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Colégio Estadual Francisco Carneiro Martins

Ensino Médio e Profissional


Rua Dr. Laranjeiras, 916, Centro – CEP 85.010-030 - Guarapuava – PR –
Fone: (42)3623-2466

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Guarapuava - PR
05/2018
Colégio Estadual Francisco Carneiro Martins
Ensino Médio e Profissional
Rua Dr. Laranjeiras, 916, Centro – CEP 85.010-030 - Guarapuava – PR –
Fone: (42)3623-2466

RAPHAELLA FAGUNDES VON STEIN

CARVÃO ATIVADO

Relatório de estágio Supervisionado


Curso Técnico em Química,
apresentado à professora Lislaine Pilati
Bochnia, Coordenadora e Supervisora
do Estágio, do Colégio Estadual
Francisco Carneiro Martins – EMP,
como parte das exigências da disciplina
de Estágio Obrigatório Curricular.

Guarapuava - PR
05/2018
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5

2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 6

2.1 Objetivos gerais .......................................................................................... 6

2.2 Objetivos específicos .................................................................................. 6

3 JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 7

4 A EMPRESA ............................................................................................................ 8

4.1 Missão ........................................................................................................ 8

4.2 Visão ........................................................................................................... 8

4.3 Valores........................................................................................................ 8

5 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES ........................................................................... 9

6 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................................. 10

6.1 Carvão ativado .......................................................................................... 10

6.2 Matérias-primas de carvão ativado .......................................................... 11

6.3 Produção de carvão ativado ..................................................................... 12

6.4 Processos de ativação .............................................................................. 13

6.4.1 Ativação física ........................................................................................ 13

6.4.2 Ativação química.................................................................................... 14

6.5 Propriedades físico-químicas do carvão ativado ...................................... 14

6.5.1 Porosidade ............................................................................................. 15

6.5.2 Área superficial ...................................................................................... 16

6.6 Química da superfície ............................................................................... 17

6.7 Adsorção ................................................................................................... 17

6.7.1 Isotermas de adsorção .......................................................................... 19

6.8 Aplicações do carvão ativado ................................................................... 20

6.9 Tipos de carvão ........................................................................................ 21

7 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ........................................................................... 23


7.1 Determinação do número de iodo ............................................................. 23

7.2 Determinação granulométrica ................................................................... 24

7.3 Preparação da solução de melaço............................................................ 25

7.4 Determinação de pH ................................................................................ 26

7.5 Cálculos .................................................................................................... 27

7.5.1 Cálculo da normalidade do filtrado residual ........................................... 27

7.5.2 Cálculo do número de iodo sem o fator de correção da normalidade .... 28

7.5.3 Cálculo do número de iodo .................................................................... 28

7.5.4 Cálculo da umidade ............................................................................... 29

7.5.5 Cálculo de cinzas ................................................................................... 29

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 31

9 REFERENCIAS ...................................................................................................... 32

10 ANEXOS .............................................................................................................. 34
1 INTRODUÇÃO

Neste relatório de estágio supervisionado e obrigatório, requisito para a


conclusão do Curso Técnico em Química, serão descritas as atividades realizadas na
empresa AlphaCarbo Industrial Ltda., localizada em Guarapuava – PR, durante o
período de 12 de março a 11 de abril do decorrente ano, totalizando 35 horas e com
atuação na área de análise de carvão ativado.
Todas as tarefas desenvolvidas no decorrer do estágio foram monitoradas e
orientadas pela técnica em química Jocélia Aparecida Leite, encarregada do
laboratório, pela coordenadora e supervisora de estágio Lislaine Pilati Bochnia e
realizadas pela aluna Raphaella Fagundes Von Stein, do 4º ano “A” de Química.
A AlphaCarbo Industrial Ltda. é uma empresa que produz e comercializa
carvões ativados, sendo estes utilizados em sistemas de tratamento de águas
municipais, águas residuais, indústrias alimentícias e de bebidas, etc. Na empresa há
um laboratório de controle de qualidade, que garante a eficiência de seu produto. Este
controle de qualidade é realizado durante todo o processo de fabricação, desde o
recebimento da matéria-prima até sua expedição.
Há, no estágio, o objetivo de inserir o aluno na indústria para que este coloque
em prática os conhecimentos adquiridos durante todo o curso técnico, assim também
aprimorando suas competências profissionais e educacionais. Além da
responsabilidade de incluir o aluno no mercado de trabalho para que este conheça a
área em que deseja trabalhar.

5
2 OBJETIVOS

2.1 Objetivos gerais

O estágio proporciona ao aluno a oportunidade de presenciar na prática os


conteúdos acadêmicos que lhe foram repassados durante o curso, além de uma
intensa troca de experiências entre o estagiário e os funcionários da empresa,
intercâmbio de ideias e atitudes, importantes na formação de um profissional de
qualidade.

2.2 Objetivos específicos

• Conhecer o dia a dia dentro de um laboratório;


• Reter a maior quantidade de informações possíveis sobre a profissão em que
irá atuar;
• Ser inserido no mercado de trabalho;
• Aprender habilidades essenciais para a prática da carreira profissional;
• Relacionar a teoria e a prática;
• Empregar as técnicas laboratoriais aprendidas e aprender novas técnicas;
• Conhecer pessoas influentes no âmbito corporativo.

6
3 JUSTIFICATIVA

O estágio compreende uma fase importante para a formação do profissional. É


este o momento que o aluno tem para refletir sobre sua área de atuação profissional,
contando com a ajuda de profissionais já formados e capacitados para orientação.
No estágio o aluno tem a oportunidade para a reflexão sobre as atividades
aprendidas e realizadas durante o curso técnico, além de ampliar os conhecimentos
teórico-práticos.
Durante o estágio o aluno interpreta dois papeis ao mesmo tempo: o de estágio
e de profissional. Será um estudante aplicando o conteúdo aprendido durante seu
curso e adquirindo experiência e estará trabalhando em um ambiente profissional, que
requer atitudes éticas, conhecimento e competência.

7
4 A EMPRESA

A AlphaCarbo Industrial Ltda. é uma empresa especializada na produção e


comercialização de carvões ativados utilizados principalmente em sistemas de
tratamento de águas municipais, águas residuais, indústrias alimentícias e de bebidas,
farmacêuticas e químicas. A empresa iniciou suas atividades em novembro de 2005
e vem se destacando no mercado pelo compromisso e seriedade no atendimento aos
seus clientes, buscando a adequação às necessidades de cada cliente em produtos
de qualidade, agilidade e excelência em assistência técnica e preços competitivos.
A empresa possui laboratório de controle de qualidade com sólida experiência
garantindo a eficiência de seus produtos a todos os clientes. O controle de qualidade
é expandido à todo o processo de fabricação, desde o recebimento da matéria-prima
até sua expedição. Atualmente possuímos implementado o programa de qualidade 5S
(housekeeping), garantindo condições de higiene e limpeza e boas práticas de
fabricação em todo o processo.

