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Brazilian Journal of Development 17351

ISSN: 2525-8761

Garantia de acesso dos medicamentos de uso contínuo pelos pacientes


na atenção básica no Município do interior de Goiás
Ensuring access to continuous use drugs by patients in primary care in
a Municipality in the interior of Goiás

DOI:10.34117/bjdv8n3-123

Recebimento dos originais: 14/02/2022


Aceitação para publicação: 10/03/2022

Bruno Rogério Ferreira


Mestrando no Programa de Pós-graduação Stricto
Instituição: Universidade Estadual de Goiás, Campus Morrinhos - Goiás
Endereço: R. Quatorze, 327 - Jd. América, Morrinhos - GO, CEP: 75.650-000
E-mail: dermatofarma@gmail.com

Letícia Cristina Alves de Sousa


Mestranda no Programa de Pós-graduação Stricto
Instituição: Universidade Estadual de Goiás, Campus Morrinhos - Goiás
Endereço: R. Quatorze, 327 - Jd. América, Morrinhos - GO, CEP: 75.650-000
E-mail: leticiafarma@gmail.com

Idari Francisco de Oliveira Netto


Especialista em Gestão de Assistência Farmacêutica no SUS
Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC
E-mail: nettoidari23@gmail.com

Igor Caldeira Silva


Especialista em Gestão de Assistência Farmacêutica no SUS
Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC
E-mail: igorcaldeira1056@gmail.com

Kênnia Rodrigues Tassara


Mestranda no Programa de Pós-graduação Stricto
Instituição: Universidade Estadual de Goiás, Campus Morrinhos - Goiás
Endereço: R. Quatorze, 327 - Jd. América, Morrinhos - GO, CEP: 75.650-000
E-mail: enfkenniatassara@gmail.com

Isabela Jubé Wastowski


Docente no Programa de Pós-graduação Stricto
Instituição: Universidade Estadual de Goiás, Campus Morrinhos - Goiás
Endereço: R. Quatorze, 327 - Jd. América, Morrinhos - GO, CEP: 75.650-000
E-mail: wastowski@gmail.com

RESUMO
Apesar dos avanços ocorridos em relação a atenção básica de saúde, a dificuldade de
acesso aos medicamentos continua sendo um entrave para a garantia da integralidade das
ações. Com base no contexto da Assistência Farmacêutica do município de estudo e
diante da necessidade de facilitar o acesso aos medicamentos aos usuários, pretendeu-se

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descrever a elaboração do Plano Operativo (PO), onde foram identificados os problemas


e posteriormente foram identificados seus descritores, pois assistência farmacêutica não
consiste em comprar e distribuir medicamentos. A elaboração do Plano Operativo fez-se
necessária pela necessidade de promover a ampliação da resolutividade das ações da
Assistência Farmacêutica do município observado, a fim de assegurar a oferta de
medicamentos, em qualquer dos níveis de atenção à saúde, mediante critérios de
necessidade, quantidade, qualidade, risco/benefício, custo/benefício e acessibilidade do
usuário.

Palavras-chave: acesso a medicamentos, assistência farmacêutica, plano operativo.


ABSTRACT
Despite the advances that have occurred in basic health care, the difficulty of access to
medicines remains an obstacle to ensuring the completeness of actions. Based on the
context of Pharmaceutical Care in the study municipality and the need to facilitate access
to medicines to users, the intention was to describe the preparation of the Operative Plan
(OP), where the problems were identified and then their descriptors were identified, since
pharmaceutical assistance does not consist of buying and distributing medicines. The
elaboration of the Operative Plan was made necessary by the need to promote the
expansion of the resolutivity of the actions of Pharmaceutical Assistance in the
municipality observed, in order to ensure the supply of medicines, at any level of health
care, through criteria of need, quantity, quality, risk/benefit, cost/benefit and accessibility
to the user.

Keywords: access to medicines, pharmaceutical assistance, operative plan.

1 INTRODUÇÃO
A Constituição Federal em 1988. Esta estabeleceu a saúde como direito social
(Art. 6º) e o seu cuidado como competência comum da União, dos estados, do Distrito
Federal e dos municípios (Art. 23).

