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Inspirado pela postura de Sartre em “Esboço Para Uma Teoria das Emoções” e pelo espírito
geométrico de Spinoza em seu livro “Ética Demonstrada à Maneira dos Geômetras” o texto “Esboço
Para Uma Teoria da Mente e da Memória” se propõe a ser um exercício de filosofia que busca a
possibilidade de uma “psicologia geométrica”, trazendo à tona noções básicas de psicologia através
do método axiomático-dedutivo (tão caro a geometria euclidiana), criando, de maneira coesa, um
breve glossário de conceitos fundamentais, que encontra raízes na influência de autores como Kant,
Bergson e Mário Ferreira dos Santos.
ESBOÇO PARA UMA TEORIA
DA MENTE E DA MEMÓRIA
1 Introdução……………………………………………………………………………………………………………..06
2 O Método Axiomático-Dedutivo………………………………………………………………………………10
3 Psicologia Demonstrada à Maneira dos Geômetras………………………………………….…………12
3.1 Definições……………………………………………………………………………………….…………13
3.2 Axiomas…………………..………………………………………………………………………….……15
3.3 Pressupostos……………………………………………………………………………………………..16
4 Demonstração da Tese Preliminar…………………………………………………………………….………27
4.1 Tradução das Definições da Tese…………………………………………………………………28
4.2 Axiomas Para a Demonstração da Tese………………………………………………………..30
4.3 Demonstração dos Pressupostos da Tese………………………………………………………31
5 Posfácio………………………………………………………………………………………………………………….33
Bibliografia.………………….………………………………………………………………………………………..35
Capítulo 1
INTRODUÇÃO
A ideia que concebe este ensaio é muito antiga; Em 24 de agosto de 2018 eu escrevi um
pequeno texto em meus cadernos chamado “Observação Psicológica”. Tratava-se de um insight que
tive sobre as memórias. Numa transcrição fiel, o texto diz:
“As memórias (janelas e suas associações) não atuam a bel prazer do indivíduo,
mas estão ligadas à percepção do ambiente. A percepção do agora remete a uma percepção
passada que dirige tal memória a nós. Se pararmos para observar, tudo o que pensamos ou
falamos remete a algo do ambiente”.
Esse pensamento, que chamarei de “Tese Preliminar” entrou em latência por quase dois
anos. Nada em meus cadernos remete a qualquer coisa sobre memória ou lembrança. A ideia para o
texto volta somente em 2020, numa seção de meu caderno onde eu listava certas ideias que pensava
em transformar em textos. Agora com o nome “Esboço para uma Teoria da Memória”, o texto
inescrito (se me permitem o neologismo) encontrava-se como o último na lista de prioridades de
textos como: Novas Considerações Sobre a Arte; Ecologia e Pseudo-Ecologia (escrito como
“Considerações Sobre a Ecologia”); Por Que as Pessoas Cometem Crimes? (ainda inescrito).
Mais tarde, no dia 1 de abril de 2020 há uma pequena seção intitulada “Para o Ensaio sobre
Memória e ideias”, onde anoto textos que enriqueceram meu pensamento sobre a Tese Preliminar,
entre os textos estão: Antropologia na Encruzilhada (um artigo sobre a antropologia kantiana),
Raízes da Psicologia (de Izabel Ribeiro Freire, livro que me acompanhou durante os dois primeiros
períodos do curso de Psicologia), Esboço Para Uma Teoria das Emoções (de Jean Paul Sartre, texto
que inspirou o título do ensaio) e Filosofia e Cosmovisão de Mário Ferreira dos Santos.
Sem dúvidas, ótimas referências, imagino que se eu tivesse escrito este texto naquele
momento, sob a influência imediata dessas referências, seria um texto muito rico.
A última anotação sobre a ideia do texto em meus cadernos está com o título de “esboço
para uma teoria da Memória e da Mente”, nome que dá título a este ensaio. A anotação, ao contrário
das anteriores que tratavam-se de um único parágrafo, goza de 4 páginas e tem inspiração profunda
de Spinoza em sua escrita e de Bergson em alguns de seus conceitos. Em relação a Spinoza, a
inspiração que vem do filósofo holandês não se deve somente a sua ética ou a sua epistemologia,
deve-se sobretudo ao seu método.