4.1 Missão

Promover o crescimento contínuo da empresa, de nossos clientes,


fornecedores e colaboradores1.

4.2 Visão

Ser a melhor empresa de carvão ativado do Brasil1.

4.3 Valores

• Conduta ética; • Integridade;


• Respeito; • Transparência;
• Responsabilidade; • Qualidade;
• Simplicidade; • Comprometimento1.
• Honestidade;
• Confiança;

1Dados fornecidos pela empresa. “A empresa”; Alphacarbo. Disponível em


<http://alphacarbo.com.br/empresa/>. Acesso em 17 de maio de 2018.

8
5 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

Data 12/03 14/03 19/03 21/03 26/03 28/03 02/04 04/04 09/04 11/04
Atividade
Preparação da
solução de
melaço.
Determinação
de pH.
Determinação
do número de
iodo.
Determinação
granulométrica.
Recorte e
dobradura de
papel filtro.
Realização de
cálculos.
Preenchimento
de registros.

9
6 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

6.1 Carvão ativado

O carvão ativado é um material de carbono que possui estrutura porosa e uma


pequena quantidade de heteroátomos ligados aos átomos de carbono, sendo oxigênio
o principal (GORGULHO et al., 20081, citado por COUTO, 2009). Sua principal
característica é possuir uma área superficial específica e porosidade elevada (Figura
1), dando-lhe a capacidade de adsorver moléculas presentes tanto em fase líquida
quanto gasosa (GORGULHO et al., 20081, citado por NOBRE, 2013).

Figura 1. Estrutura e funcionamento do grão. Fonte: Macrovenda.

Sua estrutura é constituída basicamente por uma base grafítica, onde as bordas
e os vértices são capazes de acomodar elementos como o oxigênio, nitrogênio e
hidrogênio, estando esses como grupos funcionais (SNOEYINK et al., 19672, citado
por COUTO, 2009).
A capacidade de adsorção do carvão ativado irá depender altamente da sua
porosidade e da região de superfície. A propriedade de textura deriva-se do material

1 GORGULHO, H. F.; MESQUITA, J. P.; GONÇALVES, F.; PEREIRA, M. F. R.; FIGUEIREDO, J. L.


Characterization of the surface chemistry of carbon materials by potentiometric titrations and
temperature-programmed desorption. Carbon, Oxford, v. 46, n. 12, p. 1544-1555, Oct. 2008.
2 SNOEYINK, V. L.; WEBER, W. J. The Surf ace chemistry of active carbon a discussion of structure

and surface functional groups. Environmental Science & Technology, Easton, v. 1, n. 3, p. 228, Mar.
1967.
10
de partida e do método de preparação (YAGMUR et al., 20083, citado por MOLETTA,
2011).
O carvão é definido por características como: a forma, o tamanho da partícula,
o volume do poro, a área superficial, a estrutura do microporo, a distribuição de
tamanho de poro e as características químicas e físicas da superfície. Esses são
parâmetros que podem ser modificados, adquirindo-se diferentes tipos de carvão com
características melhoradas, lhe dando maior capacidade de adsorção (ROCHA,
20064, citado por MOLETTA, 2011).
A área interna varia e se caracteriza em macroporo (acima de 50nm), mesoporo
(2nm a 50nm) e microporo (inferior a 2nm) granulares (ROCHA, 2006 4, citado por
MOLETTA, 2011).

Os carvões ativados são classificados de três tipos: granular, fibroso e pó,


sendo esses dependentes do tamanho e forma dos poros (SRINIVASAKANNAN et
al., 20045, citado por NOBRE, 2013)

6.2 Matérias-primas de carvão ativado

Os carvões ativados podem ser produzidos de diferentes precursores com


origem vegetal, animal e mineral, sendo carvões minerais, madeiras, turfa, resíduos
de petróleo e ossos de animais, entre outras, as matérias primas mais utilizadas para
a produção (BANSAL et al., 19886, citado por NOBRE, 2013).
Para servir como material precursor de carvão ativado devem ser levadas em
consideração algumas características como: o precursor deve conter alto teor de
carbono e baixo teor de matéria orgânica (cinzas). Também deve-se considerar o
custo e disponibilidade desse precursor. Na indústria os mais utilizados são a casca
de coco, o carvão mineral e a madeira (BANDOSZ, 20067, citado por COUTO, 2009).

3 YAGMUR, Emine; OZMAK, Meryem; AKTAS, Zeki. A novel method for production of activated carbon
from waste tea by chemical activation with microwave energy. Fuel, v.87, p.3278–3285, 2008.
4 ROCHA, WELCA D. da. Carvão ativado a partir de resíduos agrícolas e suas aplicações na adsorção

de íons metálicos. Dissertação (Programa de pós graduação do departamento de Engenharia Mineral


da Escola de Minas) – Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2006.
5 SRINIVASAKANNAN, C.; ABU BAKAR, M. Z. Production of activated carbon from rubber wood

sawdust. Biomass & Bioenergy, Oxford, v. 27, n. 1, p. 89-96, 2004.


6 BANSAL, R. C.; DONET, J. B.; STOECKLI, F. Active carbon. New York: M, Dekker, 1988. 482 p.
7 BANDOSZ, T. J. Activated carbon surfaces in environmental remediation. New York: Elsevier, 2006.

v. 7, p. 571.
11
Os materiais vegetais são empregados para a produção por serem constituídos
pelos compostos estruturais de celulose, hemiceluloses, e constituintes menores, este
último incluindo também chamados de extrativos, e inorgânicos ou compostos
minerais (BANDOSZ, 20066, citado por NOBRE, 2013).
Por causa de problemas ambientais que são gerados pelo descarte dos
resíduos agroindustriais, é também possível utilizar estes resíduos para a produção
de carvão ativado. Dessa forma, a palha de arroz, palha de trigo, pendão de milho e
caroço de azeitona são também materiais precursores nessa produção (DIN, 2009 8,
citado por NOBRE, 2013).

6.3 Produção de carvão ativado

O maior desafio para a produção do carvão ativado é produzi-lo


especificamente, com características particulares, pois as formas e características
dependem do material precursor e dos métodos de ativação. Dessa forma, diferentes
formas de carvão são produzidas de acordo com suas aplicações (ALLEN et al.,
20059, citado por NOBRE, 2013).
O processo de produção é realizado por duas etapas básicas: a carbonização
da matéria-prima em uma atmosfera inerte e a ativação, que pode ser física ou
química (COUTO, 2009).
A carbonização é um tratamento térmico, também conhecido como pirolise,
onde o precursor sofre a ação de temperaturas em torne de 400 ºC. É realizado nesta
etapa a remoção de componentes voláteis e gases leves, havendo como produto final
uma massa de carbono fixo e uma estrutura porosa primária (SOARES, 200110, citado
por NOBRE, 2013).

