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Revista Portuguesa de Psicossomática

ISSN: 0874-4696
revista@sppsicossomatica.org
Sociedade Portuguesa de Psicossomática
Portugal

Soares, Isabel; Silva, Maria Carolina; Costa, Ovídio; Cunha Silva, João Paulo
Avaliação da vinculação e da frequência cardíaca em bebés de 12 meses na Situação Estranha
Revista Portuguesa de Psicossomática, vol. 1, núm. 1, jan/jun, 1999, pp. 101-114
Sociedade Portuguesa de Psicossomática
Porto, Portugal

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=28710111

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Portuguesa
101 Revista
de Avaliação da vinculação e da frequência cardíaca …
Portuguesa
Psicossomática
de
Psicossomática

Avaliação da vinculação e da
frequência cardíaca em bebés de
12 meses na Situação Estranha*
Isabel Soares**, Maria Carolina Silva***, Ovídio Costa****, João Paulo
Silva Cunha*****

No âmbito da teoria de John tacam: a entrada num contexto não-


Bowlby (1969, 1973, 1980), desde os familiar, o contacto com uma pessoa
finais da década de 70 tem havido um estranha e duas separações breves da
interesse crescente pelo estudo da figura de vinculação seguidas de reu-
vinculação na primeira infância com nião. Neste contexto laboratorial,
recurso ao procedimento experimen- construído como uma situação não-
tal designado por Situação Estranha familiar geradora de um nível cres-
(Ainsworth & Wittig, 1969; Ains- cente de stress ao longo dos episódi-
worth, Blehar, Waters & Wall, 1978). os, pretende-se avaliar o modo como
Este procedimento laboratorial procu- um bebé de um ano de idade regula a
ra activar o sistema de vinculação do proximidade e o contacto com a figu-
bebé de 12-18 meses e decorre ao lon- ra de vinculação e de que modo é ca-
go de vinte minutos, numa sequên- paz de obter segurança através da fi-
cia fixa de oito episódios, onde se des- gura de vinculação para poder explo-
rar o meio.
A análise da Situação Estranha per-
*
mite evidenciar diferenças individu-
Este estudo foi realizado no âmbito de
ais que emergem sob a forma de dis-
um projecto de investigação mais vas-
to financiado pela Fundação Bial (refªs
tintos padrões ou organizações com-
07/94 e 43/96). Os autores agradecem portamentais e que foram detalhada-
aos colegas que colaboraram na reco- mente descritos por Ainsworth e cols.
lha dos dados: Pedro Lopes dos Santos, (1978): padrão seguro, inseguro-
Carla Martins, Inês Jongenelen, Marga- evitante e inseguro ambivalente/re-
rida Rangel Henriques, Ana Paula Sil- sistente.
va, Bárbara Figueiredo, Carmo Masca- A partir da identificação destes
renhas, Lúcia Neves, Graça Machado, padrões, a investigação sobre a
Cristina Almeida e Margarida Serra. A
vinculação na infância tem avançado
correspondência sobre este artigo pode-
rá ser enviada para Isabel Soares, De-
em múltiplas direcções no sentido de
partamento de Psicologia da Universi- compreender quer a natureza e ori-
dade do Minho, Campus de Gualtar, gem da segurança da vinculação no
4700 Braga: e-mail: isoares@iep.uminho.pt primeiro ano de vida, quer as suas

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implicações para o desenvolvimento ou endógenas (ajustamentos auto-re-


