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DOI: 10.1590/1984-9230795

Arquivos e o “Arquivo”: diálogo e uma


agenda de pesquisa em estudos organizacionais

Amon Barros*

Abstrato

reunir discussões da história e das organizações em relação à


preocupações teóricas e metodológicas envolvendo o uso de arquivos. Ele define
Este textopartindo
considera o “Arquivo”
da suposição como
de que conceito
ampliar nossa e espaço de desses
compreensão transição e pode
termos
subsidiar a pesquisa histórica em Administração para avançar novas questões sobre uma
gama de objetos, incluindo documentos e arquivos. Nesse processo, focamos nas mudanças
trazidas pelos avanços da tecnologia da informação, principalmente a internet, e apresentamos
algumas considerações sobre os Estudos Organizacionais que contam com arquivos. A
conclusão indica que os arquivos e o Arquivo são elementos constitutivos de práticas e
estruturas, e que o campo se beneficiaria de uma agenda de pesquisa que levasse em
consideração: 1) maior consciência metodológica sobre as implicações do uso de documentos
e arquivos; 2) discussões sobre organizações que arquivam e como os arquivos moldam as
práticas dentro dessas organizações; 3) estudos de documentos já disponíveis, inclusive
online; 4) uma interrogação dos saberes em Gestão em relação aos Arquivos.

Palavras-chave: Estudos Organizacionais e História. Arquivos. Documentos.

Os arquivos e o “Arquivo”: diálogos com


e uma agenda de pesquisa em estudos
organizacional

Resumo

(em transição) e tem como objetivo aproximar-se das análises em história e


organizações das preocupações teóricas e metodológicas que envolvem o
Este texto pretende
uso enquanto
de arquivos. o “Arquivo”
Parte-se termos de conceito e enquanto
análise pode espaço
aprofundar o entendimento
desses documentos sobre a administração histórica em pesquisa para contribuir com a
pesquisa de diversos termos, inclusive os novos estudos e os arquivos de arquivos. No
percurso foi dado foco às mudanças trazidas pelo avanço das tecnologias de informação,
especialmente da internet, e foram realizadas algumas ponderações sobre os Estudos
Organizacionais que se valem de arquivos. A conclusão que os arquivos e os arquivos e
os arquivos são elementos constituintes de práticas e consciência de uma pesquisa e que
o campo se beneficia de uma agenda metodológica que considera 1) maiores implicações
do uso de documentos e arquivos; 2) Competição como organizações que arquivam e
como os arquivos impactam nas práticas de atores na organização; 3) pesquisas sobre
documentos já disponibilizados, inclusive online; 4) interrogar os conhecimentos da
Administração em sua relação com Arquivos.

Palavras-chave: Estudos Organizacionais e História, Arquivos, Documentos.

*Doutor em Administração pelo Centro de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de


Minas Gerais (Centro de Pós-Gradução em Administração/ Universidade Federal de Minas)
Gerais: CEPEAD/ UFMG). Fundação Getulio Vargas/ Escola de Administração de Empresas de São Paulo
(Fundação Getulio Vargas/ Escola de Administração de Empresas de São Paulo: FGV-EAESP)
E-mail: amonbarros@gmail.com

Licença Creative Commons Atribuição 4.0.

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Amon Barros

Introdução

e conjuntos de documentos)1 e gestão, especificamente do ponto de vista


de Estudos e História Organizacional. O interesse por esse debate surgiu de uma
O objetivopercepção
deste textode éque,
discutir o “Arquivo”
embora (conceito),
esses termos permeiemarquivos (espaços
textos sobre o uso de
documentos como fontes históricas de pesquisa em gestão (COSTA & SARAIVA, 2011;
ROWLINSON, HASSARD e DECKER, 2014) e aqueles que discutem o conhecimento
administrativo (BARROS, et al., 2011) , muitas vezes não são abordados especificamente em
trabalhos nesta área. Além disso, pensar “empiricamente” foi importante para estudos
anteriores. Ainda assim, muitos que consultamos não questionaram o uso de arquivos e
documentos, nem demonstraram uma compreensão clara de suas características – apesar
de consultar uma série de registros em arquivos físicos e digitais. Isso me levou a questionar
se esses estudos eram documentais ou de arquivo e quais as implicações para ambas as formas.
Em termos teóricos, este texto contribui para os Estudos Organizacionais ao delinear
questões sobre o potencial tanto do documento quanto do arquivo como fontes de pesquisa
para esta área. Além disso, estabelece um debate que vem sendo realizado em outras áreas
do conhecimento e alinhado à virada histórica (CLARK & ROWLINSON, 2004), que pode
ampliar o autoconhecimento em trabalhos que utilizam arquivos e documentos como bases
de dados. O texto também busca ampliar o debate sobre os arquivos, levando a uma visão
mais genérica, ainda que se concentre nos arquivos históricos.
A motivação para este trabalho surgiu na realização de estudos nos quais refleti de
forma mais detalhada sobre o uso de documentos como fontes de pesquisa histórica e sobre
o objeto deste texto, o Arquivo, tanto em sua função ativa na criação da memória quanto
como conceito filosófico a ser permanentemente revisto. Neste texto, argumentamos que um
documento se refere a um arquivo, seja no sentido de um conjunto de outros documentos
produzidos sob as mesmas regras, seja como enunciados que possibilitam a emergência de
um discurso materializado específico em textos ou outros registros. A ampliação de nossa
compreensão do que poderia ser considerado um arquivo é fruto de discussões pós-modernas
(COOK, 2012a)2.
A discussão também foi efetivada pela transformação prática provocada pela web e
pela tecnologia da informação em geral, que ampliaram a capacidade de armazenamento e
divulgação de registros. O uso da internet abriu espaço para diversos estudos e reduziu o
custo de armazenamento e a disponibilidade de documentos (que podem ser digitalizados
para melhorar a preservação e circulação). A internet não apenas transformou a pesquisa
com base em fontes históricas, por meio da maior disponibilidade de materiais digitalizados,
mas também desafiou o conceito de arquivo como lugar e questionou visões mais tradicionais
relacionadas à emergência “orgânica”, como efeito natural das atividades dentro de uma
organização específica, como argumenta Schellenberg ([1956]2003), por exemplo.