8 DIN, A. T. M.; HAMEED, B. H.; AHMAD, A. L. Batch adsorption of phenol onto physiochemical-
activated coconut shell. Journal of Hazardous Materials, Amsterdam, v. 161,n. 2/3, p. 1522-1529, Jan.
2009.
9 ALLEN, S. J.; KOUMANOVA, B. Decolourisation of water/wastewater using adsorption: review.

Journal of the University of Chemical Technology and Matellurgy, Sofia, v. 40, n. 3, p. 175-192, 2005.
10 SOARES, A. G. Adsorção de gases em carvão ativado de celulignina, 2001. 136 p. Tese (Doutorado

em Física) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2001.


12
6.4 Processos de ativação

Após a pirólise é realizada a ativação, que é a submissão do material ás


reações secundárias, tendo em vista o aumento da área superficial e da porosidade
do carvão (CLAUDINO, 200311, citado por NOBRE, 2013).
A ativação é importante para o aumento dos poros e para limpa-los, pois,
durante a carbonização, as estruturas ficam cheias de alcatrão, bloqueando os poros
(TURMUZI et al., 200412, citando por NOBRE, 2013).
Normalmente, existem duas práticas principais para a ativação do carvão: a
ativação química e a ativação física.

6.4.1 Ativação física

A etapa da ativação térmica, que ocorre após a pirólise, ocorre na mesma


temperatura ou em temperaturas maiores à primeira etapa, com a presença de um
gás oxidante, como: vapor d’água, dióxido de carbono, oxigênio ou ambos
(GERVOGA et al., 199313, citado por COUTO, 2009).
É necessária para que ocorra a remoção do alcatrão que causa o bloqueio dos
poros, desenvolvendo a porosidade do carvão e o tornando adequado para fins de
adsorção (HAYASHI et al., 200014, citado por NOBRE, 2013).
Essa ativação irá produzir uma estrutura de poro tipo fenda, bastante fina, o
que torna os carvões obtidos apropriados para o uso em adsorção em fase gasosa
(SAI et al., 200515, citado por NOBRE, 2013).
A vantagem da ativação física, em comparação com a química, é que esta não
degrada tanto o meio ambiente, pois os subprodutos são gases (CO 2 e CO), em baixos
teores (NOBRE, 2013).

11 CLAUDINO, A. Preparação de carvão ativado a partir de turfa e sua utilização na remoção de


poluentes. 2003. 90 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) – Universidade Federal de
Santa Catarina, Florianópolis, 2003.
12 TURMUZI, M. et al. Production of activated carbono from candlenut shell by CO2 activation. Carbon,

Elmsford, v. 42, n. 2, p. 453-455, 2004.


13 GERGOVA, K.; PETROV, N.; BUTUZOVA, L.; MINKOVA, V.; ISAEVA, L. Evolution of the active

surface of carbons produced from various raw materials by steam pyrolysis/activation. Journal of
Chemical Technology and Biotechnology, Oxford, v. 58, n. 3, p. 321, Mar. 1993.
14 HAYASHI, J. et al. Preparation of activated carbono from lignina by chemical activation. Carrbon,

Elmsfors, v. 38, n. 13, p. 1873-1878, 2000.


15 SAI, P. M. S.; KRISHNAIAH, K. Development of the pore-size distribution in activated carbon

produced from coconut shell char in a fluidized-bed reactor. Industrial & Engineering Chemistry
Research, Washington, v. 44, n. 1, p. 51/60, Jan. 2005.
13
6.4.2 Ativação química

No processo de ativação química são utilizados reagentes químicos como:


ácido fosfórico, hidróxido de potássio, cloreto de zinco e etc., podendo ser antes ou
depois da pirólise. Há na ativação química a alteração das características do carvão,
o que resulta na mudança da formação de mesoporos e macroporos. (GÜRSES et al,
200516, citado por COUTO, 2009).
Após, é realizada a lavagem, com água ou solução ácido-básica, para retirar o
ativante químico e seus produtos de decomposição, expondo, dessa forma, os poros
do carvão ativado (NASRIN et al., 200017, citado por COUTO, 2009).
A ativação química produz carvões com poros grandes, sendo este apropriado
para o uso de adsorção em fase liquida (FOGLER, 199818, citado por COUTO, 2009).
As vantagens da ativação química, em comparação com a ativação física, são:
a menor temperatura na pirólise, processo em apenas uma etapa, maior rendimento,
maior área superficial, microporosidade controlada e desenvolvida, caso queira
(LILLO- RÓDENAS et al, 200319, citado por COUTO, 2009). A desvantagem: processo
corrosivo, o estágio de lavagem e auto custo (TENG et al., 199820, citado por COUTO,
2009).

6.5 Propriedades físico-químicas do carvão ativado

Segundo Moreno-Castilla (200421), citado por Couto (2009, p. 12):


As propriedades do carvão ativado dependem das estruturas
porosas e dos grupos químicos presentes em sua superfície. As
propriedades físicas da superfície são descritas pela área

16 GÜRSES, A.; DOCGAR, C.; KARACA, S.; AÇIKYILDIZ, M.; BAYRAK, R. Production of granular
activated carbon from waste Rosa canina sp. seeds and its adsorption characteristics for dye. Journal
of Hazardous Materials, Amsterdam, v. 131, n. 1/3, p. 254-259, Apr. 2005.
17 NASRIN, R. K.; CAMPBELL, M.; SANDI, G.; GOLÀS, J. Production of micro and mesoporos activated

carbon from paper mill sludge: (I) effect of zinc chloride activation. Carbon, Elmsford, v. 38, n. 4, p.
1905-1915, 2000.
18 FOGLER, H. S. Elements of chemical reaction engineering. 3. ed. Upper Saddle River: Prentice Hall

PTR, 1998.
19 LILLO-RÓDENAS, M. A.; CAZORLA-AMORÓS, D.; LINARES-SOLANO, A. Understanding chemical

reactions between carbons and NAOH and KOH na insight into the chemical activation mechamism.
Carbon, Oxford, v. 41, n. 2, p. 267-275, Feb. 2003.
20 TENG, H. J.; LIN, H. C. Activated carbon production from low ash subbituminous coal with CO2

activation. Aiche Journal, New York, v. 44, n. 5, p. 1170-1177, May 1998.


21 MORENO-CASTILLA, C. Adsorption of organic molecules from aqueous solutions on carbon

materials. Carbon, Elmsford, v. 42, n. 1, p. 83-94, 2004.


14
superficial específica e porosidade, enquanto que as
propriedades químicas dependem da presença ou ausência de
grupos ácidos ou básicos sobre sua superfície.

