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Política Externa Brasileira – Regime Militar As mudanças ocorridas na política externa brasileira se
Castello Branco afastavam das concepções anteriores desenvolvidas
Costa e Silva por Vargas e intensificadas pela PEI. Em 1967 a PEB
Médici sofre nova alteração, mantendo-se até 1985.
Geisel
Figueiredo Embora inicialmente tenha sofrido uma regressão, o
Sarney regime militar recuperou as tendências da PEB ligadas
ao projeto nacional-desenvolvimentista.
O desafio da segurança não era visto como a ameaça A questão cubana, a América do Sul e a
nuclear, mas sim como a ideologia comunista e as OEA
guerras de libertação nacional ocorridas na Ásia, África
O estabelecimento do regime militar dificultaram as
e América Latina. Assim, a reformulação dos
relações com Cuba, dada a aliança privilegiada com os
conceitos e mecanismos de defesa com a adoção da
Estados Unidos e a força dos setores direitistas. As
segurança coletiva tornou-se uma resposta a esse
relações diplomáticas foram rompidas em 13 de Maio.
novo desafio.
A política externa do Governo Costa O grupo liberal imperialista, assim, perdeu espaço
para a linha dura nacionalista, apoiada pelo
e Silva ( 1967 a 1969) empresariado nacional e por boa parte da tecnocracia
A política externa do governo Castelo Branco teve estatal.
suas expectativas frente o governo norte-americano
frustradas: os fluxos de capitais foram modestos, a
Base sócio-econômica do regime: empresa estatal,
cooperação técnica desejada sua escassa e a
capital estrangeiro e burguesia nacional. O
transferência tecnológica não aconteceu.
desenvolvimento desse tripé fez emergir algumas
contradições.
Conjuntura:
Estrutura econômica mundial se manteve a
O estado passou a desempenhar o papel de agente
mesma;
econômico direto e, em termos políticos,
O conjunto dos países latino-americanos
transformou a posição de subordinação barganhada
rejeitou o processo de integração tal como
em relação às transnacionais para uma postura de
fora proposto pelos Estados Unidos e o Brasil;
negociação ativa.
As bases de cooperação com a Argentina
transformaram-se em rivalidade;
O jogo político restringiu-se a três forças:
Aumentou-se a distância entre os países
Liberal imperialista: burguesia
desenvolvidos e os em desenvolvimento;
internacionalizada em aliança com setores
A política de defesa não produziu os efeitos
militares da burocracia civil e da
esperados: os laços de interdependência não
tecnoburocracia;
foram aprofundados, mas sim os de
Reacionário oportunista: partido menor
dependência.
vinculado a ideologias negativas do
anticomunismo e do anti progressismo;
Bases do governo
Nacional autoritário: corrente ascendente
Base socioeconômica permanece a mesma.
desde a queda de Castelo Branco, a partir da
Três forças politicas: liberal-imperialista;
posse de Médici, uma espécie de partido
reacionário-oportunista e nacional-áutoritário.
burocrático da emancipação nacional.
Diplomacia da prosperidade
Problemas herdados do governo Castelo:
A partir do governo Costa e Silva, o grupo Nacional
fluxos de capitais modestos; transferência
autoritário passou a ter importância crescente.
tecnológica não ocorreu; cooperação com
Brenda Fontana – Relações Internacionais
Esse grupo tem sua matriz sócio econômicas no setor O acirramento das Diferenças com os Estados Unidos
público, enquanto o nacional populismo estava ligado não interessava ao Brasil, que tratou de desenvolver
a burguesia nacional. estratégias benéficas aos seus interesses, buscando
preservar a negociação bilateral e procurando
Objetivo do grupo Nacional autoritário: Promover o desenvolver maior poder de barganha, através de
desenvolvimento por substituição das importações. relações com terceiros. Apesar disso, houve momentos
de acirramento das rivalidades: rumores sobre a
internacionalização da Amazônia, aumento da taxação
A política externa de Costa e Silva, direcionada ao
das exportações de café brasileiras para os EUA,
interesse nacional, representou o abandono da
descontentamento do governo Nixon com o Brasil e a
doutrina de interdependência e das Fronteiras
América Latina.
ideológicas (neste período, já se observava mudanças
Nas relações com a América Latina, os temas
na situação política internacional: progressiva diluição
econômicos foram considerados mais importantes que
dos blocos).
os programas de ajuda e segurança.