A questão do uso de arquivos é recorrente no campo da História e da Arquivologia


(COOK, 2012a; SCHWARTZ & COOK, 2002). Em menor escala, também está presente nas
discussões sobre gestão (COSTA & SARAIVA, 2011; ROWLINSON, HASSARD, & DECKER,
2014), principalmente nas áreas de memória organizacional e sistemas de informação
(CORAIOLA, 2012; 2013). Segundo Schwartz e Cook (2002), além de ser um conceito que
se desenvolveu na filosofia, como visto em Derrida (1995), o arquivo é objeto de toda uma
área de conhecimento (Arquivística) e é um meio físico (e, no caso da internet, espaço
virtual), além de ser uma profissão específica (o arquivista).

Como observa L'Eplattenier (2009), tanto em relação à pesquisa histórica no campo da


Retórica e Composição, quanto na subárea dos estudos históricos em gestão, e mais
especificamente na pesquisa arquivística, poucos textos refletem sobre as especificidades da
pesquisa arquivística. Uma exceção é o trabalho de Decker (2013), que se concentra na
disciplina de história empresarial, e algumas outras discussões abordam o tema, como na
justaposição entre estudos organizacionais e história empreendida por Rowlinson, Hassard e
Decker (2013) e o texto de Mills e Helms Mills (2011),

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Arquivos e o “Arquivo”: diálogo e uma agenda de pesquisa em estudos organizacionais.

que discute como abordar e operacionalizar o conceito de arquivo durante a pesquisa em três
companhias aéreas. No entanto, por se tratar de uma subárea relativamente pequena, é
compreensível que poucos textos reflitam detalhadamente sobre a metodologia e os métodos
históricos nos estudos de gestão e organização, principalmente no que se refere ao uso de
arquivos. Na maioria dos casos, os trabalhos limitam-se a relatar o processo que permite o
acesso ao arquivo e, por vezes, a metodologia e técnicas auxiliares de classificação e análise
de dados.
A ampliação da capacidade de armazenamento de informações aumentou o número
potencial de fontes disponíveis para estudo, mas não eliminou a necessidade de decidir o que
deve ser deixado de fora de um arquivo (FEATHERSTONE, 2000). Ao decidir arquivar (ou
descartar), a função de um arquivista que trabalha em uma organização dedicada à manutenção
de arquivos tornou-se mais abrangente, pois a capacidade de armazenar informações, por sua
vez, tornou-se mais disseminada. No entanto, os dados ausentes e a “veracidade” dos dados
presentes são inerentes aos estudos arquivísticos: um julgamento sempre terá que ser feito
sobre o que será, ou não, preservado e isso não mudou com o advento da internet.

Este trabalho discute o tema do ponto de vista de um pesquisador de gestão, ou mais


especificamente de estudos organizacionais, no contexto dos estudos históricos. O argumento
aqui desenvolvido não é exaustivo – isso seria impossível –, não busca extrair um conceito
que possibilite adefinição
operacionalização
fixa para o da
conceito
pesquisa
“Arquivo”,
em ou sobre
tanto mais
arquivos,
que nenhum
nem fornece
significado
uma
para este conceito existe (MILLS & HELMS MILLS, 2011). Como dissemos, além do uso em
massa do computador e da digitalização de um número cada vez maior de documentos, as
discussões sobre os arquivos também tiveram um impacto profundo nas questões decorrentes
da filosofia pós-moderna ou pós-estruturalista e no debate sobre as possíveis transformações
dos conceitos que estruturam esse campo do conhecimento permanece em aberto (ver, por
exemplo, COOK, 2012a; ZIMMERMAN, 2007; SCHWARTZ & COOK, 2002; FEATHERSTONE,
2006; 2000).

Além de reexaminar algumas questões dos debates sobre o conceito de Arquivo, e


sobre os arquivos, suas causas e efeitos, este texto discute algumas das implicações da World
Wide Web e seu potencial para a pesquisa arquivística de natureza histórica. Suas reflexões
estão alinhadas com as de Coraiola (2012) – em estudo que se concentra particularmente na
análise da evolução da legislação que trata dos arquivos no Brasil – e Costa e Saraiva (2011)
– que discutem a produção de memória nas organizações . Outro objetivo, mais prático, é
estimular discussões sobre a importância da preservação de arquivos, não apenas em
instituições públicas, mas também em organizações privadas, que possam contribuir com
narrativas históricas, tanto da gestão quanto de diversos outros campos relacionados ao
cotidiano, das quais as organizações empresariais, públicas e sociais fizeram ou fazem parte.

O Arquivo, arquivos

Existem várias interpretações possíveis do que entendemos pela palavra “arquivo”.


Pode referir-se a um lugar, a um conjunto de documentos, ou, mais genericamente, a uma
coleção de dados desorganizados que possuem alguma conexão, sempre atribuída. Delmas
(2001) considera o pouco tempo de implantação da arquivística como tendo influência direta
na falta de consenso na área. Outro ponto importante reside nas mudanças permanentes que
as novas tecnologias da informação trazem para o debate. Cook (1998) indica que a teoria e a
metodologia arquivística se desenvolveram originalmente a partir das experiências pessoais
dos primeiros autores, particularmente Hilary Jenkinson [1892-1962] e Theodore Schellenberg
[1903-1970], com base no Manual for the Arrangement and Description of Archives , publicado
na Holanda em 1898 e escrito por Samuel Muller, Johan Feith e Robert Fruin (TSCHAN, 2002).
A publicação do manual influenciou todos os arquivistas da Europa e dos Estados Unidos
(BRICHFORD, 1982; BARRIT, 1993), embora, segundo Ketelaar (1995), direcionasse as
discussões para aspectos mais práticos do que teóricos.

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Delmas (2001) afirma que as discussões sobre os arquivos só começaram a assumir um aspecto científico
em meados do século XX, o que explica porque os debates só recentemente começaram a influenciar outras
disciplinas (MANOFF, 2004). Stoler (2009) aponta que se apenas uma perspectiva mais rigorosa for considerada, o
“arquivo” se refere a uma instituição ou ao conjunto de documentos que ela detém. No entanto, o significado da
palavra “Arquivo” ampliou-se e passou a referir-se a uma invocação metafórica que remete a um corpus

ou coleção de fontes.
Do ponto de vista de Schellenberg ([1956]2003, p. 13), definir o que constitui parte de um arquivo requer
uma análise sobre se os documentos “[...] eles foram criados no processo de realizar algum fim administrativo, legal,
comercial ou outro fim social definido, então eles são de qualidade arquivística potencial”. Schellenberg (2003)
destaca que o motivo pelo qual o material foi arquivado deve ir além da finalidade para a qual foi originalmente
designado ou do motivo pelo qual foi acumulado. O autor também afirma que o arquivo deve ser mantido para uso
de outras pessoas que não aquelas que produziram os objetos. “Além disso, sempre que manuscritos históricos
passam a fazer parte da documentação de uma atividade organizada [...] eles também podem ser considerados
arquivos” (SCHELLENBERG, 2003, p. 18).