O método que Spinoza utiliza em Ética Demonstrada à Maneira dos Geômetras é o método
axiomático-dedutivo, que consiste em deduzir e demonstrar a concretude de proposições a partir de
definições e axiomas indemonstráveis, irredutíveis e necessários. Este método, salvo engano, é
fundado por Euclides de Alexandria, segundo muitos, o maior matemático da história, que utiliza
deste método em seu livro célebre Elementos, que espero ter a oportunidade de ler. O método
também é utilizado na grandessíssima obra Suma Teológica do doutor e santo Tomás de Aquino.
Três obras monumentais que gozam de um mesmo método de escrita e investigação, que aplica-se à
teologia, à matemática e à ética. A possibilidade de demonstrar a filosofia através da matemática (ou
melhor, da lógica presente em seu método) foi o gatilho necessário para que eu decidisse finalmente
escrever este texto. Embora a inspiração remonte à Ética de Spinoza, este livro não é um livro
propriamente espinozista, é ainda mais um livro de inspiração euclidiana.
O texto não terá o mesmo rigor metodológico que têm as outras obras citadas
anteriormente, visto que é apenas uma inspiração destes, um mimetismo juvenil. O texto trata-se de
um exercício de escrita, uma experimentação de aprendizados e conceitos.
Se uso o método axiomático-dedutivo euclidiano-tomista-spinozano não é porque já o
domino, e sim porque um dia almejo fazê-lo. Tendo isso posto, um outro título muito justo para
esse texto seria, por que não, Psicologia Demonstrada à Maneira dos Geômetras?
Capítulo 2
O MÉTODO AXIOMÁTICO-DEDUTIVO
Método é um meio, uma via, um caminho que nos leva a algum lugar esperado. O método
que inspira este ensaio, e que ele busca utilizar, é o método axiomático-dedutivo, que tem sua
origem na geometria euclidiana. Este método visa alcançar uma rigidez formal e abstrata nas
demonstrações matemáticas, ele busca fugir do reductio ad infinitum isso é, da tautologia dos
conceitos onde para explicar um conceito eu preciso mostrar um outro conceito, e esse outro
conceito precisa de um outro, e assim por diante, até retrocedermos ao ponto de partida e
recomeçarmos tudo do zero. Para evitar isso, o método axiomático dispõe de um certo número de
noções e hipóteses iniciais, consideradas como verdades evidentes, necessárias e irredutíveis. A partir
dessas noções são feitas as proposições ou pressupostos, e erige-se uma teoria sistemática, com um
rigor lógico, que se fecha em si mesma. Abrantes define o método da seguinte maneira:
3.1 Definições:
3.1.1 Por Mente compreendo o conjunto funcional de todas as faculdades do Intelecto: a abstração,
a percepção, a sensação e o registro.
3.1.2 Por Intelecto compreendo a faculdade superior do entendimento humano, que é inerente a
este. Faculdade que o diferencia psicologicamente dos demais animais e o torna um Ser consciente
de si, capaz de atribuir sentido e ordem ao ambiente e sua circunstância.
3.1.3 Por Consciência1 compreendo o estado desperto da mente. A mente compreende tudo aquilo
que o indivíduo consegue resgatar, perceber e entender de maneira imediata (sem mediações).
3.1.5 Por Memória compreendo o armazenamento do registro das sensações, percepções, abstrações
e lembranças. O intelecto compreende a memória. Ao conteúdo da memória chamamos
“memórias”.
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No decorrer do texto, a consciência ou o consciente pode ser chamado de “atual”, e o inconsciente pode ser chamado
de “virtual”. O movimento de tornar inconsciente uma memória que estava no consciente chama-se virtualização,
enquanto o movimento de tornar consciente uma memória que estava no inconsciente chama-se atualização.
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Este termo não será utilizado neste ensaio, no entanto, a sua presença nas definições torna-se necessário, para denunciar
uma diferenciação, mesmo que mínima, entre a psicologia que o ensaio tenta desenvolver e a psicanálise freudiana.
3.1.6 Por Registro compreendo a faculdade do intelecto de assimilar e capturar o que é percebido.
O registro atribui similaridade e identidade às percepções capturadas através dos órgãos dos
sentidos, é ele o responsável por não termos que aprender a mesma coisa mais de uma vez.
