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UNIFAVIP

COORDENAÇÃO DE ARQUITETURA E URBANISMO

Paulo Roberto da Silva Rocha Filho

FAZENDA URBANA COMUNITÁRIA: Proposta de um espaço livre público de


agricultura urbana colaborativa no bairro Cidade Jardim, Caruaru – PE

CARUARU
2021
Paulo Roberto da Silva Rocha Filho

FAZENDA URBANA COMUNITÁRIA: Proposta de um espaço livre público de


agricultura urbana colaborativa no bairro Cidade Jardim, Caruaru – PE

Projeto Final de Graduação apresentado


ao Centro Universitário Unifavip Wyden,
como requisito parcial para obtenção do
título de Arquiteto e Urbanista.
Professora: Msc. Janaina Aparecida
Gomes de Lima

CARUARU
2021
AGRADECIMENTOS

Às minhas amigas e colegas de curso, Juliana Lima e Pamylla Aleixo, por me


acompanharem e auxiliarem durante o curso e o desenvolvimento deste trabalho. Ao
meu marido, Henrique Andrade, pelo apoio e incentivo, sem os quais este trabalho
não teria sido possível.
Aos professores, em especial às professoras Josiane Andrade, Janaína Lima,
Nancy Nery e Patrícia Ataíde, pelos direcionamentos e orientações deste trabalho.
RESUMO

A agricultura urbana é um fenômeno que estreita as relações campo-cidade e está


presente de diferentes formas no meio urbano, seja simplesmente em quintais
residenciais ou hortas comunitárias. Além de promover a interação social com a
natureza e a comida, a partir da aproximação das etapas da cadeia alimentar, ela
contribui para a segurança alimentar e nutricional. Ela é desempenhada
principalmente em espaços livres, e atinge nos espaços livres públicos seu maior
potencial; estes constituem todo espaço não edificado e não privado, e são a
materialização do convívio social urbano. O objetivo geral deste trabalho é
desenvolver o estudo preliminar para um projeto paisagístico de um espaço livre
público promotor de agricultura urbana colaborativa no bairro Cidade Jardim na cidade
de Caruaru – PE. Para tal, esta pesquisa se embasa em revisões bibliográficas,
estudos de caso, visitas de campo, e mapeamentos. Tem como resultado o projeto da
Fazenda Urbana Comunitária do Cidade Jardim, o qual contém desenhos técnicos e
memoriais, de maneira a contribuir com a geração de conhecimentos para a difusão
dessa tipologia construtiva ainda pouco difundida.

PALAVRAS-CHAVE: Agricultura urbana. Caruaru – PE. Espaços livres públicos.


Fazenda Urbana Comunitária. Projeto paisagístico.
ABSTRACT

Urban agriculture is a phenomenon that tightens the hinterland-city relations and is


present in different ways inside the urban area, may it be in residencial yards or
community gardens. Moreover, it promotes social interaccion with nature and food,
through the approximation of the stages of the food supply chain, and contributes with
food secuity and nutrition. Urban agriculture is developed mostly at open spaces, and
achieves its full potential at public open spaces; they constitute every unbuilt and
unprivate space and are the materialization of urban social life. The general objetive of
this work is the development of a prelimiary study for a landscape project of a public
open space promotive of colaborative urban agriculture in the district of Cidade Jardim
in the city of Caruaru – PE. For such, this research supports itself on bibliographic
reviews, case studies, on-site visit, and mappings. As a result, there is the project of
the Community Urban Farm, including thecnical desings and memorials, all in all
contributing to the generation of knowledge for the diffusion of this constructive tipology
still dimly diffused.

PALAVRAS-CHAVE: Urban agriculture. Caruaru – PE. Public open spaces.


Community Urban farm. Landscape Project.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Imagem geral da Fazenda Urbana do Cajuru. .......................................... 24


Figura 2 - Canteiros da Fazenda Urbana do Cajuru. ................................................. 24
Figura 3 - Imagem interna da Feira da Cidade. ......................................................... 25
Figura 4 - Imagem superior da Feira da Cidade. ....................................................... 25
Figura 5 - Mapa territorial de Caruaru. ...................................................................... 28
Figura 6 - Mapa da área de projeto ........................................................................... 28
Figura 7 - Imagem de etapa concluída da Via Parque. ............................................. 29
Figura 8 - Mapa de hierarquia viária. ......................................................................... 30
Figura 9 - Mapa de usos............................................................................................ 31
Figura 10 - Diagrama bioclimático. ............................................................................ 32
Figura 11 - Zoneamento ............................................................................................ 35
Figura 12 - Umbuzeiro ............................................................................................... 37
Figura 13 - Sapotizeiro .............................................................................................. 37
Figura 14 - Tamarindeiro ........................................................................................... 37
Figura 15 - Gravioleira ............................................................................................... 37
Figura 16 - Mamoeiro ................................................................................................ 38
Figura 17 - Bananeira ................................................................................................ 38
Figura 18 - Cacaueiro ................................................................................................ 38
Figura 19 - Pitombeira ............................................................................................... 38
Figura 20 - Cajueiro................................................................................................... 38
Figura 21 - Cirigueleira .............................................................................................. 38
Figura 22 - Aceroleira ................................................................................................ 38
Figura 23 - Taioba ..................................................................................................... 38
Figura 24 - Maracujazeiro ......................................................................................... 42
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


ABRELPRE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e
Resíduos Especiais
AS-PTA Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa
AU Agricultura Urbana
CMMAD Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolviemento
CONDEPE/FIDEM Agência Estadual de Planejamento e Pesquisa de
Pernambuco
DIPLAN - DF Diretoria de Planejamento e Sustentabiliade do Distrito
Federal
FAO Food and Agriculture Organisation
FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento Escolar
PANC Plantas Alimentíceas Não Convencionais
IBGE Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística
IEA International Energy Agency
GNAU Grupo Nacional de Argricultura Urbana de Cuba
SMCS Secretaria Municipal de Comunicação Social da Prefeitura de
Curitiba
PVC Policloreto de Vinil
PET Poli Tereftalato de Etila
ZCO - 1 Zona de Consolidação da Ocupação 1
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 8
2 AGRICULTURA URBANA ................................................................................... 10
2.1 AGRICULTURA URBANA COLABORATIVA: A experiência de Cuba na
década de 1990......................................................................................................... 13
2.2 ALGUMAS EXPERIÊNCIAS BRASILEIRAS ................................................ 15
2.3 MARCOS LEGAIS NO BRASIL ................................................................... 17
3 ESPAÇOS LIVRES PÚBLICOS ........................................................................... 19
3.1 A EVOLUÇÃO DOS PROJETOS PAISAGÍSTICOS NO BRASIL ................ 20
4 ESTUDOS DE CASO ........................................................................................... 23
4.1 FAZENDA URBANA DO CAJURU ............................................................... 23
4.2 FEIRA DA CIDADE DE ANANINDEUA ........................................................ 24
4.3 CONTRIBUIÇÕES PARA O PROJETO DA FAZENDA URBANA
COMUNITÁRIA ......................................................................................................... 26
5 ETAPAS PRÉ-PROJETUAIS ............................................................................... 27
5.1 CONDICIONANTES BIOCLIMÁTICOS, LEGAIS E TÉCNICOS .................. 31
6 FAZENDA URBANA COMUNITÁRIA .................................................................. 33
6.1 CONCEITO E PARTIDO PAISAGÍSTICO .................................................... 33
6.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES E DIMENSIONAMENTO ..................... 33
6.3 ZONEAMENTO E ESPACIALIDADE ........................................................... 35
6.4 CONFORTO AMBIENTAL ........................................................................... 36
6.5 MATERIAIS E SISTEMAS ESTRUTURAIS ................................................. 36
6.6 MEMORIAL BOTÂNICO .............................................................................. 36
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 41
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 42
APÊNDICES ............................................................................................................. 45
8

1 INTRODUÇÃO

A agricultura urbana (AU) não é uma prática recente, há muito se tem plantado
e cultivado nos lotes intraurbanos e periurbanos de diversas formas, ainda que seja
apenas uma árvore frutífera no quintal da casa para o consumo familiar. Com a
redução das áreas livres no interior dos lotes, essa prática vai ficando cada vez mais
restrita nos centros urbanos, fazendo com que a agricultura urbana apresente uma
tendência de migrar para o espaço público. Altieri et al (1999) descrevem a principal
experiência mundial em escala colaborativa desse fenômeno que se deu em Cuba
com um plano acional de agricultra urbana, na década de 1990 após a queda da União
Soviética, posteriormente sendo seguido por outras iniciativas públicas internacionais
similares, porém em menor escala. Este acontecimento acabou fomentando as
discussões teórico-conceituais sobre o tema devido à percepção do potencial
regenerador e revitalizador da agricultura nas cidades, especialmente nos espaços
públicos.
É nos espaços públicos livres de edificações que se desenrola a vida urbana.
Estes são primordialmente lugares de vivência social nas cidades, com valor
diretamente associado à aceitação e utilização popular destes equipamentos, sejam
eles ruas, praças, parques, etc. São áreas com alto potencial de diversificação de
usos, embora a cidade contemporânea capitalista, especialmente no contexto da
pandemia do COVID-19, tenda a resumir as suas variadas funcionalidades apenas à
circulação de veículos e pedestres.
A agricultura urbana oferece uma nova perspectiva sobre os sistemas de
espaços livres públicos, uma carência das cidades brasileiras no geral, na qual
Caruaru não é exceção. As Fazendas Urbanas Comunitárias podem atuar como polos
centrais dessas práticas nas cidades, ao se caracterizarem como uma nova tipologia
paisagística que extrapola os típicos usos de circulação e lazer, criando, entre outros,
usos de trabalho.
Localizado em Caruaru-PE, o Cidade Jardim é um bairro sem urbanização
plena, ainda em estágio de consolidação da ocupação, não possui um sistema de
espaços livres públicos bem articulado e com vazios urbanos que muito podem se
beneficiar de uma estratégia de intervenção na paisagem urbana como citada
anteriormente. Logo, este trabalho tem como objetivo geral desenvolver o estudo
preliminar para um projeto paisagístico de um espaço livre público promotor de
9

agricultura urbana colaborativa no bairro Cidade Jardim na cidade de Caruaru – PE.


