passou a ter importância   crescente.
tecnológica não ocorreu; cooperação com
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Esse grupo tem sua matriz sócio econômicas no setor O acirramento das Diferenças com os Estados Unidos
público,  enquanto o nacional populismo estava ligado não interessava ao Brasil,  que tratou de desenvolver
a burguesia nacional. estratégias benéficas aos seus interesses, buscando
preservar a negociação bilateral e procurando
Objetivo do grupo Nacional autoritário: Promover o desenvolver maior poder de barganha,  através de
desenvolvimento por substituição das importações. relações com terceiros. Apesar disso, houve momentos
de acirramento das rivalidades: rumores sobre a
internacionalização da Amazônia, aumento da taxação
A política externa de Costa e Silva,  direcionada ao
das exportações de café brasileiras para os EUA,
interesse nacional,  representou o abandono da
descontentamento do governo Nixon com o Brasil e a
doutrina de interdependência e das Fronteiras
América Latina.
ideológicas (neste período,  já se observava mudanças
Nas relações com a América Latina, os temas
na situação política internacional:  progressiva diluição
econômicos foram considerados mais importantes que
dos blocos).
os programas de ajuda e segurança.

A percepção da diplomacia brasileira era de que o


Integração latino-americana:  posição favorável é um
conflito leste-oeste cederá lugar ao conflito centro-
processo de integração por setores da economia,
periferia,  sendo necessário reforçar o poder e
porém não se apoiava a ideia de um tratado geral que
aumentar a margem de ação do Sul.
definir objetivos e prazos para seu cumprimento.
Assim, a PEB  comentavam novas rivalidades e
Com a diplomacia da prosperidade,  a nacionalização
despertava simpatias,  tem principalmente  no âmbito
da segurança,  tornou-se elemento estrutural da PEB,
latino-americano.
principalmente devido às  divergências entre o Norte e
o Sul.
Em 1967,  em Montevidéu,  foi aprovada  a criação do
mercado comum latino-americano.
Os conceitos de segurança e desenvolvimento
passaram a estar estreitamente associados. A
Com relação às questões de segurança,  a posição
diplomacia brasileira procurou:
brasileira era a de não colocar essa questão acima do
 Ampliar e diversificar mercado externos;
desenvolvimento,  pois entendia que o progresso
 Obter preços melhores e estáveis para os
econômico permitiria a eliminação das causas
produtos nacionais;
geradoras da instabilidade social e da agitação
 Esforçar-se para captar tecnologia e capital
subversiva.
estrangeiro para o desenvolvimento.

Em reunião da OEA,  em Washington,  para discutir a
Principais objetivos subversão Cubana na América Latina por solicitação da
 Busca pelo domínio da tecnologia nuclear, Venezuela  para que a organização condenar se de
incluindo o ciclo completo do combustível alguma forma as atividades do regime castrista,  Costa
nuclear. e Silva deu apoio à Venezuela,  pois acreditava que
 Estabelecer o diálogo com países Cuba estava intervindo em assuntos internos de outros
desenvolvidos, buscando a reestruturação do países.
comércio internacional de forma mais branda
para os países em desenvolvimento. Relações com EUA e América Latina
 Busca pela oportunidade de novos mercados.  Atritos com EUA: rumores sobre a
 Estabelecer maior contato com os principais internacionalização da Amazônia; TNP
países exportadores de café na África.  América Latina: foco econômico. Criação do
 Fazer de Portugal a porta de entrada dos Mercado Comum Latino-Americano(1967)
produtos de exportação brasileiros para a  1968- Tratado de Integração da Bacia do Prata
Europa, sendo o Brasil, ao mesmo tempo, a e outros
porta de entrada dos produtos portugueses na  Brasil e Argentina: coordenação da Alalc;
América Latina. contra a proliferação de armas nucleares.

A mudança de rumo nas relações com os A diplomacia brasileira junto aos países
Estados Unidos e com a América Latina platinos, andinos, América central, Caribe e
México.
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As relações bilaterias com a Argentina foram as mais políticas, que tornavam ineficiente o desenvolvimento
importantes para o Brasil: impulsos às relações de países do terceiro mundo.
comerciais e posição comum em relação a Alalc,
lutando juntos pela integração interamericana e pelo Na ONU, abandonou diplomacia interdependente
desenvolvimento da Bacia do Prata. Também tomaram anterior. Mostrou-se Favorável à autodeterminação
decisões comuns contra a proliferação de armas dos povos, ao respeito a descolonização e à pesquisa
nucIeares. nuclear com fins pacíficios.

1968: Brasil e Argentina acordam sobre o tratado de Grande ênfase à questão nuclear. O Brasil recusou-se a
integração dos países da Bacia do Rio do Prata, assinar o TNP, nos termos propostos pelos EUA e pela
englobando a Bolívia, Paraguai e o Uruguai. URSS. Mesmo defendendo o desarmamento atômico e
a não proliferação, pois Costa e Silva apoiava a
1969: Carta da Bacia do Prata que possuía como pesquisa e a utilização de energia nuclear para o
princípio fundamental o desenvolvimento da região e desenvolvimento econômico-tecnológico.
sua integração física. Firmada pelo Brasil,   Argentina,
Paraguai e Uruguai. As relações com países capitalistas
desenvolvidos: Europa Ocidental, Japão e
1969:  foi firmada a Declaração Conjunta Brasil-
Uruguai sobre Intercâmbio Comercial, a Declaração
Canada
Modificações, tinha como objetivo:
sobre Limites e Jurisdições Mar´timas e o Acordo sobre
 Buscar alternativas aos EUA nos campos
Pontes Internacionais.
nuclear e econômico;
 Potencializar elementos estratégicos, como a
No que tange ao Paraguai, em 1969, foi inaugurada a
questão nuclear;
Rodovia BR-227, que integrava através da Ponte da
 Responder a necessidades de incremento
Amizade a estrada Assunção-Paraguai.
comercial no quadro do avanço da integração
europeia.
As relações do Brasil com os países andinos foram
encaminhadas no sentido de estabelecer fórmulas de
Costa e Silva afirmou que, no seu programa de
cooperação bilateral que atendessem às necessidades
Diplomacia da Prosperidade, um dos objetivos
comuns dos países.
principais era o incremento das relações econômcas e
culturais entre o Brasil e a Alemanha Ocidental.
Brasil e Chile: definiu-se maior cooperação política e o
incremento das relações econômico-comerciais,
1969: Protocolo sobre Cooperação Financeira Brasil-
estagnadas durante o governo Castelo Branco.
Alemanha Ocidental - Frankfurt cedia empréstimos
para o financiamento de pequenas e médias empresas
Na América Central e Caribe as relações foram da indústria manufatureira e expansão da
limitadas, dificultadas por problemas gerados em infraestrutura da Vale do Rio Doce. Com os alemães
torno de asilos políticos (a embaixada brasileira não ocidentais também foram firmados acordos na área da
entregou para Porto Principe os asilados). ciência, tecnologia e cultura.