subsequente (cf. Soares, 1992, 1996). guladores da resistência vascular lo-
Nos últimos anos, o estudo de pro- cal, arritmias cardíacas). A resposta
cessos bio-comportamentais relacio- dos sistemas de regulação cardiovas-
nados com a vinculação tem sido alvo culares incluem, por exemplo, o re-
de várias pesquisas (Amini, Lewis, flexo baroreceptor arterial a modu-
Lannon, Louie, 1996; Carpenter & lar a frequência cardíaca com as re-
Kirkpatrick, 1996; Donovan & Leavitt, sistências vasculares periféricas. Por-
1985; Dozier & Kobak, 1992; Feeney tanto, ao estudar-se esta variabilida-
& Kikpatrick, 1996; Goldsmith & de, temos a oportunidade de avaliar
Harman, 1994, Gunnar, 1986; Gunnar, a “homeodinâmica”, isto é, o conjun-
Mangelsdorf, Larson & Hertsgaard, to dos processos dinâmicos envolvi-
1989; Hofer, 1994; Izard, Porges, dos na manutenção da homeostase.
Simons, Haynes et al., 1991; Kraemer, Poderemos, ainda, ter informação
1992; Spangler & Grossmann, 1993; acerca da natureza dos estímulos que
Sroufe & Waters, 1977), que têm con- perturbam o sistema cardiovascular,
tribuído para superar o “divórcio” assim como da reacção das respostas
entre a psicologia do desenvolvimen- reguladoras e dos mecanismos de
to e biologia (Joffe, Vaughn, Barglow compensação.
& Benveniste 1985). A inclusão de A regulação neuronal da função
processos biológicos e fisiológicos no circulatória é feita principalmente
estudo da vinculação contribui, além pela inter-relação dos efluxos tónicos
disso, para a validação da identifica- simpáticos e vagais. Na maioria das
ção e da interpretação dos diferentes condições fisiológicas, a activação de
padrões de vinculação. Tal como cada efluxo, é acompanhada pela ini-
Spangler e Grossmann (1993) subli- bição do outro. O balanço simpático-
nham, se a Situação Estranha é consi- vagal é modulado fásicamente pela
derada como um procedimento ade- interacção de pelo menos três tipos de
quado para activar o sistema de factores: factores neuronais centrais,
vinculação, em todos os bebés, então mecanismos reflexos inibitórios peri-
alterações na actividade cardíaca po- féricos (com características de
derão ser usadas como um indicador feedback negativo) e mecanismos re-
da validade deste procedimento. flexos excitatórios periféricos (com
Com efeito, a variação dos valo- características de feedback positivo).
res da frequência cardíaca reflecte a Sabe-se, por exemplo, que a fre-
interacção entre os vários tipos de fac- quência cardíaca é modulada pela res-
tores que perturbam a função cardio- piração, podendo este efeito ser des-
vascular e a resposta dos sistemas de crito no domínio da frequência pelo
regulação cardiovasculares. Estas per- componente espectral de alta frequên-
turbações podem ser exógenas (stress cia (HF) e que o ritmo corresponden-
ambiental, mudanças de postura, te às ondas vasomotoras, presentes
efeito mecânico da respiração, etc.) quer na variabilidade da frequência

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103 Psicossomática Avaliação da vinculação e da frequência cardíaca …

cardíaca, quer na variabilidade da lações, em bebés e em adultos, entre


pressão arterial, se relaciona com um as diversas organizações da vincula-
componente de mais baixa frequên- ção e processos fisiológicos. Num pri-
cia (LF). meiro estudo (Soares, Santos,
Vários algoritmos podem ser usa- Jongenelen, Henriques et al., 1996)
dos para avaliar o número, a frequên- procurámos reproduzir, parcialmen-
cia e a amplitude dos componentes te, o estudo de Spangler e Grossmann
oscilatórios da frequência cardíaca. (1993), através da análise das relações
Calculam-se, geralmente, os índices entre os diversos padrões de
de variabilidade no domínio do tem- vinculação e a variabilidade da fre-
po (intervalo R-R médio, desvio pa- quência cardíaca ao longo dos distin-
drão dos intervalos R-R, intervalo R- tos episódios da Situação Estranha e da
R máximo, intervalo R-R mínimo, ra- comparação dos resultados entre be-
zão entre o intervalo R-R máximo e bés e suas mães. Na sequência deste
mínimo, percentagem de batimentos trabalho, o presente estudo, procura
sucessivos que variam entre si mais examinar as relações os padrões de
de 50 mseg (PNN50)) e, por vezes, os vinculação, as medidas de comporta-
índices de variabilidade no domínio mento interactivo do bebé com a mãe
da frequência: componentes de alta e a frequência cardíaca, ao longo dos
frequência (HF), baixa frequência vários episódios da Situação Estranha,
(LF), muito baixa frequência (VLF) e recorrendo não apenas a uma abor-
a razão LF/HF, este ultimo podendo dagem categorial, em termos dos pa-
traduzir, segundo alguns autores, o drões de vinculação (seguro vs. inse-
balanço simpático-vagal (Pagani, guro-ambivalente e inseguro-evitan-
Lombardi, Guzzetti, Rimoldi, et al., te), mas também a um indicador con-
1986; Costa, Freitas, Puig, Carvalho, tínuo de segurança, utilizado em es-
et al., 1991). tudos similares (Izard et al., 1991;
Os índices no domínio do tempo Richters, Waters & Vaughn, 1988).
são mais fáceis de calcular e
correlacionam-se bem com alguns ín- MÉTODO
dices no domínio da frequência – o
índice PNN50 tem boa correlação Amostra
(0.85) com o componente espectral de
alta frequência e o desvio padrão A amostra é constituída por 30
correlaciona-se melhor com os com- mães e respectivos bebés entre os 11
ponentes de baixa frequência (0.86) e e os 13 meses, maioritariamente de
com a potência total (0.87) do que com nível sócio-económico médio. O con-
o componente HF (0.68) (Kleiger, tacto foi estabelecido através de mé-
Stein, Bosner & Rottman, 1992). dicos pediatras, que fizeram a selec-
O estudo que realizámos insere-se ção dos bebés a partir das suas fichas
num projecto de investigação mais clínicas com base em dois critérios: a)
vasto, que pretende examinar as re- sem problemas de saúde e/ou atraso