Para tanto os objetivos específicos são conceber um espaço livre público que
estimule a interação contínua da população com a paisagem natural e contribua para
a emancipação alimentar; elaborar espaços com infraestruturas e mobiliários
facilitadores e promotores de feira pública de produtos orgânicos que fortaleçam a
cadeia de produção e consumo local; eleger espécies botânicas para valorização da
paisagem e colheita ao longo de todo ano com foco nas PANCS (plantas alimentícias
não-convencionais) e alimentos regionais.
Para o desenvolvimento desta pesquisa fez-se necessário uma revisão da
bibliografia através de livros, artigos, cartilhas e manuais, principalmente sobre a
conceituação e prática da agricultura urbana, bem como do processo projetual
paisagístico. Ainda, foram realizados estudos de caso de equipamentos com padrões
estético-funcionais próximos à agricultura urbana para referencial de projeto, visitas
de campo para presenciar a realidade urbano-paisagística e mapeamentos para
elucidar melhor as dinâmicas da área e seu entorno.
Este trabalho está organizado em sete capítulos, sendo o primeiro esta
introdução, seguido pelo segundo capítulo com a conceituação teórica da agricultura
urbana; posteriormente o terceiro capítulo discorre sobre os espaços livres públicos e
seus projetos. O quarto capítulo avalia os estudos de caso para construção do
repertório. Em seguida, o quinto capítulo constitui as etapas pré-projetuais visando
embasar as decisões tomadas ao longo do desenvolvimento do projeto, e no sexto
capítulo se apresenta, descreve e justifica todo o projeto, suas soluções e estratégias.
Finalmente, o sétimo capítulo faz o fechamento do trabalho.
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2 AGRICULTURA URBANA

O conceito essencial da agricultura urbana é a sua integração ao ecossistema


urbano, a qual Mougeot (1999) atribui três relações fundamentais: a primeira diz que
em qualquer cidade as agriculturas urbana e rural coexistem e se complementam
desde a dinâmica mercadológica até a alimentação dos consumidores; a segunda diz
que em qualquer cidade quanto maior o centro urbano, maior será a atividade de
produção e consumo da agricultura urbana; a terceira diz que em qualquer cidade
quanto maior a urbanização, maior será a eficiência da agricultura urbana, de modo a
reduzir o tamanho dos lotes destinados e potencializar as colheitas.
Um aspecto central para a agricultura urbana é o desenvolvimento sustentável
que é descrito pelo Relatório de Brundtland (Comissão Mundial sobre Meio Ambiente
e Desenvolvimento - CMMAD, 1988, p. 49) como:
[...] um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a
direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a
mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e
futuro, a fim de atender as necessidades e aspirações humanas.

O Relatório, (CMMAD, 1988) ainda evidencia a inviabilidade da perpetuação


dos padrões de produção e consumo existentes, o futuro mundial da humanidade
depende de uma renovação da relação ser humano – natureza. Estabelece que deve
ser respeitada a limitação máxima de exploração dos recursos naturais,
simultaneamente respeitando as condições mínimas da qualidade de vida humana e
bem-estar social.
Mais de três décadas se passaram desde o Relatório de Brundtland e suas
metas não foram satisfatoriamente atingidas, os centros urbanos se consolidaram
como os lugares de maior desafio à sustentabilidade mundial. Segundo a Food and
Agriculture Organisation – FAO (2019), a desigualdade socioespacial das cidades
dificulta o acesso da população carente a alimentos com qualidade nutricional e
preços razoáveis, principalmente frutas, legumes e verduras, uma vez que a distância
entre os locais de produção, comercialização e consumo é ainda potencializada pela
ineficácia e inacessibilidade dos sistemas de transporte público. Paralelamente
facilita-se o acesso a alimentos ultraprocessados1, resultando em desertos

1Segundo a entidade filantrópica PRÓ-SAÚDE (2020) são denominados ultraprocessados os


alimentos que ao passar por diversos processos industriais, apresentam alto teor de açúcares,
gorduras e conservantes. Disponível em: https://www.prosaude.org.br/vida-saudavel/o-que-sao-
alimentos-ultraprocessados/. Acesso: 04 de jun de 2021.
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alimentares em regiões de baixa renda onde a soberania e segurança alimentar são


praticamente inexistentes (FAO, 2019).
O impacto ambiental da alimentação nos centros urbanos pode ser evidenciado
também através do transporte dos componentes desse sistema dentro das cidades.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE a população
brasileira em 2021 é de 212.920.567 pessoas, sendo 84,72% delas residentes
urbanas; baseando-se em uma média de três refeições diárias por pessoa estima-se
que mais de meio bilhão de refeições são consumidas diariamente nas cidades
brasileiras. Todo esse alimento precisa ser levado até os locais de comercialização
nas cidades até onde a população se desloca para comprá-los, em seguida os levando
para seus locais de consumo.
Posteriormente, ocorre o descarte dos resíduos, que serão coletados e
destinados pelas empresas de limpeza pública. Toda essa mobilidade desempenhada
em nome da alimentação é só um dos fatores que justifica o dado da International
Energy Agency - IEA (2016) de que apesar das cidades, atualmente, ocuparem
apenas 3% da superfície terrestre, elas demandam 2/3 de toda a energia produzida
mundialmente.
Há ainda o fato de que, segundo a FAO (2011), o destino final de 1/3 de todo o
alimento produzido para o consumo humano é o desperdício. Só no Brasil, em 2020
a média de descarte orgânico por pessoa é de 170 Kg ao ano, sendo a matéria
orgânica 45% dos resíduos sólidos descartados (Associação Brasileira das Empresas
de Limpeza Pública e Resíduos Especiais - ABRELPE, 2020). Percebe-se, então, que
a problemática não reside na produção de alimentos para consumo humano, na
realidade o desafio é posto na forma que esse sistema opera e especialmente pelo
distanciamento físico-temporal das etapas da cadeia alimentar no contexto urbano.
Avaliando a agricultura urbana como um fenômeno que integra o sistema de
espaços livres públicos, a FAO (2019) estabelece quatro princípios que devem guiar
as práticas de agricultura urbana ao redor do mundo. O primeiro deles é a sinergia
rural-urbana e a importância do espaço, destacando as pequenas e médias cidades,
visando uma relação mais harmônica e integrada desses espaços, que a princípio
parecem se definir por diferenciação, mas que são codependentes para existência
mútua. Este princípio deve reconhecer a diversidade socioespacial entendendo que
cada contexto é único e as dinâmicas particulares de cada um deles são
oportunidades; precisa-se compreender também a comida como um agente atenuador
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das barreiras que separam o rural e o urbano, visto que esses novos sistemas
alimentares contribuem com a conservação integrada ao renaturalizar e reconectar as
cidades à natureza (FAO, 2019).
O segundo princípio, de acordo com a FAO (2019) é a inclusão e a equidade
social, com o objetivo de melhorar a segurança alimentar. Deve considerar a
multiplicidade dos grupos sociais, bem como a segregação entre eles e as diferentes
condições de acesso à comida, evidenciando as camadas mais pobres e vulneráveis
e os aspectos étnico-raciais e de gênero. Além disto, é necessário que desde o
planejamento até a operação destes sistemas alimentares haja a participação social,
tanto em nível nacional com instrumentação legal quanto em nível local com conselhos
populares e audiências públicas. Simultaneamente, é essencial a valorização dos
pequenos produtores e trabalhadores informais, a partir de oportunidades econômicas
e criação e disponibilização de locais de processamento e comercialização como
feiras e mercados públicos (FAO, 2019).
Segundo a FAO (2019), o terceiro princípio é a resiliência e a sustentabilidade,
afirmando a importância dos sistemas de agricultura urbana para a guarda do futuro
da vida nas cidades e no mundo. Baseia-se no conceito de bioeconomia circular, na
qual estes sistemas prolongam a vida útil dos recursos naturais e evitam ao máximo
o desperdício e a poluição, ao passo que favorecem o desenvolvimento econômico.
Estes sitemas encontram na compostagem uma estratégia de manutenção do ciclo.
Juntamente, o uso e gerenciamento consciente de recursos como solo, água e ar são
cruciais no manejo de fenômenos como enchentes, seca e erosão; a consciência dos
consumidores também é fundamental no combate ao desperdício e estímulo à
redistribuição dos alimentos. Outro fator é a garantia e perpetuação da vida nos
ecossistemas urbanos, principalmente nas periferias e assentamentos irregulares que
costumam carecer de acesso a serviços básicos como saneamento e água potável.
Finalmente, deve pautar-se na definição de novos modelos de desenvolvimento que
atenuem a crise climática global, uma das principais ameaças à segurança alimentar
(FAO, 2019).
O quarto princípio é, segundo a FAO (2019), a interconexão dos sistemas
alimentares de agricultura urbana, uma vez que a segurança alimentar e nutricional
permeia questões de saúde pública, empregabilidade, vulnerabilidade social, meio
ambiente, uso do solo, moradia, lazer, mobilidade e energia. Portanto, deve basear-
se na integração das políticas públicas e ações governamentais de diferentes esferas,
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simultaneamente internacionalizando o debate e valorizando as especificidades de


