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FISIOLOGIA DO MERGULHO

Há muito tempo o mergulho autônomo vem sendo praticado com segurança e o


grupo de mergulhadores amadores vem aumentando. Muito investimento tem sido
realizado na área da educação e está mais do que claro que a questão da
segurança em mergulho está vinculada à questão do ensino e do aprendizado. A
necessidade de informar se faz necessária para se criar uma cultura de
segurança.
Percebemos a necessidade de atualizar o conhecimento relacionado às interações
observadas no mergulho, principalmente aquele conjunto de interações que ocorre
entre meio ambiente, o equipamento e o corpo humano. A população de
mergulhadores procura se manter mais bem informada e quer ampliar o
aprendizado de seus cursos de mergulho.
Atualmente também começa a se formar um grupo de mergulhadores que tem
novas exigências cujo mergulho, por acrescentar outras variáveis, apresenta um
risco maior. São mergulhadores que avançaram no processo de aprendizado e
começam a se especializar em técnicas de mergulho específicas. Hoje já existe
um pequeno número de mergulhadores que estende os limites do mergulho
tradicional para explorações de ambientes adversos ou para a realização de
objetivos pessoais.
Uma significativa parcela de mergulhadores tem praticado o mergulho autônomo
em profundidades maiores e com diferentes planejamentos que envolvem
misturas gasosas que não o ar. São mergulhos que utilizam misturas que podem
ter mais oxigênio, menos nitrogênio ou ter outro gás inerte como o hélio. As
misturas têm propriedades diferentes de condutividade de calor e, até mesmo, de
densidade e exigem cuidados diferentes com equipamentos, descompressão e
planejamentos de mergulho. Isso reforça a idéia da necessidade de um
conhecimento mais amplo sobre a adaptação fisiológica nessas circunstâncias,
que, por sua vez, se vincula a conceitos de segurança.
É importante conhecer alguns princípios e as alterações fisiológicas durante o
trabalho exercido embaixo da água em diferentes profundidades. A capacidade de
realizar trabalho pode ficar comprometida por fatores ambientais ou por limitações
do equipamento de respiração autônoma. Essas limitações são suficientes para
comprometer o aporte de oxigênio ou a eliminação de gás carbônico pelo
organismo do mergulhador. Portanto, é importante saber como imersão, pressão,
densidade da mistura utilizada para ventilar os pulmões e o equipamento de
mergulho autônomo interferem na dinâmica ventilatória, na respiração do
mergulhador e na capacidade de exercício do mergulhador.
O AMBIENTE
Quando mergulhamos, deixamos de viver no fundo de um oceano de ar, que é a
atmosfera terrestre, e passamos a entrar num outro ambiente, que é o ambiente
subaquático. O mergulho é realizado num ambiente com diferentes características
físicas de densidade e pressão em relação ao ar. O aumento da pressão
ambiental acarreta compressão do nosso corpo. Essa compressão provoca
alterações no aparelho cardiocirculatório e na dinâmica ventilatória. Essas
alterações já são observadas com a simples imersão da cabeça na água.
A pressão ambiente em qualquer altitude resulta do peso do ar que está acima de
onde o observador está posicionado. No nível do mar, a atmosfera pesa em torno
de 760 mm de mercúrio ou 14,7 libras por polegada quadrada (LPQ) ou pounds
per square inch (psi). Subindo até uma altitude de 430 milhas, não haverá mais
pressão. Pelas características de compressibilidade do ar, as alterações de
pressão por metro que se sobe diminuem à medida que a altitude aumenta. Dessa
maneira as alterações de pressão em função da altitude não são lineares. Subindo
do nível do mar até 3.048 metros, a pressão sai de 760 mm de Hg até 523 mm de
Hg, enquanto de 9.146 metros para 12.192 ela varia de 226 para 141 mm de Hg.
No mergulho, a pressão ambiente em qualquer profundidade resulta do peso do ar
que está acima da superfície da água onde se está mergulhando mais o peso da
coluna de água acima de onde está posicionado o observador. A coluna de 1
metro de água salgada pesa 1,46 psi ou 75,48 mm de mercúrio de modo que uma
atmosfera de pressão eqüivale a uma coluna de 10 metros de água salgada (uma
atmosfera é igual a 760 divididos por 75,48 mm de Hg, o que é igual a 10 metros
de água salgada ou 14,7 divididos por 0,445 psi que é igual a 33 pés). Como a
água é virtualmente incompressível, a alteração de pressão por metro de
profundidade na água é considerada linear, ou seja, para cada 10 metros de
profundidade mergulhados acrescenta-se uma atmosfera de pressão. Outra
maneira de se dizer a mesma coisa é que para cada 10 metros de descida no mar
a pressão ambiente aumenta 100 kPa, o que é equivalente a uma atmosfera de
pressão, que é semelhante a um bar. A pressão ambiente aumenta rápida e
linearmente com a profundidade. Em apenas 10 metros de profundidade há um
aumento de uma atmosfera de pressão.
Enquanto a pressão atmosférica é a pressão exercida pelo peso da massa de ar
da superfície da Terra, a pressão barométrica na profundidade pode ser referida
em termos de pressão manométrica e pode nos dizer a profundidade em que nos
encontramos. Ela é a pressão exercida sobre um objeto que está submerso,
menos a pressão atmosférica e é a pressão obtida na leitura de manômetros. Em
outras palavras, essa é a pressão em excesso em relação ao nível do mar. O
profundímetro nada mais é que um manômetro.
Já a pressão absoluta, expressa em termos de atmosfera absoluta (ATA), é a
pressão resultante da soma da pressão manométrica com a pressão atmosférica
nominal.
Nos cálculos de equivalência de pressão, devemos considerar a densidade do
meio. A densidade da água do mar é de 1,03 Kg/l ou 64,38 lb/ft³, enquanto a da
água doce é de 1,0 Kg/l ou 62,50 lb/ft³.