Nessa visão, descrita como modernista por Cook (2012a), o papel das instituições que arquivam documentos
é selecionar itens, não por seus valores individuais, mas em relação a uma série que documenta uma produção
específica. Nessa perspectiva, os arquivos se desenvolvem “naturalmente” a partir das atividades de uma
determinada organização ou, em menor grau, de um indivíduo. A abordagem modernista questiona a ideia de que
há uma versão única na história refletida objetivamente pelos documentos, que pode ser invocada por um historiador
neutro e imparcial, mas não se debruça sobre as intenções que subjazem à produção de tais documentos. Em outras
palavras, aceita a ideia de que diferentes pontos de vista podem ser adotados para narrar um fato, mas difere da
perspectiva que emerge no pós-modernismo, pois não considera as “provas” documentais como resultado de
atividades localizadas no interior. relações de poder que dão forma e definem o discurso e as possibilidades de fazer
(e lembrar).

Cook (2012a, p. 15) critica o entendimento de Schellenberg e seus seguidores, pois, embora os modernistas
tenham criticado a singularidade da história, sugerindo que há possibilidades de interpretação (contrariamente à
noção de que um documento é uma reprodução de atos empíricos e fatos), eles não estão preocupados com a
natureza do documento ou o que ele representa (ou como ele poderia ser feito).

Neste texto, o Arquivo assume a definição de Cook (2012a), que, como sugere Stoler (2009), amplia o significado
do conceito para além de simplesmente vislumbrar os espaços (as organizações que arquivam) e o que eles contêm,
para uma metáfora relacionada a uma série de possibilidades de dizer (e fazer), que é, segundo Foucault (2008),
preservada nas relações de poder.

O pós-modernismo questiona a possibilidade de um documento ou arquivo ser percebido como algo “natural”
ou “orgânico”.

As origens de nossos Arquivos modernos já envolvem, com efeito, a combinação de um grupo


(os “acadêmicos”), de lugares (“bibliotecas”) e práticas (de cópia, impressão, comunicação, classificação, etc.).
É, em uma linha pontilhada, uma indicação de uma técnica complexa [...] Estas se combinam para criar um novo
trabalho (“cobrar”), a satisfação de novas necessidades
(a justificação de grupos familiares e políticos recentes, graças ao estabelecimento de tradições, cartas e “direitos
de propriedade” específicos) e a produção de novos objetos
(os documentos que são isolados, conservados e recopiados) cujo significado, doravante, é definido pela sua
relação com o todo (o acervo). [...] É produtor e reprodutor. (CERTEAU, 2000, p. 81-82, grifos no original).

Assim, o Arquivo é construído a partir de práticas humanas e sujeito às vicissitudes que dão forma a essas
atividades. A flexibilização de como as fontes são definidas e utilizadas foi descrita por Foucault (2008) como um dos
desafios metodológicos da “nova história”.

O documento, então, não é mais para a história um material inerte através do qual ela tenta reconstituir o que os
homens fizeram ou disseram [...]

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o próprio material documental unidades, totalidades, séries, relações. A história deve ser
desvinculada da imagem que por tanto tempo a satisfez e pela qual encontrou sua justificação
antropológica: a de uma consciência coletiva milenar que se valeu de documentos materiais
para refrescar sua memória; história é o trabalho despendido na documentação material
(livros, textos, contas, registros, atos, edifícios, instituições, leis, técnicas, objetos, costumes,
etc.) espontânea ou de forma conscientemente organizada (FOUCAULT, 2008, p. 7-8).

O Arquivo pode ser entendido como um legado de atividades já ocorridas, mas que não são mais
registros inscritos (e não necessariamente escritos).
Stoler (2002) afirma que o arquivo (incluindo os espaços físicos) não é apenas uma fonte de conhecimento, mas
também deve ser entendido como um objeto de reflexão, um tema a ser analisado por aqueles que se aventuram
a buscar conteúdos, um instrumento de conhecimento e poder construído na intersecção entre esses jogos
(STOLER, 2009). Ao tratar dos arquivos coloniais, Stoler (2002; 2009) enfatiza que estes podem ser entendidos
como monumentos erguidos por seus apoiadores para legitimar e refletir uma visão particular, acima de qualquer
outra.

Assim, para ir além de questionar a veracidade de um documento, é preciso pensar quais foram (e são)
seus usos, as possibilidades que ele abre, bem como os caminhos que se fecham. Para considerar o documento
como um monumento (FOUCAULT, 2008, p. 8), é fundamental poder compreender a dinâmica real que
possibilita sua preservação, pois “[o] documento não é a ferramenta afortunada de uma história que é
primariamente e fundamentalmente memória; a história é uma maneira pela qual uma sociedade reconhece e
desenvolve uma massa de documentação com a qual está inextricavelmente ligada”. Como observa Rago
(1995), os textos dos documentos não revelam o passado de forma alguma que “realmente” existiu.

Por sua vez, os arquivos “[...] como registros – exercem poder sobre a forma e a direção da erudição
histórica, memória coletiva e identidade nacional, sobre como nos conhecemos como indivíduos, grupos e
sociedades”. (SCHWARTZ & COOK, 2002, p. 2). Nesse sentido, devemos considerar os documentos, as
instituições e os sujeitos que os detêm, do ponto de vista da investigação.

Os documentos referem-se a enunciados que extrapolam e não estão relacionados apenas às regras
de arquivamento das instituições que os detêm ou das pessoas que os selecionam, mas também a um aparato
discursivo que permeia toda a sociedade (FOUCAULT, 2008). Os arquivos, e o direito de acesso a eles e aos
documentos que contêm, são produto de construções sociais que também são estabelecidas pelas necessidades
e valores de informação sustentados pelos governos e pela sociedade civil (SCHWARTZ & COOK, 2002). Sua
existência é afetada por aspectos materiais, como o desenvolvimento de tecnologias que impactam nos registros
que as pessoas produzem.