Brasil e organizações internacionais Brasil-França: relações envolveral o setor financeiro,


 Valorização dos Fóruns Internacionais: comercial, tecnológico e cultural.
UNCTAD.
 Na ONU defendeu a autodeterminação, a Brasil-Itália: negociações envolveram assuntos
descolonização e a utilização pacifica de comerciais, nos quais o Brasil procurou conservar sua
energia nuclear. posição naquele mercado.
Ao contrário da diplomacia de Castelo Branco, o traço
mais marcante das relações exteriores do governo
Brasil-Reino Unido: buscava-se a cooperação
Costa e Silva foi a acentuada valorização  da atuação
comercial e tecnológica. Em 69 conseguiu
nos fóruns multilaterais.
financiamento para a compra de dois submarinos de
fabricaçãp inglesa.
A linha principal da Diplomacia da Prosperidade foi a Também interagiu diplomaticamente com a Noruega,
de reivindicar e produzir alianças visando à alteraçã o Grécia, Suécia e Espanha.
de determinadas regras internacionais, econômicas e
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Brasil-Japão: polo importante para o Brasil, a  Em 01/07/1968 o Brasil recusa o TNP, pois é
experiência de desenvolvimento japonesa interessava signatário do Tratado de Tlatelolco
ao Brasil. Aproximação facilitada pelo fato de o Brasil (1967)Tratado para a Proibição de Armas
possuir a maior comunidade de japoneses do mundo. Nucleares na América Latina e  Caribe.
 Decreta o AI5 em 13 de dezembro de 1968.
1967: criação da Comissão Mista Bilateral Brasil-Japão  Visita do chanceler Magalhães Pinto em Nova
a fim de contribuir para o desenvolvimento econômico Deli. Assinatura do acordo sobre utilização
de ambos os países. pacífica de Energia Nuclear entre Brasil e Índia.
 Exerce papel de liderança nas negociações de
comércio e produtos de base, assim como no
Elementos da revitalização das relações econômicas
questionamento das estruturas econômicas
entre ambas as nações:
internacionais.
 Facilidades concedidas pelo Brasil para as
 Alinha-se com a posição dos países
inversões estrangeias;
subdesenvolvidos.
 Tradicional ajuda japonesa à industrialização
 Em 31 de agosto de 1969 o presidente Costa e
brasileira;
Silva sofre trombose cerebral e uma junta
 A contribuição dos Imigrantes Japoneses no
militar assume provisoriamente o governo.
desenvolvimento da agricultura brasileira;
 Os bons resultados o programa de ajuda
técnica nipónico. Política externa do governo Médici
(1969/1974)
Assim,  Brasil e Japão comprometimento em aumentar
e diversificar as exportações e importações. Início do período chamado anos de chumbo durante o
período em que a Junta Militar (linha dura) estava no
Canadá: Proposta de intercâmbio e debate sobre poder.
possível acordo de cooperação para o uso de Energia
Atômica.  apesar de não ter havido aceitação,  por Essa junta indicou Médici para assumir a presidência
parte do governo  brasileiro,  à proposta canadense, do Brasil.
as relações tenderam a ampliar-se.
Acirramento dos movimentos de esquerda:  sequestro
Relações Socialistas, África e Ásia de embaixadores decisões dentro da esquerda
 Não houve alteração significativa com brasileira (grupos  em uma posição de não violência X
socialistas; Iniciativas permanecerão grupos que acreditavam na luta armada contra o
essencialmente econômicas. regime militar).
 África- manteve-se fiel ao ocidente em relação
aos movimentos socialistas nas colônias. A O governo militar aproveitou-se dessa situação para
interação manteve-se restrita,  limitada pelos endurecer a repressão,  legitimar a violência e
laços luso-brasileiros. aumentar a censura.
 Oriente  Médio: apoio a Israel no episódio da
Guerra dos Seis Dias,  ainda que sob o manto
Economia:  Brasil crescia 10% ao ano entre 1970 e
da neutralidade.  O Brasil defendeu o espaço
1973,  milagre brasileiro.  o fenômeno teve como base
das Nações Unidas como palco para a
o tripé macroeconômico: capital privado nacional
resolução do conflito.
respondia pela produção de insumos e bens de
consumo popular,  transnacionais pelos bens de
1969:  Brasil abre Embaixada da Arábia Saudita, consumo duráveis e as empresas estatais ocupavam-se
estabelece acordos de venda de café para a Argélia, da infraestrutura,  da energia e da produção dos bens
aproxima-se da Turquia e da  Tunísia. de capital.  o tripé estabelecia uma divisão de trabalho
e,  como havia crescimento econômico expressivo,
Conflito no Vietnã:  Brasil além de negar-se a existe um lugar para todos, o que não gerava
participar,  distancia-se ainda mais. rivalidade entre as classes.