O Art. 196 determina que A saúde é direito de todos e dever do Estado,


garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações
e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. (BRASIL, 1988, p. 154)

Após a inclusão da saúde como direito de todo cidadão, na Carta Magna do nosso
país, o sistema de saúde brasileiro passou por transformações importantes dentre elas a
criação, regulamentação e implantação do Sistema Único de Saúde – SUS nas décadas
de 80 e 90.
O Sistema Único de Saúde - SUS - foi criado pela Constituição Federal de 1988
e regulamentado pelas Leis n.º 8080/90 (Lei Orgânica da Saúde) e nº 8.142/90, com a
finalidade de alterar a situação de desigualdade na assistência à saúde da população,
tornando obrigatório o atendimento público a qualquer cidadão, sendo proibidas

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cobranças de dinheiro sob qualquer pretexto. Nesse sentido a implantação do SUS,


representou para os gestores, trabalhadores e usuários do sistema uma nova forma de
pensar, de estruturar, de desenvolver, de produzir serviços e assistência em saúde, uma
vez que a universalidade de acesso, a integralidade da atenção, a equidade, a participação
das comunidades e a descentralização tornaram-se os princípios do novo sistema.
(BRASIL, 1990)
Com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) foi previsto ao cidadão o direito
cidadão à assistência farmacêutica, porém esse direito só foi regulamentado dez anos
depois, com a publicação da Política Nacional de Medicamentos (PNM). Esta política
fortalece os princípios e as diretrizes do SUS, objetivando ainda a garantia da eficácia e
segurança no uso racional de medicamentos e, enfim, assumindo um papel estratégico
como atividade essencial na atenção à saúde da população brasileira (BRASIL, 1998).
A Assistência Farmacêutica (AF) é entendida como parte integrante de um
conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto individual
como coletiva, tendo o medicamento como insumo essencial e visando o seu acesso e o
uso racional. Este conjunto envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de
medicamentos e insumos, bem como a sua seleção, programação, aquisição, distribuição,
dispensação, garantia da qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação
de sua utilização, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da melhoria da
qualidade de vida da população, sendo responsabilidade da coordenação ou gerencia da
Assistência Farmacêutica executar e supervisionar tais ações (BRASIL, 2004).
No SUS, a AF vem se estruturando ao longo dos últimos anos, norteadas dentre
diversas políticas, pela Política Nacional de Medicamentos (PNM) e da Política Nacional
de. Assistência Farmacêutica (PNAF), e, enfim, assumindo um papel estratégico como
atividade essencial na atenção à saúde da população brasileira. Tais políticas parte da
prerrogativa de que é necessário construir uma gestão na qual esta área possua relevância
nas práticas assistenciais com vistas a assegurar o acesso e a promover o uso racional dos
medicamentos (AZEREDO, 2013).
O município de estudo, está localizado no Centro Oeste Goiano a 80 km da capital
do estado e 282 da capital federal, ele teve sua origem na mineração de ouro, pois era
passagem das tropas para a antiga capital do estado. A cidade possui conforme o Instituto
Brasileiro de Geologia e Estatística (IBGE, 2010) uma população estimada de 21,338
habitantes, uma área territorial de 979,230 km ², densidade demográfica de 20,67
hab/km², e faz divisa com os municípios de Mossâmedes, Itaberaí, Adelândia, Americano

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do Brasil, Turvânia, Nazário e Avelinópolis. A cidade possui sua economia voltada em


sua maioridade para a atividade sucroalcooleira, existem também pequenas empresas que
ajudam a manter a economia da cidade como, por exemplo, a indústria de sabão,
frigorífico, confecções, laticínios, entre outros.
Na estrutura da saúde, segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde
(CNES), o município possui um total de 23 estabelecimentos cadastrados. Destes, 14 são
estabelecimentos públicos e 09 estabelecimentos privados. Vale ressaltar que os
estabelecimentos públicos são: 08 unidades básicas de saúde, 01 unidade de vigilância
sanitária municipal, 01 unidade de centro de reabilitação em psicologia e em fisioterapia
(CRA), 01 unidade do centro de apoio psicossocial (CAPS), uma unidade de secretaria
municipal de saúde onde é expedido todo pedido ou solicitação de exames ou consulta de
media ou alta complexidade, 01 unidade do serviço de atendimento móvel de urgência
(SAMU 192), 01 unidade hospitalar, com 27 leitos ativos e 01 unidade básica
de dispensação de medicamentos (DATASUS, 2014).
Se tratando dos estabelecimentos particulares o município, conta com 01 clínica
médica sem internação, 02 laboratórios de análises clínicas, 03 consultórios de próteses
dentária, 01 estúdio de fisioterapia e 02 consultórios odontológicos (CNES, 2014). De
acordo com o CONASS (2011), a assistência Farmacêutica, mesmo tendo o farmacêutico
como profissional imprescindível para desenvolver suas ações, deve ser formada por uma
equipe multidisciplinar, capaz de responder pela operacionalização das atividades, pelo
cumprimento das especificações técnicas e normas administrativas, pelo cumprimento
dos aspectos jurídicos e legais, administrativos e financeiros, pelo sistema de informações
e pela gestão eficiente do estoque. Para que isto seja possível, é necessário prover a
Assistência Farmacêutica dos recursos necessários e indispensáveis para o
desenvolvimento de suas atividades.
Embora seja proposta do CONASS, as atividades da assistência farmacêutica, do
município estudado encontram-se inseridas no Plano Municipal de Saúde, porém o
município não conta com a Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT) formada, isso faz
com que a seleção de medicamentos se torne menos eficiente e coerente com a demanda
do município, assim a relação municipal de medicamentos essenciais vigente obedece,
exclusivamente, ao elenco mínimo preconizado na legislação para o Componente Básico
da Assistência Farmacêutica.
A Unidade da Farmácia Municipal, dispensam gratuitamente à população
medicamentos básicos e estratégicos, vinculados à prestação de serviços, como a atenção