CARACTERÍSTICAS DO AR NAS NOSSAS VIAS AÉREAS A UMA


ATMOSFERA DE PRESSÃO AMBIENTE
O ar que respiramos, é composto de oxigênio, nitrogênio, vapor d’água, dióxido de
carbono e outros gases inertes. Podemos dizer, na prática, que 21% do ar que
respiramos é oxigênio e 79% é nitrogênio. As outras substâncias são apropriadas
à fração de nitrogênio para fins de cálculos.
Numa mistura de gases, a pressão total eqüivale à soma das pressões parciais.
Dessa forma a pressão parcial de oxigênio é de 160 mm Hg, pois esse valor
eqüivale a 0,21 (21% de um) multiplicado por 760 mm Hg de pressão atmosférica.
A pressão parcial de nitrogênio é de 600 mm Hg, o que eqüivale a 0,79
multiplicado por 760 mm Hg. Quando a pressão ambiente aumenta, a
percentagem do gás da mistura fica constante, porém a pressão parcial aumenta.
Quando ventilamos ar ao nível do mar, uma parte do oxigênio se difunde, por
gradiente de pressão, através da barreira alvéolo-capilar, da luz do alvéolo até o
vaso capilar pulmonar. Isso produz uma queda de concentração do gás, que
repercute na pressão parcial do mesmo, ou seja, ventilando ar ao nível do mar, a
pressão parcial do oxigênio na luz alveolar é de 102 mm Hg. Se estivermos a 10
metros, será de 270 mm Hg. Dessa forma, a pressão parcial de oxigênio pode
alcançar níveis tóxicos na profundidade. Podemos então concluir que, para
mergulharmos em profundidades maiores do que 60 metros, devemos usar
misturas com conteúdo reduzido de oxigênio.
Na luz alveolar há uma considerável quantidade de dióxido de carbono. O dióxido
de carbono que se encontra no alvéolo, é produto do metabolismo celular e é
eliminado pelo pulmão. O dióxido de carbono difundido do sangue, através da
barreira alvéolo-capilar, para o alvéolo pulmonar, resulta numa pressão parcial de
dióxido de carbono de 40 mm Hg. Essa pressão está de acordo com a diferença
de pressão do oxigênio da luz alveolar em relação ao ar atmosférico
O ar inalado é rapidamente aquecido à temperatura corporal de 37º C e é
totalmente umidificado. A pressão parcial do vapor de água do ar na temperatura
normal do corpo humano ao nível do mar é de 47 mm Hg. Quando o ar seco
alcança a traquéia, ele já equilibrou na pressão parcial de vapor de água de 47
mm Hg. Esse valor se mantém constante até a porção alveolar da árvore
respiratória. Essa pressão parcial de vapor d'água dilui o nitrogênio e o oxigênio, a
um total de 713 mm de Hg, com este último, contribuindo com 150 mm de Hg na
porção final das vias aéreas.
ASPECTOS FISIOLÓGICOS RELEVANTES AO ENTENDIMENTO DA
FISIOLOGIA DO MERGULHO
A função primária dos pulmões é possibilitar a troca gasosa que facilita o
movimento do oxigênio da luz do alvéolo para a corrente sangüínea e remove o
dióxido de carbono.
O sistema respiratório é constituído das vias aéreas superiores, vias aéreas
primárias (traquéia, brônquios e bronquíolos) e a região alveolar.
Uma lâmina de tecido muito fina, cuja espessura é de 0,5 micrômetro, separa o ar
do sangue do interior dos vasos capilares pulmonares. A troca gasosa ocorre na
parede alveolar, que é intensamente vascularizada. As moléculas de oxigênio
penetram na parede alveolar para alcançarem as hemácias e se fixarem na
hemoglobina que está no seu interior.
Num indivíduo normal, a superfície de área de troca da região alveolar é
semelhante a 100 m². O pulmão humano contém aproximadamente 200 ml de
sangue nos capilares pulmonares, que, por sua vez, apresentam uma área de
superfície microvascular aproximadamente igual à da superfície alveolar.
Funções de suporte são necessárias para manter a alta eficiência da troca gasosa
de maneira a minimizar o esforço ventilatório. Uma dessas funções é a da
secreção do surfactante por células pulmonares específicas. O surfactante serve
para reduzir a tensão superficial da interface ar-líquido sobre a superfície alveolar.
O surfactante age, diminuindo a tensão superficial, permitindo ao alvéolo ficar
estável, quando há pequenos volumes de ar nos pulmões, e alterar seu volume
com um relativo pequeno gasto de energia.
A seguir, apresentaremos os volumes pulmonares e aspectos relevantes da
mecânica ventilatória.
Volumes Pulmonares
A ar percorre o trajeto das vias aéreas do ambiente até a intimidade do alvéolo. Os
pulmões e a parede torácica são estruturas elásticas e ambos funcionam para
determinar o volume dos pulmões em repouso e em trabalho. Existe uma variação
do volume interno do aparelho respiratório em função da inspiração e expiração.
Essa variação decorre de ação dos músculos respiratórios, que geram um
gradiente de pressão para que ocorra o fluxo de ar nas vias aéreas. Quando
falamos de volumes pulmonares, nos referimos a valores arredondados que
representam valores médios relacionados a homens jovens e saudáveis.
A capacidade pulmonar total é o maior volume de ar que pode ser contido nos
pulmões ao final da manobra de inspiração máxima.
A capacidade vital é o maior volume de ar que pode ser expelido dos pulmões
após ser realizada uma inspiração máxima.
O volume residual é o volume de ar que fica nos pulmões após expiração
máxima.
O volume de relaxamento é o volume observado quando os músculos
respiratórios estão relaxados e as vias aéreas abertas. O volume pulmonar no
volume de relaxamento é a chamada capacidade residual funcional e é definida
pelo volume de gás nos pulmões em repouso quando suas forças elásticas de
colapso são contra-balanceadas pela força da parede torácica e diafragma. Ela é
em torno de 30% da capacidade vital.
O volume de ar corrente significa o volume relacionado a qualquer respirada
individual e é o volume de ar que se movimenta no ciclo respiratório normal. Ele
pode variar de uma para outra respirada em função da profundidade da ventilação,
do biótipo e do nível de atividade física. O valor de repouso habitual é em torno de
500 ml. O volume minuto é o volume de ar que se movimenta nos pulmões
durante um minuto de ventilação pulmonar, e é o produto do volume de ar corrente
vezes a freqüência respiratória.
O volume de ar corrente pode ser tão grande quanto a capacidade vital, apesar de
raramente alcançar esse limite. Algumas vezes ele ultrapassa esse valor em
função do exercício. Aumentando a atividade física, o aumento inicial do volume
de ar corrente é às custas de um maior volume inspiratório final. Um aumento do
volume de ar corrente às custas da expiração requer que, além do volume de
relaxamento, haja ativação dos músculos expiatórios. Isso somente é observado
durante exercícios extenuantes.
A capacidade vital e suas divisões podem ser medidas na espirometria. O cálculo
do volume pulmonar residual funcional, em última análise, o volume de gás
pulmonar total, pode ser realizado por outras técnicas como a pletismografia
corporal, técnica de eliminação de nitrogênio ou diluição por hélio.
Mecânica da Ventilação
A contração da musculatura ventilatória acarreta diferenças de pressão, gerando o
fluxo da mistura gasosa nas vias aéreas e pulmões durante os movimentos
respiratórios. Para aumentar a pressão negativa transpulmonar, é necessário
vencer as resistências elástica e mecânica das vias aéreas.
A resistência elástica é a força oferecida pela estrutura dos tecidos pulmonares.
Ela gera uma pressão pleural subatmosférica, que é entre 4 e 5 cm de água
menor que a pressão atmosférica.
Quando falamos de complacência pulmonar, nos referimos à alteração de volume
que o pulmão sofre, de caráter voluntário, na inspiração. Ela é expressa em litros
por cm de água e seu valor normal é de 0,1 a 0,3 l/cm de água. Quanto maior a
resistência elástica, menor é a complacência pulmonar.
A resistência canalicular é a resistência oferecida pelas vias aéreas ao fluxo de ar.
Ela depende da velocidade dos movimentos ventilatórios e pode ser laminar ou
turbilhonar. No fluxo laminar, a resistência ocorre em função do volume a ser
deslocado e da densidade da mistura gasosa nas vias aéreas. No fluxo turbilhonar
ou turbulento, essa resistência aumenta e é o quadrado do fluxo volumétrico e da
densidade da mistura gasosa respirada.