África:  Brasil manteve o apoio às pretensões européias O Nacional autoritarismo imperava no governo Médici,
coloniais,  evitando o surgimento e desenvolvimento socialmente conservador e com seu núcleo localizado
de nações ideologicamente hostis ao ocidente;  apenas no Tesouro Nacional e nas empresas estatais.
acompanhou a posição das potências européias. Interessava mais a acumulação e o crescimento
Políticas Relevantes
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econômico do que a procedência do capital e os fronteiras ideológicas.  nessa direção,  o Conselho de
custos sociais decorrentes desse processo. Segurança Nacional conferir a rigidez à política
exterior,  além de interferência do Sistema Nacional de
Assim, o  nacionalismo tinha seu conteúdo e âmbito de Informação sobre o Itamaraty.
atuação alterados,  pois se fazia necessário obter um
bom desempenho financeiro comercial e diplomático Fortemente pró-americano  e,  ao mesmo tempo,
no plano externo,  como forma de garantir a desenvolvimentista.
estabilidade política e o conservadorismo social no
plano interno,  via crescimento econômico. A Diplomacia do Interessa Nacional difere
claramente da Diplomacia da Prosperidade,  pois se
Fundamentos da Diplomacia do Interesse estabeleceu em relacionamento mais tranquilo com os
Nacional Estados Unidos,  a solidariedade com o terceiro mundo
foi esquecida,  juntamente com o discurso politizado,
 Núcleo de decisão do governo: órgãos
e a atuação multilateral foi praticamente substituída
técnicos militares e administrativos;
pela bilateral.
Ministério da Fazenda; Comunidade de
Informações e Segurança.
 Itamaraty se enfraquece. O multilateralismo ficou ligado às questões de ordem
 Opção preferencial pelo 1º. Mundo. Busca de política econômica,  e o bilateralismo aos interesses
se tornar potência. materiais do Brasil.
 Segurança: DSND – preservação das “fronteiras
ideológicas”. Negava-se o terceiro-mundismo,  percebendo como
 Relacionamento mais próximo aos EUA- uma concepção ilusória.
algumas divergências pontuais sérias.
 Ascensão da Europa e Japão permite maior O cenário internacional no início dos anos 70 se
liberdade de atuação da diplomacia. caracterizava,  segundo estrategistas da política
 Ver algumas diretrizes à pag. 66 externa,  por uma diversificação do núcleo do sistema
mundial.  com o desenvolvimento de novos centros
Durante o governo Médici foram criados diferentes capitalistas no cenário internacional,  devido ao boom
órgãos técnicos, militares e administrativos com poder econômico da Europa Ocidental  e do Japão,  mas
de decisão, que minimizaram a força política exclusiva também da Europa socialista,  percebia-se o declínio
do executivo.   Assim, os tecnocratas foram relativo da hegemonia norte-americana.
fortalecidos, fortalecidos em o ministro Delfim Neto.
Nesse cenário,  surgiu condições para as consideradas
O modelo econômico e militar, somado a indefinição as potências médias,  como a Índia e a China,  atuarem
do Itamaraty suas atribuições específicas, produziu e como subcentros,  com poder de barganha ampliado.
relativo esvaziamento das pressões diplomáticas em
favor da participação de órgãos Finalmente, essa é a verdadeira tendência à
burocráticos, essencialmente técnico ou ligados à multipolarização das relações internacionais gerava
segurança. maior liberdade de movimento aos países que fossem
capazes de contornar os mecanismos de dominação
Delfim Neto acreditava em uma cooperação mais intrínsecos à associação vertical com o poder
elaborada com o primeiro mundo, pois entendia que o hegemônico.
milagre econômico pela sua lógica interna e externa
implicava uma relação privilegiada. O governo Médici,  percebendo as transformações em
curso no sistema internacional,  escolheu uma postura
Por outro lado,  parte do Itamaraty,  que  se tornando de menor resistência,  procurando brechas,  buscando
cada vez mais influente,  advogada por um retorno tirar proveito dos desequilíbrios nas relações norte-sul.
alguns princípios da PEI,  destacando a importância de Ao mesmo tempo, as relações de poder já
uma aproximação com o terceiro mundo e com os estabelecidas.
organismos internacionais.
Através de uma vida individual,  a estratégia era de
Segurança: A política externa brasileira desenvolveu- uma boa posição do Brasil,  gradual e oportuna dentro
se,  ideologicamente,  através da Doutrina de do imperialismo.
Segurança Nacional,  cujo conteúdo gel político e
estratégico definir a necessidade de preservar as
Brenda Fontana – Relações Internacionais
O projeto de Grande Potência não poderia rejeitar ou a tentativa isolada no caminho do desenvolvimento
recurso, tão pouco de preconceito contra qualquer e da autonomia internacional. Optou pela segunda por
colaboração exterior. O Brasil procurou ampliar o forte influência de fatores externos. O Brasil poderia
poder de barganha com os Estados Unidos sem ascender isoladamente ao nível de potência ao lado do
questionar o sistema interno, visando o mundo democrático do Norte e,  ao mesmo tempo,
desenvolvimento industrial. não precisaria rever o modelo político  doméstico.

Interessada em tirar o máximo de proveito nas brechas Relações com EUA


do sistema internacional, a Diplomacia do Interessa A crise dos mísseis, estriamento da Guerra Fria,  o novo
Nacional  buscou uma atuação individual de inserção e equilíbrio estabelecido pelo Kremlin e a Casa Branca,
procurou relações bilaterais com os países mais fracos, abriram espaço para o antagonismo norte-sul e
aproximando-se da América do Sul e Central,  dos legitimado algumas divergências com os Estados
países neocoloniais africanos do Golfo da Guiné. Unidos.