A mudança de rumo nas relações com os A diplomacia brasileira junto aos países
Estados Unidos e com a América Latina platinos, andinos, América central, Caribe e
México.
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As relações bilaterias com a Argentina foram as mais políticas, que tornavam ineficiente o desenvolvimento
importantes para o Brasil: impulsos às relações de países do terceiro mundo.
comerciais e posição comum em relação a Alalc,
lutando juntos pela integração interamericana e pelo Na ONU, abandonou diplomacia interdependente
desenvolvimento da Bacia do Prata. Também tomaram anterior. Mostrou-se Favorável à autodeterminação
decisões comuns contra a proliferação de armas dos povos, ao respeito a descolonização e à pesquisa
nucIeares. nuclear com fins pacíficios.
1968: Brasil e Argentina acordam sobre o tratado de Grande ênfase à questão nuclear. O Brasil recusou-se a
integração dos países da Bacia do Rio do Prata, assinar o TNP, nos termos propostos pelos EUA e pela
englobando a Bolívia, Paraguai e o Uruguai. URSS. Mesmo defendendo o desarmamento atômico e
a não proliferação, pois Costa e Silva apoiava a
1969: Carta da Bacia do Prata que possuía como pesquisa e a utilização de energia nuclear para o
princípio fundamental o desenvolvimento da região e desenvolvimento econômico-tecnológico.
sua integração física. Firmada pelo Brasil, Argentina,
Paraguai e Uruguai. As relações com países capitalistas
desenvolvidos: Europa Ocidental, Japão e
1969: foi firmada a Declaração Conjunta Brasil-
Uruguai sobre Intercâmbio Comercial, a Declaração
Canada
Modificações, tinha como objetivo:
sobre Limites e Jurisdições Mar´timas e o Acordo sobre
Buscar alternativas aos EUA nos campos
Pontes Internacionais.
nuclear e econômico;
Potencializar elementos estratégicos, como a
No que tange ao Paraguai, em 1969, foi inaugurada a
questão nuclear;
Rodovia BR-227, que integrava através da Ponte da
Responder a necessidades de incremento
Amizade a estrada Assunção-Paraguai.
comercial no quadro do avanço da integração
europeia.
As relações do Brasil com os países andinos foram
encaminhadas no sentido de estabelecer fórmulas de
Costa e Silva afirmou que, no seu programa de
cooperação bilateral que atendessem às necessidades
Diplomacia da Prosperidade, um dos objetivos
comuns dos países.
principais era o incremento das relações econômcas e
culturais entre o Brasil e a Alemanha Ocidental.
Brasil e Chile: definiu-se maior cooperação política e o
incremento das relações econômico-comerciais,
1969: Protocolo sobre Cooperação Financeira Brasil-
estagnadas durante o governo Castelo Branco.
Alemanha Ocidental - Frankfurt cedia empréstimos
para o financiamento de pequenas e médias empresas
Na América Central e Caribe as relações foram da indústria manufatureira e expansão da
limitadas, dificultadas por problemas gerados em infraestrutura da Vale do Rio Doce. Com os alemães
torno de asilos políticos (a embaixada brasileira não ocidentais também foram firmados acordos na área da
entregou para Porto Principe os asilados). ciência, tecnologia e cultura.
África: Brasil manteve o apoio às pretensões européias O Nacional autoritarismo imperava no governo Médici,
coloniais, evitando o surgimento e desenvolvimento socialmente conservador e com seu núcleo localizado
de nações ideologicamente hostis ao ocidente; apenas no Tesouro Nacional e nas empresas estatais.
acompanhou a posição das potências européias. Interessava mais a acumulação e o crescimento
Políticas Relevantes
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econômico do que a procedência do capital e os fronteiras ideológicas. nessa direção, o Conselho de
custos sociais decorrentes desse processo. Segurança Nacional conferir a rigidez à política
exterior, além de interferência do Sistema Nacional de
Assim, o nacionalismo tinha seu conteúdo e âmbito de Informação sobre o Itamaraty.
atuação alterados, pois se fazia necessário obter um
bom desempenho financeiro comercial e diplomático Fortemente pró-americano e, ao mesmo tempo,
no plano externo, como forma de garantir a desenvolvimentista.
estabilidade política e o conservadorismo social no
plano interno, via crescimento econômico. A Diplomacia do Interessa Nacional difere
claramente da Diplomacia da Prosperidade, pois se
Fundamentos da Diplomacia do Interesse estabeleceu em relacionamento mais tranquilo com os
Nacional Estados Unidos, a solidariedade com o terceiro mundo
foi esquecida, juntamente com o discurso politizado,
Núcleo de decisão do governo: órgãos
e a atuação multilateral foi praticamente substituída
técnicos militares e administrativos;
pela bilateral.