Movimento dos Gases dos Alvéolos aos Tecidos do Corpo Humano


Nossos tecidos são permeáveis aos gases e a sua solubilização ocorre por
difusão. No alvéolo, o oxigênio é incorporado e o dióxido de carbono é trocado na
fase de gás.
As moléculas dos gases se movem de áreas de alta para baixa pressão parcial. O
gradiente de concentração define a taxa de movimentação do gás num
determinado tecido. Essa taxa depende da diferença de pressão parcial, da
distância entre o alvéolo e o tecido e da permeabilidade do tecido ao gás. Em
condições normais, mais oxigênio é incorporado do que dióxido de carbono é
liberado. A relação de troca gasosa é em torno de 0,8. Esse valor pode variar com
a dieta e outros fatores que influenciam as inter-relações metabólicas de oxigênio
e dióxido de carbono.
Com exceção do dióxido de carbono, os gases saem da luz alveolar até o interior
da célula. É necessário um período de tempo para que a quantidade de gás
dissolvida fique uniforme. Essa transferência de gás dos alvéolos pulmonares aos
tecidos depende da circulação sangüínea e do débito cardíaco.
A eficiência da troca gasosa depende de vários fatores como a espessura da
barreira ar-sangue; da resistência tecidual à difusão de oxigênio e dióxido de
carbono; da área alveolar disponível para trocas e do volume sangüíneo
uniformemente distribuído sob a superfície alveolar.
As pressões parciais dos gases em relação ao corpo, ao nível do mar, em vários espaços,
estão na seguinte tabela:
Tabela 1: Pressões parciais dos gases em vários espaços do corpo a uma
atmosfera de pressão
Gás Ar Ar Ar Sangue Sangue Ar
seco úmido alveolar arterial venoso expirado
(mmH (mmHg) (mmHg) (mmHg) (mmHg) (mmHg)
g)
Oxigênio 160 150 102 95 40 40
Dióxido de - - 40 40 40 40
carbono
Nitrogênio 600 563 571 571 571 633
Vapor d’água - 47 47 - - 47
Pressão total 760 760 760 706 651 760
Fonte: Cecil Textbook of Medicine, 20th Edition.
A troca de oxigênio por dióxido de carbono no espaço alveolar produz um
pequeno aumento da pressão parcial de nitrogênio, o que ocorre porque a taxa de
trocas respiratórias é menor que um. Além disso, a pressão total de gases
solúveis no sangue, tanto no sistema arterial quanto no venoso, é subatmosférica,
gerando um gradiente para remover nitrogênio. Por outro lado, o reequilíbrio
contínuo de outros gases no sangue venoso leva à reabsorção de todo gás livre.
Esse mecanismo remove qualquer gás formado ou colocado em qualquer outro
local do corpo.
Devemos salientar que é a pressão do gás dissolvido que limita o equilíbrio e não
a quantidade de moléculas de gás. No entanto, se um gás é várias vezes mais
solúvel num determinado tecido que em outro, então mais moléculas se
solubilizarão num tecido para produzir a mesma pressão parcial nesse tecido. A
dissolução de um gás pode ser estimada através dos coeficientes de solubilidade
do gás no tecido. Isso dependerá do tipo de tecido e de suas características de
afinidade com o gás em questão.
Uma grande taxa de transferência de gás ocorre quando há uma grande diferença
de pressão parcial entre dois pontos e da permeabilidade do tecido ao gás em
questão.
Troca de Gás Inerte
O aumento da pressão total da mistura gasosa usada para respirar é
acompanhado pelo aumento da pressão do gás inerte dessa mesma mistura,
produzindo transferência de gás aos tecidos independentemente de serem ou não
utilizados no metabolismo. É um efeito direto da solubilização de um gás em
função da pressão exercida sobre ele.
Pressões Parciais do Oxigênio do Alvéolo à Intimidade Celular
O oxigênio que é usado no nosso metabolismo, deve ganhar a circulação
sangüínea para que possa chegar até a célula. Primeiramente ele sai da luz
alveolar, ultrapassando a barreira alvéolo-capilar por gradiente de pressão.
Através de um gradiente de pressão, ele segue, podendo ir até o interior da célula.
Na célula, ele será utilizado para produzir energia e, consumido, gerará dióxido de
carbono e água.
Normalmente 97% do oxigênio são transportados pela hemoglobina que se
encontra no interior das hemácias. Os restantes 3% ficam dissolvidos no plasma
sangüíneo. O sangue fica com uma saturação de 100% de oxigênio a uma
pressão parcial de 90 mm Hg de oxigênio.
Em condições de pressão parcial de oxigênio aumentada, a hemoglobina está
saturada e sem capacidade de carrear mais oxigênio. O oxigênio adicional passa
a ser dissolvido no plasma, ou seja, em condições de pressão parcial aumentada,
o sangue carrega oxigênio adicional dissolvido, mesmo estando toda hemoglobina
saturada. Então, o oxigênio dissolvido dependerá do excesso de pressão e isso
denominamos de oxigenação hiperbárica.
Se subtrairmos da pressão barométrica, que é 760 mm Hg, a pressão do vapor da
água e essa diferença for multiplicada pelo percentual de oxigênio do ar, que é
21%, teremos a pressão aproximada de 150 mm Hg no ar respirado. Nas vias
aéreas, a mistura gasosa é aquecida e umidificada. Ao se mover pelos pulmões, o
oxigênio poderá se misturar a um pouco mais de vapor d'água e dióxido de
carbono, acontecendo então que, na luz do alvéolo, ele estará com uma pressão
de 100 mm Hg.
O oxigênio que atravessa a barreira alvéolo-capilar, ganha a circulação e, no
sangue oxigenado, ele passa a apresentar uma pressão parcial de 97 mm Hg.
Através do sistema circulatório ele chega até os menores capilares e neles estará
com uma pressão parcial de 47 mm Hg. Para chegar à célula, ele deve passar do
capilar para o fluido extravascular e interstício tecidual. Nesse espaço, a pressão
parcial vai de 3 a 5 mm Hg. Dentro da célula, a pressão parcial de oxigênio é de
aproximadamente 2 mm Hg.
No mergulho, a pressão parcial do oxigênio aumenta à medida que aumenta a
profundidade, apesar de o percentual do oxigênio não aumentar. Nem aumenta a
capacidade carreadora da hemoglobina. Um grama de hemoglobina é capaz de
carrear de 1,34 a 1,39 ml ou cc de oxigênio. Se a hemoglobina em condições
normais é de 15 g/dl de sangue, então 20,1 ml de oxigênio estão fixos à
hemoglobina e são carreados pelas hemácias em 100 ml de sangue. Como 0,3 ml
está dissolvido no plasma, o total de oxigênio em 100 ml de sangue a uma ATA é
de 20,4 ml.
Consumo de Oxigênio
Quando nos preocupamos com o esforço físico realizado durante o mergulho, na
verdade, estamos preocupando-nos com a capacidade do equipamento de
respiração autônoma de manter a oferta de oxigênio através dos pulmões e do
sistema circulatório nas condições de adaptação às alterações provocadas pelas
variações de pressão externa.
Sabemos que a taxa de consumo de oxigênio é uma medida indireta do índice de
exercício e dos processos metabólicos que envolvem a liberação de energia
química através da fosforilação oxidativa. A taxa de consumo de oxigênio para a
produção de energia é aceita como o melhor índice de preparo cardiorrespiratório.
Ela é expressa em l/min e o custo metabólico de determinada atividade é expresso
em ml/kg/min. O consumo de 1 litro de oxigênio produz 5 kilocalorias.
O nível médio, de repouso, do valor da taxa de consumo de oxigênio,
considerando um indivíduo de 70 kg em completo relaxamento, é em torno de 0,3
l/min. O consumo máximo de oxigênio alcançado durante o exercício, utilizando o
maior agrupamento de músculos, é a chamada capacidade aeróbica. Acredita-se
que essa capacidade é limitada pela capacidade do sistema circulatório em
transportar oxigênio até os músculos. Na profundidade, a restrição ventilatória é o
que vai limitar a taxa de consumo de oxigênio.