Muitos elementos foram mantidas da política externa


do Governo Costa e Silva,  a diplomacia da  Ampliou o Mar Territorial para 200 milhas
prosperidade.  Porém,  atuação diplomática  bilateral contra a vontade norte-americana.
na busca  do desenvolvimento foi enfática,  de  Recusa em assinar o TNP,  avançando no
diferente. projeto de qualificação tecnológica e no
desenvolvimento da indústria armamentista
Diretrizes: nacional.
 O Brasil era contra a cristalização de posições  Visita do presidente aos EUA – Declaração do
de poder e contra a manutenção do status quo Presidente Nixon: “Para onde vai o Brasil, irá
internacional; toda a América Latina”.
 Quanto mais um país crescesse,  maior deveria  Aumento de visitas de órgãos governamentais
ser a sua parcela de decisão no espectro e empresariais dos EUA ao Brasil.
internacional; no inicio dos anos 1970 – vários acordos em
 Não haveria verdadeira paz sem diversas áreas .
desenvolvimento;
 Solidariedade com os países em Foi possível manter uma boa relação com os Estados
desenvolvimento:  a responsabilidade de Unidos, apesar do projeto nacionalista industrializante,
eliminar o subdesenvolvimento deveria ser de em função da solidariedade entre os dois países contra
todos os  países; a Guerrilha interna no Brasil e como uma aliança
 Política externa global de íntima cooperação importante frente aos governos de esquerda na
com os países desenvolvidos; América Latina.
 Só a correção das desigualdades entre nações
altamente industrializadas e nações pobres A complementaridade entre os dois países era cada
pode instaurar um novo ordenamento das vez maior e Nixon estava mais preocupado em
relações internacionais; desengajar achar seu país do Vietnã e buscar novas
 O Brasil rejeitava o conceito de terceiro estratégias para recuperação da desgastada
mundo; hegemonia norte-americana.
 Vinculação da segurança política à econômica.
A diplomacia tentava amenizar a atmosfera de conflito
Assumiu posturas conservadoras como apoio ao e a propaganda do Milagre incentivava uma pretensão
colonialismo português e firmou acordos comerciais de igualdade frente aos Estados Unidos.
com países de regimes  autoritários.
As pressões norte-americanas sobre as autoridades
Na visão dos planejadores, pensava-se que o país brasileiras quanto à questão  nuclear,  a ampliação de
economicamente forte se tornaria forte no cenário mar territorial e a exportação de têxteis,  café e
internacional. Nesse sentido, o ingresso no mundo calçados foram marcantes.
desenvolvido só poderia ser conquistado Na expectativa de amenizar os pontos, Médici visitou
individualmente. os Estados Unidos em  71,  quando buscou obter o
reconhecimento do status internacional do Brasil e
O Brasil esteve diante de duas escolhas do resolver as questões econômicas,  priorizando o
desenvolvimento: a integração com países da região comércio entre os dois países.
Brenda Fontana – Relações Internacionais
Comércio: redução da taxa de importação e aumento
A maior consequência dessa viagem foi a declaração elevado das exportações para a Alalc.
(acima) de Nixon.
Segurança hemisférica:  Superou-se a teoria de defesa
As relações bilaterais entre o Brasil e os Estados Unidos multilateral (Castelo Branco) e a concepção de defesa
conheceram o recuo significativo em muitos dos unilateral (Costa e Silva),  passando a entender as
tradicionais campos de cooperação,  devido a relações bilaterais também  a esse campo.
conjuntura internacional em que os Estados Unidos
estavam mais preocupados com a situação do Vietnã e Argentina: As relações passaram da rivalidade à
com problemas mais sérios em outras áreas. cooperação.

Os acordos travados indicavam os setores de interesse Europa Ocidental, Socialistas, África e Ásia
específico que ligavam os dois países,  em um  Realce para as questões econômicas.
contexto de um relativo afastamento.  Destaque para as relações com a Alemanha:
econômicas, financeiras e
Relações com América Latina tecnológicas( nuclear especialmente)
 Caráter bilateral e terceiro-mundista.  Presença na África e Oriente Médio – petróleo
Solidariedade com o terceiro mundo e ao e mercado consumidor de produtos
mesmo tempo compromisso com o brasileiros.
desenvolvimento nacional de forma individual.  Manteve-se equidistante da questão politico
 Articulou e participou de golpes militares em envolve Israel e Árabes.
vários países da América do Sul.
 Optou pelo Bilateralismo como opção A dimensão e econômica foi predominante nas
pragmática. relações bilaterais com Europa Ocidental,  como os
 Inicio dos acordos comerciais, técnicos, países socialistas, com a África e com a Ásia, embora
culturais  e instalação de hidroelétrica. variando de intensidade e motivação, conforme as
 América Central: acordos comerciais e regiões.
técnicos.
O Brasil, em relação aos países capitalistas
Emergia ação da diplomacia militar Paralela,  vinculada desenvolvidos, procurou aproveitar as possibilidades
a ideia de Brasil Potência,  Que implicavam afirmação de cooperação inauguradas com o a multipolarização
sobre determinada área geográfica,   evitando a econômica e pelo início do declínio norte-americano.
Constituição de governos hostis a seus projetos (daí as
participação em golpes militares).
As relações com a Alemanha ocidental e com Japão
foram implementadas de forma acelerar.  Como os
Relações bilaterais foram as folhas para inserção países europeus socialistas,  a troca também foram
hemisférica brasileiras, visando à  ampliação do identificadas.
Comércio através de linhas de crédito para compra de
produtos  brasileiros,  programas de cooperação
Terceiro mundo: progressos significativos a partir da
técnica com países menores e diversos acordos
inauguração de cooperação sistemática com a África
culturais para a vida de estudantes de graduação e
ocidental, processo similar ao ocorrido com os
pós-graduação por longos períodos.
pequenos Estados latino-americanos e com
aproximação da crise no Oriente Médio.
Essa última iniciativa visava ampliar a base para uma
futura cooperação técnica e econômica,  bem como
Os contatos estabelecidos na Europa ocidental
ampliar a influência do Brasil no continente através de
buscavam reverter os problemas existentes,  limitando
novos mecanismos.
a abertura de novos canais de cooperação.

Com a América Central,  estabeleceu-se acordo para a


Já o relacionamento bilateral com Alemanha ocidental
intensificação das trocas comerciais,  acordo de
experimentou a ampliação da cooperação nos campos
cooperação técnica,  criação  de linha marítima com o
econômico, comercial, financeiro e de Investimentos.
intuito de estabelecer bases políticas efetivas para um
relacionamento com uma área do continente até então
Ponto Alto: fixação de uma parceria de longo prazo
virtualmente abandonado pelo Brasil.
relativa à questão nuclear e de transferência de
tecnologia.
Brenda Fontana – Relações Internacionais
 A dinâmica interna é uma condicionante
Mesmo que é Diplomacia do Interesse Nacional essencial para a política independente de
rejeitasse o conceito de terceiro  mundo,  a Geisel
necessidade de garantir a crescente importação de  O Pragmatismo responsável e a guerra fria:
petróleo e a estratégia exportadora levou o Brasil a explorar as faixas de coincidência que se tinha
efetivar a sua presença na África ocidental e regularizar com cada país e ao mesmo tempo diminuir as
sua atividade diplomática no Oriente Médio,  na Ásia e divergências
na Oceania.
A reação aos problemas econômicos enfrentados pelo
A política externa brasileira para a África m tá Brasil durante a gestão de Geisel materializou-se na
faltandoanteve a mesma linha dos governos anteriores, alteração e no aprofundamento das relações
apresentando modificações apenas nas relações com a exteriores.
África do Sul.
Naquele momento, o Brasil já alcançara níveis
Política externa do Governo Geisel (1974- importantes de inserção internacional.