Ministério da Fazenda; Comunidade de
Informações e Segurança.
Itamaraty se enfraquece. O multilateralismo ficou ligado às questões de ordem
Opção preferencial pelo 1º. Mundo. Busca de política econômica, e o bilateralismo aos interesses
se tornar potência. materiais do Brasil.
Segurança: DSND – preservação das “fronteiras
ideológicas”. Negava-se o terceiro-mundismo, percebendo como
Relacionamento mais próximo aos EUA- uma concepção ilusória.
algumas divergências pontuais sérias.
Ascensão da Europa e Japão permite maior O cenário internacional no início dos anos 70 se
liberdade de atuação da diplomacia. caracterizava, segundo estrategistas da política
Ver algumas diretrizes à pag. 66 externa, por uma diversificação do núcleo do sistema
mundial. com o desenvolvimento de novos centros
Durante o governo Médici foram criados diferentes capitalistas no cenário internacional, devido ao boom
órgãos técnicos, militares e administrativos com poder econômico da Europa Ocidental e do Japão, mas
de decisão, que minimizaram a força política exclusiva também da Europa socialista, percebia-se o declínio
do executivo. Assim, os tecnocratas foram relativo da hegemonia norte-americana.
fortalecidos, fortalecidos em o ministro Delfim Neto.
Nesse cenário, surgiu condições para as consideradas
O modelo econômico e militar, somado a indefinição as potências médias, como a Índia e a China, atuarem
do Itamaraty suas atribuições específicas, produziu e como subcentros, com poder de barganha ampliado.
relativo esvaziamento das pressões diplomáticas em
favor da participação de órgãos Finalmente, essa é a verdadeira tendência à
burocráticos, essencialmente técnico ou ligados à multipolarização das relações internacionais gerava
segurança. maior liberdade de movimento aos países que fossem
capazes de contornar os mecanismos de dominação
Delfim Neto acreditava em uma cooperação mais intrínsecos à associação vertical com o poder
elaborada com o primeiro mundo, pois entendia que o hegemônico.
milagre econômico pela sua lógica interna e externa
implicava uma relação privilegiada. O governo Médici, percebendo as transformações em
curso no sistema internacional, escolheu uma postura
Por outro lado, parte do Itamaraty, que se tornando de menor resistência, procurando brechas, buscando
cada vez mais influente, advogada por um retorno tirar proveito dos desequilíbrios nas relações norte-sul.
alguns princípios da PEI, destacando a importância de Ao mesmo tempo, as relações de poder já
uma aproximação com o terceiro mundo e com os estabelecidas.
organismos internacionais.
Através de uma vida individual, a estratégia era de
Segurança: A política externa brasileira desenvolveu- uma boa posição do Brasil, gradual e oportuna dentro
se, ideologicamente, através da Doutrina de do imperialismo.
Segurança Nacional, cujo conteúdo gel político e
estratégico definir a necessidade de preservar as
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O projeto de Grande Potência não poderia rejeitar ou a tentativa isolada no caminho do desenvolvimento
recurso, tão pouco de preconceito contra qualquer e da autonomia internacional. Optou pela segunda por
colaboração exterior. O Brasil procurou ampliar o forte influência de fatores externos. O Brasil poderia
poder de barganha com os Estados Unidos sem ascender isoladamente ao nível de potência ao lado do
questionar o sistema interno, visando o mundo democrático do Norte e, ao mesmo tempo,
desenvolvimento industrial. não precisaria rever o modelo político doméstico.
Os acordos travados indicavam os setores de interesse Europa Ocidental, Socialistas, África e Ásia
específico que ligavam os dois países, em um Realce para as questões econômicas.
contexto de um relativo afastamento. Destaque para as relações com a Alemanha:
econômicas, financeiras e
Relações com América Latina tecnológicas( nuclear especialmente)
Caráter bilateral e terceiro-mundista. Presença na África e Oriente Médio – petróleo
Solidariedade com o terceiro mundo e ao e mercado consumidor de produtos
mesmo tempo compromisso com o brasileiros.
desenvolvimento nacional de forma individual. Manteve-se equidistante da questão politico
Articulou e participou de golpes militares em envolve Israel e Árabes.
vários países da América do Sul.