Exercício e Débito de Oxigênio


Quando a demanda de oxigênio é intensa e supera a capacidade cardiopulmonar
de ofertá-lo, o organismo lança mão da chamada glicólise anaeróbica. Esse tipo
de metabolismo é produtor de ácido lático. Também foi observado que o aumento,
no sangue, das concentrações de lactato é inversamente relacionado à
concentração do oxigênio inspirado. A maior conseqüência do acúmulo de ácido
lático é a fadiga muscular. Uma oxigenação tecidual insuficiente do ponto de vista
cardiopulmonar provoca uma acidose, que provoca um aumento da freqüência
ventilatória.
Produção de Dióxido de Carbono
O dióxido de carbono é um dos produtos finais da respiração celular. A produção
de dióxido de carbono está vinculada ao mesmo processo metabólico que
consome oxigênio.
O ar fresco contém aproximadamente 0,04% de gás carbônico. Apesar de ser uma
quantidade muito pequena, é permitido dizer que um mergulhador raramente
respira ar fresco. Por exemplo, a 10 ATA levaria a uma pressão inspirada de gás
carbônico de 3 mmHg ou 0,4 kpa.
A taxa de produção de dióxido de carbono num indivíduo normal é semelhante a
0,8 da taxa de consumo de oxigênio. O chamado quociente respiratório é o
resultado da divisão da taxa de produção de dióxido de carbono pela taxa de
consumo de oxigênio. Esse quociente pode variar em função de fatores dietéticos
envolvidos na produção de energia. Ele varia de 0,7 a 1,0. Será a mais baixa, no
caso de haver disponibilidade de energia a partir das gorduras. Será a mais alta,
se a fonte energética for derivada de carboidratos. Na dieta protéica e mesmo na
mista, pode chegar a 0,8. Como o quociente respiratório ou taxa respiratória de
troca gasosa pode variar, ele é considerado aparente e não real.
No exercício prolongado, no jejum ou durante o consumo de reservas de gordura
para a produção de energia, a taxa respiratória de troca gasosa pode cair abaixo
de 0,7. Durante uma demanda imediata de esforço físico intenso, essa taxa pode
elevar-se a 1,0 e observamos um aumento compensatório da ventilação pulmonar.
Distribuição do Volume de Sangue nos Vasos de Capacitância
Um volume de sangue significativo fica represado nos membros inferiores dos
indivíduos que estão em pé ou sentados em terra. A maior pressão embaixo faz
com que os vasos venosos, ou de capacitância, se expandam, guardando mais
sangue nas pernas. Significativo volume de sangue é armazenado em vasos
dependentes de ação gravitacional e pode ser deslocado em função da pressão
externa e da posição do corpo quando em terra.

ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS RELACIONADAS COM A IMERSÃO NA ÁGUA


E A RESPIRAÇÃO DE GASES SOB PRESSÃO (MERGULHO AUTÔNOMO)
Efeitos da Imersão com a Cabeça para Fora
O entendimento das alterações hemodinâmicas e da dinâmica ventilatória, quando
entramos na água e ficamos com a cabeça para fora, é uma boa maneira de nos
fazer compreender as alterações fisiológicas relacionadas com o mergulho. Nessa
situação ocorre o maior efeito circulatório, pois o ar é respirado a uma pressão
menor que a da água que está em volta do corpo do mergulhador. Essa diferença
de pressão é suficiente para deslocar sangue adicional ao tórax.
A redistribuição do volume sangüíneo produz um aumento da pressão de
enchimento das cavidades cardíacas direitas. Com a redistribuição do volume de
sangue circulante da periferia para dentro do tórax, há um maior volume de
enchimento do átrio e consequentemente maior volume sistólico ventricular. Com
uma menor freqüência cardíaca, poderemos observar o mesmo débito cardíaco
ou, se a freqüência não se elevar, observaremos um débito cardíaco maior. O
aumento da pressão de enchimento atrial acarreta uma distensão deste, que, por
sua vez, estimula os receptores atriais para a liberação de hormônio atrial
peptídico. O hormônio atrial peptídico aumenta a secreção de água e sódio pelos
rins, o que leva a um aumento da diurese com diminuição do volume de sangue
circulante. O aumento do débito urinário acaba sendo a resposta final habitual à
imersão, ou seja, a distensão atrial é interpretada como um aumento do volume
circulante e uma resposta hormonal é desencadeada.