1979)
A primeira medida da diplomacia do pragmatismo
responsável e ecumênico foi a aproximação dos países
Geisel foi o governante militar que desenvolveu uma
árabes.  O Itamaraty, então,  apoio o voto anti-sionistas
política externa mais ousada através da diplomacia do
junto à ONU adotou uma intensa política exportadora
chamado Pragmatismo Responsável e Ecumênico.
de produtos primários, industriais e serviços,  em troca
do fornecimento de petróleo.
Geisel herdou índices satisfatórios para o
desenvolvimento brasileiro  e,  também,  problemas
Assim, o Brasil estabeleceu uma cooperação muito
estruturais de um modelo que  entregavam energia
próximas com potências regionais do Oriente Médio
importada barata e dependia do fluxo de
para a prospecção de petróleo e o desenvolvimento
investimentos de capitais estrangeiros e da utilização
tecnológico militar,  traduzido em vendas de armas
de tecnologias igualmente importada.
brasileiras e projetos comuns para a fabricação de
mísseis.
 Medidas: II PND, diversificação da fontes de
energia,  implementação da prospecção de
Ocorreu incremento comercial com países que já
petróleo e produção de álcool como
possuímos vínculos no campo socialista e
combustível automobilístico,  o projeto pró-
o restabelecimento das relações diplomáticas e
álcool.
comerciais com a China.

Contexto e orientações
Atuação brasileira nos organismos internacionais foi
 Contexto externo – crise econômica (choque
de forte protagonismo, agora em convergência
do petróleo), derrota dos EUA no Vietnã, etc.
explícita com os demais países do terceiro mundo.
 Universalização - multiplicação de contatos
internacionais e diminuição da pressão
hegemônica Novo relacionamento com a Europa ocidental e com o
 Não alinhamento automático com os EUA; Japão, tendo em vista o problemático relacionamento
 Corpo diplomático - “Pragmatismo com os Estados Unidos.
responsável”;
 Reaproximação com a China comunista e o Na América Latina, o Brasil procurou maximizar as
regime de esquerda  do MPLA; oportunidades de cooperação, abandonando o
 Busca de novos mercados: ampliar a presença discurso ufanista de grande potência.
brasileira na África, Ásia e Europa
 Busca de novas fontes de Energia; O comportamento pragmático do governo gaisel pode
ser comparado às  iniciativas de Costa e Silva,  bem
O Pragmatismo Responsável e Ecumênico como os canais de atuação definidos e ampliado e já
 Divergência entre EUA: direitos humanos no no governo Médici.
Brasil e o impasse nuclear
 Estratégia: afastar-se do campo hegemônico A grande diferença entre o governo Geisel e os demais
através da universalização da política externa consiste na existência de um projecto de
autonomização da indústria de base e nos grandes
Brenda Fontana – Relações Internacionais
projetos de infraestrutura do país como resposta à Os atritos entre Brasil e Estados Unidos concentraram-
crise econômica mundial. se nos planos econômicos e político.
 Plano econômico: Os atritos
Essa situação levou o país a uma agonismo com poder reproduziam questões de venda de
norte-americano, pois questões como o uso de Energia manufaturados para os Estados
Atômica em uma postura desafiadora quanto à Unidos, desinteresse norte-americano em
influência Regional e Internacional desse país foram contribuir para a reforma do sistema comercial
levantadas. e financeiro internacional;
 Plano político: questões relacionadas
à tecnologia nuclear, direitos humanos,
O pragmatismo não foi somente a busca de
autonomia assumidas pelo Brasil nos fóruns
alternativas aos Estados Unidos no primeiro mundo.
internacionais ao rejeitar posicionamento que
Houve avanços no relacionamento qual os países
afetassem suas relações exteriores.
árabes,  com a África Subsaariana e com a América
Latina.
A questão nuclear:  os Estados Unidos queriam manter
a sua influência e a dependência dos outros estados
O governo Geisel reforçou o bilateralismo e ampliou as
no que concerne às questões nucleares.  Já o governo
parcerias com países com qual o Brasil possuía
brasileiro, devido a experiências com o choque do
relações históricas. Estabeleceu mecanismo de
petróleo,  considerada perigoso que a economia
cooperação via bilateralismo.
dependência de fatores externos para satisfazer às
necessidades de insumos fundamentais,  procurando
O pragmatismo se caracterizou pela multilateralização
evitar o que aconteceu com o petróleo.
e pelo aprofundamento do bilateralismo.

Outros países foram levados em conta,  especialmente


Filosofia das decisões do governo e política
o Canadá e a França.  Acordos de cooperação técnica e
externa:
científica já  estavam firmados com a Alemanha.
 Pragmatismo: Refletia a eficiência material e
uma perspectiva realista na avaliação das
O acordo nuclear assinado com a Alemanha em 1975
circunstâncias;
gerou a crise mais séria entre esse  país e os Estados
 Responsabilidade:  tinha a função de proteger
Unidos desde segunda guerra mundial.
o pragmatismo daquilo que poderia ser
considerado antiético;
 Ecumenismo:  manifestar-se-ia na ampliação Em 1977, o departamento de estado norte-americano
de parcerias desejadas prescindidas de liberou um relatório  sobre o Brasil referente às prisões
afinidades ideológicas e políticas em escala ilegais,  cassações dos direitos políticos,  censura da
planetária. Imprensa e as pressões sobre igreja.

As difíceis relações com os Estados Unidos Geisel reagiu denunciando a interferência nos assuntos
internos,  rejeitando qualquer ajuda que tivesse ligado
e a cooperação com a América Latina a questões internas.