Optou pelo Bilateralismo como opção A dimensão e econômica foi predominante nas
pragmática. relações bilaterais com Europa Ocidental, como os
Inicio dos acordos comerciais, técnicos, países socialistas, com a África e com a Ásia, embora
culturais e instalação de hidroelétrica. variando de intensidade e motivação, conforme as
América Central: acordos comerciais e regiões.
técnicos.
O Brasil, em relação aos países capitalistas
Emergia ação da diplomacia militar Paralela, vinculada desenvolvidos, procurou aproveitar as possibilidades
a ideia de Brasil Potência, Que implicavam afirmação de cooperação inauguradas com o a multipolarização
sobre determinada área geográfica, evitando a econômica e pelo início do declínio norte-americano.
Constituição de governos hostis a seus projetos (daí as
participação em golpes militares).
As relações com a Alemanha ocidental e com Japão
foram implementadas de forma acelerar. Como os
Relações bilaterais foram as folhas para inserção países europeus socialistas, a troca também foram
hemisférica brasileiras, visando à ampliação do identificadas.
Comércio através de linhas de crédito para compra de
produtos brasileiros, programas de cooperação
Terceiro mundo: progressos significativos a partir da
técnica com países menores e diversos acordos
inauguração de cooperação sistemática com a África
culturais para a vida de estudantes de graduação e
ocidental, processo similar ao ocorrido com os
pós-graduação por longos períodos.
pequenos Estados latino-americanos e com
aproximação da crise no Oriente Médio.
Essa última iniciativa visava ampliar a base para uma
futura cooperação técnica e econômica, bem como
Os contatos estabelecidos na Europa ocidental
ampliar a influência do Brasil no continente através de
buscavam reverter os problemas existentes, limitando
novos mecanismos.
a abertura de novos canais de cooperação.
1979)
A primeira medida da diplomacia do pragmatismo
responsável e ecumênico foi a aproximação dos países
Geisel foi o governante militar que desenvolveu uma
árabes. O Itamaraty, então, apoio o voto anti-sionistas
política externa mais ousada através da diplomacia do
junto à ONU adotou uma intensa política exportadora
chamado Pragmatismo Responsável e Ecumênico.
de produtos primários, industriais e serviços, em troca
do fornecimento de petróleo.
Geisel herdou índices satisfatórios para o
desenvolvimento brasileiro e, também, problemas
Assim, o Brasil estabeleceu uma cooperação muito
estruturais de um modelo que entregavam energia
próximas com potências regionais do Oriente Médio
importada barata e dependia do fluxo de
para a prospecção de petróleo e o desenvolvimento
investimentos de capitais estrangeiros e da utilização
tecnológico militar, traduzido em vendas de armas
de tecnologias igualmente importada.
brasileiras e projetos comuns para a fabricação de
mísseis.
Medidas: II PND, diversificação da fontes de
energia, implementação da prospecção de
Ocorreu incremento comercial com países que já
petróleo e produção de álcool como
possuímos vínculos no campo socialista e
combustível automobilístico, o projeto pró-
o restabelecimento das relações diplomáticas e
álcool.
comerciais com a China.
Contexto e orientações
Atuação brasileira nos organismos internacionais foi
Contexto externo – crise econômica (choque
de forte protagonismo, agora em convergência
do petróleo), derrota dos EUA no Vietnã, etc.
explícita com os demais países do terceiro mundo.
Universalização - multiplicação de contatos
internacionais e diminuição da pressão
hegemônica Novo relacionamento com a Europa ocidental e com o
Não alinhamento automático com os EUA; Japão, tendo em vista o problemático relacionamento
Corpo diplomático - “Pragmatismo com os Estados Unidos.
responsável”;
Reaproximação com a China comunista e o Na América Latina, o Brasil procurou maximizar as
regime de esquerda do MPLA; oportunidades de cooperação, abandonando o
Busca de novos mercados: ampliar a presença discurso ufanista de grande potência.
brasileira na África, Ásia e Europa
Busca de novas fontes de Energia; O comportamento pragmático do governo gaisel pode
ser comparado às iniciativas de Costa e Silva, bem
O Pragmatismo Responsável e Ecumênico como os canais de atuação definidos e ampliado e já
Divergência entre EUA: direitos humanos no no governo Médici.