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de desenvolvimento; b) sem frequên- ta a sair da sala, ficando o bebé sozi-


cia de creche, tendo recebido cuida- nho, durante o sexto episódio, en-
dos no contexto familiar. Os médicos quanto a mãe o observa pelo espelho.
pediatras estabeleceram um primei- A estranha volta a entrar na sala, no
ro contacto com as mães, dando-lhes sétimo episódio, permanecendo três
a conhecer os objectivos deste estudo minutos, ao fim dos quais a mãe en-
e solicitando a sua colaboração. As tra e a estranha sai. No último episó-
mães que aceitaram colaborar, foram dio, mãe e bebé ficam sozinhos na sala
posteriormente contactadas pela experimental.
equipa de investigação, tendo sido Este procedimento, cujos episódi-
informadas mais detalhadamente dos os poderão ser encurtados no caso do
procedimentos da pesquisa. bebé chorar mais de 30 segundos, foi
concebido como uma aproximação a
Procedimentos situações correntes do quotidiano dos
bebés. Destina-se a activar o sistema
Para a avaliação comportamental de vinculação com um ano de idade,
da vinculação foi utilizado o proce- pela estimulação de um nível de stress
dimento laboratorial estandardizado moderado através das duas separa-
designado por Situação Estranha ções e reuniões breves com a mãe. A
(Ainsworth et al., 1978), que tem a Situação Estranha permite, assim, ob-
duração de cerca de 20 minutos e é servar quer o comportamento
constituído por oito episódios de três exploratório do bebé, quer a sua reac-
minutos cada. O primeiro episódio ção face à estranha, na presença e na
tem o seu início quando o investiga- ausência da mãe; por outro lado, a
dor entra na sala da experiência com resposta à ausência da mãe pode ser
a mãe e o bebé. Depois, a mãe e o bebé observada quer quando o bebé está
permanecem sozinhos durante três só, quer quando está na presença da
minutos, ao longo dos quais a mãe estranha; finalmente, a resposta do
procura que o bebé brinque ou explo- bebé à reunião com a mãe, pode ser
re a sala. O terceiro episódio começa comparada com a resposta ao regres-
com a entrada da estranha na sala, so da estranha.
que fica em silêncio durante o primei- A Situação Estranha foi realizada
ro minuto, depois inicia uma conver- numa sala preparada para o efeito, de
sa breve com a mãe e dirige-se ao bebé acordo com as instruções de
para brincar com ele, no terceiro mi- Ainsworth e cols. (1978), no Centro de
nuto. No quarto episódio, a mãe sai Medicina Desportiva do Porto. A sala
da sala e passa a observar a sala atra- com dimensões de 3,90m x 3,70m ti-
vés do espelho unidireccional, en- nha duas cadeiras, para a mãe e para
quanto a estranha permanece com o a estranha, e uma área onde estavam
bebé. A mãe entra de novo, no quinto colocados brinquedos. Uma câmara
episódio, e a estranha sai discreta- de filmar foi colocada numa das pa-
mente. Após três minutos, a mãe vol- redes da sala, direccionada para a

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105 Psicossomática Avaliação da vinculação e da frequência cardíaca …