A relação com a construção e a preservação é um construto e também um signo que vai além dos
agentes individuais, como observa Derrida (1995). Há uma interação entre os responsáveis pelo arquivamento
dos documentos de uma organização (seja ele qual for) e os indivíduos, que também são influenciados pelo
contexto em que estão inseridos, para decidir o que deve ou não ser produzido, arquivado ou descartado.
Schwartz & Cook (2002) indicam que as forças sociais devem ser levadas em consideração, mesmo quando se
contempla a produção de um documento individual (independente de seu meio de registro, seja vídeo, fotografia
ou texto). Nesse caso, o documento é uma forma de mediação entre seu produtor e seu receptor, e seu registro
e disponibilização são mediados pelos responsáveis pelo arquivo.

Steedman (2009) sugere que, de fato, a noção do que é ou não é histórico é filtrada duas vezes. É a interação
do pesquisador com os dados que faz algo na história (ou narrativa).

Nesse contexto, devemos considerar como o aumento da facilidade de armazenamento e disponibilidade


de informações, a preços cada vez menores, ampliou a possibilidade e atratividade de criar bancos de dados
virtuais que englobam aspectos que antes seriam considerados irrelevantes (GIL & ELDER, 2012). . Assim, um
grande número de organizações, e até mesmo pessoas, podem se tornar responsáveis por armazenar e divulgar
informações que considerem relevantes na medida em que

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documentar uma ou outra atividade humana. Se antes apenas os “grandes nomes” tinham um arquivo que podia
se tornar público ou ser consultado, o aumento do tempo e das informações produzidas e transmitidas pela
internet fornece material de arquivo – geralmente nos servidores dos provedores de internet – sobre um
indivíduo no momento exato do registro3 Como observa Cook (2012a), o arquivista está sendo chamado a abrir
mão de sua posição passiva, na qual espera que um arquivo seja produzido e depois o preserve, para se tornar
um criador de arquivo.

No entanto, mesmo levando em consideração todo o aumento da capacidade de armazenamento, é a


decisão de manter algo registrado, como parte de um repertório acessível – ação não muito distante da dinâmica
de poder – que torna um registro sujeito a análise de um pesquisador. Como afirma Marques (2007, p. 14): “a
memória se constitui como um campo de luta política em que diferentes relatos da história se confrontam para
controlar o arquivo. Pensar em um arquivo requer, portanto, uma consideração cuidadosa de como a memória
opera, incluindo o processo de esquecimento, e de suas interconexões.

Uma organização que arquiva em um espaço físico também perdeu o monopólio dos documentos que
mantém, uma vez que estes podem ser armazenados e agrupados por um número cada vez maior de pessoas
e organizações4. Para Featherstone (2000) o arquivo, para além de um espaço específico no qual se depositam
uma série de registros e minúcias culturais, é chamado a circunscrever todos os aspectos da vida cotidiana. “O
problema então se torna, não o que colocar no arquivo, mas o que se ousa deixar de fora” (FEATHERSTONE,
2000, p.
170). Esta questão sempre foi, ainda que implicitamente, verdadeira para os arquivos, mas adquiriu uma nova
dimensão, devido, em grande medida, aos vários meios técnicos de armazenamento e reprodução que surgiram.

Assim, o significado ampliado de arquivo deve-se, em parte, ao advento e disseminação do uso da


internet, bem como ao crescente número de documentos digitalizados, que aumentaram tanto as possibilidades
de criação de arquivos quanto sua acessibilidade.
Como discutiremos na próxima seção, essa nova perspectiva abriu caminhos para a pesquisa e permitiu que
novas questões fossem colocadas e novas respostas fossem encontradas em antigos arquivos digitalizados,
em arquivos que se tornaram acessíveis por meio de novas regulamentações ou em arquivos formados de uma
coleção de fontes não necessariamente originárias das atividades de apenas uma organização.

arquivos na internet

Como afirmam Certeau (2000) e Foucault (2008), a escrita da história não se limita à coleta e coleta
mecânica dos fatos. É o efeito da posição do autor, do contexto em que está escrito e dos elementos que o
compõem. Certeau (2000) também ressalta a importância de todo o aparato técnico para a escrita da história,
que se modifica à medida que surgem novos meios e possibilidades de fazer. A partir de Derrida (1995), pode-
se afirmar que a internet e outros desenvolvimentos tecnológicos provocaram mudanças na constituição dos
arquivos e nas relações que as sociedades estabelecem com eles: “que não é mais arquivado, nem vivenciado
da mesma forma” (DERRIDA, 1995, pág. 18).

O surgimento da internet impôs mudanças no significado dos termos arquivo e arquivamento. Como
observam Gil e Elder (2012), onde antes uma condição essencial para um pesquisador de arquivo era o
deslocamento físico para arquivos mantidos por instituições, o atual aparato tecnológico permite que mais
pessoas acessem um conjunto documental disponível digitalmente ao mesmo tempo. Também permite que a
coleta seja realizada por meio de ferramentas eletrônicas que permitem, por exemplo, a busca ou a contagem
de uma palavra ou expressão. Assim, o pesquisador fica liberado da necessidade de ler cada documento,
levando a uma possível modificação, não apenas na forma como a pesquisa é realizada, mas também na
relação global do pesquisador com seus dados. A acessibilidade levanta outras questões, como a possibilidade
de sentir algum desconforto por não poder analisar os dados exaustivamente, explorando toda a sua
complexidade em todos os seus detalhes (FEATHERSTONE, 2000).

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Arquivos e o “Arquivo”: diálogo e uma agenda de pesquisa em estudos organizacionais.

Relacionando essa noção com as demandas da pesquisa científica, é cada vez mais
importante a ideia de que todo objeto é construído e que essa construção (ou essa focalização)
sempre deixará de fora informações relevantes sobre o que está sendo estudado.
Featherstone (2006) aponta que a imensa quantidade de informações, armazenadas e
acessadas de forma desordenada, pode perder seu significado entre a massa de documentos
e outras fontes disponíveis na internet.
Mas, com o advento da digitalização, a sobrevivência e a usabilidade da cultura e da história
não precisam depender inteiramente da disponibilidade de espaço ou da composição física
das incorporações tangíveis originais da produção cultural, muito menos do orçamento de
qualquer instituição. Agora pode ser possível manter cópias de qualquer coisa que seja
considerada real ou potencialmente de importância cultural por séculos e fazê-lo em um meio
que, esperamos, seja comparativamente fácil de conservar e em um formato que possa ser
facilmente pesquisado. Em vez de beneficiar uns poucos afortunados, essas riquezas estariam
disponíveis para qualquer pessoa com acesso à Internet e um computador à sua disposição,
pelo menos quando os recursos fossem de domínio público (ZIMMERMAN, 2007, p. 993).