Brasil e o impasse nuclear
Estratégia: afastar-se do campo hegemônico A grande diferença entre o governo Geisel e os demais
através da universalização da política externa consiste na existência de um projecto de
autonomização da indústria de base e nos grandes
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projetos de infraestrutura do país como resposta à Os atritos entre Brasil e Estados Unidos concentraram-
crise econômica mundial. se nos planos econômicos e político.
Plano econômico: Os atritos
Essa situação levou o país a uma agonismo com poder reproduziam questões de venda de
norte-americano, pois questões como o uso de Energia manufaturados para os Estados
Atômica em uma postura desafiadora quanto à Unidos, desinteresse norte-americano em
influência Regional e Internacional desse país foram contribuir para a reforma do sistema comercial
levantadas. e financeiro internacional;
Plano político: questões relacionadas
à tecnologia nuclear, direitos humanos,
O pragmatismo não foi somente a busca de
autonomia assumidas pelo Brasil nos fóruns
alternativas aos Estados Unidos no primeiro mundo.
internacionais ao rejeitar posicionamento que
Houve avanços no relacionamento qual os países
afetassem suas relações exteriores.
árabes, com a África Subsaariana e com a América
Latina.
A questão nuclear: os Estados Unidos queriam manter
a sua influência e a dependência dos outros estados
O governo Geisel reforçou o bilateralismo e ampliou as
no que concerne às questões nucleares. Já o governo
parcerias com países com qual o Brasil possuía
brasileiro, devido a experiências com o choque do
relações históricas. Estabeleceu mecanismo de
petróleo, considerada perigoso que a economia
cooperação via bilateralismo.
dependência de fatores externos para satisfazer às
necessidades de insumos fundamentais, procurando
O pragmatismo se caracterizou pela multilateralização
evitar o que aconteceu com o petróleo.
e pelo aprofundamento do bilateralismo.
As difíceis relações com os Estados Unidos Geisel reagiu denunciando a interferência nos assuntos
internos, rejeitando qualquer ajuda que tivesse ligado
e a cooperação com a América Latina a questões internas.
Um novo impulso as relações extra O fato de a China ser o único país em desenvolvimento
hemisféricas a situar-se no centro do sistema Mundial do poder
propiciado ao Brasil a possibilidade de construir uma
As capitais europeias e Tóquio representarão uma
aliança estratégica com uma potência
alternativa a Washington.
diferente, ampliando concretamente de forma
imediata sua capacidade internacional de barganha.
Os projetos de infraestrutura e a necessidade de
obtenção de tecnologia, fundamento básicos do
Persistiu a ambiguidade da PEB no plano multilateral,
modelo de desenvolvimento adotado pelo Brasil,
ora aceitando a tese do centro desenvolvidos, ora
encontraram nas relações com a Europa ocidental e
ajustando-se aos interesses dos países em
com o Japão a possibilidade de subverter a
desenvolvimento, ou ainda posicionando-se de forma
dependência em relação aos Estados Unidos.
completamente independente de ambos os grupos.
Em razão das necessidades de petróleo, a balança Fracasso das negociações com o norte desgastou a
comercial brasileira com o Oriente Médio sempre foi ação conjunto dos países do terceiro mundo.
deficitária.
O Brasil buscou aproximar-se de centros desenvolvidos
Uma das medidas de maior impacto do pragmatismo e em desenvolvimento. a aproximação com os países
responsável e ecumênico foi o estabelecimento de do terceiro mundo, aparentemente, foi uma
relações diplomáticas com a China em 1974. Interesses estratégia para a modificação da ordem internacional
brasileiros dirigiu-se ao petróleo, ao carvão mineral e a em nome do interesse nacional.
insumos farmacêuticos, e os chineses e os
manufaturados. Temas sensíveis e antes tratados de forma genérica e
tênue, ex.: descolonização da África e a questão
Palestina, foram tratados de forma direta e emfática. O
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Brasil posicionava se favoravelmente à descolonização
e à retirada de Israel dos territórios ocupados. Universalismo
Caráter nacionalista:Decisões de acordo com
Com relação aos temas tradicionais da diplomacia tradições e modo de viver dos brasileiros.
brasileira mas teve uma postura na defesa de uma Rompimento da aliança especial com os EUA.
ordem mais justa e que desmembrasse os interesses Brasil x Argentina: Desenvolvimento
dos países em desenvolvimento (apelo à segurança hidrelétrica de Itaipu.