cada área. Faz-se necessário, também, que as intervenções de agricultura urbana
aconteçam em parceria entre o poder público, a iniciativa privada e a sociedade civil.
Ademais, partindo de uma visão holística, deve-se identificar pontos chaves de
intervenção e estabelecer prioridades numa sequência de planejamento urbano. É
preciso, ainda, enfatizar as relações entre as diferentes escalas dos sistemas
alimentares, visando uma governança que potencialize a cooperação rural-urbana.
Deve-se também desenvolver e enriquecer sistemas de informação e disponibilidade
de dados para o melhor planejamento e gestão da agricultura urbana. Por último, há
a necessidade de promover mecanismos de planejamento e gestão interurbanos,
percebendo as redes compostas pelas interrelações dos variados centros urbanos
(FAO, 2019).
Fica nítido então que a agricultura urbana é uma estratégia concordante e
viabilizadora do Relatório de Brundtland (CMMAD, 1988) e suas diretrizes, tais quais
a garantia do alimento, a redução de uso de agrotóxicos, a preservação ambiental e
a integração entre o campo e as pequenas e médias cidades.

2.1 AGRICULTURA URBANA COLABORATIVA: a experiência de Cuba na década


de 1990

O entendimento do contexto socioeconômico cubano no início da década de


1990 é crucial para a compreensão do fenômeno nacional de agricultura urbana que
se seguiu em seu território. Segundo Altieri et al (1999), a queda da União Soviética
em 1989 causou um impacto negativo muito grande em Cuba visto que o país
mantinha 85% das suas relações de comércio exterior com o bloco socialista. Logo,
após a perda abrupta do seu principal cooperador internacional, suas importações
diminuíram 75%, também afetadas pelo forte bloqueio comercial imposto pelos
Estados Unidos (ALTIERI et al, 1999). A agricultura cubana, que dependia
extensivamente do uso de insumos importados, principalmente agrotóxicos, se viu
incapaz de alimentar sua população, chegando a níveis preocupantes de produção de
1 grama per capita de hortaliças diárias. Esse período de crise e insegurança alimentar
foi denominado “Período Especial em Tempos de Paz” a partir de 1991 (AQUINO,
2002).
14

Segundo Altieri et al (1999), a resposta popular foi a agricultura urbana,


principalmente na capital Havana a população iniciou o cultivo de hortaliças para o
consumo familiar; posteriormente, ocorreram flexibilizações de leis que permitiram a
venda dos excedentes das colheitas. De acordo com Aquino (2002), a agricultura
familiar nas cidades cubanas não podia contar com o uso de agrotóxicos, e, dessa
forma, o uso de matéria orgânica e bioinseticidas foi uma alternativa bem-sucedida
aplicada mediante o desenvolvimento científico desses métodos. Dessa maneira, no
ano de 2001 praticamente toda a produção nacional de hortaliças em Cuba já era
advinda de agricultura urbana e orgânica.
Essa e outras conquistas em direção à soberania alimentar foram possíveis
devido à criação, em 1994, do “Grupo Nacional de Agricultura Urbana de Cuba -
GNAU”, um esforço integral e conjunto de instituições científicas, ministérios e
sociedade civil. Logo após seu estabelecimento, o GNAU priorizou o trabalho para
garantir o acesso à terra àqueles que desejavam cultivar, todo solo urbano inutilizado
foi posto à disposição da população, inclusive lotes privados, que podiam ter seus
direitos de uso requisitados por qualquer cidadão, desde que para fins de agricultura
(AQUINO, 2002).
De acordo com Altieri et al (1999), o sistema alimentar de agricultura urbana
em Cuba se organizou da seguinte maneira, em dinâmicas de posse público-privada:
os jardins intensivos e os organopônicos, constituíram os métodos primários, que
diferiam basicamente no substrato – o meio no qual as plantas são cultivadas – sendo
os jardins intensivos em solos já previamente férteis e propícios ao cultivo e os
organopônicos em canteiros compostos por matéria orgânica. Os jardins populares
funcionando como hortas comunitárias foram a modalidade mais difundida nas
cidades, localizados sempre próximos às famílias responsáveis por eles, quando não
eram no mesmo bairro ficavam no máximo em bairros vizinhos. Foram criadas
também fazendas suburbanas em áreas periurbanas de transição campo-cidade,
sendo que as distâncias dos seus centros intraurbanos variavam, quanto menor o
porte da cidade mais próxima deveria ser a fazenda. Ademais, constituindo o sistema
foram concebidos jardins domésticos de posse completamente privada e também
hidropônicos de posse completamente estatal, nos quais o substrato era uma solução
composta de água e fertilizantes líquidos (ALTIERI et al, 1999, p.132 - 133).
15

2.2 ALGUMAS EXPERIÊNCIAS BRASILEIRAS

Diferentemente de Cuba, o panorama brasileiro de agricultura urbana não se


iniciou como uma resposta organizada nacionalmente a uma crise repentina. Todavia,
antes de políticas nacionais, experiências locais em escala municipal começaram a
se desenvolver ao longo do território brasileiro e atestaram os benefícios da comida
como agente integrador entre o campo e a cidade.
Segundo Lovo e Nuñez (2011), em Curitiba - PR a prefeitura municipal criou
em 1986 o programa Nosso Quintal para estimular o desenvolvimento de hortas
comunitárias nos vazios urbanos sob as linhas elétricas de alta tensão. Criou também
em 1989 o programa Lavoura, o qual disponibilizava insumos e assessoria técnica
para o cultivo em áreas periurbanas, entretanto não oferecia apoio às etapas de
processamento e comercialização dos produtos.
Lovo e Nuñez (2011) citam também o Projeto de Hortas Comunitárias da
prefeitura municipal de Teresina – PI, inaugurado em 1987 para incentivar práticas de
agricultura urbana em vilas e favelas periurbanas habitadas por famílias advindas do
êxodo rural. O projeto também se propôs a dar uma alternativa às famílias que já
praticavam agricultura urbana em áreas de várzea, criando as chamadas “hortas tipo
campos agrícolas”; num geral o projeto tinha o principal intuito de melhorar a renda
familiar dessa população em situação de vulnerabilidade socioeconômica.
Já na cidade do Rio de Janeiro - RJ, de acordo com Monteiro e Mendonça
(2004), a Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa (AS-PTA) desde
1999 estimulou as práticas de agricultura urbana nas áreas da periferia, onde a
vulnerabilidade social e a insegurança alimentar eram recorrentes. A organização
fortaleceu as relações socioculturais através da educação alimentar e do incentivo ao
uso de quintais domésticos e lotes vazios para o cultivo de hortaliças e plantas
medicinais. A partir de um diagnóstico participativo nesses locais, a AS-PTA verificou
que as principais motivações para as práticas de agricultura urbana nas áreas eram a
disponibilidade e a qualidade dos alimentos, visto que para diversas famílias era o
único meio de acesso a hortaliças; foi destacada também a promoção da sociabilidade
urbana a partir da interação com a vizinhança. Em contrapartida alguns desafios foram
verificados, como a baixa autoestima das famílias mais pobres para participação, mas
que tendia a melhorar com a inserção nas práticas; também foram postas as más
condições dos solos disponíveis, para as quais a população reciclou e reutilizou
16