A política externa brasileira atuava como um vetor do


Esse foi o momento mais sério dos desacordos entre
projeto de desenvolvimento com vistas à  autonomia
Brasil e Estados Unidos.
em termos industriais e energéticos.  Dessa forma,
tocava em áreas construtivas e os atritos com os
Em alguns dias, o governo brasileiro anunciou o
Estados Unidos seriam inevitáveis.
cancelamento do Acordo Militar com os Estados
Unidos e,   após alguns meses,   Geisel cancelou mais
Na relação com os Estados Unidos pode-se reconhecer
quatro acordos militares com os Estados Unidos.
a tentativa brasileiro de inserir-se no cenário
internacional por 2 vias:
Em 78, Carter veio ao Brasil houve mudanças nas
 O Brasil apresentava se como um país
atitudes norte-americanas.
industrializado e buscava um tratamento à
altura;
 Ao  mesmo tempo que, buscava sua costa Em relação à  América Latina,  apesar da prioridade
como país em desenvolvimento. conferida à  Europa ocidental,  o governo brasileiro
manteve uma extensa agenda.
Brenda Fontana – Relações Internacionais
A diplomacia brasileira deu início as negociações que Em 79, a Petrobras elegeu a China como uma das
resultaram no Acordo Multilateral Corpus Itaipu, alternativas para fornecimento de petróleo, diante da
assinado em 1979, durante o governo Figueiredo. estabilidade política no Irã.

Um novo impulso as relações extra O fato de a China ser o único país em desenvolvimento
hemisféricas a situar-se no centro do sistema Mundial do poder
propiciado ao Brasil a possibilidade de construir uma
As capitais europeias e Tóquio representarão uma
aliança estratégica com uma potência
alternativa a  Washington.
diferente, ampliando concretamente de forma
imediata sua capacidade internacional de barganha.
Os projetos de infraestrutura e a necessidade de
obtenção de tecnologia, fundamento básicos do
Persistiu a ambiguidade da PEB no plano multilateral,
modelo de desenvolvimento adotado pelo Brasil,
ora aceitando a tese do centro desenvolvidos,  ora
encontraram nas relações com a Europa ocidental e
ajustando-se aos interesses dos países em
com o Japão a possibilidade de subverter a
desenvolvimento,  ou ainda posicionando-se de forma
dependência em relação aos Estados Unidos.
completamente independente de ambos os grupos.

O pragmatismo responsável e ecumênico deu


O Brasil passou a manter relações do tipo horizontal
prosseguimento à tendência de aproximação comercial
com potências médias do mundo em
e técnica com o leste europeu.
desenvolvimento, as quais não implicavam
subordinação para nenhum dos lados,  por que era
No governo Médici estruturou-se o que futuramente
revolucionário em termos de política internacional,
seria definido como a política africana do Brasil.  No
pois afetava o equilíbrio mundial.
governo Geisel,  a aproximação com a África
continuava a desenvolver-se em termos  bilaterais,
embora as estratégias fossem pensadas em conjuntos A diplomacia multilateral e de segurança
para todos os países da região. Ceticismo da diplomacia brasileira frente à Capacidade
dos órgãos multilaterais em responder às demandas
do país.
África era importante para o projeto de
desenvolvimento brasileiro, pois seus países permitiam
a inserção dos manufaturados brasileiros e Sem abandonar a via multilateral, a diplomacia
asseguravam matérias-primas e produtos primários. brasileira buscou alternativas para realizar as metas
definidas para o setor externo.
A aproximação política com os países do Oriente
Médio era uma tentativa de garantir o fornecimento de Acordo Geral entre países desenvolvidos e em
petróleo que se tornavam uma preocupação do desenvolvimento: previa alterações das regras e
governo,  em virtude do projeto de desenvolvimento injustas no comércio internacional existentes no GATT.
acelerado pelo qual o país passava.
A resistência dos países desenvolvidos à proposta
O Brasil apoio à causa Palestina em 74 e foi incluído na brasileira fez com que atuação multilateral do Brasil
lista de países amigos da Arábia Saudita,  para os quais fosse mais realista,  aproveitando as oportunidades
o fluxo de abastecimento e petróleo estava garantido. para a obtenção de vantagens concretas ao país.

Em razão das necessidades de petróleo,  a balança Fracasso das negociações com o norte desgastou a
comercial brasileira com o Oriente Médio sempre foi ação conjunto dos países do terceiro mundo.
deficitária.
O Brasil buscou aproximar-se de centros desenvolvidos
Uma das medidas de maior impacto do pragmatismo e em desenvolvimento.  a aproximação com os países
responsável e ecumênico foi o estabelecimento de do terceiro mundo,  aparentemente, foi uma
relações diplomáticas com a China em 1974. Interesses estratégia para a modificação da ordem internacional
brasileiros dirigiu-se ao petróleo, ao carvão mineral e a em nome do interesse nacional.
insumos farmacêuticos, e os chineses e os
manufaturados. Temas sensíveis e antes tratados de forma genérica e
tênue, ex.:  descolonização da África e a questão
Palestina,  foram tratados de forma direta e emfática. O
Brenda Fontana – Relações Internacionais
Brasil posicionava se favoravelmente à  descolonização
e à  retirada de Israel dos territórios ocupados. Universalismo
 Caráter nacionalista:Decisões de acordo com
Com relação aos temas tradicionais da diplomacia tradições e modo de viver dos brasileiros.
brasileira mas teve uma postura na defesa de uma  Rompimento da aliança especial com os EUA.
ordem mais justa e que desmembrasse os interesses  Brasil x Argentina: Desenvolvimento
dos países em desenvolvimento (apelo à  segurança hidrelétrica de Itaipu.
Econômica coletiva,  reivindicação da reforma do  Angola: Apoio concreto à Independência.
sistema comercial internacional,  críticas à  política dos  Israel: Condenação – Sionismo como uma
países desenvolvidos em relação ao meio ambiente e forma de Racismo na ONU.
ao congelamento do Poder Mundial pelas  China, Japão e Alemanha: Estreitamento dos
superpotências). laços.
 Continente Africano: Aproximação.
no contexto de crise econômica,  o país rompeu com o  Tratado de Assistência Militar com os EUA:
ufanismo nacional,  na medida em que seus impactos Denúncia
foram visíveis na balança comercial.  União Soviética: Acordo
 Amazônia: Tratado de Cooperação.
Geisel respondeu a essa crise estrutural através da
aceleração do crescimento,  apesar do aumento do A política externa do governo Figueiredo
endividamento,  do aproveitamento da ofertas de (1979/1985)
fundo procedentes da OPEP  e de Investimentos
orientados para a criação de capital e tecnologia
Política externa baseada na continuidade do
intensivos.
pragmatismo responsável e ecumênico.