Econômica coletiva, reivindicação da reforma do Angola: Apoio concreto à Independência.
sistema comercial internacional, críticas à política dos Israel: Condenação – Sionismo como uma
países desenvolvidos em relação ao meio ambiente e forma de Racismo na ONU.
ao congelamento do Poder Mundial pelas China, Japão e Alemanha: Estreitamento dos
superpotências). laços.
Continente Africano: Aproximação.
no contexto de crise econômica, o país rompeu com o Tratado de Assistência Militar com os EUA:
ufanismo nacional, na medida em que seus impactos Denúncia
foram visíveis na balança comercial. União Soviética: Acordo
Amazônia: Tratado de Cooperação.
Geisel respondeu a essa crise estrutural através da
aceleração do crescimento, apesar do aumento do A política externa do governo Figueiredo
endividamento, do aproveitamento da ofertas de (1979/1985)
fundo procedentes da OPEP e de Investimentos
orientados para a criação de capital e tecnologia
Política externa baseada na continuidade do
intensivos.
pragmatismo responsável e ecumênico.
Brasil e Argentina declararam conjuntamente o Procurou consolidar as relações com diversos países
repúdio ao Apartheid, assim como se posicionaram nas perspectivas de fortalecer UM eixo de cooperação
juntos em outras questões africanas. que redimencionasse a inserção internacional do Brasil.
O Brasil apoiou a Argentina na questão das Malvinas. O reposicionamento frente aos Estados Unidos foi um
ponto crucial para efetivar tal política.
Relações com países desenvolvidos e com
a Europa Socialista. As dificuldades no plano econômico tornariam
Relações no âmbito bilateral com países imperativo para o Brasil buscar parcerias multilaterais e
desenvolvidos: tecnologia, comércio; bilaterais que instrumentalizassem o país em suas
cooperação com Alemanha, França, Reino estratégias para o entendimento internacional.
Unido e Benelux.
Ampliação das relações com países socialistas, Ênfase no multilateralismo.
em especial, URSS
Relações com África, Ásia e Oceania. Manteve-se a aproximação com os países do terceiro
Maior atenção com países de língua mundo, em com a América Latina.
portuguesa na África
Oriente Médio – exportações de armamentos e As dificuldades de diálogo com os centros
cooperação no campo tecnológico; favorável à desenvolvidos e a tentativa de desmonte do modelo
partilha de dois Estados: Israel e Palestina. de seu desenvolvimento industrial, além dos demais
Ásia – intensifica relações com a China – setores estratégicos, fizeram com que o Brasil
apesar de alguns atritos comerciais houve procurar se articular projetos de cooperação fora do
contatos no campo da cooperação cientifico- Eixo norte-sul.
tecnológico.
Organizações Internacionais O governo brasileiro reforçou suas relações com a
Continuidade em relação aos governos África, desenvolveu uma nova postura frente aos
anteriores. países socialistas, dispensou alto grau de atenção as
suas relações com o Oriente Médio países árabes e
Debates relacionados a dívida externa brasileira e a percebeu na Ásia em centro emergente, de grande
negociação da mesma. importância na configuração do sistema internacional.
Um dos traços marcantes do governo Figueiredo foi a Impasses políticos e econômicos da nova república
tentativa de preservar a autonomia do Brasil na denunciavam a assimetria entre os estados
questão de segurança. diversificando as áreas de atrito entre os países
periféricos e os centrais.
Brenda Fontana – Relações Internacionais
As difíceis negociações concernentes ao
endividamento externo e as retaliações dirigidas contra Europa e Japão – dificuldades: protecionismo dos
as políticas de desenvolvimento Nacional dificultavam dois lados em relação a produtos agrícolas,
o papel do Brasil no diálogo norte-sul. manufaturados, entre outros; prejuízos com a
ampliação da comunidade. Mesmo assim, os negócios
Temas centrais das PEB muitas vezes eram ignorados e as cooperações aumentaram.
pelos centros de poder, obstruindo o
encaminhamento de questões de interesse nacional.