porta e cadeiras. Além disso, através se à recolha de dados de identifica-


do espelho unidireccional, numa sala ção e do desenvolvimento do bebé
contígua, um elemento da equipa fil- junto da mãe.
mava todo o procedimento e a mãe
tinha a possibilidade de observar o Métodos de análise e de classifi-
seu bebé, durante a sua ausência da cação
sala da experiência.
A realização deste procedimento Para a análise e classificação da
contou sempre com a presença de três Situação Estranha foi utilizado o siste-
elementos da equipa: um elemento ma desenvolvido por Ainsworth e
que recebia a mãe e o bebé, um que cols. (1978), por investigadores certi-
filmava e um outro que fazia de es- ficados para o efeito1 . Este sistema
tranha. Antes de se dar início à Situa- avalia o comportamento interactivo
ção Estranha, a mãe e o bebé eram re- do bebé com a mãe na Situação Estra-
cebidos na sala do espelho, contígua nha, com base em quatro escalas de 1-
à sala experimental, onde eram pres- 7 pontos: 1) comportamentos de pro-
tados todos os esclarecimentos sobre ximidade e procura de contacto; 2)
a pesquisa e solicitado à mãe o seu comportamentos de manutenção do
consentimento de colaboração por contacto; 3) comportamentos de resis-
escrito. Em seguida eram colocados tência, 4) comportamentos de evita-
os eléctrodos à mãe e ao bebé por um mento. Tendo em conta os resultados
técnico do Centro de Medicina, os obtidos nestas quatro escalas nos dois
quais eram retirados no final do pro- episódios de reunião, isto é, no 5º e
cedimento. no 8º episódios, o bebé é situado num
O registo contínuo electro- dos três grupos, que correspondem a
cardiográfico das mães e dos bebés, distintos padrões de vinculação, des-
foi realizado através de um pequeno critos por Ainsworth e cols.: grupo
registador Holter (Mortara, modelo seguro (“padrão B”); inseguro-
PR-4), colocado dentro de um colete -evitante (“padrão A”); inseguro-
que era vestido ao bebé e preso a um -ambivalente/resistente (“padrão C”)
cinto na mãe. Após a entrada na sala
da experiência no primeiro episódio,
o investigador pressionava um botão 1
A nossa equipa de investigação partici-
no Holter da mãe e do bebé, em ân- pou num programa de formação na
gulo captável pela câmara de vídeo, avaliação da Situação Estranha sob a ori-
introduzindo dessa forma uma mar- entação da Doutora Karin Grossmann
da Universidade de Regensburg (Ale-
ca magnética nos registos electrocar-
manha). Para além do treino nos proce-
diográficos para assinalar o início do dimentos, esta formação foi certificada
procedimento e, no final da experiên- pela Doutora Karin Grossmann, com
cia, repetia-se este tipo de registo. base na obtenção de acordo inter-obser-
Após a Situação Estranha, na sala vadores em 30 casos, avaliados por cada
contígua à da experiência, procedia- um dos membros da nossa equipa.

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e, dentro de cada um destes, num No grupo inseguro-ambivalente/


determinado subgrupo. /resistente (“C”) predominam com-
O grupo seguro (“B”) caracteriza- portamentos de vinculação. A procu-
-se por uma procura activa de proxi- ra de contacto é intensa e a manuten-
midade, contacto ou interacção com ção do contacto faz-se através de uma
a mãe, especialmente nos episódios elevada resistência e ambivalência:
de reunião. Quando o contacto é es- querer e ao mesmo tempo rejeitar o
tabelecido, o bebé procura mantê-lo, contacto. Por outro lado, a atenção
mas não demonstra resistência, nem focada na mãe ao longo dos episódi-
evitamento. A comunicação entre o os dificulta a exploração do meio e a
bebé e mãe é clara, havendo abertura expressão emocional assume uma to-
à expressão de afectos positivos e ne- nalidade negativa: o bebé protesta e
gativos. Há uma alternância equili- manifesta clara e intensamente
brada entre comportamentos de ex- irritação e dificuldade de ser tranqui-
ploração e de vinculação: quando a lizado pela mãe.
mãe está presente, o bebé revela-se Relativamente à avaliação cardía-
interessado na exploração do meio, ca, os registos obtido pelo método de
mas quando a mãe se ausenta há cla- Holter foram descodificados em tem-
ramente um declínio nesse tipo de po real sendo realizada a conversão
comportamentos. Após o restabeleci- A/D a 128 Hz utilizando-se o software
mento do contacto com a mãe, o bebé Mortara para posterior análise dos
regressa à exploração. A figura de dados. Quando necessários, os arte-
vinculação constitui-se, assim, numa factos e os batimentos ectópicos foram
base segura a partir da qual o bebé é excluídos. Os intervalos entre
capaz de regressar à exploração do batimentos foram convertidos em
meio com confiança. batimentos por minuto (bpm) para
O grupo inseguro-evitante (“A”) cada intervalo de um segundo. A fim
caracteriza-se pelo predomínio de de sincronizar os tempos dos filmes
comportamentos de evitamento face com os períodos dos ECG foi, a
à mãe, sobretudo nos episódios de posteriori, incorporado nas gravações
reunião, nos quais tende a ignorá-la de vídeo um cronómetro que forne-
ou a afastar-se. Há um predomínio de cia medidas até às centésimas de se-
comportamentos exploratórios relati- gundo. Com base numa análise ima-
vamente aos comportamentos de gem a imagem dos registos em vídeo,
vinculação e não há uma clara dife- este cronómetro era disparado no
renciação entre a mãe e a estranha, momento preciso em que o investiga-
podendo haver até um menor dor assinalava no Holter, o início da
evitamento desta. Por outro lado, não Situação Estranha. Tornou-se, assim,
há uma comunicação franca de afec- possível estabelecer as correspondên-
tos, positivos e negativos, tendendo cias ao nível temporal entre os episó-
estes a ser deslocados para os brin- dios do procedimento e a medida da
quedos. frequência cardíaca.