6.5.1 Porosidade

A porosidade de um carvão se dá pelos diferentes tamanhos e formas dos


poros, e também pela profundidade destes, sendo um dos aspectos mais importantes
para a determinação do desempenho do carvão (LEGROURI et al., 200522, citado por
COUTO, 2009).
Deste modo, a International Union of Pure and Applied Chemist (IUPAC, 1982)
estabeleceu uma classificação, que se baseia nas propriedades de adsorção, e
ordena de acordo com forma e dimensão (COUTO, 2009).
Sobre a forma, os poros podem ser classificados em abertos e fechados. O
poro aberto é buracos que possuem comunicação com a área externa, o poro fechado
é um buraco isolado. Há poros abertos denominados “cegos”, pois não têm abertura
em uma das extremidades. Também podem ser classificados em de acordo com a
forma: cilíndricos e gargalo de garrafa. É também considerada porosidade a
rugosidade da superfície (Figura 2) (FERREIRA et al., 2007).

Figura 2. Seção ilustrativa de um sólido poroso com representação dos diferentes tipos de poro: (a),
(b), (c) abertos, sendo (b) gargalo de garrafa, (c) cilíndrico; (d) fechado; (e) rugosidade da superfície.
Fonte: Alves, 2007.

22LEGROURI, K.; KHOUYA, E.; EZZINE, M.; HANNACHE, H.; DENOYEL, R.; PALLIER, R.; NASLAIN,
R. Production of activated carbon from a new precursor molasses by activation with sulphuric acid.
Journal of Hazardous Materials, Amsterdam, v. 118, n. 1/3, p. 259-263, Feb. 2005.
15
O poro de um carvão ativado é classificado em: microporos (<2 nm), mesoporos
(2-50 nm) e macroporos (>50 nm) (IUPAC, 197223, citado por NOBRE, 2013).
A capacidade de adsorver compostos como o iodo, o azul de metileno e melaço
pode ser usada para deduzir a porosidade do carvão (DI BERNARDO et al, 200524,
citado por MOLETTA, 2011).
a) Iodo (indica microporosidade): indica a quantidade de iodo, em massa,
que é adsorvida em certa massa de carvão ativado e está relacionado
com a adsorção de moléculas de pequena massa molecular (adaptado
DI BERNARDO et al., 200524, citado por MOLETTA, 2011).
b) Azul de metileno (indica mesoporosidade): expressa a quantidade de
azul de metileno, em massa, que é adsorvida em certa massa de carvão
ativado. Está relacionado a áreas superficiais de poros maiores que 1,5
nm (adaptado DI BERNARDO et al., 200524, citado por MOLETTA,
2011).
c) Melaço (indica macroporosidade): a descoloração está relacionada com
a eficiência do carvão ativado em adsorver moléculas de grande massa
molar (adaptado DI BERNARDO et al., 200524, citado por MOLETTA,
2011).

6.5.2 Área superficial

Há um método para definir a área especifica de um sólido que se preocupa em


determinar a quantidade de um adsorvato necessário para recobrir, com uma
monocamada, a superfície do adsorvente. Os adsorvatos habituais utilizados para
este fim são gases. Quando o sólido é exposto ao gás ou ao vapor, em sistema
fechado e com temperatura constante, este primeiro irá adsorver o gás, fazendo com
que ocorra um aumento da massa do sólido e uma redução da pressão do gás. Após
certo tempo, a massa do sólido e a pressão do gás terão um valor constante. Essa
quantidade de gás que foi adsorvida pode ser calculada pela diminuição da pressão
por meio do emprego das leis dos gases, ou também pela massa de gás adsorvida
pelo sólido (COUTINHO, 2001).

23
IUPAC manual of symbols and terminology. Pure and Applied Chemistry, Oxford, v. 31, p. 587, 1972.
24DI BERNARDO,Luiz; DANTAS,Angela di B. Métodos e técnicas de tratamento de águas. 2.ed.São
Carlos:RiMa,2005.
16
Há dois tipos de áreas superficiais em um sólido: externa e interna. A área
externa possui espaços entre partículas e é maior conforme as imperfeições
existentes, sulcos e fissuras (essas possuem dimensão maior no comprimento). A
área interna é formada por paredes de sulcos, poros e cavidades com larguras
maiores, representando a área total dos sólidos (COUTINHO, 200125, citado por
NOBRE, 2013).

6.6 Química da superfície

O carvão ativado está relacionado com uma mensurável quantidade de


heteroátomos, como o oxigênio e o nitrogênio, que são ligantes químicos da sua
estrutura, e também componentes inorgânicos (as cinzas). Os grupos de oxigênio
influenciam as características da superfície do carvão, podendo esta primeira ser
adsorvida física ou quimicamente pela superfície (REINOSO et al., 199826, citado por
COUTO, 2009).
O oxigênio pode se apresentar de diversas formas: ácidos carboxílicos,
cetonas, éteres, fenóis, lactonas, quinonas, anidridos carboxílicos, aldeídos, entre
outros (COUTO, 2009).
Há na superfície do carvão características químicas ácidas (se associam ás
funcionalidades do oxigênio: carboxilas, lactonas e fenóis) e básicas (funções como:
piranos, éteres, hidroxilas e carbonilas) (RAMÓN et el., 199927, citado por COUTO,
2009).

6.7 Adsorção

A adsorção é um processo físico-químico onde ocorre uma transferência de


uma ou mais espécie química (adsorvatos) de uma fase fluida para a superfície de
uma fase sólida (adsorvente). Devido as forças atrativas não serem compensadas na
superfície do adsorvente, as moléculas existentes na fase fluida são atraídas para a

25 COUTINHO, F. M. B.; TEIXEIRA, G. V.; GOMES, A. S. Principais métodos de caracterização da


porosidade de resina à base de divinilbenzeno. Química Nova, São Paulo, v. 24, n. 6, p. 808-818,
nov./dez. 2001.
26 REINOSO, F. R.; SÁBIO, M. M. Textural and chemical characterization of microporous carbons.

