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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DR.

MANUEL LARANJEIRA
Português – 11º ano
OS MAIAS, de Eça de Queirós
CAPÍTULOS III e IV

FIM DO “Daí a dias fechou-se a casa de Benfica. Afonso da Maia partiu com o neto e com todos
CAPÍTULO II os criados para a
QUINTA DE SANTA OLÁVIA

EDUCAÇÃO DE CARLOS DA MAIA

DOIS TIPOS DE EDUCAÇÃO

«À inglesa»: CARLOS «À portuguesa»: EUSEBIOZINHO


 contacto com a natureza:  permanência em casa
água fria  contacto com velhos livros
 exercício físico:  aprendizagem de línguas mortas:
ginástica
o latim
ar livre
 aprendizagem de línguas vivas:  superproteção
o inglês  valorização da memorização
 rigor – método – ordem  suborno da vontade pela chantagem
 valorização da criatividade e juízo crítico afetiva
 submissão da vontade ao dever

Símbolo: o TRAPÉZIO Símbolo: a CARTILHA

Alma sã em corpo são Alma doente em corpo doente

EQUILÍBRIO CLÁSSICO SENTIMENTALISMO ROMÂNTICO


NA QUINTA DE

SANTA OLÁVIA E
Quem contesta Quem aprova
EM SANTA
Vilaça Vilaça
OLÁVIA Padre Custódio Padre Custódio
Gente da Casa Gente da Casa
Gente de Resende Gente de Resende

Quem aprova Quem contesta

Afonso Afonso
Narrador Narrador
(discurso valorativo) (discurso valorativo)
Em Coimbra  Estudante do liceu, Carlos deixara os seus compêndios de lógica e de
retórica para se ocupar de anatomia.
Nos Paços de  Carlos faz ginástica científica, esgrima, whist sério; havia ardentes cavacos,
Celas leitura e discussão de livros (, etc.
«Mas tinha nas veias o veneno do diletantismo» (Cap. IV)
EM Vida  Episódio romântico com Hermengarda – adultério
COIMBRA romântica  Romance torpe com a espanhola Encarnación, prostituta a quem monta
casa.
Os  São dândis e filósofos, fidalgotes e revolucionários.
companheiros
A formatura  Em agosto, no ato da formatura, houve alegre festa em Celas.

«- Aí temos o nosso Maia, Carolus Eduardus ab Maia, começando a sua


gloriosa carreira, … preparado para salvar a humanidade enferma – ou
acabar de a matar, segundo as circunstâncias!» (Cap. IV)
«Carlos partira para a sua longa viagem pela Europa. Um ano passou. Chegara esse
outono de 1875: e o avô, instalado enfim no Ramalhete, esperava por ele ansiosamente.»
(Cap. IV)

FIM DA GRANDE ANALEPSE

CARLOS DA MAIA, MÉDICO, EM LISBOA

O consultório O laboratório

O luxo:  Um grande pátio


 Um criado de libré  A porta do casarão, ogival e nobre
 Plantas em vasos de Ruão  Sala para estudos anatómicos
 Quadros de muita cor  A biblioteca
 Fornos para trabalhar químicos
 Ricas molduras
 As obras arrastavam-se sem fim
 Álbuns de atrizes seminuas
PROJETOS  Um piano
Os projetos falhados A realidade
DE CARLOS
 O consultório deserto CARLOS
 O laboratório inútil  Os cavalos, as carruagens, o bric-à-brac
 A revista – mero projeto  A atração da Gouvarinho
 O livro Medicina Antiga e Moderna  A lembrança dos amores passados
sempre adiado
ERA UM DILETANTE
Cumplicidade do Ega
O diletantismo A realidade
 A revista  A revista – mero projeto
 O cenáculo  O cenáculo – mero projeto
PROJETOS  O livro As Memórias de um Átomo  O livro – sempre adiado
DE EGA  A comédia O Lodaçal  A comédia – mero projeto
 O romance com a Cohen
ERA UM DILETANTE
 O Diogo, o velho leão, a fidalguia do ancien régime; o Sequeira, oficial do
Velhos exército; o Marquês de Souselas – fidalguia «à portuguesa» - devoto e
GERAÇÕES parceiros devasso; Steinbroken (ministro da Finlândia) – o diplomata inócuo.
ENVOLVENTE
 O Taveira, empregado no Tribunal de Contas; o Cruges; maestro e
S DE CARLOS E pianista, génio socialmente inadaptado; o Eusébio, fidalgote
DE EGA provinciano, politiqueiro, vivendo de rendimentos.
Os rapazes
 O Craft, o inglês, o amigo de Carlos, representante da cultura britânica.