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107 Psicossomática Avaliação da vinculação e da frequência cardíaca …

RESULTADOS lação entre os três padrões de


vinculação e a frequência cardíaca, foi
Com base no sistema de análise e efectuada uma análise de variância de
classificação da Situação Estranha de dois factores: vinculação e medidas
Ainsworth e cols. (1978) foi possível repetidas para os vários episódios.
identificar três grupos de bebés: gru- Estas medidas são as diferenças en-
po seguro (“B”) constituído por 14 tre a frequência cardíaca dos episódi-
bebés; grupo inseguro- evitante (“A”) os 3 ao 8 e a do episódio 2 (baseline),
com 10 bebés e grupo inseguro- corrigindo assim para um mesmo
ambivalente/resistente (“C”) com 6 ponto de partida. As diferenças nos
bebés. três grupos de vinculação reflectiram-
No Quadro 1 apresentam-se os -se na frequência cardíaca média
resultados relativos à frequência car- (F(2,20)=7,25, p<0,04), variando esta
díaca e às quatro escalas de compor- durante os episódios 3 a 8
tamento interactivo utilizadas para (F(5,100)=6,76, p<0,001) e de modo
avaliar os padrões de vinculação na diferente para os padrões de
Situação Estranha. Para analisar a re- vinculação, (F(10,100)=2,37, p<0,02).

Quadro 1 - Valores médios da frequência cardíaca (bpm) e dos parâmetros avaliados


durante a Situação Estranha
Padrões de Vinculação
Parâmetros Seguro Inseguro Inseguro
(n=10) Evitante Ambivalente
(n=8) (n=5)
Freq. cardíaca (bmp)
Episódio 2 (C,M) 133,2 (5,5)* 137,0 (5,3) 129,3 (16,8)
Episódio 3 (C,M,E) 131,7 (6,1) 135,6 (6,3) 133,2 (22,8)
Episódio 4 (C,E) 132,7 (5,5) 134,9 (5,4) 142,8 (32,6)
Episódio 5 (C,M) 137,1 (7,1) 136,1 (5,5) 140,4 (26,9)
Episódio 6 (C) 142,5 (13,0) 138,1 (6,3) 148,7 (35,6)
Episódio 7 (C,E) 138,2 (15,4) 135,4 (6,7) 153,5 (34,8)
Episódio 8 (C,M) 135,8 (5,8) 138,1 (6,7) 141,7 (21,0)
Episódio 5
Proximidade 3,0 (2,4) 2,0 (1,6) 3,8 (0,8)
Manutenção 2,5 (2,3) 1,5 (0,9) 3,0 (1,6)
Resistência 1,9 (1,7) 1,3 (0,7) 2,6 (2,1)
Evitamento 3,1 (1,8) 4,9 (1,1) 1,8 (1,1)
Episódio 8
Proximidade 4,2 (1,3) 1,6 (1,1) 4,6 (1,1)
Manutenção 4,5 (2,2) 1,0 (0,0) 6,8 (0,4)
Resistência 2,8 (1,1) 1,1 (0,3) 5,4 (0,5)
Evitamento 1,7 (0,9) 5,5 (0,9) 1,6 (0,9)
Nota: C - criança, M - mãe, E - estranha; * desvio padrão