Advances in Colloid and Interface Science, Amsterdam, v. 76-77, p. 271-294, July 1998.
27 RAMÓN, M. V. L.; STOECKLI, F.; CASTLLA, C. M.; MARÍN, F. C. On the chacacterization of acis and

basic surface sites on carbons by various techniques. Carbon, Elmsford, v. 37, n. 8, p.1215-1221, Jan.
1999.
17
zona interfacial, esse é o processo de adsorção (MEZZARI, 200228, citado por
MOLETTA, 2011).
A adsorção pode ocorrer de duas formas, dependendo das ligações entre as
moléculas que estão sendo adsorvidas e o adsorvente: adsorção física e adsorção
química (CIOLA, 1981, citado por COUTO, 2009).
Segundo MEZZARI (200228), citado por MOLETTA (2001):
A adsorção física ocorre quando forças intermoleculares de atração
entre as moléculas do fluido e a superfície do sólido são maiores do que
as forças de atração entre as próprias moléculas do fluido. As moléculas
do fluido aderem-se à superfície do sólido e o equilíbrio é estabelecido
entre o fluido adsorvido e o restante que permaneceu na fase líquida. O
calor de adsorção é pequeno e da mesma ordem de grandeza dos
calores de condensação.
Adsorção física é um processo reversível, pois nenhuma ligação é feita ou
quebrada e a natureza do adsorvato é inalterada. As forças que atuam nesse processo
são as de Van der Walls, operando em estado líquido, sólido e gasoso (ATKINS,
199929; MCBRIDE, 199430; MARTINEZ, 199031, citados por COUTO, 2009).
MEZZARI (200228), citado por MOLETTA (2001), continua:
Na adsorção química, ou quimissorção, há o envolvimento de interações
químicas entre o fluido adsorvido e o sólido adsorvente, onde há a
transferência de elétrons, equivalente à formação de ligações químicas
entre o adsorvato e a superfície do sólido. Neste caso, o calor de
adsorção é da mesma ordem de grandeza dos calores de reação. Por
esta razão, somente a adsorção física é apropriada a uma operação
cíclica. Além disso, na adsorção física podem formar-se camadas
moleculares sobrepostas, enquanto que na adsorção química se forma
uma única camada molecular adsorvida (monocamada).

28 MEZZARI, Isabella A. Utilização de carvões adsorventes para o tratamento de efluentes contendo


pesticidas. 2002. 117f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) – Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Química da Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, Florianópolis, 2002.
29 ATKINS, P.W. Físico-química. Rio de Janeiro: LTC, 1999. 159 p.
30 MCBRIDE, M. B. Environmental chemistry of solids. Oxford: Oxford University, 1994.
31 MARTINEZ, J. M. M. Generalidades sobre adsorción física de gases y vapores. In. _____. Adsorción

de gases y vapores por carbones. Alicante: Secretariado de publications de La Universidad de Alicante,


1990. p. 4-50.
18
Adsorção química é um processo irreversível, pois ocorrem ligações químicas
entre o adsorvato e o adsorvente, ocasionando na formação de uma única camada
sobre a superfície solida (ATKINS, 199929, MCBRIDE, 199430; MARTINEZ, 199031,
citados por COUTO, 2009).
Existem diversos fatores que podem interferir na adsorção, entre eles: estrutura
molecular, natureza do adsorvente, solubilidade do soluto, pH do meio, temperatura e
diâmetro molecular do adsorvato, pois diâmetros moléculas menores tem mais
facilidade em se difundir para o interior do meio do sólido, causando maior adsorção
(MEZZARI, 200228, citado por MOLLETA, 2001).

6.7.1 Isotermas de adsorção

Segundo MURANAKA (2010), isoterma de adsorção é uma relação entre a


quantidade adsorvida e a pressão de equilíbrio de gás, à temperatura constante. Ou
se pode definir como a “[...] curva que relaciona a quantidade adsorvida com a massa
inicial de adsorvente a partir da concentração restante na fase fluida após o equilíbrio
de adsorção” (MURANAKA, 2010).
Von Saussure (181432), nota que a composição do gás, temperatura e pressão
interfere na quantidade de gás adsorvida, e realizou pontos que caracterizam a
quantidade de gás adsorvida em função da pressão do gás, chamando esses pontos
de isotermas de adsorção (MURANAKA, 2010).
A I.U.P.A.C classifica a adsorção de gases em sólidos de cinco formas
diferentes (Figura 3), sendo essas isotermas também adaptadas para adsorção em
solução aquosa (MURANAKA, 2010).

32 VON SAUSSURE, T. Gilbert’s Annalen Der Physik, 47, 113, 1814.


19
Figura 3. Isotermas de adsorção. Fonte: Mineralogia e química do solo, 2014.

Isoterma do tipo I: ocorre o aumento da quantidade de gás, com o aumento da


pressão e após satura formando um plateau. Ocorre nos adsorventes com elevado
volume microporoso (MURANAKA, 2010).
Isoterma do tipo II: com o aumento da pressão ocorre o aumento a quantidade
de gás adsorvido, após a adsorção se mantém constante, e então aumenta outra vez
com o aumento da pressão. Ocorre nos adsorventes com elevado volume
macroporoso (MURANAKA, 2010).
Isoterma do tipo III: No início acontece uma pequena adsorção e depois, após
ás fortes interações entre as moléculas, uma adsorção adicional. Ocorre nos
adsorventes com elevado volume macroporoso (MURANAKA, 2010).
Isoterma do tipo IV: Com dois patamares ocorre a formação de duas camadas
consecutivas de adsorvato na superfície, quando interações entre moléculas e a
superfície é mais forte que entre as das moléculas. Ocorre nos adsorventes
mesoporos (MURANAKA, 2010).
Isoterma V: Forma-se multicamadas de baixas concentrações. Como no
isoterma do tipo III, as interações mais fortes ocorrem entre as moléculas, do que entre
moléculas e adsorvente. Ocorre nos adsorventes microporosos (MURANAKA, 2010).

6.8 Aplicações do carvão ativado

O carvão ativado é muito utilizado pela indústria. Ele pode ser comercializado
de três formas: carvão ativado pulverizado (geralmente utilizado como descolorante e

20
desodorizante), carvão ativado granular (geralmente usado no tratamento de água e
gases) e o carvão ativado peletizado (em fase gasosa e catálise)33.
Na indústria alimentícia o carvão ativado tem papel importante adsorvendo
moléculas que causam gosto, cor e odor indesejáveis; na indústria farmacêutica é
usado para purificar substâncias, remover cor e impurezas de vitaminas, enzimas,
analgésicos e etc, além de ser por si só utilizado como medicamento; na indústria
química tem aplicação na purificação de produtos, remoção de cores residuais, odores
e contaminantes, remoção de orgânicos e etc, também sendo utilizado em máscaras
para produção pessoal33.
Um dos papeis fundamentais do carvão ativado é no tratamento de água. Ele
pode ser utilizado para reciclagem de águas industriais, removendo substâncias
presentes na água, e também melhorando as características do lodo. É fundamental
a purificação das água de abastecimento público, combatendo problemas de gosto e
odor, removendo compostos orgânicos, fenólicos e componentes que diminuem a
qualidade da água33.

6.9 Tipos de carvão

Refere-se aos tipos de carvões produzidos pela empresa e seu local de


aplicação:
• CARVÃO ATIVADO ALPHA LA: Este produto é indicado para a indústria
farmacêutica, purificação de soluções coloridas, purificação de produtos
químicos, tratamento de óleos vegetais, ciclamatos, glutamatos, álcoois,
vinhos, entre outras33.
• CARVÃO ATIVADO ALPHA S: Este produto é indicado para purificação de
soluções coloridas, purificação de produtos químicos, tratamento de açucares,
tratamento de resíduos industriais, entre outras33.
• CARVÃO ATIVADO ALPHA W: Este produto é indicado para tratamento de
águas municipais, águas industriais, purificação de soluções, tratamento de
efluentes industriais, entre outras33.