Caygill (1999) destaca as ramificações políticas do conhecimento (ainda que não


absoluto) na web e até que ponto esse potencial é liberado. Isso ocorre na medida em que se
revisitam as hierarquias que constituem os arquivos tradicionais, seja em relação à distância
entre a instituição detentora do arquivo e suas regras de registro, organização e acesso, seja
em relação ao que pode ser arquivado ou para quem. Como aqueles que conhecem o passado
são mais capazes de formular interpretações que impactam o presente, o acesso aos arquivos
e sua posterior interpretação sempre foram facetas das lutas de poder.

A perspectiva de Caygill (1999) valoriza o trabalho do pesquisador, pois, mesmo que a


web seja entendida como depositária de conhecimento, ou seja, mesmo como um lugar onde
o conhecimento já existe, é preciso fazer perguntas e fazer as conexões corretas para para
adquirir as informações necessárias. Esse processo não envolve apenas a busca, mas também
a criação de novos conhecimentos que emergem dos vínculos forjados para se chegar ao
ponto desejado. Ernst (2005) afirma que a internet altera a relação com a memória e que, por
não estabelecer uma hierarquia de conteúdos, está mais próxima de uma coleção do que de
um arquivo. Assim, indo além das questões de interpretação e construção de sentido, diversos
pesquisadores com acesso à internet podem produzir uma gama de narrativas sobre um
mesmo objeto no arquivo virtual, visto que, em certo sentido, é o próprio processo de busca
que orienta as descobertas.
Segundo Zimmerman (2007), a acessibilidade não se limita à trivial facilidade de
acesso. A disponibilização de documentos na internet permite realizar pesquisas que não
poderiam ser realizadas de outra forma (por falta de recursos, por exemplo) e possibilita um
nível de detalhamento muito maior ao aumentar o número de bases de dados que podem ser
consultadas . Para alguns, a internet funciona como uma espécie de arquivo geral da
humanidade. Essa noção é questionável, pois sempre se omite algo, como se vê, por exemplo,
no trabalho de digitalização de arquivos sobre a história recente do continente africano,
apresentado por Isaac, Lalu e Nygren (2005).
A questão do chamado big data está relacionada a essa discussão. Não é raro ler que
o acesso a esses enormes e crescentes bancos de informações tem o potencial de transformar
diversas áreas da atividade humana, discussão que ganhou espaço na mídia de massa com o
texto escrito por Steve Lohr (2012) no The New York Times . As implicações do aumento
exponencial na produção e armazenamento de informações estão apenas começando a ser
consideradas. Bail (2014) observa que, em 2002, o volume de dados acumulados em um ano
era o equivalente a todos os dados acumulados ao longo da história da humanidade até aquele
momento. Em 2011, o volume de dados de 2002 estava sendo coletado a cada dois dias. O
crescente uso da internet e seus elementos associados é atribuído diretamente a essa
explosão no volume de informações. Vale lembrar que a organização sem fins lucrativos The
Internet Archive dedica-se ao arquivamento de conteúdo de páginas da web desde 1996. Por
sua vez, o Google© digitalizou grande parte do conteúdo de livros disponíveis em bibliotecas
de todo o mundo, além de jornais contente. No entanto, big data não se limita a textos
carregados na internet, uma vez que grande parte dos dados produzidos está em formato
multimídia ou em outros tipos de arquivos eletrônicos.

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Segundo Bail (2014), é importante que as ciências sociais em geral reconheçam as


oportunidades abertas pelo acesso a esse big data, mas tenham clareza sobre as dificuldades de
operacionalização da pesquisa ao lidar com uma massa tão grande de informações potenciais. A
lógica de arquivamento e os meios de examinar esses bancos de dados são cruciais para
operacionalizar qualquer pesquisa que utilize big data. Como sabemos, o acesso a esses bancos
(e mesmo a computadores), bem como a ferramentas de digitalização e à World Wide Web, não é
distribuído de forma equitativa. Para resumir, a internet não é um único arquivo. Entendemos que
um arquivo deve ser composto por determinadas intenções que o permeiam, dando unidade e
especificidade ao que ele contém, tendo um significado subjacente, que é compartilhado e que
atribui uma lógica ao conjunto arquivado.
Além disso, a disponibilização de arquivos online não os coloca imediatamente à disposição
de quem possa estar interessado neles. Sem a mediação das organizações que produzem e
organizam os arquivos na internet de forma coerente (o que ocasionalmente acontece), eles podem
se apresentar como um conjunto caótico de dados, ainda que vinculados por uma característica
comum – como pertencer à mesma época ou o mesmo órgão estatal ou lidar com o mesmo
conjunto de práticas. Para que um conjunto documental seja considerado um arquivo, ele deve ser
organizado de acordo com regras (sempre questionáveis e precárias), mas também pode ser
considerado parte de um Arquivo mais amplo que os une: o conjunto de elementos que narra um
determinado prática disseminada pelo corpo social, por exemplo.

Yakel (2006) sugere que os arquivistas desempenham um papel mediador fundamental na


relação entre o pesquisador e o arquivo. Uma vez que os pesquisadores conhecem os documentos,
eles são capazes de responder a problemas mais elaborados que não podem ser resolvidos de
outra forma (como na interação com um banco de dados da internet).
Yakel (2006) entende que o papel do arquivista continua importante, embora tenha sido
gradativamente modificado pelo surgimento de novas experiências de navegação na web que
permitem, por exemplo, aos visitantes do site “rotular” (adicionar palavras-chave e/ou descrições )
os documentos que analisam e permite que os percursos entre um documento e outro criados por
outros fiquem registados para futuros visitantes. Pesquisadores que já passaram por um arquivo
podem deixar rastros ou pistas de pesquisa para quem o visita mais tarde, mas também podem
criar uma certa narrativa a partir dos dados. Como afirma Featherstone (2006), a organização dos
dados em caixas e seções separadas que davam algum significado aos arquivos perdeu terreno
diante da descentralização alcançada pela disponibilização de arquivos na web.

