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Para uma leitura do poema “Autopsicografia”, Fernando Pessoa

Tema: apresentação da teoria do fingimento poético


(o que passa na elaboração de um poema/criação artística)

Dor real, sentida =


emoção, sentimento do poeta
“A dor que deveras sente”

Processo de intelectualização, racionalização, transformação


“Finge” → “O poeta é um fingidor” (alguém que cria imagens poéticas)

Dor fingida, imaginária =


dor poética, ficcionada
“chega a fingir que é dor”

Processo de interpretação por parte do leitor

Dor lida, interpretada (objeto de fruição por parte do leitor)


“Na dor lida sentem bem,
Nas as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm”*

* verso que remete indiretamente para uma quarta dor (a dor que eles não têm, ou seja, a dor/emoção real dos próprios
leitores é diferente da “dor lida”, isto é, “a que eles não têm”

A criação artística é a transformação intelectual da emoção (fornecida pelo “coração”, equiparado a


um “comboio de corda”, que entretém a razão). A emoção/dor é a matéria-prima da razão/intelecto.

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