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farmacêutica, possibilitando uma integração maior com os outros serviços de saúde


oferecidos no município. Em relação a estrutura física da farmácia, ela foi alocada em
prédio próprio do município no ano de 2010, antes o atendimento era realizado dentro
uma sala da unidade de saúde. A Farmácia Municipal possui, uma sala de dispensação
com ar-condicionado, central de abastecimento farmacêutico (CAF) anexa a esta e o
atendimento/ dispensação é feito através de uma janela voltada para o pátio do
estabelecimento.
Conforme a Política Nacional de Medicamentos, a dispensação de medicamentos
foi definida na como:

é o ato profissional farmacêutico de proporcionar um ou mais medicamentos a


um paciente, geralmente, como resposta a apresentação de uma receita
elaborada por um profissional autorizado. Neste ato o farmacêutico informa e
orienta o paciente sobre o uso adequado do medicamento. São elementos
importantes da orientação, entre outros, a ênfase no cumprimento da dosagem,
a influência dos alimentos, a interação com outros medicamentos, o
reconhecimento de reações adversas potenciais e as condições de conservação
dos produtos (BRASIL, 2002).

Nesse contexto, a dispensação não se resume somente como o fornecimento do


medicamento prescrito, ela engloba também atender os aspectos técnicos, com o objetivo
de garantir a entrega do medicamento correto ao usuário, na quantidade prescrita, e na
dosagem com instruções suficientes para seu uso adequado e guarda correta (CONASS,
2011).
A unidade básica de dispensação de medicamentos a qual se destinou a realização
do plano operativo, conta com um atendimento médio de 120 pacientes por dia, a unidade
é gerida por um farmacêutico e conta com auxílio de duas pessoas para a dispensação de
medicamentos, a unidade está ligada diretamente a coordenação da atenção básica e a
secretária municipal de saúde, o acesso aos serviços ofertados na unidade (dispensação
de medicamentos de uso continuo, alguns insumos farmacêuticos e os medicamentos de
uso controlado como prevê a portaria MS/SVS n.º 344, de 12 de maio de 1998, sendo a
lista destas substâncias constantemente atualizada, se dá pela procura do paciente pelo
medicamento através de receituário).
Conforme Novaes (2009), assim como a saúde é um direito fundamental do ser
humano, o medicamento é um insumo básico para o cuidado da saúde da população,
estando intimamente ligado à Assistência Farmacêutica, por ser assistencial e ser o elo
final do paciente com a unidade de saúde, porque o paciente pode ter todos os serviços de

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qualidade, mas, se não tiver o medicamento, o tratamento será comprometido. Para


Garantir esse direito é necessário que haja uma Assistência Farmacêutica de qualidade e
bem articulada com outras áreas.
Apesar dos avanços ocorridos em relação a atenção básica de saúde, a dificuldade
de acesso aos medicamentos continua sendo um entrave para a garantia da integralidade
das ações. Assim, o objetivo do trabalho é avançar na compreensão de como garantir o
acesso e a relevância do acesso mensal aos medicamentos de uso continuo distribuídos
pela secretaria de saúde através da unidade de dispensação, visto que a dificuldade de
acesso ao medicamento por parte dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS),
Unidades básicas de Saúde sem farmacêutico e a ausência de documentação científica,
tem sido um dos maiores problemas para que seja feita a prática da atenção farmacêutica
que é priorização a orientação o acompanhamento farmacoterapêutico e a relação direta
entre o farmacêutico e o usuário de medicamentos.

2 METODOLOGIA
No primeiro momento, a definição do foco e escolha dos atores foi realizada na
sede da Farmácia Municipal, onde ficou marcada a data para a primeira oficina para
identificação, priorização, e explicação do problema. O trabalho foi desenvolvido dentro
dos padrões do planejamento estratégico situacional (PES).
O Planejamento Estratégico Situacional (PES) foi concebido na década de 80 por
Carlos Matus, economista chileno, como proposta teórico-metodológica para planejar e
governar. No entendimento de Matus (1993), o planejamento pode ser definido como uma
ferramenta de liberdade, pois permite explorar possibilidades e escolher, o que propicia à
razão humana ter domínio sobre as circunstâncias. Utilizado e adaptado em áreas como
saúde e educação, a flexibilidade desta estratégia de planejamento favorece a sua
aplicação nos níveis setoriais, sem deixar de situar os problemas em um contexto amplo,
mantendo a riqueza da análise de viabilidades e de possibilidades de intervenção na
realidade.