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Para examinar em que grupos e cardíaca e considerando, também,


episódios a frequência cardíaca mé- que não tinham sido encontradas di-
dia diferia significativamente, utilizá- ferenças significativas na frequência
mos dois contrastes para o grupo de cardíaca ao longo da Situação Estra-
vinculação, grupo seguro versus gru- nha entre os grupos seguro e evitante,
po ambivalente e grupo seguro ver- recorremos ao método de Richters e
sus grupo evitante, os quais foram cols. (1988), também usado por Izard
comparados em cada episódio da Si- e cols. (1991), transformando a classi-
tuação Estranha. Como se pode obser- ficação nos três grupos de vinculação
var na Figura 1, foram encontradas di- num índice contínuo de segurança/
ferenças significativas na frequência insegurança, utilizando-se depois
cardíaca média dos grupos seguro e uma regressão deste índice num con-
ambivalente no episódio 4 junto de variáveis descritivas do per-
(F(1,20)=6,58, p<0,02), no episódio 7, fil de variabilidade cardíaca ao longo
(F(1,20)=6,05, p<0,03) e no episódio 8 da Situação Estranha.
(F(1,20)=7,61, p<0,02). Note-se que Este índice foi obtido a partir de
não foram encontradas diferenças sig- uma análise de funções discriminan-
nificativas entre o grupo seguro e o tes para a classificação das crianças
grupo inseguro-evitante, em termos em dois grupos: seguros e inseguros
da frequência cardíaca média ao lon- (os grupos inseguro-evitante e inse-
go dos vários episódios da Situação guro-ambivalente foram combina-
Estranha. dos). Nesta análise usaram-se os va-
No sentido de examinar mais lores obtidos nas quatro escalas de
detalhadamente a relação entre a qua- comportamentos interactivo: proxi-
lidade da vinculação e a frequência midade e procura de contacto, manu-
tenção de contacto, resistência e
evitamento, no 5º e no 8º episódios,
como variáveis preditoras da segu-
delta freq. cardíaca (bpm) rança/insegurança atribuída pelos
30
Ambivalente avaliadores. A função discriminante
25 Seguro baseada nestas medidas – predomi-
Evitante
20 nantemente para a manutenção de
15 contacto no episódio 5 e para a resis-
10 tência e o evitamento no episódio 8 ,
5 discriminou significativamente os
0 dois grupos (Wilks’ l=0,30,
-5
F(8,21)=6,1, p<0,001), classificando
C,M C,M,E C,E C,M C C,E C,M correctamente 86% (12 de 14) das cri-
Episódio anças seguras, 94% (15 em 16) das in-
seguras, ou seja, globalmente foram
Figura 1. Frequência cardíaca média (bpm) ao
classificadas correctamente 90% (27
longo da Situação Estranha nos três grupos
de vinculação. de 30) das crianças. Foram, então, usa-

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109 Psicossomática Avaliação da vinculação e da frequência cardíaca …

dos os valores relativos a cada bebé


Score
na função linear discriminante para Seguro
criar um índice de segurança na Evitante
Ambivalente
vinculação. Na distribuição dos valo- Ajuste n=23
res de segurança, quanto mais alto o Ajuste n=22

valor maior a probabilidade desse


bebé ser seguro. -25 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15

Como o objectivo do estudo é exa-


minar a relação entre a variação de
frequência cardíaca ao longo da Situ-
ação Estranha e os padrões de vin- Delta freq. cardíaca entre o 4º e 5º episódios (bpm)
culação, utilizámos a regressão do
valor de segurança nas seis diferen- Figura 2. Diagrama de dispersão e rectas de
ças dos valores médios da frequência regressão do valor de segurança em função da
cardíaca entre episódios sucessivos. variação na frequência cardíaca média entre
Atendendo ao reduzido número de os 4º e 5º episódios.
observações em relação ao número de
variáveis independentes (6), optámos
por uma regressão stepwise com inclu-
são de variáveis que vão sucessiva- padrão = 0,06) por um aumento uni-
mente explicando uma maior propor- tário na frequência cardíaca do 4º para
ção na variabilidade do valor relati- o 5º episódios. Assim, e de um modo
vo à segurança. Os pressupostos geral, pode dizer-se que quanto mai-
subjacentes à análise de regressão fo- or o aumento na frequência cardíaca
ram verificados a partir da análise dos do 4º para o 5º episódio, maior a pro-
resíduos e não se identificaram obser- babilidade da criança ser avaliada
vações extremas (outliers). Os resulta- como segura.
dos da análise de regressão indicaram
que apenas uma das variáveis, a di- DISCUSSÃO
ferença na frequência cardíaca entre
o 4º e 5º episódios, estava significati- Os resultados obtidos confirma-
vamente associada ao valor relativo ram a existência de uma relação en-
à segurança (r=0,48, F(1,21)=6,16, tre a qualidade da vinculação e a ac-
p<0,03). tividade cardíaca avaliadas ao longo
Na Figura 2 apresenta-se o diagra- da Situação Estranha. O padrão da fre-
ma de dispersão e as rectas de regres- quência cardíaca durante este proce-
são, com o total de 23 observações e dimento laboratorial serviu como
também se excluirmos um valor ex- marcador para a classificação da qua-
tremo na variável independente lidade da vinculação, nomeadamen-
(r=0,49, F(1,20)=6,24, p<0,03). Pode- te para a discriminação entre os pa-
mos estimar que o valor de seguran- drões seguro e inseguro-ambiva-
ça aumenta em média de 0,15 (erro lente.No grupo inseguro-ambivalen-