3.1.7 Por Apreensão compreendo a atividade do registro. Apreender algo é registrar este algo na
memória.
3.1.8 Por Sensação compreendo a recepção de estímulos físicos através dos órgãos do sentido. Esses
estímulos são interpretados pelo cérebro (também um órgão do sentido) e são armazenados na
memória
3.1.9 Por Percepção compreendo a sensação da sensação, isto é, a consciência da mente sobre aquilo
que foi apreendido pelos órgãos do sentido. A percepção não é uma operação passiva, o intelecto faz
um recorte do ambiente e captura apenas aquilo que o interessa. A percepção é uma operação ativa
de subtração de elementos da realidade percebida.
3.2.1 A memória não “reproduz” algo do passado no presente, ela produz algo no presente
baseando-se em algo que foi registrado no passado, produção que é percebida pela consciência. A
produção da memória nunca é totalmente fiel ao registro na qual se baseia.
3.2.4 As sensações podem ser internas ou externas, isso é: é possível sentir algo referente à nossa
consciência e à nossa mente (sensação interna), ou sentir algo referente ao nosso corpo ou ao nosso
ambiente (sensação externa). Pela definição 9, o mesmo ocorre com as percepções.
3.2.7 A lembrança pode ser atualizada ou virtualizada. É atualizada quando é criada, e logo é
virtualizada (tornando-se uma memória).
3.2.8 O registro não pode ser atualizado. O que se atualiza é uma representação do registro, não o
registro em si.
3.3.2 Há uma diferença entre agir e aprender por Hábito e agir e aprender por Memória.
Demonstração: O hábito torna-se um comportamento mecânico em detrimento da repetição de
uma lembrança registrada. Aquilo que é aprendido por hábito é facilmente esquecido, visto que
ocorre em detrimento da repetição mecânica. A memória compreende não só a lembrança, mas
também as sensações, percepções e abstrações. Quando a lembrança deixa de ser mecânica e
acidental e torna-se orgânica e dirigida, as lembranças tendem a se solidificar na memória, de forma
que algo aprendido através da memória não mais depende da repetição e dificilmente será esquecido.
Escólio: Bergson afirma que o hábito vem da grandeza do corpo, que é um modo atributo da
extensão, portanto a aprendizagem por hábito é contingente e passageira. Enquanto a memória vem
da grandeza da mente, que é um modo atributo do espírito, o que se aprende pela memória se
armazena no espírito e portanto, não pode ser esquecido.
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C.Q.D: Como Queríamos Demonstrar
3.3.7 A percepção é um processo de diferenciação dos objetos percebidos.
Demonstração: Ao perceber qualquer coisa, já estou firmando uma diferença entre mim e o objeto
percebido. O ato da percepção implica um processo de heterogeneização do ambiente, isso é, firmar
diferenças entre os entes presentes no ambiente percebido. Logo, a percepção é um processo de
diferenciação dos objetos percebidos, C.Q.D.
Corolário: A percepção é um processo de diferenciação, mas esse processo não é necessariamente
atual. Ao perceber, diferenciamos, mas não percebemos esse processo de diferenciação.
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Mario Ferreira dos Santos afirma que não existem dois objetos idênticos que podem firmar identidade um com o
outro, um objeto só pode ser idêntico a si mesmo.
Demonstração: Não associamos objetos, associamos suas ideias. A associação de ideias ocorre
quando uma ideia sugere outra, e uma outra ideia sugere outra de modo a criar um encadeamento
de ideias. Não existem ideias iguais (Não é possível ter duas ideias de “carro”, a ideia de carro é a
mesma para todos os carros) de modo que associamos apenas ideias diferentes, para associar ideias
diferentes devemos perceber sua diferença e, desse modo, compará-las. A associação é portanto o
encadeamento de ideias comparadas. C.Q.D.
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Segundo Kant, a imaginação (facultas imaginandi) pode ser produtiva ou reprodutiva. É produtiva quando é a
exposição original do objeto que antecede a experiência (exhibito originario) e reprodutiva quando se trata de uma
exposição derivada, que traz de volta ao espírito uma intuição empírica que já possuía anteriormente (exhibito
derivativa). Kant afirma que a imaginação é a faculdade de intuir mesmo sem a presença do objeto.