Conforme Matus (1993), para operacionalizar o planejamento torna-se necessário


especificar as atividades previstas, através do detalhamento da estrutura necessária, das
tarefas e rotinas, do tempo e dos custos para a realização das operações. Este
processamento técnico-político dos problemas se dá através de quatro momentos
repetitivos, que permitem abordar de forma sistemática e metodológica os instrumentos

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práticos de planejamento: Momento Explicativo, Normativo, Estratégico e Tático-


Operacional. Cada momento representa uma visão dinâmica do processo de planejamento
e se caracteriza pela permanente e constante interação e retomada de suas fases durante o
processo de planejamento.
O momento explicativo é aquele onde se está indagando sobre as oportunidades e
problemas que enfrenta o ator que planeja e buscando, antes de tudo, explicar identificar,
expor suas origens e causas. Relaciona-se a compreensão do que foi e do que tende a ser
a realidade. Trata-se, do momento em que o problema declarado é explicado e descrito
em suas manifestações imediatas, suas causas e consequências. Isso é feito por meio da
explicação situacional, que implica levantar e analisar os problemas relevantes na
conjuntura inicial.
No momento explicativo o convite para os atores participar da primeira oficina foi
feito através de carta, explicando a importância da realização da oficina para a melhoria
da assistência farmacêutica no município. A realização da oficina para elaboração do
momento Explicativo do Plano Operativo, era para ter acontecido do dia 28 de agosto do
ano de 2014, fato que não aconteceu devido a reforma da Unidade básica de dispensação
de medicamentos do município e pelos transtornos causados pelo mesmo. A oficina foi
remarcada e realizada no dia 21 de novembro na própria unidade de dispensação, foram
convidados nove atores dos quais dois da classe médica, dois usuários, um auxiliar
administrativo, um advogado da parte de licitação de medicamento, um do setor de
compras, um do financeiro e a gestora Municipal de saúde, conforme mostra o quadro 1.

Quadro 1 - profissionais envolvidos


Atividade Atores Justificativa
Médico Prescritor Profissional responsável pela prescrição de
Dispensação de medicamentos a sociedade.
Medicamentos Usuário Parte Consumista.
Auxiliares Administrativos, Auxílio na dispensação de medicamentos a
que trabalham na farmácia. população e outros serviços burocráticos
relacionados a farmácia.
Participação no processo Advogados e Pregoeiro da Parte responsável pela legalização e
Licitatório. Sec. Saúde. consumação das licitações para compra de
Medicamentos.
Setor de Compras Parte que tem contato direto com os
fornecedores e realiza as compras.
Financeiro Parte que toma conta das contrapartidas
Requisição e Recebimento repassadas fundo a fundo ou municipais.
do material médico CAF Parte responsável pelo correto armazenamento
hospitalar. dos medicamentos e materiais e distribuição
para as unidades.
Secretária Municipal de Parte que autoriza as compras.
Saúde
Fonte: Pesquisador

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Dentre os atores envolvidos, apenas seis compareceram a oficina, a apresentação


do projeto foi feita de forma simples e rápida, informando a importância dessa análise
situacional dentro do foco escolhido e a melhoria dos serviços com a elaboração do Plano.
Foi realizada uma dinâmica de interação com os participantes e a receptividade dos atores
para com o plano foi relevante e acatada com clamor pelos envolvidos, uma vez que fica
claro a melhora dos serviços após a elaboração e utilização na prática dele. Após a
apresentação da proposta de elaboração de um Plano Operativo para Unidade básica de
dispensação de medicamentos do município, foram elencados os problemas descritos no
quadro 2:

Quadro 2 - problemas identificados na oficina


N° Problema identificado
01 CAF fora dos padrões mínimos estabelecidos
02 Falta de outro profissional farmacêutico
03 Espaço físico inadequado da farmácia
04 Falta de medicamentos.
Fonte: Pesquisador

Com a relação de problemas elencados, realizou-se a matriz de priorização, onde


cada participante emitiu uma pontuação para os problemas elencados, conforme os
parâmetros estabelecidos.
A priorização do problema aconteceu de forma simples e rápida, após elencados
os principais problemas cada ator votaria de forma sigilosa de acordo com os quesitos já
pré-postas, adicionando uma nota de 0 a 10 para cada quesito. Ao final foi feita a soma
geral e foi dado o resultado. Não houve nenhum tipo de conflito na votação, as reações
foram as mais diversas possíveis, pois surgirem os assuntos e a discussão sobre eles vão
tomando forma e cada vez mais ideias e assuntos em relação a melhoria e a realização do
projeto vão surgindo.
Após a priorização do problema, por sugestão da gestora municipal de saúde o
problema foi reescrito e focado ou desmembrado, sem nenhuma objeção dos atores
participantes da oficina a sugestão foi aceita e acatada, não sendo mudado o contexto
escolhido: A falta de medicamentos, após a mudança foi dado o seguinte nome ao
problema: A interrupção de acesso de medicamentos de uso contínuo, da população
Anicuense no ano de 2014