Comércio internacional na década de 70:  superávit


Foi através do Universalismo  que a diplomacia
com o bloco socialista,  sendo constantes as
brasileira foi confirmada no mundo e as relações com
negociações e as pressões para reduzi-lo;  déficit com
o resto dos países latino-americanos foram
o Oriente Médio, a América do Norte  e Ásia,  com
intensificadas, além da perspectiva da universalização.
exceção da China.

Em consequência da carência de recursos, da queda do


A doutrina de segurança nacional foi reformulada sob
fluxo de capital estrangeiro e do aumento dos
a influência da  eliminação do modelo bipolar como
pagamentos da dívida externa, em 1982, o Brasil pediu
orientador da política externa do desgaste global do
moratória.
diálogo Norte Sul. Essas definições foram
determinadas pelas divergências crescentes com os
O Contexto e as dificuldades
Estados Unidos pelas dificuldades impostas pelos
 Primeira metade dos anos 80 – estrutura
países centrais para que o país adquirisse tecnologias
internacional deteriorou-se: rebipolarização,
avançadas.
protecionismo, instabilidade cambial.
 Segunda metade – crise do multilateralismo,
Somadas a essas questões,  a percepção de que o
divergência com EUA e Europa- protecionismo
poder e a riqueza estavam congelados através dos
e controle das tecnologias de ponta.
sistemas de segurança das superpotências,  fez com
 Pressão para remoção dos resquícios da
que o Brasil buscasse uma atuação mais
ditadura militar.
individualizada.
 Controlar crise econômico-financeira e dívida
externa
Passada a primeira fase dos governos militares,  a
 EUA, Alemanha e Grã-Bretanha iniciam nos
diplomacia brasileira abandonou a política de
anos 80 uma desmontagem do
segurança coletiva,  voltando o tema à  espera de
multilateralismo. Além disso, esvaziam os
decisão direta do país.
temas reivindicatórios dos anos 60 e 70 por
temas como: terrorismo, direitos humanos,
A partir de acordos e ações,  o Brasil desenvolveu narcotráfico, meio ambiente, imigração, crises
condições para alcançar a autonomia em relação aos regionais, democracia.
suplementos de meios convencionais e de alta
 P.E concentra-se em duas estratégias:
tecnologia de segurança,  expandindo a indústria
fortalecimento do GATT e ampliação do papel
bélica nacional em grande escala.
Brenda Fontana – Relações Internacionais
da América Latina, especialmente a
aproximação com a Argentina. Princípios fundamentais da diplomacia brasileira:
 Universalismo
 Tendência à regionalização ( formação blocos)  Dignidade nacional
força o Brasil a se aproximar dos vizinhos.  Boa convivência
 Reconhecimento do lugar do Brasil:
pertencente ao 3º.Mundo; membro da Esses princípios articulavam se com o quadro
comunidade ocidental; reduzido poder militar internacional real, as dificuldades e com a
dificulta exercer influência pela força; dívida impossibilidade de uma atuação coerente com os
excessiva, transição para a democracia; mesmos, em alguns casos.

Fundamentos da Diplomacia Para o Brasil, seria importante intensificar a cooperação


 Universalismo seletivo sul-sul para que o país conseguisse aumentar o seu
 Dupla inserção internacional – Ocidente e 3º. poder de barganha frente aos países desenvolvidos
Mundo( N-S e S-S). que, naquele momento,  estava resolvendo os
 Necessita aumentar exportações para cobrir problemas em cúpulas  fechadas.
déficits da balança de pagamentos;
 Relações divergentes com EUA : agenda dos Relações com EUA e América Latina
EUA ênfase na segurança e a do Brasil no
 Divergências com EUA: não aceitação da
desenvolvimento.
criação de militarização do Atlântico Sul;
exigência de abertura do
Buscou preservar a autonomia do Brasil em um cenário mercado( informática, serviços e
extremamente adverso. investimentos)
 Priorização da América Latina.
Manteve-se a definição do Brasil como parte do  Relações com Argentina de aproximação após
terceiro mundo. acordo de Itaipu.
 Repúdio ao Apartheid
O país continuou atuando nos fóruns internacionais  Apoio na questão das Malvinas; ampliação de
em convergência com os países não alinhados, acordos comerciais.
embora não integrava o grupo,  ratificando as  Estreitamento das relações com países
denúncias em torno das estruturas políticas e amazônicos e também o Chile e Bolivia.
econômicas internacionais. Para os Estados Unidos colocadavase a necessidade de
recuperar o papel de liderança mundial em uma
conjuntura divisível declínio da hegemonia.
A cooperação com a Europa ocidental e o Japão
reduziram em decorrência das medidas de Reagan.
Os objetivos da política externa norte-americana
durante o governo Reagan (pretensão de derrotar o
A recessão e as guerras locais na África limitou os
mundo soviético cubano e o esvaziamento da
resultados da cooperação com o Brasil.
cooperação multilateral)  fez com que o Brasil
preferisse o afastamento de Washington como
As relações com a China e o Oriente Médio
parceiro preferencial,  para  conservar suas relações
intensificaram-se,  apesar das dificuldades devido à
bilaterais e multilaterais  e o  seu posicionamento
Guerra do Golfo e os problemas internos do Brasil.
como país do terceiro mundo.
 