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De acordo com Kant.
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Ainda segundo Kant, a Imaginação sensível pode ser uma imaginação plástica, associativa ou afinitiva. É uma
imaginação plástica quando se trata da intuição no espaço. É uma imaginação associativa quando se trata de uma
intuição no tempo, é uma imaginação afinitiva ou de afinidade quando as representações descendem umas das outras a
partir de uma origem comum.
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No sonho, Kant observa outro tipo de mediação imaginativa, que se dá entre os nossos afetos e os músculos do nosso
corpo; “Sonhar parece fazer tão necessariamente parte do dormir, que dormir e morrer seriam o mesmo se não
aparecesse o sonho como uma agitação natural, ainda que involuntária, dos órgãos internos vitais por meio da
imaginação”.
chamamos de sonhos. Ou seja, o sonho (as lembranças que temos quando acordamos) nada mais
são do que as lembranças do processo de imaginação inconsciente que ocorre enquanto dormimos.
Corolário: Sabe-se pelos axiomas 1 e 2 que as lembranças são criações, pelo pressuposto desse
corolário pode-se concluir que o sonho são criações sobre o processo de imaginação virtual e que
portanto, o sonho não é fiel ao sonhar. Ao lembrar do que sonhamos podemos modificar
acidentalmente esta lembrança.
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Os fatos presentes, passados, objetivos e subjetivos são fatos aposteriorísticos.
2.3.22 A abstração é uma operação intelectual que consiste em decompor os fatos em fatos
isolados.
Demonstração: À minha frente percebo uma bola vermelha, ela é um corpo, um fato. Diante da
bola vermelha, a abstração consiste em decompor esse fato em “fatos isolados”: formas, ideias ou
conceitos do fato. Subtraio do fato “bola vermelha” os fatos “corpo esférico” e “cor avermelhada”.
Corpo esférico é uma abstração de bola vermelha, assim como cor avermelhada é uma abstração do
mesmo fato. Com a abstração eu consigo separar o objeto da ideia do objeto. Através do processo de
abstração posso criar ou perceber ideias e conceitos, que são registrados. É através da abstração que
compreendemos a forma dos objetos (visto que separamos um de outro), a forma por sua vez,
segundo a nota 9, é mister para criar a noção do objeto, sua ideia.
Escólio: A abstração, a ideia, o registro e o conceito são diferentes entre si. O registro tem a função de
armazenar na memória, de não fazer esquecer tudo aquilo o que é sentido, percebido ou criado pelo
intelecto; a ideia é uma criação do registro, é o objeto registrado; o conceito é uma representação de
uma ideia, uma ferramenta pela qual conseguimos atualizar ideias, resgatá-las da memória; a
abstração é o processo pelo qual o registro armazena as ideias.
As lembranças percebidas não são atualizadas pela vontade consciente do indivíduo, elas
são acionadas pela percepção do ambiente. A percepção do fato presente remete por
associação a uma lembrança da percepção de um fato passado, essa lembrança é atualizada e
sua consciência é a lembrança evocada. Em última análise, nossas lembranças e falas são
disparadas pelo que é percebido no ambiente.
Por tratar-se de uma sentença demasiadamente grande, torna-se necessário dividi-la em
partes menores, a fim de uma melhor análise e compreensão do seu conteúdo. A divisão da sentença
referente à Tese se dará da seguinte maneira:
(i) As lembranças percebidas não são atualizadas pela vontade consciente do indivíduo, elas
são acionadas pela percepção do ambiente.
(ii) A percepção do fato presente remete por associação a uma lembrança da percepção de
um fato passado, essa lembrança é atualizada e sua consciência é a lembrança evocada.
(iii) Em última análise, nossas lembranças e falas são disparadas pelo que é percebido no
ambiente.
4.2 Axiomas Para a Demonstração da Tese:
4.2.2 A evocação/criação/atualização de uma lembrança pode ser tanto proposital quanto acidental.
É proposital quando temos consciência da existência dessa lembrança na memória, quando
queremos evocar essa lembrança existente e quando é possível perceber que estímulos dispararam
essa lembrança. É acidental quando não temos a intenção de evocar essa lembrança.