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Tabela 1 - matriz de priorização do problema


Magnitude Transcendência Vulnerabilidade Urgência Factibilidade
PROBLEMA
Tamanho Interesse Reversão Espera Recursos Total
CAF fora dos 49 55 50 56 50 260
padrões mínimos
estabelecidos.
Falta de outro 50 55 54 56 54 269
profissional
farmacêutico
Espaço físico 49 54 55 45 49 252
inadequado da
farmácia
Falta de 60 60 60 60 60 300
medicamentos

Fonte: Pesquisador

A explicação do problema foi feita de forma clara, mostrando aos atores as


possíveis causas de não acesso contínuo aos pacientes dos medicamentos que deveriam
ser usados de forma contínua, aproveitando o momento e construindo a espinha de peixe.
Os atores que mais se manifestaram foram a gestora municipal e o representante do setor
financeiro, principalmente quando se falava em contrapartidas que tem que ser feitas pelo
poder municipal quanto a compra de medicamentos. Como dito no momento de
priorização do problema o problema foi reescrito pelo fato de focarmos e desmembrarmos
o assunto que seria tão amplo. A consequência convergente encontrada sem sombra de
dúvida é a insatisfação do paciente com a assistência farmacêutica e a não adesão de seu
tratamento o que poderá acarretar mais gastos aos cofres públicos com internações e
outros agravos.
Após o momento explicativo, passou-se ao momento normativo que segundo
Artmann (2012), é entendido como deve ser a situação ideal e o plano de intervenção para
alcançar essa situação. As causas darão origem aos objetivos gerais e específicos, bem
como às operações e ações necessárias para alcançar o resultado. Para cada causa são
elaboradas uma ou mais operações que representem propostas de intervenção sobre o
problema. As operações são consideradas compromissos de ação ou meios de intervenção
que utilizam recursos organizativos, políticos e econômicos que geram produtos ou
resultados.
No momento normativo, após a explicação do problema proposto “A interrupção
do acesso de medicamentos de uso contínuo, da população do município no ano de 2014”
para a Unidade Básica de dispensação de medicamentos do município estudado, foi
desenvolvida a matriz do momento normativo. A partir da causa convergente “Falta de

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um modelo organizacional” e da consequência convergente “Baixa na resolubilidade da


atenção básica” foi definindo como objetivo geral: Construir um plano organizacional
para a estruturação e melhoria da assistência farmacêutica municipal, aumentando a
resolubilidade na atenção básica.
A partir das causas e consequências secundárias foram definidos os objetivos
específicos para os quais foram estabelecidas as operações e ações conforme matriz do
momento normativo, apresentadas no quadro 3.

Quadro 3: matriz objetivos específicos

OBJETIVOS OPERAÇÕES AÇÕES


ESPECÍFICOS
Verificar a disposição dos
participantes.
Oferecer cursos de educação Destinar recursos Físicos, Marcar com antecedência as datas das
continuada pra os profissionais financeiros e de pessoas para capacitações.
prescritores (médicos e a realização das oficinas. Definir cronograma e escala para
dentistas), e para os participação nas atividades de
funcionários da assistência capacitação e educação permanente.
farmacêutica.
Identificar fontes de recursos para
educação permanente e capacitações.
Elaborar um projeto para receptação
de recursos.
Estabelecer normas, planilhas e
Implantar o sistema critérios que favoreçam a solicitação
disponibilizado pelo de medicamentos a farmácia e o
ministério da saúde para o abastecimento rápido das unidades.
controle de dados sobre Capacitar os Recursos Humanos
consumo, estoque e envolvidos.
Melhorar o processo de demanda das unidades. Apresentar ao Secretário o Projeto de
distribuição nas unidades de adesão ao Sistema Horus
saúde da família.
Adquirir computadores e
equipamentos
Disponibilizar transporte rápido para a
Viabilizar transporte Unidade básica de dispensação de
adequado e disponível para medicamentos abastecer as unidades
farmácia destinado a de saúde da família, uma vez que o
abastecer unidade veículo já existe na secretaria e não
será preciso a compra de um novo.
Ter colaborador responsável por
transportar dados e produtos entre
unidades.
Produzir material informativo sobre
Organizar a dispensação de Orientar e conscientizar uso correto de medicamentos.
medicamentos para garantir o sobre descarte e uso correto Orientar sobre interações
uso correto de medicamento e de medicamentos medicamentosas e reações adversas ao
seu desperdício. medicamento.
Fonte: Pesquisador