Prioridades das políticas externas universalista: Ponto que interessava aos governo norte-americano,
 Estreitamento dos laços com a Argentina e o levando a buscar a parceria brasileira:
restante da América Latina.  A proposta para que o Brasil se aliasse a um
A nova política externa continua a anterior,  mas não a processo de militarização do Atlântico Sul,
repete.  Pela primeira vez a América Latina passou a ser mediante um pacto com o regime militar
prioridade absoluta da política externa brasileira. argentino e com a África do Sul,  contra uma
possível intervenção soviético cubana na
Relações com os Estados Unidos: a diplomacia América Central,  Caribe e África austral.
brasileira considerada o gradual desalinhamento como  Em contrapartida,  o Brasil receberia maiores
uma tendência histórica,  apoiada na evolução investimentos norte-americanos, a suspensão
diferenciada da política e da economia dos dois países.
Brenda Fontana – Relações Internacionais
de entradas para alguns produtos e Política externa do governo Sarney
suprimento de combustível nuclear. (1986/1989)
 Não houve mudanças significativas em relação
A política de subsídios às indústrias recém-implantadas ao período anterior.
no Brasil,  como a de informática,  gerou   pressão  A retomada das relações com Cuba recupera o
norte-americana para que fossem adotadas medidas caráter ecumênico da P.E
de abertura.  O problema da dívida – elevação das taxas de
juros gerou exportação líquida de capitais.
A política comercial norte-americano desejava maiores  Defesa da redução do sensível hiato entre
concessões no comércio de bens,  liberalização nas países desenvolvidos e os subdesenvolvidos.
áreas de serviços e investimento por parte dos países
em desenvolvimento. Continuidade da política econômica e das relações
exteriores do regime militar.
O acordo Tripartite  solucionou as questões
concernentes a Corpus Itaipu  entre Brasil e Argentina A política externa de Sarney foi marcado pela tentativa
e inseriu o Paraguai. de ampliação da base de poder nacional.

Brasil e Argentina declararam conjuntamente o Procurou consolidar as relações com diversos países
repúdio ao Apartheid,  assim como se posicionaram nas perspectivas de fortalecer UM eixo de cooperação
juntos em outras questões africanas. que redimencionasse a inserção internacional do Brasil.

O Brasil apoiou a Argentina na questão das Malvinas. O reposicionamento frente aos Estados Unidos foi um
ponto crucial para efetivar tal política.
Relações com países desenvolvidos e com
a Europa Socialista. As dificuldades no plano econômico tornariam
 Relações no âmbito bilateral com países imperativo para o Brasil buscar parcerias multilaterais e
desenvolvidos: tecnologia, comércio; bilaterais que instrumentalizassem o país em suas
cooperação com Alemanha, França, Reino estratégias para o entendimento internacional.
Unido e Benelux.
 Ampliação das relações com países socialistas, Ênfase no multilateralismo.
em especial, URSS
Relações com África, Ásia e Oceania. Manteve-se a aproximação com os países do terceiro
 Maior atenção com países de língua mundo,  em com a  América Latina.
portuguesa na África
 Oriente Médio – exportações de armamentos e As dificuldades de diálogo com os centros
cooperação no campo tecnológico; favorável à desenvolvidos e a tentativa de desmonte do modelo
partilha de dois Estados: Israel e Palestina. de seu desenvolvimento industrial,  além dos demais
 Ásia – intensifica relações com a China – setores estratégicos,   fizeram com que o Brasil
apesar de alguns atritos comerciais houve procurar se articular projetos de cooperação fora do
contatos no campo da cooperação cientifico- Eixo norte-sul.
tecnológico.
Organizações Internacionais O governo brasileiro reforçou suas relações com a
 Continuidade em relação aos governos África,  desenvolveu uma nova postura frente aos
anteriores. países socialistas,  dispensou alto grau de atenção as
suas relações com o Oriente Médio países árabes e
Debates relacionados a dívida externa brasileira e a percebeu na Ásia em centro emergente,  de grande
negociação da mesma. importância na configuração do sistema internacional.

Um dos traços marcantes do governo Figueiredo foi a Impasses políticos e econômicos da nova república
tentativa de preservar a autonomia do Brasil na denunciavam a assimetria entre os estados
questão de segurança. diversificando as áreas de atrito entre os países
periféricos e os centrais.
Brenda Fontana – Relações Internacionais
As difíceis negociações concernentes ao
endividamento externo e as retaliações dirigidas contra Europa e Japão –  dificuldades: protecionismo dos
as políticas de desenvolvimento Nacional dificultavam dois lados em relação a produtos agrícolas,
o papel do Brasil no diálogo norte-sul. manufaturados, entre outros; prejuízos com a
ampliação da comunidade. Mesmo assim, os negócios
Temas centrais das PEB  muitas vezes eram ignorados e as cooperações aumentaram.
pelos centros de poder,  obstruindo o
encaminhamento de questões de interesse nacional.

Assim, organismos multilaterais foram insistentemente


utilizados pela diplomacia brasileira com o objetivo
imediato de denúncia,  discordância e protesto contra
as desigualdades entre os estados e em favor da
superação das dependências.

Era constantemente posto em Pauta a necessidade de


uma ordem mais justa que viabilizasse a cooperação
entre as nações.

EUA: elevação da taxa de juros dos EUA;.


 Esvaziamento das relações bilaterais,
divergências: informática, patentes,
farmacêuticas, nuclear, aviões, siderúrgicos,
calçados, etc.; Discordância em relação a
política dos EUA para a América Latina- apoio
a regimes de esquerda.

América Latina: redução das desconfianças em


relação à hegemonia brasileira na região.
 EUA utilizam OEA como instrumento funcional
de sua hegemonia.
 Contexto internacional empurra para a
integração regional.
 Em 1985 Participou, juntamente com
Argentina, Uruguai e o Peru da Criação do
Grupo de Apoio a Contadora (México,
Colômbia, Panamá e Venezuela)
 Relações Brasil-Argentina- desde 1979 –
construção de parcerias econômicas,
segurança e energia nuclear; 1982, apoio na
Guerra das Malvinas; 1986 – Ata para a
Integração Brasileiro-Argentina, Tratado de
Integração, Cooperação e
Desenvolvimento(1988)

Relações com a África


 Zopaca – Zona de Paz e Cooperação no
Atlântico Sul
 Relações comerciais e apoio aos regime
Angola e Moçambique.
 Condenação do Apartheid e proibição de
exportação e suspensão de intercâmbio
cultural com a África
 Comércio a base de countertrade( troca de
mercadorias)

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