Esse conhecimento é importante para sabermos como proceder quando retiramos


alguém que passou muito tempo na água. Foi observada uma quantidade
significativa de paradas cardiopulmonares por baixo débito quando se realizava
resgate no mar. Isso se devia ao retorno do sangue à periferia, que ocorria quando
o resgatado era içado da água em pé. Essa redistribuição do volume circulante
para os membros inferiores provocava diminuição da pressão de enchimento atrial
e posterior baixo débito com baixa perfusão de outras áreas dependentes de fluxo
sangüíneo como o cérebro e o próprio coração.
Alterações no Volume de Sangue Distribuído em Relação ao Aparelho
Circulatório na imersão com a Cabeça para Fora
No mergulho, a pressão externa é totalmente transmitida aos tecidos e interrompe
a tendência de o sangue ser represado nas extremidades. O efeito da posição é
eliminado e qualquer posição na água é semelhante a estar deitado fora da água.
O sangue armazenado em estruturas dependentes da ação gravitacional é
deslocado.
A imersão em água desloca o sangue da periferia do corpo para o tórax, os vasos
pulmonares, a veia cava e as câmaras cardíacas direitas. Com a imersão, ocorre
uma perda dos efeitos gravitacionais, que, por sua vez, provoca a redução do
volume de sangue nas veias das extremidades. O volume de sangue circulante se
redistribui para os vasos de capacitância do sistema venoso intratorácico. A
pressão hidrostática adicional que força o sangue das extremidades para o tórax,
produz um aumento no volume sangüíneo intratorácico de aproximadamente 700
ml num indivíduo de 70 kg. A conseqüência direta disso é uma redução do volume
pulmonar e a complacência pulmonar. A redução da complacência pulmonar
provoca aumento da resistência das vias aéreas. Cabe salientar que a exposição
ao frio tem efeito semelhante.
A redução do volume pulmonar altera a relação da ventilação através das vias
aéreas com a perfusão do tecido pulmonar. O represamento de um volume
sangüíneo maior dentro do tórax indiretamente provoca uma diminuição da área
pulmonar alveolar total. Ocorre um fechamento de pequenas vias aéreas. Para um
maior volume intratorácico há menos superfície pulmonar para trocas gasosas. Na
prática, há uma redução de aproximadamente 300 ml da capacidade vital
pulmonar. Isto é observado na imersão com a cabeça para fora. Já durante o
mergulho autônomo, variações na postura acarretam variações nos valores da
relação ventilação com a perfusão, o que, por sua vez, acarreta alterações nas
velocidades de troca gasosa e eliminação de gases inertes, bem como o esforço
ventilatório.
Alterações Relacionadas a Variações de Volume do Espaço Morto Pulmonar
no Mergulho com Equipamento Autônomo
No mergulho com equipamento de respiração autônoma observamos alterações
nos espaços mortos, anatômico e fisiológico. Há um aumento do espaço
anatômico pela distensão de bronquíolos e alvéolos pela ventilação hiperbárica.
Ocorre também o surgimento do espaço morto fisiológico que está relacionado ao
surgimento de áreas alveolares ventiladas que não são perfundidas. É o que pode
ser chamado de espaço morto alveolar. Esse espaço decorre do colapso da
circulação pulmonar provocado pela diminuição relativa da pressão da artéria
pulmonar diante de uma pressão pulmonar global aumentada. As alterações
relacionadas aos espaços mortos, fisiológico e anatômico, que são de causas
distintas, evidenciam uma heterogeneidade pulmonar em relação a áreas de
perfusão e ventilação que ocorrem no mergulho autônomo e afetam a dinâmica de
troca gasosa.
Troca Gasosa Metabólica
No mergulho com equipamento de respiração autônoma, o mecanismo de troca
gasosa alveolar é o mesmo que na pressão normal. No entanto, há fatores a
serem considerados como a densidade da mistura e as alterações de perfusão
tecidual em relação às regiões ventiladas dos alvéolos e às alterações da
capacidade pulmonar total provocadas pela imersão.
A difusão do oxigênio acontece do gradiente de concentração do alvéolo pulmonar
ao interior da célula. Enquanto isso, o gradiente de dióxido de carbono ocorre no
sentido inverso. A troca de gás inerte também é importante e ela depende do
tempo de exposição à determinada profundidade do mergulho e às alterações de
pressão ambiental.
O aumento da pressão ambiental produz um aumento das pressões parciais
alveolares dos gases da mistura gasosa utilizada no mergulho. Altas pressões
alveolares dos gases respirados produzem altas pressões arteriais desses
mesmos gases.
Com a diminuição da pressão no final do mergulho, a transferência é revertida e,
no final do mergulho, pode haver um excesso de gás além da capacidade de
eliminação. Dessa forma, pode ocorrer que ele aumente de concentração e saia
de solução como bolhas.
Alterações Relacionadas a Variações da Densidade do Gás em Relação à
Ventilação
Na profundidade, o gás utilizado é comprimido, havendo aumento da densidade
da mistura gasosa. Portanto, uma maior massa de gás se move nas vias aéreas à
medida que há um aumento da pressão ambiental. A densidade do ar a uma ATA
é de aproximadamente 1,3 kg/m³, enquanto a 10 ATA é de 13 kg/m³.
O aumento da densidade do gás aumenta a resistência da via aérea, podendo
restringir a ventilação e aumentar o esforço ventilatório. Uma quantidade maior de
gás transita na via aérea, que, por sua vez, mantém ou mesmo diminui a sua
secção de área ou volume. Além disso, há uma redução da capacidade
ventilatória proporcional à profundidade do mergulhador. Foi observada uma
redução de mais de 50% nos índices ventilatórios em relação à superfície em
profundidades simuladas em câmaras hiperbáricas.
Aumentando a densidade da mistura gasosa ventilada com a profundidade,
também há um turbilhonamento do ar na via aérea. Isso causa um aumento do
esforço ventilatório, podendo acarretar fadiga. A conseqüência final é uma
diminuição da capacidade respiratória máxima. O uso de uma mistura gasosa com
gases mais leves, de menor densidade, pode diminuir o esforço ventilatório.
Aumento da Resistência Ventilatória Durante o Mergulho Autônomo
O aumento da pressão ambiente e da pressão pulmonar pelo fluxo de uma mistura
gasosa sob pressão leva a uma redução da complacência pulmonar. Desse modo,
a pressão hidrostática transpulmonar a ser vencida é maior.
O aumento da resistência ventilatória acarreta maior trabalho para ventilar,
exigindo um grande esforço do mergulhador. Calcula-se que o limite de
profundidade imposta por efeitos ventilatórios é de 1500 metros, utilizando
misturas gasosas mais leves que o ar.
Retenção de Dióxido de Carbono
O mergulho está associado a uma tendência à retenção de dióxido de carbono.
Essa retenção está associada ao aumento do espaço morto anatômico e
fisiológico e ao aumento do trabalho respiratório. Mais dióxido de carbono pode
ser retido em função da diminuição da eficiência da dinâmica de troca gasosa
alveolar e da dificuldade de transporte de dióxido de carbono pela hemácia que
está saturada de oxigênio em função do aumento da pressão parcial desse gás.
Por outro lado, o dióxido de carbono produz vasoconstrição pulmonar, acentuando
o efeito dos mecanismos anteriormente descritos.
A retenção de dióxido de carbono, cuja intensidade depende do tipo de
equipamento, também decorre da diminuição da renovação da mistura ventilatória.
Efeitos da Variação de Posição do Corpo do Mergulhador e a Resposta
Ventilatória
Durante o uso do equipamento de respiração autônoma para o mergulho, pode
haver diferença de pressão entre o ponto em que o ar é inalado e a pressão do
tórax.
Na submersão completa com equipamento de respiração autônoma, observamos
um efeito semelhante ao mergulho com tubo de ventilação (snorkel) quando
posicionamos o regulador de forma a este ficar mais alto que a porção mais
central do tórax. Se o mergulhador estiver em pé, ele inalará o ar liberado com a
pressão igual à da altura da boca. Dessa maneira, o ar usado para ventilar os
pulmões está com uma pressão menor que a dos pulmões, acarretando uma