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Para a construção da matriz do momento normativo, foi realizada uma nova


oficina essa no dia 05 de dezembro do ano de 2014, o qual contou com a presença de
cinco dos seis atores participantes na primeira fase do plano operativo em construção,
participaram da construção da matriz do momento normativo os seguintes atores: um
médico, um usuário, um auxiliar administrativo, um da parte de licitação de medicamento,
um do financeiro, faltante somente a gestora municipal por motivos justo. A oficina foi
serena e de fácil entendimento pelos atores. Iniciamos com uma gincana de motivação,
em seguida prosseguimos com a revisão geral da primeira fase que foi feita no dia 21 de
novembro de 2014, em seguida foi feita a explicação sobre a continuação do projeto e do
momento que estávamos realizando naquele encontro. Para elaboração da matriz foi
necessário a revisão da espinha de peixe que pouco foi alterada. Sendo estabelecido o
objetivo geral, objetivos específicos e as ações, após as ações realizadas encerrou-se a
oficina ficando marcado o próximo encontro para o dia 09 de janeiro de 2015.
Conforme Artmann (2012), o Momento Estratégico analisa e constrói a
viabilidade do plano nas dimensões política, cognitiva econômica e organizativa, bem
como define estratégias quando são identificadas interferências negativas que
inviabilizam o processo. Esse é o momento de pensar como deve ser a articulação entre
o “deve ser” (desejo) e o “pode ser” (realidade).
No momento estratégico foram estabelecidas as operações e ações do Plano
Operativo para a Unidade básica de dispensação de medicamentos do Município de
estudo, com objetivo de: Construir um plano organizacional para a estruturação e
melhoria da assistência farmacêutica municipal, aumentando a resolubilidade na atenção
básica. A próxima etapa foi analisar a viabilidade e factibilidade por meio da matriz do
momento estratégico. A elaboração da matriz do momento estratégico aconteceu em outra
reunião na unidade básica de dispensação de medicamentos do município de os atores
participantes das outras oficinas foram convidados e compareceram em hora e data
marcada para a realização dela. A presença dos atores foi satisfatória, foi necessária a
releitura do último momento (normativo) para a elaboração da matriz do momento
estratégico.

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Quadro 4: Matriz momento estratégico


OBJETIVO
ESPECÍFICO Oferecer cursos de educação continuada para os profissionais prescritores (médicos e dentistas), e para os funcionários da assistência farmacêutica.
1:
ANÁLISE DE VIABILIDADE
ANÁLISE DE FACTIBILIDADE
(Poder)
Déficit Atividade
Recursos
OPERAÇÕES AÇÕES decidir executar manter Recursos necessários estratégica
existentes
Verificar a
disponibilidade
Recursos Materiais (telefone para
Recursos de agenda dos
Verificar a disposição dos ligação)
Sim Sim Sim materiais e Não participantes
participantes. Recursos Humanos (Assistente
humanos antes de marcar
administrativo para as ligações)
a data da
Oficina
O farmacêutico
líder da reunião
marcara com
Recursos Materiais (telefone para antecedência as
Recursos
Marcar com antecedência as ligação) reuniões,
Sim Sim Sim Materiais e Não
datas das capacitações. Recursos Humanos (Assistente observando
humanos
administrativo para as ligações) sempre as
escalar de
plantão já
propostas.
Sensibilizar os
coordenadores
Destinar dos
recursos Definir cronograma e escala Recursos participantes
Recursos Humanos (Coordenação de Falta de
físicos, para participação nas Não Não Não Materiais e que farão a
cada área para realização das escalas) Pessoal
financeiros e atividades de capacitação e Humanos capacitação
de pessoas para educação permanente. para
a realização organização do
das oficinas. cronograma.
Recursos Recursos Sensibilizar os
Não Não Não Recursos Humanos
Humanos Financeiros gestores quanto

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Identificar fontes de a importância


recursos para educação das
permanente e capacitações. capacitações
para os
profissionais.
Elaborar
projetos com
vistas a captar
Elaborar um projeto para Recursos Recursos
Sim Sim Não Recursos Humanos e Materiais recursos
receptação de recursos. Humanos Financeiros
voltados para
qualificação
profissional
OBJETIVO
ESPECÍFICO Melhorar o processo de distribuição nas unidades de saúde da família.
2:
ANÁLISE DE VIABILIDADE
ANÁLISE DE FACTIBILIDADE
(Poder)
Déficit ATIVIDADE
Recursos
OPERAÇÕES AÇÕES decidir executar Manter Recursos necessários ESTRATÉGICA
existentes
Estabelecer normas, Mostrar ao gestor
planilhas e critérios que municipal a
favoreçam a solicitação de Recurso importância e a
Sim Sim Sim Recursos Informáticos Recurso Financeiro
medicamentos a farmácia e Humano agilidade de um bom
o abastecimento rápido das Sistema
unidades. Informatizado.
Sensibilização dos
Recursos gestores quanto a
Capacitar os Recursos Recursos Humanos e
Não Sim Não Humanos e Recurso Financeiro importância das
Humanos envolvidos... tecnológicos
tecnológicos capacitações para os
profissionais.
Mostrar para o gestor
Apresentar ao Secretário o a praticidade dos
Recurso Recurso Informático e
Projeto de adesão ao Sim Não Não Recursos Informáticos relatórios gerados no
Humano financeiro
Sistema Horus sistema, assim como
se possível o encontro