materiais como latas, potes, bacias, pneus, vasos sanitários e bidês para criação de
canteiros.
Segundo Almeida (2004), a Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas
foi uma ONG criada em 1986, visando o desenvolvimento sustentável e comunitário.
Em Belo Horizonte - MG, no ano de 2002 ela contribuiu com os “Diagnósticos urbanos
participativos em agricultura urbana e segurança alimentar com enfoque em gênero”
que motivaram a criação, em 2003, do “Projeto de formação de agentes de
desenvolvimento local em segurança alimentar, nutricional e agricultura urbana”. O
projeto acontecia em bairros de carência socioeconômica da cidade, sendo
organizado em núcleos de desenvolvimento que articulavam famílias interessadas. A
atuação do projeto era de caráter teórico-prático, instruindo e assessorando a
população às práticas de agricultura urbana nos quintais domésticos, desde o plantio
e o consumo até a compostagem; predominavam os cultivos de verduras folhosas,
plantas nativas e medicinais, todas voltadas para o consumo familiar. Os resultados
da iniciativa foram desde a cooperação social, a segurança alimentar, a diminuição
dos gastos com alimentação, a descentralização da carga atribuída às mulheres e
participação masculina nas tarefas domésticas, até a melhoria da relação com o
espaço construído e conforto ambiental nas casas.
No sul do país, no final da década de 90, surgiu nos estados do Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul a Rede Ecovida de Agroecologia (MEIRELLES, 2004).
A rede formada por agricultores familiares organizados em núcleos regionais, se
pautava na contribuição à soberania alimentar para garantir o acesso à comida, a
preservação ambiental e a inclusão social. Para tanto, a operação da organização se
deu em áreas e bairros de baixa renda através de feiras livres e mercados
institucionais. Estes espaços de comercialização buscavam democratizar o acesso a
produtos ecológicos, aproximar produtores e consumidores e valorizar as atividades
socioambientais.
Lovo e Nuñez (2011) destacam que a participação da sociedade civil nos
sistemas alimentares de agricultura urbana não atingiu altos níveis de eficácia
organizacional por si só, mas que em contrapartida se espalharam por todo o território
nacional. Nas cidades, e principalmente nas capitais estaduais, de todas as cinco
regiões do país, identificou-se o interesse urbano pelas hortaliças, plantas medicinais
e até pesca.
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2.3 MARCOS LEGAIS NO BRASIL

É importante traçar a trajetória legislativa da agricultura urbana nacionalmente


para melhor entender o quadro atual dela. Foi no relatório final da II Comissão
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, realizada em 2004, que foi citada
explicitamente, pela primeira vez em documentos oficiais, a agricultura urbana (LOVO;
NUÑEZ, 2011). Ademais, na III Comissão Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional, realizada em 2007, o tema foi mais aprofundado; foram levantadas
questões como capacitação e assessoramento técnico, o ciclo agroecológico de
produção-comercialização-consumo, planejamento urbano e planos diretores,
desenvolvimento sustentável e inclusão socioeconômica.
O Decreto nº 7.272 de 25 de agosto de 2010 instituiu a Política Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional, trazendo entre seus objetivos “incorporar à política
de Estado, o respeito à soberania alimentar e a garantia do direito humano à
alimentação adequada, inclusive o acesso à água, e promovê-lo no âmbito das
negociações e cooperações internacionais”. Ele destaca como um dever desta política
o “fortalecimento da Agricultura Familiar e da produção urbana e periurbana de
alimentos”. Nota-se, porém, que as definições legais são muito abrangentes e sua
institucionalização muito vaga naquele dado momento.
É apenas através do Projeto de Lei nº 906/2015 que se começou a pensar uma
legislação da Política Nacional de Agricultura Urbana, baseada na soberania
alimentar, conservação urbana, economia circular e integração dos diferentes atores
da sociedade. Todavia até o momento de desenvolvimento deste trabalho este projeto
aguarda em análise no Senado Federal.
Entretanto, em 07 de fevereiro de 2018, a Portaria n° 467 instituiu o Programa
Nacional de Agricultura Urbana e Periurbana no então Ministério do Desenvolvimento
Social. O programa, que hoje faz parte do Ministério da Cidadania, estimula o
processo agroecológico de produção-processamento-comercialização de alimentos
saudáveis nas cidades. Ele pode ser acessado através de editais nos quais pode-se
requerer recursos financeiros para apoio às despesas de capital e de custeio.
Vale a pena destacar que o Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado da
Região Metropolitana do Recife de 2020 estabeleceu como diretriz no eixo
socioeconômico a “introdução de agricultura urbana em áreas vazias das cidades”.
Ele admite a possibilidade do cultivo de hortaliças, frutas, ervas medicinais, plantas
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ornamentais, mudas, etc. Para tanto prevê o “levantamento do potencial e viabilidade”


para identificar áreas propícias, especialmente periurbanas; também elenca a
“implantação de unidades” através da seleção, capacitação, assessoramento técnico,
apoio ao crédito e à comercialização (PERNAMBUCO, 2020).
19

3 ESPAÇOS LIVRES PÚBLICOS

Espaços livres e edificações – atuando como complementares - são os


essenciais estruturadores morfológicos das cidades. De acordo com Sá Carneiro e
Mesquita (2000), esses espaços são livres justamente por não serem edificados,
fundamentalmente com pouquíssimos ou nenhum elemento construtivo; quanto à
presença de vegetação, ela tanto pode ser pouca ou inexistente quanto extensiva. A
ideia de espaços livres pode parecer genérica e não muito delimitada à primeira vista,
principalmente quando confundida erroneamente com o termo popular “áreas verdes”.
Tal fenômeno se dá, segundo Macedo (1995), devido ao subconsciente popular de
que áreas urbanas vegetadas são destinadas unicamente ao lazer ao ar livre,
entretanto estas áreas não requerem presença de valor social ou utilização, elas são
basicamente áreas plantadas.
Espaços livres comportam, segundo Macedo (1995), áreas de lazer e de
circulação; as primeiras são destinadas ao lazer passivo – baseado na contemplação
– e ao lazer ativo – centrado em jogos, brincadeiras e esportes. Já as áreas de
circulação conformam o sistema viário e possibilitam os deslocamentos de pedestres,
ciclistas e veículos; além disso, as ruas públicas apresentam um alto potencial de
diversificação de usos, desde o lazer ao trabalho. Todavia, um fenômeno se deu a
partir da intensa urbanização e supervalorização dos carros, foi o aumento dos fluxos
intraurbanos, que acabou por destituir as vias públicas dos seus usos secundários,
especialmente o lazer.
Macedo (1995) também faz uma distinção importante entre espaços livres
privados e públicos. Os privados dizem respeito inicialmente a jardins e quintais nos
lotes residenciais, todavia com o advento dos condomínios fechados, o termo passou
também a enquadrar todos esses espaços comuns privativos. Em contrapartida os
públicos são aqueles destinados a toda a sociedade, que promovem e acomodam a
sociabilidade nas cidades, eles que detém – ou idealmente deveriam deter – a
vitalidade urbana. Os espaços livres públicos englobam ruas, praças, parques, largos,
calçadões, etc.
O projeto paisagístico deve se ater a três adequações principais (MACEDO,
1995). A primeira é funcional e diz respeito ao correto dimensionamento e morfologia
para dada função. A segunda é ambiental e se refere as estratégias de conforto que
concedem salubridade à utilização. A terceira é estética, sendo ela a mais variável,
20

mas essencial para a aceitação e identificação popular. Logo, a vida útil de um espaço
livre depende da apropriação continuada deste pela população, pois mais duradoura
será sua aceitação social e manutenção da sua identidade morfológica.

3.1 A EVOLUÇÃO DOS PROJETOS PAISAGÍSTICOS NO BRASIL

Na trajetória histórica mundial dos espaços livres, o jardim, segundo Mascaró


(2007), foi a primeira modalidade de paisagismo urbano, desde as cidades da
antiguidade nos continentes asiático e africano até a américa pré-colombiana.
Originalmente, os jardins eram sempre adjacentes às suas edificações no mesmo
sítio, eles tinham o valor estético aliado às funcionalidades, fossem elas o conforto
bioclimático ou o manejo das águas; as vegetações eram normalmente de caráter
ornamental, não sendo incomum a presença de árvores frutíferas e plantas
medicinais. As praças e parques urbanos se consolidaram, apenas a partir da idade
moderna, como as evoluções projetuais dos jardins.
De acordo com Sakata e Macedo (2010), a evolução e as transformações
sofridas por esses espaços podem ser evidenciadas e entendidas conforme dois
aspectos indissociáveis: o programa e a forma, que juntamente expressam os valores
de determinada época e lugar. O programa é uma etapa pré-projetual, ou seja, no
processo é uma das primeiras decisões a ser tomada. Ele manifesta os desejos da
comunidade, listando todas as atividades passíveis de serem desempenhadas pelos
usuários, bem como os espaços nas quais elas acontecerão. A forma, enquanto
materialidade física do projeto, só é plenamente definida na conclusão dele. Trata-se
da dimensão física que acomoda o programa e condiciona suas atividades,
simultaneamente evidenciando a estética adotada (SAKATA; MACEDO, 2010, p. 61).
Para Sakata e Macedo (2010), os projetos paisagísticos brasileiros se iniciaram
no século XVIII direcionados às elites, e foram fortemente inspirados no padrão
europeu, especialmente o francês e o inglês. Em seguida, se estabeleceu durante
todo o século XIX e a primeira parte do século XX, no Brasil, a chamada linha eclética;
o nome se deu pela mistura particular de aspectos de diferentes modelos, desde os
mais clássicos até o romântico, criando um estilo particular. O traçado desses espaços
tanto podia ser exclusivamente orgânico, como também podia incluir caminhos mais
geometrizados; de toda forma criavam-se direcionamentos das visadas para pontos
focais e recantos, proporcionando uma experiência pitoresca e sinuosa. A vegetação
utilizada pretendia criar atmosferas bucólicas, ela era principalmente de origem
21

europeia e disposta em grandes maciços, muitas vezes acontecia a poda topiaria. A