diminuição da quantidade de ar que pode ser inalado, pois uma parte do esforço
ventilatório para inspirar é usada para sobrepor essa pressão. Nessa situação, a
inspiração fica menos confortável e até mesmo mais difícil.
Da mesma forma, também podemos dizer que, estando a cabeça em posição
inferior ao tórax, há uma redução do esforço ventilatório. Nessa posição, a
pressão da água ajuda a inflar os pulmões. Nadando para baixo, o mergulhador
pode inalar uma maior capacidade vital pulmonar. No entanto, ele não pode exalar
o volume residual todo.
Colocando a fonte de ar e o segundo estágio mais fundo que o tórax, fica a
exalação mais difícil, apesar da inspiração ser assistida. Nessa situação, não é
incomum realizar um esforço ativo no sentido de evitar a hiperinsuflação.
O trabalho ventilatório em determinadas situações pode se tornar um obstáculo
importante a ter uma ventilação alveolar eficiente na profundidade. Uma ventilação
que parece adequada, não é necessariamente eficiente. Logo o mergulhador
poderá ter problemas, principalmente relacionados à retenção de gás carbônico
sem perceber.
Alterações Relacionadas ao Aquecimento da Mistura Gasosa Utilizada na
Ventilação
Devemos salientar que a mistura gasosa respirada sofre influências das condições
ambientais em relação à temperatura. Perda de calor ocorre para aquecer o gás
respirado. A umidificação do ar seco usado para mergulhar requer uma
quantidade considerável de energia. A temperatura mais fria acarreta um aumento
da densidade da mistura gasosa utilizada para ventilar o pulmão do mergulhador.
Além disso, exige maior consumo energético para aquecer a mistura na via aérea
do mergulhador.
Usar hélio na mistura gasosa do mergulho é relevante e torna-se um problema
que deve ser considerado em relação ao mergulho com ar. O hélio tem mais calor
específico que o nitrogênio. Como na profundidade a massa de ar respirada está
aumentada, a perda de calor acaba sendo maior.
Alterações Relacionadas à Pressão Parcial dos Gases na Ventilação
Pulmonar
A pressão parcial dos gases usados na ventilação e respiração aumenta na
proporção direta do aumento da pressão ambiental e diminui da mesma forma, o
que acarreta variações diretas na pressão parcial dos gases no sangue do
mergulhador. A conseqüência final é a exposição a doses tóxicas dos gases
respirados. Respirando ar a 10 metros de profundidade, somos submetidos aos
mesmos efeitos que respirar oxigênio no nível do mar a 42%.
Uma das conseqüências do aumento da pressão parcial do gás da mistura gasosa
respirada é que, proporcionalmente, mais gás se dissolve nos tecidos. Grande
quantidade de gás se dissolve nos tecidos do mergulhador na profundidade.
Alterações Relacionadas à Solubilidade dos Gases
Os gases se solubilizam no nosso corpo e cada gás entra ou sai de solução em
função das alterações de pressão. Ao nível do mar, aproximadamente 1 litro de
nitrogênio está em solução em relação ao nosso corpo.
Cada gás tem seu coeficiente de solubilidade em relação aos vários tecidos e a
quantidade a se dissolver dependerá das características teciduais bioquímicas e
da perfusão sangüínea ou vascularização do tecido em questão.
À medida que mergulhamos e a pressão externa aumenta, mais gás entra em
solução no nosso organismo até alcançar um novo estado de equilíbrio. O tempo
necessário para os gases respirados alcançarem um equilíbrio de solubilização
nos vários tecidos dependerá das propriedades do gás, da quantidade de gás
oferecida para cada tecido e das características dos tecidos.
Havendo redução da pressão total exercida sobre um gás, este poderá sair de
solução. Alguns tecidos específicos do nosso corpo podem conter mais gás do
que são capazes de manter em solução diferentemente de outros e a mudança de
pressão pode formar bolhas que antes estavam solubilizadas, acarretando a
doença descompressiva. Além disso, é necessário um período de tempo para que
um gás entre ou saia dos tecidos e forme bolhas.
Durante a subida, ele pode ficar fora de solução. Isso pode ocorrer em função da
velocidade de subida e da capacidade do organismo de liberar o excesso de gás
solubilizado. Portanto, a profundidade e duração do mergulho são limitadas pela
necessidade de eliminar gás inerte acumulado durante o procedimento de subida.
Os pulmões têm uma capacidade limitada de eliminar uma parte dos gases fora de
solução.
Alterações Relacionadas a Variações de Volumes e Pressão de Gás em
Relação ao Corpo Humano
O efeito da pressão sobre o corpo do mergulhador é diferente nas partes sólidas e
líquidas em relação àquelas que contêm conteúdo aéreo. As porções sólidas e
líquidas são consideradas, na prática, incompressíveis e não mudam de volume. A
pressão é transmitida de uma parte a outra e é contrabalançada pela pressão da
água. Quando o mergulhador desce, a pressão aumentada do ambiente
comprime, através da água, o ar das porções com conteúdo aéreo.
Durante o mergulho em profundidades maiores, a pressão ambiente vai
aumentando com a profundidade de modo que o gás diminui seu volume,
mantendo a sua massa total, ou seja, como conseqüência da relação do volume
com a pressão de um gás descrita pelas suas leis físicas, um aumento na pressão
está associado a uma diminuição de volume da mistura gasosa. Os volumes de
gás se expandem quando a pressão diminui e se contraem quando a pressão
aumenta. A pressão de qualquer espaço com conteúdo gasoso no corpo deve
aumentar até igualar a pressão à sua volta. A submersão envolve diferenças de
pressão hidrostática que interagem com as propriedades elásticas do sistema
respiratório.
Na descida, a pressão crescente da água é transmitida, através dos fluidos do
corpo, ao tecido subjacente ao próprio espaço gasoso. No mergulho livre em
apnéia, os pulmões diminuem de volume à medida que o mergulhador vai ao
fundo. Um mergulhador, praticando o mergulho livre em apnéia, que apresenta um
volume intratorácico de 6 litros de ar no nível do mar, vai ter esse volume
comprimido a 2 litros a 20 metros de profundidade, onde a pressão ambiente é de
3 ATA. A 30 metros, a compressão resultará numa mudança para 1,5 litros do
volume intratorácico. A imersão com água até o pescoço provoca uma redução da
capacidade vital pulmonar em 10 %. Essa redução é decorrente da simples
compressão do tórax pela pressão hidrostática da água.
O gás que se encontra em cavidades como os pulmões, seios da face, orelhas e
intestinos, está sujeito à compressão à medida que o mergulhador desce na
profundidade da coluna de água e à expansão durante a subida desde o fundo, o
que ocorre porque o volume de uma determinada massa de gás varia
inversamente à pressão exercida sobre ele.
Logo, mais massa de ar na pressão igual à do meio externo é necessária para
expandir o mesmo volume da estrutura com conteúdo aéreo. Tanto a compressão
como a expansão acima da capacidade elástica da estrutura ou órgão em questão
podem provocar dano tecidual. A pressão da água será contra balanceada pela
pressão da mistura gasosa que estiver na estrutura, evitando a expansão ou a
contração do órgão exposto a uma maior pressão ambiental.
A pressão aplicada em estruturas que contêm ar, não causa qualquer problema,
se a pressão no espaço com gás é igual à da água. No mergulho com
equipamento de respiração autônoma, a cada ventilada que o mergulha- dor dá,
ele enche as vias aéreas com uma quantidade de ar suficiente para completar o
conteúdo da cavidade. Portanto, não haverá qualquer dano às estruturas que
contêm ar, se elas forem expostas a centenas de metros de pressão da água,
desde que a pressão seja balanceada pela pressão da água ao redor.
Para um mesmo gasto de energia para um esforço realizado na superfície, um
cilindro de mergulho que contenha ar suficiente para se ventilar, durante 100
minutos, a uma ATA, durará a 40 metros de profundidade, ou seja, a 5 ATA, 20
minutos. A mistura gasosa utilizada para ventilar na profundidade se expandirá
num volume menor que em comparação com a sua liberação na superfície.