4.3 Demonstração dos Pressupostos da Tese:
4.3.1 As lembranças percebidas não são atualizadas pela vontade do indivíduo, elas são
acionadas pela percepção do ambiente.
Demonstração: Fica evidente pelos axiomas 1 e 2 do cap. 3 e pelos axiomas 1 e 2 do cap. 4.
Escólio: Os axiomas 1 e 2 do cap. 3 definem a lembrança como uma produção (geralmente
imagética) no presente de uma memória registrada no passado. Ou seja, em um dado momento do
nosso passado vivenciamos uma experiência, percebemos ela, percepção que é registrada e
armazenada na memória. Quando queremos evocar ela novamente criamos uma imagem que busca
mimetizar a percepção que foi registrada, essa imagem é a lembrança. No entanto, o que disparou
essa lembrança? Seria esta uma lembrança acidental? Pelos axiomas 1 e 2 do cap. 4 sabemos que
lembranças podem ser evocadas/criadas propositalmente ou acidentalmente, a depender do
contexto em que são evocadas. Quando estou fazendo uma prova e quero me lembrar da resposta de
uma pergunta, me esforço para evocar essa lembrança, trata-se de uma lembrança evocada
propositalmente. Quando estou conversando com um amigo em um determinado lugar e, como
que de repente, me lembro de algo que nada tem a ver com a conversa ou com o lugar (como é o
caso da Tese Preliminar do capítulo 1) estou evocando uma lembrança de maneira acidental. Em
todo caso, a lembrança não é auto-disparada, de outro modo a nossa consciência seria um
miscelânea difusa de momentos passados coexistindo com conceitos, ideias e abstrações, o que não
acontece. Uma mente saudável e em pleno funcionamento consegue organizar e entender o mundo
através de operações mentais, existe uma organização fundamental na mente que não permite esse
caos, a consciência se organiza segundo os estímulos do ambiente, e atualiza-se segundo esses
estímulos, a consciência percebe o ambiente e coexiste com ele, de um tal modo que a lembrança
não tem a capacidade de se auto-disparar, de ser absolutamente acidental, ela é disparada como uma
reação do intelecto/da consciência ao ambiente, a lembrança é uma resposta. Desse modo as
lembranças, mesmo se evocadas propositalmente ou acidentalmente, evocam-se como uma resposta
a um estímulo do ambiente percebido pelo intelecto.
4.3.2 A percepção do fato presente remete por associação a uma lembrança da percepção de
um fato passado, essa lembrança é atualizada e sua consciência é a lembrança evocada.
Demonstração: Fica evidente pelos axiomas 1 e 2 do cap. 3 e pelos axiomas 1 e 2 do cap. 4 e pelo
pressuposto 1 do cap. 4.
4.3.3 Em última análise, nossas lembranças e falas são disparadas pelo que é percebido no
ambiente.
Demonstração: Fica evidente pelos axiomas 1 e 2 do cap. 3 e pelos axiomas 1 e 2 do cap. 4 e pelos
pressupostos 1 e 2 do cap. 4.
Capítulo 5
POSFÁCIO
DELEUZE, Gilles. Bergsonismo. 2ª edição. São Paulo: Editora 34, 1 de jan de 2012.
FILOSOFIA ONLINE: Curso Online Bergson | inscrições abertas | áudio disponível até 30/09.
[Locução de]: Amauri Ferreira. [S.I]: Amauri Ferreira, 24 de set. Podcast. Disponível em:
https://open.spotify.com/episode/27smlcXFygRfa4IckjzpAx?si=ZdBecbrHSuGdNB_GMqkGgg
&dl_branch=1.
FILOSOFIA ONLINE: Bergson - Hábito e Memória. [Locução de]: Amauri Ferreira. [S.I]:
Amauri Ferreira, set de 2018, Podcast. Disponível em:
https://open.spotify.com/episode/1v36PbIVpZqRopXIttsHKt?si=F6WatS6uTjmqqGAJAuQoM
Q&dl_branch=1.
SANTOS, Mário Ferreira dos. Filosofia e Cosmovisão. Editora É realizações, 8 abr 2018.
SARTRE, Jean Paul. Esboço para uma teoria das emoções. L± Edição de bolso, 1 set 2006.
SPINOZA, Baruch. Ética. 2ª Edição. São Paulo: Editora Autêntica, 24 mar 2009.