água era elemento fundamental, tanto em fontes e chafarizes, quanto em lagos e
espelhos d’água. O projeto eclético tinha como função essencial o lazer contemplativo,
o que o fez se tornar inviável às novas demandas de uso da população a partir da
década de 1940. Todavia, sua influência está presente até os dias de hoje no
imaginário brasileiro, podendo ser verificada principalmente em cidades pequenas.
Em meados do século XX surgiu então, no Brasil, a linha moderna, num novo
contexto sociocultural e de aumento do êxodo rural e urbanização; as demandas sobre
o espaço urbano também foram consequentemente transformadas. De acordo com
Sakata e Macedo (2010), a função fundamental do lazer passivo na linha eclética,
cedia seu protagonismo ao lazer ativo nessa nova linha, uma vez que as atividades
recreativas em espaços livres demandavam novos equipamentos. Os caminhos do
projeto moderno que tinham como função principal a conexão entre as diferentes
áreas, derivaram do forte zoneamento dos novos programas de usos; esses percursos
abandonaram o rebuscamento e assumiram formas mais limpas. A busca do
movimento modernista brasileiro por uma estética autêntica nacional, também afetou
o paisagismo que alcançou um modelo tropical; ele foi expresso também no uso
predominante das vegetações tropicais - nativas ou exóticas – e abandono da poda
topiaria. As estruturas com água, elemento ainda importante nesta linha, perderam
sua simetria e dramaticidade; mas ainda ajudavam a compor cenários bucólicos. No
projeto de paisagismo moderno também foi comum a valorização das artes plásticas,
especialmente em murais e paginações de piso.
Já na década de 1980, após entrar na corrente mundial de questionamento dos
cânones modernistas, o Brasil começou a tatear uma maior liberdade projetual. Porém
é na década de 1990 que de fato se estabeleceu a linha contemporânea, como o
abandono de padrões inquestionáveis; de caráter experimental, foram retomados
valores estéticos ecléticos, mas que foram adaptados às novas funções. Ocorreu a
volta de certas simetrias – principalmente em canteiros – e elementos decorativos,
bem como a renovação dos cenários contemplativos. Além disso, aspectos
modernistas foram ainda mais consolidados, como a valorização ecológica e
desenvolvimento do paisagismo como estratégia de conservação de ecossistemas;
também o papel central do lazer ativo e especialmente os esportes e atividades físicas.
Continuamente, a água se fez presente, nesta linha que valoriza os extensos planos
horizontais, sejam corpos d’água ou pisos. “Tudo pode ser experimentado, tudo é
22

possível” é assim que Sakata e Macedo (2010, p. 68) descrevem a ainda vigente, linha
contemporânea brasileira, na qual as características do projeto contemporâneo são,
até certo ponto, genéricas, uma vez que cada projetista vai experimentar diferentes
padrões.
Ainda no campo experimental da linha contemporânea, diversos projetos vêm
se desenvolvendo a partir do conceito de paisagismo produtivo, que segundo Antônio
(2013), está centrado no objetivo de criar paisagens através de plantas produtivas de
alimentos, ervas medicinais, etc. Estes projetos paisagísticos não constituem simples
hortas e seguem uma tendência de configuração de uma nova tipologia projetual, a
fazenda urbana. Esta provável tipologia inovadora ainda não possui um padrão
estético-funcional único, mas é caracterizada genericamente por maiores escalas
(entre a escala da praça e do parque) e o lazer ativo focado nas atividades de
agricultura urbana.
23

4 ESTUDOS DE CASO

Os estudos de caso aqui postos explicitam a materialização de diferentes


etapas das práticas de agricultura urbana em espaços livres públicos, eles concedem
repertório projetual para o posterior desenvolvimento da Fazenda Urbana
Comunitária. Primeiramente apresenta-se o projeto da Fazenda Urbana do Cajuru, a
primeira no Brasil, para auxiliar a concepção posterior da Fazenda Urbana
Comunitária do Cidade Jardim, especificamente os espaços para a fase de produção
e processamento. Na sequência, expõe-se o projeto da Feira da Cidade de
Ananindeua, um espaço público de mercado de alimentos e vestuários; seu intuito é
apoiar a criação dos espaços de comercialização da Fazenda Urbana Comunitária
caruaruense.

4.1 FAZENDA URBANA DO CAJURU

A Fazenda Urbana do Cajuru foi inaugurada em 2020 no bairro do Cajuru na


cidade de Curitiba – PR. Como evidenciado na Figura 1, ela foi criada pela Prefeitura
Municipal num terreno anexo ao Mercado Regional do Cajuru e ocupa uma área de
4.435 m² (Secretaria Municipal de Comunicação Social da Prefeitura de Curitiba-PR -
SMCS, 2020). O prefeito, Rafael Greca, declarou que “[...] este espaço da prefeitura
irá proporcionar uma experiência vivencial nas principais etapas do ciclo alimentar
[...]”2.
Segundo a SMCS (2020), a Fazenda atua como um polo central no sistema de
agricultura urbana curitibano, podendo receber até 150 pessoas diariamente. Seu
projeto – como mostra a Figura 1 - acomoda um programa de usos diverso, além das
árvores frutíferas e canteiros para o cultivo orgânico de mais de 60 espécies vegetais,
ele conta com 01 sala de aulas, 01 cozinha-escola, 01 central de compostagem, 05
caixas de criação de abelhas nativas sem ferrão para polinização e 02 estufas para
cultivos de vegetais mais sensíveis e produção de mudas para 31 hortas comunitárias
pela cidade. De acordo com a SMCS (2020), a Fazenda produz frutas, verduras e
legumes, além de ervas, temperos, chás e plantas alimentícias não convencionais
(PANC).

2Trecho extraído da declaração do prefeito Rafael Greca. Disponível em:


https://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/fazenda-urbana-e-inaugurada-e-tera-cursos-de-agricultura-
urbana-apos-a-pandemia/56403. Acesso: 16 de abr de 2021.
24

Figura 1 - Imagem geral da Fazenda Urbana do Cajuru.

FONTE: Daniel Castellano / SMCS (2020).


Como evidenciado na Figura 2, os canteiros destes cultivos são variados, suas
formas e alturas diferentes alcançam desde crianças até idosos e pessoas com
deficiência; os materiais usados neles incluem blocos cerâmicos e de concreto,
policloreto de vinil (PVC) e poli tereftalato de etila (PET) reciclados e alumínio.

Figura 2 - Canteiros da Fazenda Urbana do Cajuru.

FONTE: Daniel Castellano / SMCS (2020).


Ademais, a sustentabilidade se faz presente através da captação e geração de
energia por painéis solares aplicados sobre cobertas; também ocorre a captação e
aproveitamento das águas da chuva, especialmente ricas para a agricultura.

4.2 FEIRA DA CIDADE DE ANANINDEUA

A Feira da Cidade de Ananindeua foi construída em 2005 na cidade de


Ananindeua, constituinte da Região Metropolitana de Belém – PA. Concebida pelo
25

escritório paraense Meia Dois Nove Arquitetura e Consultoria, o projeto foi implantado
num lote triangular de 3.127 m² de área. Ele teve como objetivo acolher a transferência
da Feira do Quatro, que acontecia irregularmente em condições insalubres. A Feira
da Cidade promove pontos de comercialização de frutas e vegetais, peixes e frutos
do mar, farinhas, roupas e acessórios; ela também contém espaços de alimentação,
como visto na Figura 3 (BESSA; NASCIMENTO; BASSALO, 2006).

Figura 3 - Imagem interna da Feira da Cidade.

FONTE: Octavio Cardoso (2006).


Segundo os arquitetos Bessa, Nascimento e Bassalo (2006), a construção
principal e conformadora da feira é essencialmente a sua cobertura, que como mostra
a Figura 4, recobre todo o terreno. Ela é, devido à pressa para a execução, feita de
aço e membrana flexível, constituindo uma tensoestrutura independente.

Figura 4 - Imagem superior da Feira da Cidade.

FONTE: Octavio Cardoso (2006).


26

Ela é composta por 48 elementos hexagonais subdivididos em três categorias:


os elementos mais utilizados foram as “cobertas cálice”, totalizando 42 unidades,
sendo eles pilares árvore em aço com tubo de PVC no centro para escoamento pluvial;
em seus pontos mais baixos o pé direito é de 3,5 metros e em seus pontos mais altos
é de 5,4 metros. Ademais, 4 “cobertas guarda-chuva” sem pilares próprios, pairam
sobre as “cobertas cálice” ao passo que se apoiam nelas. Os 2 elementos de maior
destaque são as “tendas cônicas” com estrutura de sustentação externa formada por
5 mastros de 17,7 metros de altura e 6 arcos em cúpula; estas tendas, no centro do
projeto, marcam o encontro dos dois principais eixos de circulação da Feira. Além
disso, a periferia da coberta conta com membranas de fechamento voltadas para
baixo.