33 Dados disponíveis no site da empresa. “Carvão ativado”; Alphacarbo. Disponível em


<http://alphacarbo.com.br/carvao-ativado/>. Acesso em 17 de maio de 2018.

21
• CARVÃO ATIVADO ALPHA G: O Alpha G é indicado para purificação de
soluções coloridas, purificação de produtos químicos, clarificação de glicose,
clarificação de glicerina, purificação de óleos, ciclamatos, glutamatos, álcoois,
entre outras33.
• GRANULADOS: A Alphacarbo trabalha com a comercialização de carvão
ativado mineral granulado, nas granulometrias 8×30 e 12×25, utilizado em leito
fixo no tratamento de efluentes, tratamento de águas e tratamento de gases 33.

22
7 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

7.1 Determinação do número de iodo

Objetivo da análise:
Determinar a adsorção de iodo em carvão ativado, baseado na obtenção da
quantidade, em miligramas, de iodo adsorvido por grama de carvão ativado.

Materiais e Reagentes:
• Balança analítica de precisão;
• Estufa de secagem;
• Termobalança;
• Chapa de aquecimento;
• Peneira Mesh 325 e 100;
• Espátula;
• Dessecador;
• Vidrarias para laboratório;
• Papel filtro;
• Cronômetro;
• Solução de Iodo 0,1 N;
• Solução de tiossulfato de sódio 0,1 N;
• Solução indicadora de amido 0,5 %
• Solução de ácido clorídrico 5%.

Procedimento Experimental:
Ao se tratar de carvão granulado, moeu-se uma amostra representativa até que
60% em massa ou mais passe através da malha 325 MESH e 95% em massa ou mais
passe através da massa 100 MESH.
Determinou-se o conteúdo de umidade da amostra.
Esfriou-se a amostra à temperatura ambiente em um dessecador.
Pesou-se o carvão ativado, em base seca, de acordo ao número de iodo
estimado. Transferiu-se para um erlenmeyer de 250 mL.
Adicionou-se ao carvão 10 mL de ácido clorídrico 5% e agitou-se até que a
amostra estar homogênea.
Deixou-se em ebulição por 30 segundos em chapa de aquecimento, em
seguida retirou-se e resfriou-se a temperatura ambiente.
Adicionou-se 50 mL de solução de iodo 0,1 N. Agitou-se vigorosamente durante
30 segundos. Após, filtrou-se por gravidade imediatamente após a agitação, usando
filtro de papel de poro médio e descartou-se os primeiros 10-15 mL.
Pipetou-se 25 mL do filtrado e transferiu-se para um erlenmeyer de 250 mL
limpo e seco.
Titulou-se com solução de tiossulfato de sódio 0,1 N até que se obteve uma
coloração levemente amarelada.
Adicionou-se 2 mL de solução indicadora de amido 0,5% e continuou-se a
titulação até desaparecer a coloração azul.
Anotou-se o volume total da solução de tiossulfato de sódio 0,1 N gasto na
titulação.
Após a prática realizou-se os cálculos1.

7.2 Determinação granulométrica

Objetivo da análise:
Determinar a distribuição do tamanho das partículas em carvão pulverizado e
granulado, para fornecer as propriedades de contato de gases ou líquidos em leitos
de aplicação do material.

Materiais e Reagentes:
• Balança analítica de precisão;
• Estufa de secagem;
• Peneira Mesh 100, 200, 325 e 400;
• Peneiras 8, 12, 16, 20, 25, 30, 40, 50 e 60;
• Espátula;
• Vidrarias gerais de laboratório;
• Dessecador;
• Papel filtro qualitativo;
• Calculadora.

1 AlphaCarbo, carvão ativado. Controle de qualidade; IT-PA-03: Determinação do número de


iodo.
Procedimento Experimental:
Para a determinação granulométrica do carvão ativado em pó:
Secou-se a amostra conforme instrução de trabalho IT-PA-01 (Determinação
da umidade).
Pesou-se em uma cápsula de metal (ou placa de Petri), previamente seca, e
tarada, 5 g da amostra de carvão ativado pulverizado.
Transferiu-se a amostra para a peneira requerida (325, 200 ou 100 MESH),
concentrando a amostra junto à lateral da peneira. Promoveu-se a passagem da
amostra através da malha, com um filete de água. O ponto final do ensaio determinou-
se quando não houve mais passagem de amostra pela peneira.
Transferiu-se a amostra retida para um papel filtro e com auxílio de uma pisseta
lavou-se bem a malha para recuperar todo o material retido.
Encaminhou-se o papel filtro com a amostra para uma estufa a 110 ºC, por
aproximadamente 3 horas.
Resfriou-se a temperatura ambiente em dessecador e efetuou-se a pesagem
em balança analítica.
Retornou-se o papel filtro com a amostra à estufa por 30 minutos por
aproximadamente 3 horas.
Resfriou-se a temperatura ambiente em dessecador e efetuou-se a pesagem
em balança analítica.
Repetiu-se a mesma operação até que duas pesagens sucessivas não
apresentem diferença superior a 0,01 g. Registrou-se o menor valor obtido com
precisão de 0,001 g.
Para a determinação granulométrica do carvão ativado granulado:
Secou-se a amostra conforme instrução de trabalho IT-A-01 (Determinação da
umidade) e pesou-se em uma cápsula de metal (ou placa de Petri), previamente seca,
5 g da amostra de carvão ativado granulado.
Transferiu-se a amostra para as peneiras requeridas e promoveu-se a
passagem da amostra através de leves batidas até cessar a passagem 2.

7.3 Preparação da solução de melaço

Objetivo da análise:

2 AlphaCarbo, carvão ativado. Controle de qualidade; IT-PA-05: Determinação granulométrica.


A solução de melaço é preparada com o intuito de comparar a eficiência na
remoção da coloração de uma solução de melaço tratado com a amostra de carvão
ativado, com a eficiência na remoção da coloração da mesma solução tratada com
uma amostra de carvão ativado padrão, de alta eficiência.

Materiais e Reagentes:
• Melaço;
• Fosfato dissódico (Na2PO4);
• Água deionizada;
• Agitador magnético;
• Balão volumétrico 1000 mL;
• 2 Béquer 150 mL;
• Béquer 1000 mL;
• Kitassato;
• Filtrador a vácuo;
• Papel filtro;
• Papel filme.

Procedimento Experimental:
Primeiramente pesou-se 35 g de melaço e, em seguida, o dissolveu em
aproximadamente 100 mL de água deionizada.
Pesou-se 15 g de fosfato dissódico e, após, o dissolveu em 100 mL de água
quente.
Misturou-se o melaço e o fosfato dissolvido e frio, agitou-se em um agitador
magnético por aproximadamente 30 minutos.
Transferiu-se a solução para um balão volumétrico de 1000 mL, completando
o volume com água deionizada.
Homogeneizou-se a solução e filtrou-se a vácuo, transferiu-se a solução para
o béquer de 1000 mL. Em seguida, repetiu-se a pratica anterior.
Fechou-se a solução com papel filme e armazenou-se na geladeira3.