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Implantar o com um farmacêutico


sistema de outro município
disponibilizado que já utiliza do
pelo ministério recurso.
da saúde para o Mostrar a parte
controle de jurídica a importância
dados sobre da aquisição desses
consumo, Recursos juridicos para Recurso Financeiro e
Adquirir computadores e Recurso equipamentos para o
estoque e Não Não Não a licitação e compra dos demora no processo
equipamentos Jurídico bom atendimento da
demanda das novos equipamentos licitatório
população e
unidades. cumprimento com as
normas do MS.
Disponibilizar transporte
rápido para a Unidade básica
Viabilizar Mostrar ao setor de
de dispensação de
transporte controle de transportes
medicamentos, abastecer as
adequado e a necessidade do
unidades de saúde da
disponível para Recurso Humano auxílio do carro para
família, uma vez que o Não Não Não Carro
farmácia (Motorista) e carro transporte adequado
veículo já existe na
destinado a dos medicamentos em
secretaria e não será preciso
abastecer horários estabelecidos
a compra de um novo,
unidade para as unidades.
apenas o remanejo do
veículo.
Mostrar ao setor de
controle de transportes
a necessidade do
Ter colaborador responsável
Recurso Humano e auxílio do carro para
por transportar dados e Não Não Não Carro Recurso Humano
financeiro transporte adequado
produtos entre unidades.
dos medicamentos em
horários estabelecidos
para as unidades.
OBJETIVO
ESPECÍFICO Organizar a dispensação de medicamentos para garantir o uso correto de seu desperdício.
3:
ANÁLISE DE VIABILIDADE
ANÁLISE DE FACTIBILIDADE Déficit
(Poder)

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ATIVIDADE
Recursos ESTRATÉGICA
decidir executar Manter Recursos necessários
existentes
OPERAÇÕES AÇÕES
Mostrar a gestão que
os gastos com outras
áreas de saúde podem
Humano ser minimizados se
Produzir material
(Agentes Humano e material e feito um trabalho de
informativo sobre uso Sim Não Não Financeiro
Comunitárias financeiro conscientização e
correto de medicamentos.
de saúde) educação da
Orientar e
população quando ao
conscientizar uso correto do
sobre descarte
medicamento.
e uso correto
Priorizar que a
de
dispensação de
medicamentos
medicamentos seja
Orientar sobre interações feita exclusivamente
medicamentosas e reações Sim Sim Sim Humano Humano Não por farmacêuticos para
adversas ao medicamento. esclarecimento de
eventual dúvida sobre
reações dos
medicamentos.

Fonte: Pesquisador

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Já que o planejamento é concebido como cálculo que precede e preside a ação, as


possibilidades ou o alcance do processo de planejamento se darão pela capacidade desse
cálculo alterar, conduzir, orientar as ações presentes. É o momento tático-operacional que
articula o planejamento situacional de conjuntura com o planejamento de situações-
perspectivas. O Momento Tático Operacional, é o “fazer” os momentos anteriores
transformam-se em ações concretas e ocorre o monitoramento das ações e seus ajustes. É
o ponto central na mediação entre o conhecimento e a ação.
No momento Tático operacional foi elaborado protocolos de indicadores de
monitoramento para o plano operativo para a resolução do problema “A interrupção do
acesso de medicamentos de uso continuo, da população do município no ano de 2014”
da Unidade básica de dispensação de medicamentos do município em questão ,que possui
objetivo geral de “Construir um plano organizacional para a estruturação e melhoria da
assistência farmacêutica municipal, aumentando a resolubilidade na atenção básica” em
busca da imagem-objetivo de “Garantir o uso e o acesso dos medicamentos de uso
contínuo Pelo paciente” teve seu detalhamento com o estabelecimento dos objetivos
específicos, operações e ações, inclusive as estratégicas. O momento tático operacional
contou com mais uma oficina que fora realizada dia 28 de janeiro de 2015 na Unidade
Básica de dispensação de medicamentos do município estudado, todos os atores que
participaram das últimas oficinas foram convidados, havendo a falta de um deles sem
justificativa prévia. Houve a necessidade de revisão dos momentos anteriores para a
realização deste momento, foi feito a apresentação e uma dinâmica de interação com o
grupo, houve muita discussão sobre as ações e as operações em questão sendo que cada
um tem sua opinião e todos buscam a melhoria do serviço farmacêutico prestado a
população do município, deixando claro a importância da realização do momento tático
operacional para a avaliação e monitoramento do Plano Operativo.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os desafios para a implementação de uma Assistência Farmacêutica efetiva na
esfera municipal, começa pela conscientização da estruturação, por meio de
investimentos em estrutura física e de pessoal, organização dos processos e capacitação
permanente dos trabalhadores envolvidos com a Assistência Farmacêutica. Desta
maneira, o acesso da população aos medicamentos pode se tornar viável, racional e mais
eficiente (OLIVEIRA; BERMUDEZ; OSORIO-DE CASTRO, 2007).