4.3 CONTRIBUIÇÕES PARA O PROJETO DA FAZENDA URBANA


COMUNITÁRIA

As contribuições do projeto da Fazenda Urbana do Cajuru para o posterior


desenvolvimento da Fazenda Urbana Comunitária do Cidade Jardim são várias:
desde o programa de usos e criação de diferentes espaços, que extrapolam o ato
único do plantar, e possibilitam a educação alimentar e a disseminação das práticas.
Passando pela criação de uma variedade de canteiros para cultivo de diversas
categorias vegetais, que facilitam a inclusão social acessível; até o aproveitamento de
águas pluviais.
O projeto da Feira da Cidade de Ananindeua contribui principalmente com a
ideia da cobertura independente como conformador morfológico de um espaço
público. O posterior desenvolvimento da Fazenda Urbana Comunitária do Cidade
Jardim se aproveitará da estratégia das grandes cobertas para concretização do
partido arquitetônico, tanto no espaço da feira pública como tensoestrutura, quanto no
bloco edificado como coberta que unifica os ambientes sob si. Oferece também a
alternativa das estruturas de “cobertas cálice” para a captação e condução das águas
da chuva.
27

5 ETAPAS PRÉ-PROJETUAIS

Caruaru é uma cidade média no agreste do interior do estado de Pernambuco


e fica a apenas 135 Km da capital pernambucana. Segundo a Agência Estadual de
Planejamento e Pesquisa de Pernambuco (CONDEPE/FIDEM - 2013), a cidade
conforma o maior Centro Regional do estado, estando somente abaixo da Região
Metropolitana do Recife. O Centro Caruaru, que aglomera as cidades circunvizinhas,
polariza e concentra equipamentos de grande porte regional, como hospitais,
universidades e centros comerciais.
Com uma população estimada pelo IBGE de 365.278 habitantes em 2020, a
cidade apresentou um crescimento demográfico de aproxidamente 15% em relação
ao Censo 2010 (IBGE, 2010). Ainda segundo o IBGE, o salário médio mensal
caruaruense em 2018 era de 1,8 salários mínimos, sendo que 36,3% dos residentes
sobreviviam com até meio salário mínimo. Caruaru comporta seus habitantes num
território com taxa de urbanização de 88,78%, superando a taxa de urbanização
estadual de 80,17% (CONDEPE/FIDEM, 2013). Todavia, esses números não
representam a realidade vigente, visto que ao longo dos processos de ocupação
ocorreu uma dispersão da população para a periferia da cidade, o que acarretou num
espraiamento do tecido urbano, que por sua vez se espacializa como cursos de
urbanização incompletos ou até mesmo inexistentes. Isso ocorre por conta da
especulação imobiliária que força a descentralização da cidade através da criação de
loteamentos fechados e conjuntos habitacionais nas áreas periurbanas.
O Mapa territorial de Caruaru na Figura 5 apresenta aspectos espaciais que
também marcam a importância da cidade. Ela é cortada no eixo norte-sul pela rodovia
BR-104 e no eixo leste-oeste pela rodovia BR-232, além da rodovia PE-095. Também
é atravessada pelo Rio Ipojuca e pelos remanescentes da antiga linha ferroviária.
Ainda neste mapa é destacado o bairro Cidade Jardim – que contém em seus limites
o terreno onde este trabalho pretende projetar a Fazenda Urbana Comunitária – e o
bairro Cedro – que é lindeiro ao presente projeto, ambos separados pela estrutura
ferroviária histórica. Percebe-se que os referidos bairros não são centrais e estão já
próximos das margens da malha urbana.
Os dados sobre o bairro Cidade Jardim são escassos visto que sua autonomia
e delimitação são recentes, até o último censo demográfico (IBGE, 2010) ele fazia
parte do bairro adjacente Salgado, figura 5. A partir disso e para fins desta pesquisa
28

serão observados os dados do Salgado, bem como os dados do Cedro. Eles eram,
em 2010, o maior e o menor bairro de Caruaru, respectivamente com 51.503 e 1.713.

Figura 5 - Mapa territorial de Caruaru.

FONTE: Elaborado pelo autor através do Google Earth Pro (2021).


O lote escolhido para o projeto da Fazenda Urbana Comunitária está delimitado
no Mapa da Figura 6 abaixo e tem uma área de 18.258m². Ao norte da linha ferroviária
está o bairro Cidade Jardim e ao sul da mesma está o bairro Cedro.

Figura 6 - Mapa da área de projeto

FONTE: Elaborado pelo autor através do Google Earth Pro (2021).


29

Observando os padrões de ocupação do entorno do lote na Figura 6, é


perceptível que o Cedro é uma área ocupada anteriormente ao Cidade Jardim. O
traçado urbano do Cedro é irregular, até mesmo com ruas sinuosas, e os lotes seguem
um padrão tradicional com casas e sobrados geminados em lote estreitos e profundos.
Já no Cidade Jardim, ainda se vê o traçado levemente irregular, mas muito mais
geometrizado, e os lotes apresentam dimensões mais proporcionais e distribuídos em
quadras igualmente mais proporcionais. Os lotes imediatamente adjacentes ao lote
da Fazenda Urbana Comunitária são dispostos em quadras longas de configuração
semelhante à do Cedro.
Um grande projeto da Prefeitura de Caruaru – chamado Via Parque – para a
conservação da linha ferroviária está em curso e pretende reabilitar essa estrutura
urbana linear atráves de intervenção urbano-paisagística para criação de caminhos
de pedestres, ciclofaixas e equipamentos de lazer e esportes. A primeira parte da Via
Parque foi inaugurada em 2019 no centro da cidade, como mostra a Figura 7,
entretanto suas obras continuam e já se dirigem ao Cidade Jardim e Cedro.

Figura 7 - Imagem de etapa concluída da Via Parque.

FONTE: Janaína Pepeu / Prefeitura de Caruaru (2020).


Conformador da malha urbana, o sistema viário do entorno da Fazenda está
identificado no Mapa de hierarquia viária na Figura 8 abaixo. A Via Parque, importante
linha estruturadora da morfologia de Caruaru, é sempre tangenciada paralelamente
por vias de igual destaque; são elas as Vias Secundárias, descritas pelo Código de
Urbanismo, Obras e Posturas de Caruaru (Lei nº 2454/77) como conectoras de
bairros. O entorno da Fazenda Urbana Comunitária também conta com Vias
Coletoras, que são vias principais exclusivas de cada bairro. As Vias Locais são todas
30

as remanescentes e de impacto nas menores escalas urbanas. Todavia, o fluxo no


entorno não se dá em concordância com a hierarquia viária, sendo consideravelmente
mais baixo em especial na via secundária adjacente à Via Parque, o que pode ser
explicado pela grande quantidade de vazios urbanos na área.
Figura 8 - Mapa de hierarquia viária.

FONTE: Elaborado pelo autor através do Google Earth Pro (2021).


Fica nítido que a localização da Fazenda, em concordância com sua estrutura
viária circundante, a coloca em interação facilitada com as diferentes escalas da
cidade. Tal fenômeno é desejável para possibilitar a apropriação do novo equipamento
pelos mais diversos usuários; desde os residentes das ruas próximas e do bairro que
acessam a Fazenda por transporte ativo, a pé ou de bicicleta, até a população mais
distante que para chegar à Fazenda necessita de transportes passivos – ônibus, carro
e moto.
Observando o Mapa de Usos da Figura 9 se constata que o uso predominante
na área é residencial, o qual se apresenta como uma potencialidade para a Fazenda
Urbana Comunitária, considerando que os principais usuários dela serão moradores
da área e, portanto, preservarão o equipamento. O outro uso mais difundido é o misto,
que combina uso residencial com uso comercial ou de serviço, e se apresentam no
nível da rua como fachadas térreas ativas que contribuem para a vitalidade urbana.
Equipamentos educativos no entorno – creche, escola e centro de referência de
assistência social – também influem no sucesso da Fazenda, uma vez que a
agricultura urbana desempenha um importante papel de educação ambiental e
31

alimentar, como visto nas experiências discutidas no tópico 2.1.2. Usos religiosos, de
armazenamento e esportivo também aparecem com menor incidência; este último
merecendo destaque, pois, enquanto campo de futebol comunitário, e junto a
futuramente concretizada Via Parque, o sistema de espaços livres públicos se
fortalece e se integra à Fazenda Urbana Comunitária.

Figura 9 - Mapa de usos.

FONTE: Elaborado pelo autor através do Google Earth Pro (2021).

5.1 CONDICIONANTES BIOCLIMÁTICOS, LEGAIS E TÉCNICOS

Os fatores bioclimáticos associados ao terreno pautam as decisões projetuais.