7.4 Determinação de pH

3 AlphaCarbo, carvão ativado. Controle de qualidade; IT-PA-02: Preparação e padronização de

soluções.
Objetivo da análise:
Simular a as condições práticas, onde, em dissolução em água deionizada de
substâncias minerais ou grupos ativos presentes na superfície do carvão ativado,
podem alterar o pH dos líquidos aos quais o carvão é adicionado.

Materiais e Reagentes:
• Balança analítica;
• Potenciômetro;
• Chapa de aquecimento;
• Cronômetro;
• Espátula
• Vidrarias gerais de laboratório;
• Papel filtro qualitativo;
• Água deionizada;
• Solução tampão pH 4;
• Solução tampão pH 6,86 ou 7,00.

Procedimento Experimental:
Pesou-se 5 g de carvão ativado, transferindo-o para um erlenmeyer limpo.
Após, adicionou-se ao carvão 100 mL de água deionizada. Manteve-se a solução em
ebulição durante 5 minutos e filtrou-se o extrato aquoso, desprezando os primeiros 10
mL.
Em seguida, ligou-se o potenciômetro e calibrou-se a temperatura ambiente.
Resfriou-se o extrato aquoso à temperatura ambiente. Inseriu-se o eletrodo no extrato
aquoso e realizou-se a leitura no visor, mantendo a solução em constante agitação.
Por fim, registrou-se a leitura no formulário adequado4.

7.5 Cálculos

7.5.1 Cálculo da normalidade do filtrado residual

Esse cálculo tem o objetivo de indicar o tamanho predominante de poros do


carvão ativado, além de indicador da capacidade de adsorção dos carvões. Dessa

4 AlphaCarbo, carvão ativado. Controle de qualidade; IT-PA-08: Determinação de pH.


forma, quanto maior o índice de iodo, maior será a área superficial do carvão. Esse
dado é importante para classificar o carvão e designa-los para uma função especifica.
Nesse cálculo em questão, o valor de correção do número de iodo se encontra
na Tabela 1, e determina a normalidade do filtrado residual.
𝑽𝒈∗𝑪.𝑻𝒊𝒐𝒔.
• 𝑪= 𝟐𝟓

Onde:
C: O valor de C encontra-se na Tabela 1, em anexos, que contém os valores
para correção do número de iodo, sendo estes o valor de C;
Vg: Volume de tiossulfato gasto;
C.Tios: Concentração de tiossulfato5.

7.5.2 Cálculo do número de iodo sem o fator de correção da normalidade

Esse cálculo tem o objetivo de indicar o tamanho predominante de poros do


carvão ativado, além de indicador da capacidade de adsorção dos carvões. Dessa
forma, quanto maior o índice de iodo, maior será a área superficial do carvão. Esse
dado é importante para classificar o carvão e designa-los para uma função especifica.
Nesse cálculo em questão, o valor obtido será do número de iodo sem o fator
de correção da normalidade, e determina o número de iodo em miligramas de iodo
por grama de carvão ativado.
𝑋 𝑉𝑔∗𝐵−𝐴
• =
𝑀 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎

Onde:
X/M: Número de iodo sem o fator de correção da normalidade do filtrado
residual;
Vg: Volume de tiossulfato gasto;
A: Normalidade da solução de iodo padronizada;
B: Normalidade da solução de tiossulfato de sódio padronizada;
Massa: massa de carvão ativado5.

7.5.3 Cálculo do número de iodo

Esse cálculo tem o objetivo de indicar o tamanho predominante de poros do


carvão ativado, além de indicador da capacidade de adsorção dos carvões. Dessa

5 AlphaCarbo, carvão ativado. Controle de qualidade; IT-PA-03: Determinação do número de


iodo.
forma, quanto maior o índice de iodo, maior será a área superficial do carvão. Esse
dado é importante para classificar o carvão e designa-los para uma função especifica.
Este cálculo em questão, determina o número de iodo.
𝑋
• 𝐼2 = 𝑀 ∗ 𝐶

Onde:
I2: Número de iodo;
X/M: Número de iodo sem o fator de correção da normalidade do filtrado
residual;
C: Valor de C encontrado na Tabela 15.

7.5.4 Cálculo da umidade

É importante retirar a umidade dos carvões para que haja sucesso os ensaios
das isotermas de adsorção, sabendo que a umidade pode interferir no peso das
amostras e mascarar resultados, consequentemente diminuindo a capacidade de
adsorção do carvão ativado (ZAGO, 20106).
Este cálculo é importante para caracterizar o carvão e conhecer suas
capacidades adsortivas.
• [(𝑃2 − 𝑃1 ) ∗ 10] − 100
Onde:
P1: Massa do béquer vazio, em gramas;
P2: Massa do béquer + amostra de carvão seca, em gramas7.

7.5.5 Cálculo de cinzas

Cinzas são características do carvão que podem afetar na cinética do processo


de adsorção do carvão ativado, já que a cinza pode preferencialmente adsorver água,
devido seu caráter hidrofílico. As cinzas também podem alterar o pH ou contaminar o
meio (ZAGO, 20106).
Dessa forma, este cálculo é necessário para determinar a quantidade de cinza
presente no carvão e garantir que ele adsorva o adsorvato de interesse.
• (𝑃2 − 𝑃1 ) ∗ 50

6 ZAGO, Jaqueline Francischetti. Influência das características físico-químicas de carvões


ativados na adsorção de saxitoxinas. 2010. 202f. Tese de doutorado em tecnologia ambiental e
recursos hídricos. Publicação: ptarh.td – 09/10. Brasília/DF: outubro – 2010.
7 AlphaCarbo, carvão ativado. Controle de qualidade; IT-PA-05: Determinação granulométrica.
Onde:
P1: Massa do cadinho vazio, em gramas;
P2: Massa do cadinho + cinzas, em gramas7.
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo desse trabalho foi relatar as atividades desenvolvidas durante o


estágio obrigatório, realizado na empresa Alphacarbo, descrevendo as práticas
realizadas e as embasando com teorias.
O estágio tem enorme importância para a formação do técnico em química, pois
ele possibilita que se adquira experiência em um laboratório distinto do qual está
acostumado e também a manusear equipamentos diferentes.
Durante o estágio na AlphaCarbo, conseguiu-se aprimorar técnicas de titulação
e pipetagem, aprendeu-se a manusear uma bureta automática e a preencher os
registros utilizados pela empresa, além de obter um maior conhecimento sobre a
produção do carvão utilizado e os métodos de análise e qualidade deste.
A supervisão de uma química graduada e com experiência é importante para
realizar todas as práticas corretamente e com precisão, além de aprender com ela.
No laboratório foi importante relembrar a utilização dos EPI’s, pois foram
utilizados reagentes que exigiam o uso destes. Os EPI’s são importantes para
proteger o químico que está realizando as atividades dentro do laboratório, reduzindo,
assim, os riscos e ameaças de acidentes, além de doenças que podem comprometer
a vida do profissional.
Concluindo, o estágio complementa de forma positiva na formação profissional,
pessoal e acadêmico, ajudando a formar profissionais preparados para o mercado de
trabalho, competentes e experientes.
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

“A empresa”; Alphacarbo. Disponível em <http://alphacarbo.com.br/empresa/>.