Cook (2012b) ressalta a importância do papel do arquivista e do pesquisador, e afirma que


a procedência de um arquivo, antes compreendida pelas estruturas burocráticas que o produziram,
deve ser repensada de forma mais ampla.
O foco no princípio de proveniência mudou para função, atividade, discurso e comportamento,
em vez de, como era no passado, estar centrado em estruturas, cargos, mandatos e origem
[...] o significado de proveniência é transformado de suas origens estruturais em um discurso
contínuo centrado em funções, atividades, processos, forças sociais e nas relações e culturas
pessoais e organizacionais que coletivamente levam à criação de documentos, dentro e
através da vida pessoal e organizacional em constante evolução. A nova proveniência oferece
múltiplas perspectivas e muitas ordens de valor, ao invés de uma nova ordem fixa (COOK,
2012b, p. 146-147).
Assim, a internet abriga uma infinidade de documentos, que podem ser organizados como
arquivos antes que o pesquisador tenha contato com eles e posteriormente serem (re)organizados.
A instantaneidade e o volume das comunicações que podem ser trocadas, mantidas ou arquivadas,
permitem novas formas de visualizar o que poderia ser considerado arquivo ou material de
pesquisa (GIL & ELDER, 2012) e os pesquisadores podem disponibilizar os conjuntos documentais
que coletam para outros pesquisadores. Esses dados devem ser (re)avaliados e (re)organizados
por cada item ou grupo que nele se interessar, mesmo quando para isso às vezes é necessário
desfazer ordens e conexões previamente definidas. Aqueles que foram previamente organizados
são, à sua maneira, monumentos a determinados poderes ou visões de mundo, pois, como indicam
Kurtz (2007) e Schwartz e Cook (2002), o processo de arquivamento é sempre político. A metáfora
do flâneur, por outro lado, pode caracterizar um passeio por coleções de fontes vistas inicialmente
como informes (FEATHERSTONE, 2006).

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Arquivos e o “Arquivo”: diálogo e uma agenda de pesquisa em estudos organizacionais.

Pesquisa em Gestão e o uso de arquivos

Como aponta Manoff (2004), diversas áreas do conhecimento têm protagonizado


discussões que buscam qualificar um entendimento sobre os arquivos. No Brasil, poucos trabalhos
utilizam arquivos para desenvolver reflexões na área de Gestão. Um dos poucos trabalhos
diligentes sobre esse tema é a tese de Coraiola (2013). Em parte, isso pode ser resultado de
dificuldades em encontrar arquivos que possibilitem ao pesquisador desenvolver reflexões mais
profundas sobre seu objeto de pesquisa. Saraiva e Costa (2011) afirmam que parte dos problemas
decorre do fato de os arquivos serem memórias selecionadas e, como muitas pesquisas têm sido
realizadas em organizações com fins lucrativos preocupadas com sua imagem, torna-se menos
provável que os arquivos ser mantidas se contiverem registros que possam ser considerados
negativos.
Poucas empresas brasileiras direcionam esforços para a manutenção de seus arquivos
(COSTA & SARAIVA, 2011). Coraiola (2012) destaca que foi somente a partir de 1960 que a
preservação de documentos empresariais para fins históricos começou a ocorrer no Brasil,
diferentemente das empresas europeias que estabeleceram a prática no início do século XX, e
dos Estados Unidos da América (EUA). ), França e Inglaterra, que começaram a fazê-lo após a
Segunda Guerra Mundial. Como observa Adkins (1997), nos EUA, os arquivos das empresas
ganharam espaço rapidamente na década de 1970, depois perderam força após a onda de
reengenharia de processos de negócios na década de 1990, cujo lema era a redução dos custos
organizacionais.
Para Adkins (1997), a legitimidade da manutenção de arquivos da empresa foi fortemente
apoiada por pesquisas em História Empresarial por economistas. Além disso, o autor destaca
que, enquanto os esforços iniciais foram direcionados para a organização de um material que
pudesse contar a história da empresa do ponto de vista positivo e como exercício de relações
públicas, com o tempo os arquivos passaram a ser vistos como um instrumento de memória da
empresa. Para o autor, isso se deve em parte às mudanças na composição do quadro de
funcionários das empresas, que se tornaram cada vez menos estáveis, de modo que os
trabalhadores deixaram de ser, de certa forma, os repositórios da memória de uma organização.
A memória organizacional é objeto de estudos advindos da gestão, principalmente por
autores da área de Estudos de Memória Organizacional, que geralmente se preocupam com
aspectos relacionados ao aprendizado e longevidade da organização.
A memória é um tema importante, por exemplo, na construção da imagem organizacional e é um
conceito complexo, fora do escopo desta discussão, mas que merece atenção em relação aos
seus aspectos ontológicos, epistemológicos e metodológicos, visto que sua própria natureza pode
ser questionado (ver, por exemplo, NORA, 1993).
Por sua vez, o arquivo é composto por registros que podem ser acessados por historiadores
para reconsiderar o que a memória apresentou como fato, construindo novas narrativas sobre o
que aconteceu (ROWLINSON, et al., 2010). Isso não se aplica apenas aos arquivos da própria
empresa, que estão sujeitos às decisões da organização sobre o que preservar e o que consignar
ao esquecimento (DECKER, 2013). Coraiola (2013) ressalta a importância dos “arquivos externos”
para reflexões sobre as organizações.
Para operacionalizar sua pesquisa sobre arquivos organizacionais, Coraiola (2013, p. 44)
definiu o conceito da seguinte forma:
um arquivo organizacional é uma coleção de documentos e registros produzidos por
indivíduos, grupos, organizações ou estados [1] que são de natureza orgânica [2] não são
mais utilizados para o desenvolvimento de atividades rotineiras e [3] são preservados porque
seu valor vai além dos aspectos meramente técnicos, administrativos ou legais.
Como se vê, Coraiola (2013) define um conceito muito semelhante ao de Schellenberg
(2003), embora adote uma visão mais aberta dos arquivos no restante de sua obra. A definição
operacional estabelecida por Coraiola é útil e pertinente, mas deve ser colocada em perspectiva,
na medida em que circunscreve o que é o arquivo da empresa, definindo-o segundo três
elementos específicos, nomeadamente a intencionalidade do arquivo como repositório da
memória. No entanto, do ponto de vista aqui adotado, é importante estar atento à intencionalidade
de quem monta o arquivo (seja pessoa ou empresa), realizando assim novas possibilidades

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para ligações com histórias narradas (MARQUES, 2007). Como confirma Marques (2007) ao falar dos arquivos
literários, os arquivos das empresas também são mediados por uma miríade de práticas discursivas que os permeiam.
A meta-reflexão sobre o propósito lógico dos arquivos que contêm documentos para estudo é um desafio adicional
para esse tipo de pesquisa.