O Portal Projeteee3 atribui a Caruaru uma incidência de 29,37% dos ventos vindos da
orientação Sul, 31,91% dos ventos vindos da orientação Sudeste e 19,29% dos ventos
vindos da orientação Leste; juntos eles concentram 80,57% da incidência de
ventilação natural da cidade em um só quadrante da rosa dos ventos, como mostra o
Diagrama bioclimático na figura 10 a seguir. O diagrama também indica a trajetória
solar, e evidencia as fachadas Leste e Sul como as com mais conforto térmico,
respectivamente; em contrapartida mostra as fachadas Oeste e Norte como sendo as
mais desfavoráveis. O Portal Projeteee determina duas principais estratégias
bioclimáticas para conforto ambiental na cidade: o sombreamento da luz solar direta
e a ventilação natural cruzada. Ainda, em consonância, a Associação Brasileira de

3 http://projeteee.mma.gov.br/dados-climaticos/?cidade=PE-Caruaru. Acesso: 16 mar de 2021.


32

Normas Técnicas - ABNT Projeto 02:135.07-001/3 estabelece que Caruaru integra a


Zona Bioclimática brasileira 8, com diretrizes de grandes aberturas ventiladas e
sombreadas. Para tanto, árvores e elementos edificados serão os principais agentes
de conforto da Fazenda Urbana Comunitária, conduzindo os ventos incidentes atráves
do projeto e sombreando especialmente a face oeste do espaço.

Figura 10 - Diagrama bioclimático.

FONTE: Portal Projeteee. Elaborado pelo autor através do Google Earth Pro (2021).
No âmbito legal, a legislação urbanística do Plano Diretor Municipal de Caruaru
(Lei nº 072/19) classifica a área da Fazenda Urbana Comunitária na Zona de
Consolidação da Ocupação 1 (ZCO-1). Esta Zona é caracterizada por predominância
do uso residencial unifamiliar em lotes de ate 150m² e 2 pavimentos, esses lotes
também apresentam, geralmente, ausência de recuos com elevada taxa de ocupação.
Essa estruturação arquitetônica dificulta práticas de agricultura urbana residencial.
Na ZCO-1 as diretrizes que influenciam diretamente o projeto da Fazenda são
a valorização do comércio local e de vizinhança, a arborização pública, a
acessibilidade e o desenvolvimento da infraestrutura urbana. Os parâmetros
urbanísticos ditam para as edificações da Zona afastamentos laterais de 1,5m e de
fundos de 3,0m, um gabarito de até 3 pavimentos, um coeficiente de aproveitamento
de até 1,5 – neste caso sendo a área construída máxima permitida de 27.387m² - e
uma taxa de solo natural de 10 % - neste caso sendo a área de solo natural mínima
permitida de 1.825m².
33

6 FAZENDA URBANA COMUNITÁRIA

O empreendimento da Fazenda Urbana Comunitária do Cidade Jardim foi


concebido para funcionar como um polo central no sistema de agricultura urbana como
evidenciado nos desenhos técnicos dos Apêndice A ao Apêndice G. Além do
paisagismo produtivo ocupar a maior parte do terreno, compondo 5.034,57 m² de área
plantada produtiva, o projeto cria um grande espaço livre público de convivência social
e aprendizado com a natureza e o alimento.

6.1 CONCEITO E PARTIDO PAISAGÍSTICO

A intenção conceitual do projeto da Fazenda Urbana Comunitária foi


proporcionar aos seus usuários uma experiência imersiva de renaturalização dentro
do meio urbano. Toda decisão projetual deste trabalho visa amenizar as sensações e
percepções dos diferentes tipos de poluição presentes nas cidades.
A escolha de criar um grande plano horizontal sem desníveis apoiando o projeto
indica o cráter público e colaborativo do local. Os canteiros de pomar não são
elevados, de forma a convidar as pessoas a pisar no solo natural e entrar em contato
com as árvores e colher seus frutos.
O partido estético se expressa em linhas e volumes menos rígidos e mais
atenuados com curvas suaves; as pinturas em tons terrosos amenizam o constrate
entre os materiais construtivos tradicionais – como o concreto - e elementos naturais
e vegetais.

6.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES E DIMENSIONAMENTO

O programa de necessidades e o dimensionamento da Fazenda Urbana


Comunitária estão expostos abaixo no quadro 1. Como visto anteriormente, Macedo
(1995) afirma que a adequação funcional de um espaço livre público depende da
correta disposição e dimensionamento da morfologia; ele também propõe que a
diversidade de usos nesses espaços é fundamental para a apropriação deles pela
população. No tópico 2.2 também vimos que um fator determinante da agricultura
urbana é a aproximação físico-temporal das etapas de produção-comercialização-
consumo, além do seu caráter educativo. O programa de necessidades e o
dimensionamento da Fazenda Urbana Comunitária constam a seguir no quadro 1.
34

Quadro 1 - Programa de necessidades e dimensionamento

Programa de
Parâmetro Dimensionamento
necessidades
FNDE4:
Administração 25,60 m²
Tamanho padrão estipulado = 25,00 m²
FNDE:
45,00 m²
Em função do nº de aparelhos sanitários
Banheiros públicos 2 WC (12 aparelhos sanitários)
(box = 1,08m²)
2 WC PCD
WC PCD = 3,00 m²
DIPLAN-DF5: 1 vaga/1000 m² de parque
Bicicletário 30 vagas
ou similar
FNDE:
D.M.L. 3,00 m²
Tamanho padrão estipulado = 2,5 m²
DIPLAN-DF: Mínimo de 1 vaga/1000m² de 324,5 m²
Estacionamento parque ou similar 23 vagas comuns carro
ABNT NBR 9050/15: 5% vagas PCD 2 vagas PCD
Laboratório Glass House6: 201,00m²
Estufa Estufa (143,00 m²) + áreas de serviço e 143,00 m²
convivência (58,00 m²)
Feira da Cidade Ananindeua: 1.200,00 m² de cobertura
Feira pública 19,00 m² / módulo de 4 bancos 20 módulos
60,00 m² de coberta / módulo 80 bancos
Horta Proporcional ao projeto 3.595,5 m² / 36 canteiros
Pomar Proporcional ao projeto 4.031,5 / 4 canteiros
Feira da Cidade Ananindeua: 240,00 m² de cobertura
Quiosques 19,00m² / módulo de 2 quiosques 4 módulos
60,00m² de coberta / módulo 8 quiosques
Sala de aula FNDE: 1,50m² / aluno ocupante 91,00 m² / 2 salas
OBS: Não inclui caminhos e áreas de
Total 9.699,1 m²
descanso com bancos e mesas.
FONTE: Elaborado pelo autor (2021).

4 Fundo Nacional de Desenvolvimento Escolar: Manual de orientações técnicas vol. 03


5 Diretoria de Planejamento e Sustentabilidade Urbana – DF: Nota técnica 04/2017. Disponível em:
http://www.seduh.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2017/10/vagas_estacionamento_nota_tecnica.pdf
Acesso: 21 ago 2021.
6 https://www.archdaily.com.br/br/944246/ Acesso: 27 mai 2021.
35

6.3 ZONEAMENTO E ESPACIALIDADE

A testada principal da Fazenda Urbana Comunitária é a sudeste, por estar


voltada para a Rua Goiás, via de maior fluxo. As esquinas contam com canteiros de
pomar que criam uma recepção com bancos e biciletários para a chegada de ciclistas,
vindo principalmente da ciclovia da Via Parque. A chegada de veículos acontece
também na fachada sudeste, em dois pontos próximos à feira; esta é o principal
destaque da entrada e recebe os pedestres por um acesso central.
A feira é dividida em dois agrupamentos de módulos, sendo o menor com
bancos úmidos e o maior com bancos secos; eles comercializam a produção de
pequenos produtores, priorizando a agricultura familiar e orgânica. Na fachada
nordeste, na via de menor fluxo, uma área de carga e descarga oferece apoio para a
feira. Ainda nesta fachada, de menor insolação direta, fica localizada a estufa e o bloco
de apoio, com mais um ponto de estacionamento de veículos. Estes dois blocos
edificados desempenham especial função de disseminação dessas práticas, através
da estufa enquanto sementeira e abastecedora de outros espaços de AU na cidade e
através das salas de aula como ambiente capacitador de novos agricultores urbanos.
Um extenso pomar linear na fachada noroeste abraça a Fazenda em traços
derivados da própria poligonal do terreno; além de sombrear o projeto, ele cria um
caminho estruturante. Para quebrar a monotonalidade deste longo percurso, os traços
do canteiro e do piso recuam e avançam em conjunto com bancos, mesas e
pergolados. Ao longo deste mesmo trajeto os pedestres são conduzidos para o interior
da Fazenda, onde estão os quiosques distribuídos em quatro blocos com mais bancos
e mesas; paralelamente, fica a horta dividida em canteiros sobre um grande plano, os
quais juntamente ativam a vitalidade no espaço interno, como visto na imagem 11.

Figura 11 - Zoneamento

FONTE: Elaborado pelo auto (2021).