Acesso em 17 de maio de 2018.

“Carvão ativado”; Alphacarbo. Disponível em <http://alphacarbo.com.br/carvao-


ativado/>. Acesso em 17 de maio de 2018.

“Carvão ativado”; Macrovenda. Disponível em


<http://www.macrovenda.com.br/carvao-ativado.php>. Acesso em 17 de maio de
2018.

COUTINHO, Fernanda M. B.; TEIXEIRA, Viviane Gomes e GOMES, Ailton S.


Principais métodos de caracterização da porosidade de resinas a base de
divinilbenzeno. Química nova, São Paulo, vol. 24, n. 6, 808-818, 2001.

COUTO, Gabriela Martucci do. Utilização da serragem de Eucalyptus sp. na


preparação de carvões ativados. 89p. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal
de Lavras, 2009.

“Fenômenos de adsorção e trocas em solos”; Mineralogia e química do solo.


Disponível em
<http://mineralogiaequimicadosolo.blogspot.com.br/2014/05/fenomenos-de-
adsorcao-e-trocas-em-solos.html>. Acesso em 17 de maio de 2018.

FERREIRA, Odair Pastor; ALVEZ, Oswaldo Luiz; MACEDO, Jeremias de Souza;


GIMENEZ, Iara de Fátima e BARRETO, Ledjane Silva. Ecomateriais:
desenvolvimento e aplicação de materiais porosos funcionais para proteção
ambiental. Química Nova, São Paulo, v.30, n. 2, 464-467, 2007.

MOLETTA, Nathalia R. Caracterização e aplicação de carvão ativado produzido a


partir de biomassa amilácea. 2011. 62p. Trabalho de Conclusão de Curso –
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2011.

MURANAKA, Cínthia Tiemi. Combinação de adsorção por carvão ativado com


processo oxidativo avançado (POA) para tratamento de efluentes contando fenol.
2010. 166p. Tese de doutorado em Engenharia – Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo, São Paulo, 2010.

NOBRE, João Rodrigo Coimbra. Produção e qualidade do carvão ativado de resíduos


madeireiros de espécies do Estado do Pará. 115p. Dissertação (mestrado) –
Universidade Federal de Lavras, 2013.

“Produtos”; Alphacarbo. Disponível em <http://alphacarbo.com.br/produtos/>. Acesso


em 17 de maio de 2018.
10 ANEXOS
(C) 0 0,0001 0,0002 0,0003 0,0004 0,0005 0,0006 0,0007 0,0008 0,0009
0,0080 1,1625 1,1613 1,1600 1,1575 1,1550 1,1538 1,1513 1,1500 1,1475 1,1463
0,0090 1,1438 1,1425 1,1400 1,1375 1,1363 1,1350 1,1325 1,1300 1,1288 1,1275
0,0100 1,1250 1,1238 1,1225 1,1213 1,1200 1,1175 1,1163 1,1150 1,1138 1,1113
0,0110 1,1100 1,1088 1,1075 1,1063 1,1038 1,1025 1,1000 1,0988 1,0975 1,0963
0,0120 1,0950 1,0938 1,0925 1,0900 1,0888 1,0875 1,0863 1,0850 1,0838 1,0825
0,0130 1,0800 1,0788 1,0775 1,0763 1,0750 1,0738 1,0725 1,0713 1,0700 1,0688
0,0140 1,0675 1,0663 1,0650 1,0625 1,0613 1,0600 1,0588 1,0575 1,0563 1,0550
0,0150 1,0538 1,0525 1,0513 1,0500 1,0488 1,0475 1,0463 1,0450 1,0438 1,0425
0,0160 1,0413 1,0400 1,0388 1,0375 1,0375 1,0363 1,0350 1,0333 1,0325 1,0313
0,0170 1,0300 1,0288 1,0275 1,0263 1,0250 1,0245 1,0238 1,0225 1,0208 1,0200
0,0180 1,0200 1,0188 1,0175 1,0163 1,0150 1,0144 1,0138 1,0125 1,0125 1,0113
0,0190 1,0100 1,0088 1,0075 1,0075 1,0063 1,0050 1,0050 1,0038 1,0025 1,0025
0,0200 1,0013 1,0000 1,0000 0,9985 0,9975 0,9975 0,9963 0,9950 0,9950 0,9938
0,0210 0,9938 0,9925 0,9925 0,9913 0,9900 0,9900 0,9888 0,9875 0,9875 0,9863
0,0220 0,9863 0,9850 0,9850 0,9838 0,9825 0,9825 0,9813 0,9813 0,9800 0,9788
0,0230 0,9738 0,9775 0,9775 0,9763 0,9763 0,9750 0,9750 0,9738 0,9738 0,9725
0,0240 0,9725 0,9708 0,9700 0,9700 0,9688 0,9688 0,9675 0,9675 0,9663 0,9663
0,0250 0,9650 0,9650 0,9638 0,9638 0,9625 0,9625 0,9613 0,9613 0,9606 0,9600
0,0260 0,9600 0,9588 0,9588 0,9575 0,9575 0,9563 0,9563 0,9550 0,9550 0,9538
0,0270 0,9538 0,9525 0,9525 0,9519 0,9513 0,9513 0,9506 0,9500 0,9500 0,9488
0,0280 0,9488 0,9475 0,9475 0,9463 0,9463 0,9463 0,9450 0,9450 0,9438 0,9438
0,0290 0,9425 0,9425 0,9425 0,9413 0,9413 0,9400 0,9400 0,9394 0,9388 0,9388
0,0300 0,9375 0,9375 0,9375 0,9363 0,9363 0,9363 0,9363 0,9350 0,9350 0,9346
0,0310 0,9333 0,9333 0,9325 0,9325 0,9325 0,9319 0,9313 0,9313 0,9300 0,9300
0,0320 0,9300 0,9294 0,9288 0,9288 0,9280 0,9275 0,9275 0,9275 0,9270 0,9270
0,0330 0,9263 0,9263 0,9257 0,9250 0,9250
Tabela 1. Curva de correção para ensaio do número de iodo. Fonte: ABNT NBR 12073.

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