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De modo geral, os atores envolvidos são os profissionais que gerenciam o setor


de farmácia; a palavra “gerenciar” está sendo utilizada neste trabalho para designar o
profissional que comanda, gerencia e que trabalha no dia a dia nas atividades do setor de
farmácia. Após, a definição do problema e elencar seus descritores, construiu-se a espinha
de peixe pois através dela foi possível encontrar causas e consequências convergentes que
esses problemas podem gerar.
Através do plano operativo, os atores puderam ver de perto os problemas gerados
na unidade, e traçar operações e ações para obter a melhoria do atendimento. Assim,
através das ações propostas, puderam analisar as reais condições (poder decisório,
recursos disponíveis e necessários) para colocar em pratica as ações propostas, traçando
atividades estratégicas para a realização.
Apesar de muitos aspectos da assistência farmacêutica no município de estudo
ainda precisarem de aprimoramento, alguns avanços ocorreram após a realização do
plano, dentre eles pode-se destacar:
• Melhoria no planejamento e na aquisição dos medicamentos,
• Menor falta dos medicamentos de uso contínuo pelos pacientes, criação de
um modelo organizacional e seguimento de uma hierarquia dentro da assistência básica
municipal,
• Implantação da farmácia itinerante que consiste em acompanhar o
profissional médico e da enfermagem nas consultas rurais, levando aos pacientes menos
possibilitados de acesso a unidade de dispensação que fica na cidade, o acesso aos
medicamentos e atenção farmacêutica.
• Desenvolvimento de cursos de capacitação e de educação continuada em
para os profissionais da rede municipal de saúde.
No decorrer da realização do Plano Operativo foi perceptível, alguns pontos
considerados como negativos no ambiente de estudo. Dentre eles destacam-se:
• A falta de profissionais com perfil mais adequado para desenvolver as
atividades de assistência farmacêutica;
• Em alguns momentos falta de apoio do gestor para a realização das ações
propostas, dificuldade em encontrar as causas e as consequências da espinha de peixe,
encontrar os indicadores para a última etapa no plano.
• A falta de uma ação conjunta e participativa entre os atores envolvidos
para estabelecer o enfrentamento dos problemas, devido ao desinteresse, falta de tempo;

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Nesse sentido, o envolvimento dos profissionais, que gerenciam o setor de


farmácias, se faz relevante, pois, em uma ação conjunta buscamos superar a fragmentação
e reconhecem as reais dimensões do cotidiano, potencializando os resultados e ampliando
a resposta das demandas sociais. Através do plano operativo os atores participantes de
forma compartilhada, com objetivos comuns, com o planejamento e execução de ações
conjuntas, buscaram através de proposta do grupo otimizar recursos, para melhor atender
as necessidades sociais da população usuária.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse local foi escolhido para ser o foco da realização do plano operativo porque
necessita de algumas correções em seus modos operativos e porque é uma unidade que
busca o aperfeiçoamento de seus serviços para uma futura certificação de excelência pelos
usuários do sistema.
O Plano Operativo do município estudado, teve como objetivo desenvolver um
conjunto de ações como forma de garantir o atendimento integral dos medicamentos de
uso contínuo distribuídos pela secretaria de saúde do município em questão, em partes os
objetivos foram alcançados, pois mediante os problemas abordados durante o plano
operativo pode-se obter melhoras em alguns aspectos.
Os desafios para a estruturação e a implementação de uma Assistência
Farmacêutica efetiva na esfera municipal, começa pela conscientização, por parte dos
gestores, da importância da estruturação da Assistência Farmacêutica, através de
investimentos em estrutura física, organização dos processos e capacitação permanente
dos prestadores de serviços envolvidos com as atividades que fazem parte do ciclo da
Assistência Farmacêutica. Desta maneira, a distribuição de medicamentos à população
pode se tornar viável, racional e mais eficiente.

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