Os arquivos que formam uma parte importante do que se estabelece como memória organizacional são a
fonte e o foco do conflito. Como afirmam Costa e Saraiva (2011, p. 1764) a respeito da formação da memória, esta é,
em parte, derivada das escolhas que os gestores fazem. No entanto, como aponta Coraiola (2013), trabalhadores e
outros agentes também podem registrar os eventos dos quais uma organização participa (como mudanças no
contexto decorrentes da instalação de uma fábrica, por exemplo), ao mesmo tempo em que é observou que o
arquivista adota práticas e táticas para negociar o que deve ser guardado. De qualquer forma, “a intencionalidade
atribuída à forma como o passado é representado não pode ser desvinculada das relações de poder inerentes a essa
'recuperação'” (COSTA & SARAIVA, 2011, p. 1764) e a capacidade de exercer o poder em uma organização é não
distribuído equitativamente.

Em relação aos órgãos públicos, é possível especular que algumas das dificuldades de acesso a arquivos e
documentos se dão por deficiências estruturais no Brasil e nos órgãos federais que mantêm e preservam documentos,
além de níveis historicamente baixos de accountability pública. Devemos lembrar também que a preocupação com a
publicação de documentos públicos só recentemente ganhou força por meio da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de
2011, conhecida como Lei de Acesso à Informação (BRASIL, 2011), que regulamenta o acesso à informação pública,
embora as discussões sobre A manutenção dos arquivos vem ocorrendo desde a promulgação da Lei de Arquivos
em 1991. Espera-se, portanto, que o poder público ainda esteja se organizando para atender às demandas de
informações que porventura estejam sendo feitas – não descartando a possibilidade de uso do sigilo como meio de
restringir o acesso a dados relevantes e instrumento de poder5.

Como discute Alcadipani (2014) em relação às etnografias, alcançar a transparência necessária para realizar
pesquisas em organizações públicas ou privadas é um desafio à parte e que tem envolvido poucos debates
acadêmicos. No entanto, diferentemente da pesquisa etnográfica, que mapeia a situação atual de uma organização,
a pesquisa arquivística pode ser menos restrita, pois muitas vezes trata de documentos que foram filtrados antes de
serem disponibilizados, principalmente em organizações privadas. Nem todo arquivo organizacional está sujeito às
mesmas normas de criação e manutenção, principalmente porque são as empresas que definem as políticas sobre
os documentos que produzem e a forma como são armazenados (VALENTIN, 2012). A maioria dos documentos
arquivados em uma organização tende a estar atrelado ao seu funcionamento cotidiano, sem ter, em princípio, um
caráter histórico definido, de modo que tem recebido atenção insuficiente, mesmo das ciências arquivísticas, que só
passaram a presenciar discussões mais estruturadas sobre esse tema na década de 1970 (ARAÚJO, 2012).

Para Sousa (2010) a preservação da história das organizações pode servir para reforçar a sua identidade,
reforçando a sua marca e gestão do conhecimento, entre outras características pragmáticas. O autor, no entanto,
enfatiza a dimensão da responsabilidade social histórica, como parte da responsabilidade social corporativa,
enfatizando que as empresas devem levar a sério sua tarefa de manter registros de suas interações com a sociedade.
No entanto, os esforços de preservação estão muitas vezes ligados a aniversários ou outras comemorações, levando
a atividades de preservação e manutenção desestruturadas. Em geral, os gestores das empresas têm pouco interesse
em manter os arquivos, e um movimento contrário só foi visto mais recentemente na criação de iniciativas de
preservação e valorização da memória (CORAIOLA, 2011). De qualquer forma, poucos avanços foram feitos no
acesso a arquivos produzidos por organizações públicas ou privadas no Brasil (CORAIOLA, 2012), além da Lei de
Acesso à Informação mencionada acima.

Pelas restrições aqui discutidas em relação ao uso de arquivos em geral, parece haver algum mérito, ainda
que não em sentido ortodoxo, em ampliar o conceito do que são arquivos e do que deve ser arquivado.

A noção relaxada do que constitui um arquivo ou uma fonte histórica permite uma

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Arquivos e o “Arquivo”: diálogo e uma agenda de pesquisa em estudos organizacionais.

questionamento de narrativas históricas e uso de materiais diferentes daqueles utilizados


pelas organizações, muitas vezes mantidos em segredo. Essa discussão poderia partir da
perspectiva de produção, acumulação e dispersão abordada por Foucault (2008). No entanto,
essa visão não substitui a necessidade de nos dedicarmos a ampliar a acessibilidade das
fontes produzidas por uma gama de organizações que muitas vezes são responsáveis por
arquivá-las.

Considerações Finais

Defendemos aqui que um pesquisador em estudos de gestão e organização com


interesse em pesquisar arquivos pode avançar suas reflexões sobre a pesquisa histórica
examinando os documentos disponíveis e as instituições que os hospedam, ao mesmo tempo
em que busca compreender as práticas que permeiam a ação de arquivar.
Esse campo de pesquisa foi ampliado pela internet e pela diversidade de dados disponibilizados
online. Assim, entendemos que a incorporação dos arquivos não apenas como espaços nos
quais os documentos se encontram, mas também como instituições e repertório de práticas e
saberes, pode contribuir para o desenvolvimento da subárea dos estudos históricos e da
gestão em geral.
O interesse pela história no campo dos Estudos Organizacionais tem aumentado e
discutir o Arquivo e os Arquivos pode ser importante para que essas áreas se congreguem de
forma mais efetiva. Nesse sentido, retomei algumas discussões que se estabeleceram fora
das teorias de gestão, mas também abordei alguns trabalhos dessa área que tratam de
arquivos. Espero que o texto contribua para os desdobramentos ao dar maior atenção ao uso
dos arquivos e sua importância, ao mesmo tempo em que defende o permanente ceticismo
em relação às informações neles contidas, uma vez que o próprio arquivo pode ser objeto de
estudo .
A principal dificuldade encontrada durante este trabalho foi tentar delinear um conceito
(que permanece provisório) que defina o que pode ser arquivado e quando uma coleção é um
arquivo. Essa discussão, já abordada nos estudos arquivísticos, é importante para auxiliar os
pesquisadores da área a adquirir maior clareza sobre o material com o qual trabalham.
Embora o texto tenha avançado nesses pontos, principalmente no primeiro, novos
desenvolvimentos são necessários para delinear com mais precisão as condições que
permitem que um conjunto de documentos ou dados seja considerado um arquivo. De
qualquer forma, a imprecisão parece caracterizar esse período, tanto do ponto de vista
conceitual (nas questões colocadas pelo pós-modernismo) quanto do ponto de vista do
espaço que abriga os arquivos e as práticas de arquivamento (transformadas pelos avanços
tecnológicos, particularmente a Internet).
O texto de Cook (2012a) nos dá algumas indicações sobre como as mudanças estão
transformando a prática e a teoria arquivística, mas permanece inconclusivo, concentrando-
se em apontar tendências. Por sua vez, Featherstone (2000) deixa claro que a definição do
que pode ou não ser arquivado muda de acordo com o contexto sociocultural da prática. O
próprio valor do que foi processado e arquivado se altera ao longo do tempo e assistimos a
uma mudança de paradigma nos significados e práticas que constituem os arquivos, causada
pela internet, pela tecnologia da informação em geral (FEATHERSTONE, 2006) e pelo big
data (BAIL , 2014).
Em sintonia com essas mudanças, sugiro alguns pontos para avançar a discussão.
Obviamente, ao fazer isso, não pretendo determinar o rumo das discussões, mas indicar
possibilidades que possam avançar o debate. Tal agenda não pode ignorar o fato de que
existe todo um campo de debate estabelecido em torno do estatuto dos documentos, dos
arquivos e do Arquivo, particularmente na História, nos Estudos de Arquivo e na Filosofia.
Também não podemos ignorar alguns pontos práticos, como os de Montana (2013), que
ressaltam que as organizações estão incorrendo em custos e riscos operacionais crescentes
para lidar com a criação, armazenamento e descarte de dados, algo que terá impacto na
fontes disponíveis no futuro para obras de viés histórico que colocam questões para o
arquivista no presente. Trazendo esse debate para o
campo da gestão e, principalmente, dos estudos organizacionais significa dialogar com essas
áreas.