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te registou-se uma frequência cardía- -evitante. Nesta análise, que conside-


ca média no 4º, 7º e 8º episódios par- ra uma classificação da vinculação em
ticularmente elevada, quando compa- três padrões diferentes, não se evi-
rada com o grupo seguro. O 4º episó- denciaram diferenças significativas
dio corresponde à primeira separação entre os grupos seguro e inseguro-
da mãe e à manutenção da presença -evitante, o que corrobora ao que foi
da estranha, parecendo este aumento encontrado em outros estudos
da frequência cardíaca advir da sepa- (Grossmann & Spangler, 1993). No
ração. Ao primeiro episódio de reu- entanto, a utilização de um índice
nião com a mãe (5º), sucede-se um contínuo de segurança da vinculação
episódio em que o bebé está sozinho permitiu que se evidenciasse a rela-
(6ª), já com um manifesto aumento da ção entre a componente cardíaca e a
frequência cardíaca, que culmina no comportamental. Este índice atenua
7º episódio com a entrada da estra- as eventuais dificuldades de uma
nha, o que parece ser a situação de classificação categorial sugerida por
maior stress para este grupo insegu- critérios de natureza clínica (Izard et
ro-ambivalente, contrastando-o com al, 1991), em particular quando se tra-
os restantes grupos. Note-se que mes- ta de casos de fronteira entre os gru-
mo no 8º episódio, isto é, na segunda pos, como por exemplo, no respeita
reunião com a mãe, continua a sub- às decisões na classificação entre os
sistir uma elevada frequência cardía- grupos seguro e inseguro-ambivalen-
ca, embora a diferença para o grupo te (traduzida na diferenciação entre
já não seja tão marcada. os subgrupos B4 e C2) ou entre os gru-
O perfil de variação na frequência pos inseguro-evitante e seguro (isto
dos grupos seguro e inseguro- é, classificar no sub-grupo A1 ou no
-evitante é muito semelhante ao lon- B1).
go da Situação Estranha: há um ligeiro Considerando o perfil de variação
aumento entre o 4º e o 5º episódios, entre episódios sucessivos, verificá-
no encontro com a mãe após o episó- mos a existência de uma elevada cor-
dio com a estranha, que se repete en- relação entre o índice de segurança e
tre o 5º e o 6º, no qual o bebé fica sozi- a variação na frequência cardíaca
nho após a saída da mãe, seguindo- média entre o 4º e o 5º episódios. Nos
-se então uma diminuição ligeira na bebés classificados no grupo seguro
frequência cardíaca média com a en- cujo índice é positivo (com excepção
trada da estranha no 7º episódio. É de de um caso cujo índice é negativo,
salientar que, entre o 7º e o 8º episó- embora próximo de zero), há um au-
dios, após o reencontro com a mãe, mento na frequência cardíaca média
há uma ligeira diminuição da fre- entre estes dois episódios, que corres-
quência cardíaca média do grupo se- pondem à saída da estranha e à en-
guro, que contrasta com o aumento trada da mãe. Nos bebés inseguro-
da frequência cardíaca, embora pou- -evitantes também houve um aumen-
co acentuado, no grupo inseguro- to da frequência cardíaca, mas menos

