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UFRJ - Introdução à metodologia científica

DA QUÍMICA NATURAL BRITÂNICA A QUÍMICA INDUSTRIAL ALEMÃ

Dissertação apresentada à matéria de


Introdução à Metodologia Científica do curso
de graduação da Escola de Química, como
requisito único para aprovação na matéria.

Professor: Luis Eduardo Duque Dutra

RIO DE JANEIRO
2022
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Escola de Química

Em 1760, época caracterizada pela manufatura e pelo capitalismo comercial, todos os


produtos eram advindos do artesanato, ou seja, produzidos à mão pelos artesãos. Nesse
contexto, a geração de riqueza era proporcional à produção pessoal. Entretanto, na Inglaterra,
com o acúmulo de riquezas dos comerciantes e a chegada dos avanços tecnológicos, surge
um novo modelo de produção denominado maquinofatura, iniciando então, o capitalismo
industrial, onde as riquezas viriam das indústrias e da produção em massa que as máquinas
proporcionam.

Apesar de ter sua origem centrada na Inglaterra, rapidamente as máquinas começaram


a se popularizar e se espalhar pelo mundo inteiro, gerando assim, a abertura de diversas
indústrias ao redor do globo. Com isso, a primeira revolução industrial trouxe consigo
diversas mudanças. As pessoas começaram a se concentrar mais nos centros urbanos e ao
redor das indústrias; as ruas das cidades tiveram que ser alargadas; houve a construção de
diversos túneis e pontes e o cientificismo fortaleceu-se dentre a população. Desse modo,
começaram a surgir diversos outros avanços científicos significativos, como a química, que já
era utilizada para a produção de bálsamos, colas, sabões e perfumes.

Nessa época, materiais específicos, como carbonato de sódio e potássio, passaram a


ter grande demanda devido ao crescente desenvolvimento industrial, uma vez que se
relacionam a bens de consumo, tais como, vidro, sabão e tecidos. À medida que a Revolução
Industrial foi avançando, surgiram novos processos industriais para que algumas dessas
matérias-primas pudessem ser produzidas. Assim sendo, as reações químicas que resultam
em uma nova substância tornaram-se o novo foco.

A Segunda Revolução Industrial (1850 e 1939) representou um período decisivo para


a indústria química, uma vez que foi caracterizada pelo desenvolvimento do corante sintético
conhecido como anil. Desse modo, essa descoberta alavancou esse setor industrial de tal
maneira que a Alemanha passou a ser líder dessa área até a Segunda Guerra Mundial. Vale
ressaltar que, naquela época, a indústria química era operada por engenheiros mecânicos que
tinham conhecimentos ou experiências dos processos industriais, porém, não tinham

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formação técnica na área. Em contrapartida, os químicos eram responsáveis pelos


desenvolvimentos laboratoriais.

Contudo, esse cenário começou a mudar em 1880, quando George Davis, um


pesquisador inglês, viu a necessidade de unificar as profissões da engenharia e da química,
uma vez que era comum ocorrer acidentes entre os engenheiros mecânicos que atuavam
nessas áreas. Porém, o sonho de Devis não vingou na Inglaterra, sendo necessário cruzar o
Atlântico para finalmente nos Estados Unidos, juntamente com Lewis Norton, lançar as bases
para o primeiro curso de Engenharia Química no mundo.

Sendo assim, o crescimento da indústria química foi desenvolvendo-se de modo cada


vez mais acelerado, principalmente no setor petroquímico, com o desenvolvimento das fibras
sintéticas, dentre elas a malha. Por conta disso, começou a surgir nos Estados Unidos uma
pressão para implementar o ensino da termodinâmica e dos fundamentos básicos dos
fenômenos de transportes, fazendo com que as propostas dos cursos de engenharia química,
bem como, química industrial evoluíssem cada vez mais.

SURGIMENTO DA QUÍMICA INDUSTRIAL E A ENGENHARIA QUÍMICA NO


BRASIL:

No Brasil, preceitos da engenheira química já podiam ser percebidos informalmente


nos engenhos de açúcar, onde eram utilizadas as operações unitárias de moagem e
recristalização. No entanto, somente em 1893 foi instalado o curso de Engenharia Industrial
na USP (Universidade de São Paulo). Em seguida, tal curso foi instalado na Escola de
Engenharia Presbiteriana Mackenzie College e essas duas escolas, situadas na cidade de São
Paulo, foram fundamentais para a criação do primeiro curso de Engenharia Química no
Brasil. Todavia, foi um surto industrial em São Paulo, no início da década de 1910, que
motivou o professor Alfred Cownley, da escola Mackenzie College a propor ,em 1911, a
criação do curso de Química Industrial, destinado a técnicos de nível médio. Contudo, o

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curso só foi anexado em 1915 à Escola de Engenharia, com duração de três anos. Assim
ocorreu a disseminação do mesmo por várias universidades do país, principalmente por conta
da Primeira Guerra Mundial, bem como, a dificuldade de importar produtos, dessa forma,
tornou-se necessário que produção nacional fosse suficiente para a demanda do mercado
interno brasileiro.
Nesse contexto, surge em 1922 o primeiro curso de engenharia química do país, na
Escola de Engenharia Mackenzie College. Porém, o reconhecimento legal desse profissional
ocorreu somente em 1960 e após tal feito o curso se estabeleceu e foi implantado por todo o
país, contribuindo assim para o crescimento da indústria nacional.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

WONGTSCHOWSKI, PEDRO. Indústria Química: Riscos e Oportunidades. Rio de Janeiro: IBP, 2010

SPITZ, PETER H. The Chemical Industry at the Millennium: Maturity, Restructuring, and Globalization.
Philadelphia: Chemical Heritage Foundation, 2004

ROSENBERG, NATHAN. Chemicals and Long-Term Economic Growth: Insights from the Chemical Industry,
New Jersey: wiley-interscience, 2000

ALBUQUERQUE, PRIAMO. Fronteira da Engenharia Química. Rio de Janeiro: E Papers Serviços


Editoriais, 2012

ALBAN, MARCUS. Petroquímica e Tecnoburocracia. São Paulo: Hucitec, 1986

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1980

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Trade and Economic Affairs, Ingeniería Química, pp. 135-144, 2001.

Historia da Engenharia Química, Laboratório Virrtual EQ, FCTUC departamento de engenharia química,
2007

A indústria química e o seu desenvolvimento no âmbito da engenharia, Revista Brasileira de Engenharia


Química, volume 30, ISSN 0102-9843, 2014

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