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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA

MAILSON SANTOS

CONFLITOS SOCIOCULTURAIS, HISTÓRICOS E DE GÊNERO A PARTIR


TEXTO: MAMÍFEROS, PRIMATOLOGIA E SEXOLOGIA DE LONDA
SCHIEBINGER.

SANTO ANTONIO DE JESUS-BA


2022.
A ciência não é neutra e seus valores tem origem de matrizes culturais complexas, a
forma de se pensar a diferença de gênero na ciência é histórica e socialmente moldada pelo
gênero e pelo sexo, de forma que o conhecimento científico também influencia na maneira de
se pensar a diferença entre os sexos relacionado às ciências biológicas. Para tratar deste tema
será apresentado dois exemplos expostos nos parágrafos subsequentes.

No primeiro exemplo, a historiadora Londa Schiebinger em seu texto “Mamíferos,


primatologia e sexologia” aponta que a elaboração do termo taxonômico “Mammalia” por
Carlos Lineu em 1758 gerou certa resistência na aceitação do termo por outros taxonomistas.
Muito dessa insatisfação, fundamente-se no fato de que o termo “Mammalia”, que representa
uma subclasse do reino “Animalia” na qual os seres humanos estão incluídos, tem origem do
grego Mammalis (que tem mama), porém, apenas os indivíduos fêmeas têm essa parte da
estrutura corporal desenvolvida, logo, essa característica de determinaria a classe na qual o
“homem” se enquadraria na natureza seria determinada por uma característica relacionada ao
sexo feminino. O segundo consiste na teoria de que se acreditava que, durante o processo de
fecundação, o espermatozoide era o único gameta que ativava todas fases desse processo, era
tido como vigoroso e auto impelido, o que lhe permitia atravessar todas as barreiras protetoras
e penetrar no óvulo, entregando o seu material genético e promovendo o desenvolvimento do
embrião, já o ovulo não exercia nenhuma função nessa dinâmica, sendo passivo. Analisando
os exemplos expostos, nota-se que estes pensamentos por muito tempo fundamentaram os
modos pelos quais os discursos a respeito das diferenças entre corpos homem e corpos
mulher, advindos de diversos campos do saber, se encontram e tomam fôlego nos territórios
da biologia.

A desconstrução dessa visão hegemônica do campo da ciência biológica em relação ao


sexo masculino, assim como de todos os campos da ciência tendeu a ser discutidas a partir de
quando as mulheres ingressaram no campo da ciência, ainda que de forma minoritária e após
anos de militância, a entrada da mulher na ciência permitiu uma nova perspectiva sob o olhar
da ciência.

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