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O primeiro ponto de uma agenda de pesquisa sobre arquivos em Estudos


Organizacionais é definir mais claramente como os diferentes arquivos podem ser analisados
e quais as limitações para seu uso. Essa discussão também deve abordar a natureza dos
documentos e o impacto que o arquivista e a instituição têm em sua produção e armazenamento.
Além disso, o debate deve considerar a abertura de fontes de pesquisa a fim de estimular o
debate interdisciplinar sobre as conclusões encontradas.
Em outras palavras, o que se postula é a necessidade de reflexões de cunho metodológico e
epistemológico sobre arquivos, documentos e as implicações de seu uso em pesquisas nessa
área.
Seguindo essa abordagem, um segundo ponto a desenvolver diz respeito à pesquisa
sobre organizações que arquivam, tratando-as como objetos de estudo. Essa discussão
também poderia ser ampliada para refletir sobre como os documentos desse arquivo podem
ter contribuído para definir certas práticas e estruturas organizacionais (cuja racionalidade
poderia ser questionada, caso fossem analisados os documentos que as estabeleceram).
O terceiro ponto refere-se à possibilidade de explorar documentos já disponíveis, tanto
online quanto fora da World Wide Web. Estes incluem o Wikileaks (www.
wikileaks.org) “vazamentos” ou os catalogados pelo projeto “Abrindo os Arquivos” realizado
entre a Universidade Estadual de Maringá e a Universidade Brown (http://library.
brown.edu/openingthearchives/), ou mesmo documentos que registram acordos firmados por
organismos multilaterais, como o Banco Mundial (http://www.worldbank.org/
projetos?lang=en). Pode-se refletir também sobre as revelações feitas por Edward Snowden
sobre as atividades de vigilância da Agência de Segurança Nacional (NSA) e seu efeito sobre
os negócios e empresas que manipulam as informações de milhões de usuários-consumidores
(GREENWALD, 2014).
Uma quarta e última sugestão é avançar nas reflexões sobre o que são os Arquivos
(em termos semelhantes aos propostos por Michel Foucault) que constituem as teorias de
gestão, bem como cada uma de suas subáreas, como uma episteme. Pode-se também
examinar o papel dos materiais educacionais como documentos que arquivam certas definições
e discursos que formulam o que é ensinado (e, em certa medida, praticado).
Recordamos também que a disponibilização de um conjunto de documentos num
arquivo não é um produto exclusivo da tecnologia, mas também decorre da disponibilidade
das pessoas e instituições que disponibilizam os seus arquivos ao público em geral. Nesse
sentido, ampliar as discussões sobre arquivos na teoria da gestão e nos estudos históricos
dentro dos Estudos Organizacionais pode estimular a criação e disponibilização de novos
arquivos públicos ou privados que levem a novas questões sobre o desenvolvimento da área
e sua forma atual. No caso dos estudos realizados em gestão, é interessante notar que os
documentos analisados geralmente estão inseridos em redes que são, em certa medida,
limitadas: se, por um lado, é possível vincular esses documentos ao as teias que as engendram,
por outro, elas também têm efeito, principalmente em uma organização dentro de seu contexto
específico.
Stoler (2002, p. 107) observa que, “para entender um arquivo é preciso entender as
instituições que ele atendeu”. Não só as organizações que possuem arquivos, mas também as
instituições em sentido lato, que recorrem a esses arquivos para estabelecer, reforçar ou
legitimar determinadas práticas. O arquivo é um espaço crucial para quem olha para o passado
em busca de respostas para o presente, mas é também constituinte do presente e do futuro.
Pesquisar arquivos e documentos, examinando tanto o que eles revelam quanto o que
disfarçam, pode ampliar nossa compreensão das organizações e dos processos que elas
estabelecem.

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(Notas finais)

1 Diferenciamos esses termos usando letras maiúsculas e minúsculas onde julgamos ser
importante sublinhar o termo, ou evidenciar o uso dado.
2 Sabemos que a definição desse termo é controversa, mas não está no escopo deste texto
esboce essa discussão. Para uma introdução, ver Peters (2000).
3 O que fez emergir discussões sobre a privacidade não só de indivíduos, mas também de organizações sociais
e corporações. Ver, por exemplo, a discussão de Bruno (2008), ou, no campo da ficção, The Last Enemy, série
produzida pela BBC One (NEAL, MACDONALD & BERRY, 2008).
4 Claramente, não é fácil disponibilizar um grande número desses registros na web, devido aos custos, dificuldades
operacionais relacionadas à digitalização e à quantidade de registros produzidos ao longo da história humana.
5 Como observa Derrida (1995), é possível medir a eficácia de uma democracia avaliando sua abertura à noção
de sociedade participando e acessando arquivos para interpretar e fazer investigações a partir deles.

DATA DE SUBMISSÃO: 23/09/2014


DATA DE APROVAÇÃO: 15/07/2015

O&S - Salvador, v. 23, n. 79, pág. 609-623, Out./Dez. 2016


www.revistaoes.ufba.br 623

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