DESEMPENHO HUMANO EMBAIXO DA ÁGUA


O desempenho humano embaixo da água tem relação com a adequada dinâmica
ventilatória relacionada às condições de pressão ambiental, à interação com o
equipamento autônomo e à condição de realizar esforço físico pelo mergulhador.
Se devêssemos escolher um fator único de desempenho embaixo da água, esse
seria a condição física do mergulhador. Dentre os fatores diretamente
relacionados ao mergulho bem sucedido, as condições físicas e psicológicas do
mergulhador são os maiores determinantes. Atualmente os equipamentos de
respiração autônoma apresentam excelentes desempenhos para funcionamento
dentro dos limites do mergulho recreativo.
Os mergulhadores que apresentam boas condições físicas, são capazes de
realizar tarefas e lidar com os problemas embaixo da água, pois terão força,
resistência, reservas funcionais e capacidade de manejar o equipamento para
enfrentar emergências. A condição física pode vir de treinamento adequado.
O nível de trabalho do mergulhador recreativo deve ficar dentro de limites
aeróbicos. Ele deve ser treinado para perceber os sinais de sobrecarga física de
modo a reduzir a carga de exercício até que o ritmo respiratório e o débito
cardíaco voltem a um padrão confortável. Sobrecarga física é um fator contribuinte
para a ocorrência de doença descompressiva.
Antes de iniciar o mergulho, se preconiza a realização de um aquecimento físico
de, pelo menos, três minutos. O exercício intenso antes de um equilíbrio
cardiorrespiratório pode levar à exaustão. No mergulho, exaustão precoce pode
levar ao pânico e suspender um mergulho. A síncope vaso vagal contribui para
acidentes fatais.
A natação equipada com nadadeiras, a uma ATA, em velocidades de 0,6
nó/minuto, consome 0,8 l/min; a 0,8 nó/minuto, consome 1,4 l/min e a 1,2
nó/minuto, consome 3 l/min. Esses valores são influenciados por vários fatores,
sendo que o mais importante é proteção térmica. Foi observado que, para
velocidades mais altas de nado, o custo energético com uma roupa úmida é 40%
maior que o com uma roupa seca.
No mergulho, o valor energético gasto sem atividade pode ser menor que o
observado fora da água. Provavelmente isso ocorre em função da ausência da
ação de efeitos gravitacionais, ou seja, há uma diminuição de gasto energético em
função de não haver necessidade de manter uma postura embaixo da água, como
ocorre em terra.
Além do desempenho da capacidade cardiopulmonar e da massa corporal do
mergulhador, a taxa de consumo de oxigênio vai depender do seu preparo físico.
É prevista para um mergulhador de porte médio e bem preparado fisicamente uma
taxa de consumo de oxigênio de 3 litros /min. As exigências de preparo físico no
mergulho são mais importantes do que em outras atividades pelas limitações
ventilatórias impostas pelo mergulho em condições de pressão ambiental
aumentada. Reduzir a pressão inspirada de oxigênio abaixo de 0,21 ATA produz
diminuição da resistência física, enquanto aumentar essa pressão pouco benefício
traz, além, é claro, dos riscos de convulsão. O aumento da pressão ambiental
produz diminuição da taxa de consumo de oxigênio e da resistência física sem
alterar a demanda metabólica do organismo. Isso corresponde à fadiga observada
na realização de esforço embaixo da água.
O aumento da freqüência ventilatória por causa do esforço físico pode representar
uma demanda extra para um mergulhador que já apresenta limitações na troca
gasosa pulmonar por respirar uma mistura gasosa com uma densidade maior e
pela redistribuição do fluxo sangüíneo para dentro do tórax, que acarreta uma
diminuição da capacidade vital pulmonar. Dessa maneira, no mergulho, o esforço
físico deve ser realizado dentro dos limites das suas condições cardiopulmonares,
sendo que, para realizar esforços maiores, deve haver treinamento. Além disso,
durante o mergulho, se preconiza o esforço intermitente. O esforço intermitente
oferece momentos para a eliminação do excesso de ácidos e dióxido de carbono.

EFEITOS EM LONGO PRAZO DO MERGULHO SOBRE OS PULMÕES


Mergulhadores apresentam volumes pulmonares maiores que os da população em
geral. Mergulhadores que praticam de forma continuada, apresentam alterações
em seus volumes pulmonares. Observamos um aumento na capacidade vital
forçada e um menor volume expiratório forçado no primeiro segundo, o que leva a
uma redução da taxa do volume expiratório forçado, no primeiro segundo, sobre a
capacidade vital forçada.
Acredita-se que essas observações ocorram primeiramente por haver um
processo de seleção natural que envolve aqueles que naturalmente desejam
mergulhar, apresentando biótipos que favorecem a prática do mergulho ou as
alterações que ocorrem durante o mergulho. Além disso, pensa-se que o mergulho
livre em apnéia e a ventilação restritiva durante a atividade de mergulho são as
causas dessas alterações. O mergulho acarretaria alterações na periferia dos
pulmões, nas estruturas pulmonares mais distantes na árvore respiratória.
Tetzlaff observou que mergulhadores têm uma redução no fluxo expiratório médio
em 25% da capacidade vital quando comparados com controles. Também
observou que seus fluxos expiratórios médios em 25 e 50% da capacidade vital
eram inversamente proporcionais aos anos de mergulho. Outras pesquisas
evidenciaram alterações na função de pequenas vias aéreas.
Estudos com mergulhadores comerciais, que apresentam limitações nos seus
delineamentos de pesquisa, sugerem uma diminuição do volume pulmonar maior
que a taxa esperada para a população em geral. Exposição aguda que ocorre no
mergulho saturado profundo, provoca diminuição da capacidade de difusão
gasosa pulmonar, que é reversível com o tempo. Acredita-se que ocorre um certo
grau de toxicidade pulmonar provocada pelo oxigênio decorrente da respiração de
pressões parciais em torno de 0,5 ATA e também pelo efeito de bolhas sobre a
circulação e a estrutura pulmonar.