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Revista
Portuguesa
de
111 Psicossomática Avaliação da vinculação e da frequência cardíaca …

marcado e no grupo inseguro-ambi- multimédia possibilitam hoje em dia


valente houve uma diminuição na fre- a utilização de procedimentos digitais
quência cardíaca entre os dois episó- para a avaliação psico-fisiológica. Ba-
dios. A segurança parece, assim, ser seados nestas novas tecnologias de-
marcada por um aumento na frequên- senvolvemos um sistema multimédia
cia cardíaca média no reencontro com digital, chamado BioBeAMS - Bio-
a mãe após a saída da estranha – o Behavioral Attachment Multimedia
bebé reage ao aparecimento da mãe, System – que permite a gravação/re-
se for seguro tem uma reacção positi- produção síncrona de vídeo a cores,
va notória, se for evitante quase que audio e sinais de ECG durante o pro-
uma ausência de reacção e se for cedimento clínico da Situação Estra-
ambivalente a sua reacção é no senti- nha. Neste sistema, uma "camcorder"
do oposto. ligada a uma placa de aquisição de
Embora com evidentes restrições vídeo colocada num computador PC
na generalização dos resultados, que permite a aquisição de audio e vídeo
advêm principalmente do tamanho digital para o disco rígido do PC a
reduzido da amostra e das dificulda- uma cadência que pode chegar aos 30
des inerentes a um processo de reco- fotogramas por segundo. Existe nes-
lha de dados cuja sincronização foi ta placa um processador dedicado
realizada a posteriori, este estudo su- que efectua compressão de informa-
gere que a frequência cardíaca média ção até um factor de 20:1 o que cor-
e a sua variação ao longo da Situação responde a cerca de 800 Mb / hora.
Estranha são preditores da segurança Os sinais biológicos são adquiridos
da vinculação. por duas unidades portáteis desen-
O estudo de questões de natureza volvidas para o efeito que enviam o
psico-fisiológica impõe o recurso a sinal digitalizado por portas série co-
procedimentos sincronizados quer ao muns. Estas unidades foram concebi-
nível da recolha, quer ao nível da aná- das por forma a implementarem to-
lise dos diferentes tipos de dados. das as normas de segurança de isola-
Nesse sentido, no âmbito do nosso mento eléctrico sendo igualmente re-
projecto de investigação está em cur- sistentes a descargas de desfibrilação.
so o desenvolvimento de um sistema Este sistema permite revisão/edi-
de informação multimédia que a se- ção multimédia da informação e di-
guir se apresenta sucintamente. versas facilidades de processamento
síncrono. Um aspecto da interface
BIoBeAMS: um sistema de infor- com o utilizador do sistema encontra-
mação multimédia para a avalia- se na Figura 3.
ção sincronizada da vinculação e Uma vez gravada a informação, o
da actividade cardíaca na Situa- sistema permite ao investigador a vi-
ção Estranha sualização desta em tempo real (play
mode) de forma síncrona. Ele pode
Os recentes avanços na tecnologia observar o vídeo numa janela e os si-

Vol. 1, nº 1, Jan/Jun 99
Isabel Soares et al 112

Figura 3. Aspecto da interface com o utilizador do sistema BioBeAMS

nais numa outra, onde um cursor di- no 8º episódios, bem como a classifi-
nâmico indica a amostra do sinal que cação final em termos de um dos pa-
corresponde ao fotograma apresenta- drões de vinculação. Destas quatro
do na janela de vídeo. O investigador folhas, três destinam-se a ser utiliza-
pode parar, visualizar fotograma a das por investigadores independen-
fotograma, marcar o início e fim dos tes, isto é, sem acesso às avaliações
diferentes episódios, juntar marcas de dos outros e uma folha para o resul-
acontecimentos particulares e escre- tado final. Por fim existe a possibili-
ver notas usando o rato do computa- dade de agrupar casos em função dos
dor. Toda esta informação de edição resultados das avaliações e exportar
é armazenada de uma forma síncrona toda esta informação para o Microsoft
com a outra informação adquirida Exceltm.
previamente. O sistema permite visu- Com este novo sistema, permitin-
alização agregada de todas as zonas do uma correcta sincronização dos
marcadas com um evento específico, dados psico-fisiológicos, será possível
saltar directamente para um dado realizar análises focadas em situações
episódio ou um determinado comen- mais específicas, as quais poderão
tário, entre outras funcionalidades. contribuir para a clarificação de cer-
São ainda disponibilizadas quatro fo- tos resultados e para evidenciar ou-
lhas de avaliação onde se podem in- tros marcadores e preditores da orga-
serir os valores para cada uma das nização da vinculação.
escalas interactivas utilizadas no 5º e

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Revista
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de
113 Psicossomática Avaliação da vinculação e da frequência cardíaca …

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Informação sobre os autores


**
Departamento de Psicologia da Uni-
versidade do Minho.
**
Instituto de Ciências Biomédicas Abel
Salazar, Universidade do Porto.
****
Centro de Medicina Desportiva do
Porto/Faculdade de Medicina da Uni-
versidade do Porto
*****
Departamento de Electrónica e Tele-
comunicações da Universidade de
Aveiro/INESC

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