«E aqui tens tu Lisboa»

LINHAS DE REFLEXÃO

Educação 1. A educação de Carlos foi feita sob a orientação do precetor inglês Brown por ordem
de Afonso da Maia. No esquema apresentado, notam-se claramente as diferenças
entre os dois tipos de educação, que deveriam conduzir a comportamentos opostos.

Aprovação e 2. Aqueles que aprovam a educação de Carlos são os mesmos que desaprovam a
desaprovação da educação de Eusebiozinho, assim como os que contestam a educação de Carlos são
educação «à os que aprovam a de Eusebiozinho. Como explicar esta situação? A gente da aldeia,
o Vilaça, o abade são pessoas ligadas ao passado e, por isso, querem ver nas crianças
inglesa» e «à
a mesma educação que lhes foi ministrada, sendo resistentes às mudanças. Afonso
portuguesa» da Maia, lembrando-se do que aconteceu ao seu filho, prefere uma educação mais
moderna, que possa desenvolver a totalidade do ser, sobretudo a vontade. O
narrador, sempre crítico, opta pela educação à inglesa. Basta ler com atenção o
parágrafo do capítulo III, em discurso indireto livre, assim como as páginas que se
referem à educação de Eusebiozinho para se ter a perspetiva do narrador:

 «Mas o Teixeira, muito grave, muito sério, desiludiu o senhor administrador. Mimos
e mais mimos, dizia Sua Senhoria? Coitadinho dele, que tinha sido educado com uma
vara de ferro! Se ele fosse a contar ao sr. Vilaça! Não tinha a criança cinco anos já
dormia num quarto só, sem lamparina; e todas as manhãs, zás, para dentro de uma
tina de água fria, às vezes a gear lá fora. E outras barbaridades. Se não se coubesse a
grande paixão do avô pela criança, havia de se dizer que a queria morta. Deus lhe
perdoe, ele, Teixeira, chegara a pensá-lo… Mas não, parece que era sistema inglês!
Deixava-o correr, cair, trepar às árvores, molhar-se, apanhar soalheiras, como um
filho de caseiro. E depois o rigor com as comidas! Só a certas horas e de certas
coisas… E às vezes a criancinha, com os olhos abertos a aguar! Muita, muita
dureza.»

Estamos perante dois modelos de país: um voltado para o passado, outro voltado
para o futuro.

3. Estudante em Coimbra, Carlos depressa mostrou a sua tendência para o romantismo


Carlos romântico sensual, entregando-se a duas ligações amorosas. Herança do pai? da mãe? da
ausência de educação moral e religiosa?

4. O luxo e a tendência para o diletantismo (sonhos, projetos utópicos, nunca


realizados) serão dois dos vícios de Carlos, que nunca o largarão e o impedirão de
fugir.
Ponto de vista do 5. O narrador abdica, por vezes, da sua omnisciência, conferindo a uma personagem o
narrador papel de focalizar os momentos: a educação de Carlos e a educação de
Eusebiozinho. É Vilaça quem cumpre essa função. Este facto vai contra as normas no
naturalismo que defendia a total objetividade, exigindo sempre a omnisciência do
narrador.

 «O bom Vilaça voltou-se, com esforço. O pequeno, muito alto no ar, com as pernas
retesadas contra a barra do trapézio, as mãos às cordas, descia sobre o terraço,
cavando o espaço longamente, com os cabelos ao vento;…»

Ega 6. Carlos liga-se, em Coimbra, «aos mais revolucionários» e sobretudo a João da Ega,
que será seu eterno amigo e confidente. Ega era um boémio diletante.

Expressividade da 7. Descrição do consultório de Carlos (Cap. IV)


linguagem
«Carlos mobilou-o com luxo. Numa antecâmara, guarnecida de banquetas de
marroquim, devia estacionar, à francesa, um criado de libré. A sala de espera dos doentes
alegrava com o seu papel verde de ramagens prateadas, as plantas em vasos de Ruão,
quadros de muita cor, e ricas poltronas cercando a jardineira coberta de colecções do
“Charivari”, de vistas estereoscópicas, de álbuns de atrizes seminuas, para tirar inteiramente
o ar triste de consultório, até um piano mostrava o seu teclado branco.»

 o luxo;
 as conotações de sensualidade e de ócio;
 o simbolismo do piano.

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