RISCOS POTENCIAIS DA ATIVIDADE


O mergulho é uma atividade que apresenta uma carga considerável de esforço
físico em condições ambientais adversas que afetam a estrutura e função do
corpo humano. Durante o mergulho, o mergulhador se expõe a vários riscos
potenciais.
O maior problema é o afogamento. No entanto, o mergulhador também pode
apresentar hipotermia, trauma físico e mesmo o pânico. Há também o risco de
hipóxia e a hiperóxia, as intoxicações gasosas por misturas inapropriadas ou
mesmo contaminadas.
Existe uma série de características da atividade que devem ser levadas em conta
para uma maior compreensão do risco da atividade. O mergulhador é exigido
fisicamente à medida que ele pode vir a necessitar nadar intensamente. Dessa
forma, o mergulho acarreta intensa sobrecarga cardiopulmonar.
Um dos problemas mais importantes relacionados aos riscos potenciais da
atividade é o pânico. A situação de pânico é aquela que faz interagirem, num
único incidente, todos os fatores relacionados ao mergulho com equipamento
autônomo. Ela é a maior causa de acidentes fatais e pode se relacionar a todas
interações do mergulho relacionadas à necessidade de adaptação fisiológica entre
mergulhador, equipamento e o ambiente.
O pânico é um estado de perda de controle na qual o mergulhador a percebe e
não consegue elaborar uma maneira de sair dela. É o mais importante fator que
interfere no desempenho embaixo da água. Ele decorre, na maioria das vezes, da
falta de controle da situação. Condição física menos adequada, falta de confiança,
falta de conhecimento relacionado ao funcionamento do equipamento e falta de
habilidades em lidar com o ambiente ou com o equipamento levam à falta de
controle.
A mudança do ritmo ventilatório com hiperventilação é o sinal mais precoce.
Ventilação rápida, superficial e irregular leva à ineficiência de trocas gasosas. Uma
troca ineficiente gera a sensação de mais falta de ar e, por sua vez, exacerba a
reação de pânico.
A prevenção do pânico se realiza através do aumento da experiência em
mergulho, da manutenção do preparo físico e do treinamento relacionado ao
objetivo proposto para o mergulho. A aquisição de conhecimento é importante
para a resposta adequada para a solução de problemas. É praticamente
impossível a realização de um programa de treinamento que forneça soluções
para todas as situações de exposição perigosa no mergulho autônomo.
Há também a possibilidade, que é menos freqüente, de problemas técnicos ou do
equipamento. De forma incomum, também há a possibilidade de mau
funcionamento do regulador do aparelho de respiração autônoma. Perda de
controle de flutuabilidade é uma causa comum de acidentes de mergulho e pode
se relacionar tanto à falha de equipamento quanto ao mau uso. Perda de controle
de flutuabilidade provoca subida rápida e descontrolada.
Durante o mergulho, o controle de flutuabilidade é muito importante, sendo que
falhas nesse controle podem acarretar barotraumas. Para se ter controle de
flutuabilidade, se requer treino, uso de equipamento apropriado e muito treino.
Um grande grupo de acidentes de mergulho relaciona-se aos barotraumas. Esses
são traumatismos que acarretam dano e desorganização de estruturas que
contêm espaços cheios de gás. Normalmente o ar entra em estruturas de paredes
rígidas como os seios da face ou o ouvido médio. No caso de o ar, por qualquer
motivo, não entrar em alguma cavidade, ocorrerá uma incapacidade de
compensar pressões. Havendo diferença de pressão entre um espaço com
conteúdo aéreo e o tecido da estrutura subjacente, poderá haver dano, se essa
diferença de pressão for muito negativa ou muito positiva. A distorção tecidual
poderá ser congestão, edema ou hemorragia no interior da cavidade aérea. A
distorção resultante são os barotraumas.
Os barotraumas são causados por compressão ou expansão de espaços cheios
de gás na descida ou subida. Comumente barotraumas estão associados à
velocidade de subida ou descida e à capacidade de compensação das diferenças
de pressões entre as estruturas com conteúdo de gás em relação à pressão
ambiente. Se o ar não tiver condições de escapar da estrutura, o espaço com gás
irá se expandir, podendo romper o tecido ou exercer pressão no tecido subjacente,
danificando-o. Alterações de volume são maiores quanto mais perto da superfície.
Por exemplo, a compressão pulmonar na descida pode acarretar exsudação ou
mesmo hemorragia alveolar. Expansão na subida de forma não equalizada dos
pulmões pode causar síndrome de hiperdistensão pulmonar, levando ao
pneumotórax, ao pneumomediastino e à embolia arterial por gás. Logo, o
ambiente do mergulho está associado ao risco de ruptura pulmonar.
A hipotermia é outro risco. No mergulho há necessidade de proteção térmica.
Regiões de maior perda de calor são as extremidades e a cabeça. Além disso, o
gás respirado pode estar frio, o que acarreta uma maior perda de calor pela
ventilação pulmonar. Falha de proteção térmica é uma importante causa de
acidentes de mergulho.
A doença descompressiva é outra possibilidade de risco de ocorrência durante o
mergulho. Ela ocorre quando gás dissolvido nos vários tecidos, na profundidade,
fica fora de solução. As manifestações clínicas são variadas e apresentam um
espectro que vai desde a dor articular até formas severas com lesão neurológica
ou cardiorrespiratória.
Bolhas de gás inerte se formarão na circulação e nos próprios tecidos, levando à
doença descompressiva. As bolhas formadas estão sujeitas às mesmas leis
físicas da compressão, sendo que o tamanho diminui, se a pressão aumenta.
Para finalizar, outro risco inerente à atividade é aquele oriundo da necessidade de
um indivíduo auxiliar no manejo de qualquer incidente em- baixo d’água, por
qualquer motivo, com outro mergulhador. Na eventualidade de uma emergência
embaixo d’água, o auxiliar passa a apresentar risco. Treinamento continuado é
uma forma de controle desse risco.
CONCLUSÕES
Um mergulhador, usando equipamento de respiração autônoma, expande seus
pulmões quase que até o volume pulmonar normal. Entretanto, esse mergulhador
necessitará respirar maior quantidade de mistura gasosa enquanto estiver sob
pressão.
A limitação mais importante da função pulmonar embaixo da água é simplesmente
a inadequação do volume de gás se mover para dentro e para fora dos pulmões.
O equipamento de respiração autônoma acrescenta espaço anatômico e
fisiológico e a mistura gasosa sob pressão impõe resistência à ventilação. A
conseqüência disso é que o mergulhador aumenta o esforço necessário para
ventilar seus pulmões. O trabalho ventilatório durante o mergulho acaba
aumentando em função do aumento da densidade do gás respirado, do aumento
da pressão hidrostática e das alterações que ocorrem com a mecânica ventilatória.
Uma conseqüência importante para destacar é a ocorrência de uma maior
retenção de dióxido de carbono , aumentando a pressão arterial desse gás. Dessa
forma, a retenção de dióxido de carbono observada no mergulho autônomo
decorre do aumento do espaço morto gerado com uso de equipamento de
respiração autônoma, do aumento da resistência ventilatória e do aumento da
densidade do gás em função da profundidade. Não só a eliminação do dióxido de
carbono está comprometida, mas também a sua produção está aumentada em
função do maior esforço ventilatório e do exercício físico realizado no mergulho,
que é bem maior que o mínimo realizado na superfície. Esse conjunto de fatores é
que leva a uma maior retenção de dióxido de carbono.
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