36

6.4 CONFORTO AMBIENTAL

Como visto no tópico 5.1 a ventilação cruzada e o sombreamento são os


principais promotores de conforto bioclimático para o projeto. Para tanto, o bloco de
apoio conta com uma grande coberta de duas águas e largos beirais, além de cobogós
e janelões com 0,80 m de peitoril. Os quiosques também contam com beirais, e a feira
é toda conformada por uma grande coberta. Os bancos são sombrteados com árvores
de copa densa e larga, como também em recantos pergolados.
Os pomares, bem como os canteiros de taioba (Xanthosoma sagittifolium L.),
percorrem praticamente todo o perímetro do projeto, criando um ambiente interno da
Fazenda atenuado de poluição sonora e visual; entretanto não deixando de
valorizando visadas importantes como as esquinas e acessos principais.

6.5 MATERIAIS E SISTEMAS ESTRUTURAIS

O piso da Fazenda é intertravado - cinza, amarelo e terracota - os bancos,


mesas e canteiros são de concreto, buscando resistência e durabilidade; já os
pergolados são de madeira, contribuindo na ambientação natural, e os bicicletários de
aço. A coberta da feira é uma alta tensoestrutura independente de bambu e membrana
flexível, e os bancos são de madeira; a intenção foi que essa estrutura mimetize
árvores, já que na área específica da feira não há vegetação. Dentro desses pilares
cálice ficam tubos de PVC que conduzem as águas pluviais captadas pela membrana,
sendo utilizadas para abastecimento e irrigação da Fazenda.
Os quiosques são de concreto armado e alvenaria visando segurança e
durabilidade diante do uso, com coberta também em bambu e membrana flexível. Já
o bloco de apoio também é de concreto armado e alvenaria, seguindo a mesma
motivação dos quiosques; a sua coberta é uma laje inclinada de duas águas com
telhas cerâmicas. A estufa é feita em estrutura metálica, com pouca alvenaria, sendo
a maior parte do seu volume fechado por esquadrias e painéis de policarbonato na
cor cristal, com o intuito de potencializar a entrada de luz solar.

6.6 MEMORIAL BOTÂNICO

A escolha das espécies botânicas teve como princípio o paisagismo produtivo,


especificamente a produção de alimentos, e a regionalidade. Os pomares são
compostos exclusivamente por árvores frutíferas da região Nordeste, de acordo com
o Ministério da Saúde (2015); estes canteiros não contam com forração vegetal nem
37

de pedras, esta decisão é conceitual e funcional, pois visualiza o espaço como sendo
aberto, convidativo e seguro para o caminhar das pessoas, que entram nesses
pomares, caminham entre as árvores e colhem seus frutos.
O maior pomar do projeto é o que acolhe as maiores árvores, como mostram
as figuras 12, 13, 14 e 15. Os umbuzeiros (Spondias tuberosa arruda) e tamarindeiros
(Tamarindus indica L.) são as maiores em porte e diâmetro da copa, criando as
maiores sombras; os sapotizeiros (Manilkara zapota) e as gravioleiras (Annona
muricata L.) são menores em comparação as outras duas – embora ainda grandes -
e ajudam a equilibrar a escala do canteiro à escala humana.
Figura 12 - Umbuzeiro Figura 14 - Tamarindeiro

FONTE: SDR-BA (2020). FONTE: Natureza Bela (2013).

Figura 13 - Sapotizeiro Figura 15 - Gravioleira

FONTE: Wikimedia (2019). FONTE: Mundo Ecologia (2019).

O canteiro central, no foco intermediário da entrada principal, apresenta no seu


miolo os mamoeiros (Carica papaya L.) de troncos esbeltos e copa alta, para liberação
da amplitude visual da paisagem; acompanhados pelas bananeiras (Musa spp.) e os
cacaueiros (Theobroma cacao L.) junto dos bancos; apresentados nas figuras 16, 17
e 18.
38

Figura 16 - Mamoeiro Figura 17 - Bananeira

FONTE: Revista Natureza (2018). FONTE: By Kamy (2014).


Figura 18 - Cacaueiro

FONTE: Wikipedia (2021).


Os demais canteiros têm um interesse especial na criação de microescalas,
devido aos seus recantos pergolados. As pitombeiras (Eugenia luschnathiana) e os
cajueiros (Anacardium ocidentale L.) com suas copas amplas criam sombras
acolhedoras. Já as cirigueleiras (Spondias purpúrea L.) e aceroleiras (Malpighia
emarginata sesse.) são as menores árvores da Fazenda Urbana, sendo
especialmente atrativas e acessíveis às crianças, vistas nas figuras 19, 20, 21 e 22.
Figura 19 - Pitombeira Figura 20 - Cajueiro

FONTE: Mapio (2016). FONTE: Abdias Filho (2015).


39

Figura 21 - Cirigueleira Figura 22 - Aceroleira

FONTE: JR Jardim (2017). FONTE: Agnaldo Severo (2018).


Os canteiros nas entradas da Fazenda são compostos por taioba (Xanthosoma
saggitifoliujm), uma planta folhosa bastante comum no Nordeste, e já disseminada nos
projetos de paisagismo. Como apresentada na figura 23, ela cria nestes canteiros
maciços vegetais de grandes folhas, marcando a chegada dos pedestres, mas sem
bloquear a visão do interior da Fazenda. A taioba é, ainda, uma PANC, um detalhe
ainda pouco conhecido sobre esta hortaliça folhosa.

Figura 23 - Taioba

FONTE: Matos de Comer (2017).


As hortas, tanto de hortaliças quanto de ervas, não possuem indicadas nas
plantas e desenhos técnicos suas espécies, dado a variedade, complexidade e
rotatividade das plantações, serviço que fica responsável a agrônomos e técnicos
capacitados. Entretando, no Apêndice H consta um quadro de recomendação de
espécies de hortaliças onde estão indicados inclusive os meses de colheita de cada
espécie. Já no Apêndice I constam recomendações de PANCs e plantas aromáticas,
condimentares e medicinais escolhidas a partir do clima e cultura local. As PANCs
desempenham uma essencial tarefa de despertar a curiosidade e interesse das
pessoas, ajudando a transformar o olhar da população urbana sobre a alimentação.
40

As hortas de ervas ficam em canteiros menores junto de bancos sob


pergolados, criando quase que um jardim sensorial, com o foco saindo da visão e indo
para o olfato – a área plantada de ervas é consideravelmente menor em comparação
as outras, entretanto sua quantidade de produção e consumo também é bem menor.
Já a horta de hortaliças fica distribuída em canteiros maiores agrupados sobre um
grande plano de solo natural, remetendo à experiência rústica e natural do campo.
Foram criadas, ainda, estruturas de madeira para o cultivo do maracujá,
também uma fruta nordestina. Essas estruturas são similares a varais que comumente
já são usados para para este cultivo, como pode ser percebido na figura 24.

Figura 24 - Maracujazeiro

FONTE: MF Magazine (2019).


41

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Fica nítido que a agricultura urbana, ao revitalizar áreas degradadas e estimular


novos usos em vazios urbanos, pode alcançar uma rede de espaços livres públicos
mais acessível e justamente distribuída. Diante da realidade socioespacial das
cidades brasileiras, na qual Caruaru não é exceção, o estudo preliminar da Fazenda
Urbana Comunitária do Cidade Jardim evidencia na prática a viabilidade da agricultura
urbana colaborativa.
Ainda que a fazenda urbana seja uma tipologia experimental que aos poucos
vem sendo difundida, esse estudo apresenta sua capacidade de atuar como polo nos
sistemas campo-cidade. O potencial dos pomares e hortas de valorizar e respeitar a
regionalidade dos alimentos, comunica à população importância da segurança
alimentar e ambiental. Para além do paisagismo produtivo, esse projeto apoia o
pequeno comércio e reúne interessados em propagar essas práticas.
A Fazenda Urbana Comunitária é, então, uma proposta de renaturalização de
um espaço deteriorado da cidade de Caruaru. Mais do que isso, é uma oportunidade
da população se aproximar do campo e se reconectar com o alimento.
42

REFERÊNCIAS

ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. Projeto 02:135.07-001/3.


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45

APÊNDICES

Apêncie A – Planta de maciços vegetais


Apêncie B – Planta baixa técnica
Apêncie C – Planta de pisos
Apêncie D – Cortes e fachadas
Apêncie E – Ampliações e elevações 01
Apêncie F - Ampliações e elevações 02
Apêncie G - Perspectivas
Apêncie H – Quadro de indicações de hortaliças
Apêncie I – Quadros de indicações de PANC e de plantas aromáticas
Fazenda Urbana Comunitária do Cidade Jardim
Centro Universitário Unifavip - Arquitetura e Urbanismo

SEM NOME
SEM NOME SEM NOME
SEM NOME

Projeto Final de Graduação Semestre: 2021.2

SE
185

M
SEM NOME

NO
ME
EST
01

SEM NOME
RAD

SEM
RIACHO DAS ALMAS
ACESSO ESTRADA CEDRO

A
CED Orientadora: Janaína Lima Orientando: Paulo Rocha

N
OM
RO

ME
55°39' 3 06

E
E

NO
RIA M E
NO OM

M
MN
CHO
M

SE

SE
SE SE

Planta de Maciços Vegetais Escala: indicada na planta

M
NO
DAS

ME

M
ME

E
NO
NO
ALM

M
SE

M
AS

SE
E

SE
N OM
SEM
188

M
SE

NO
M

ME
NO
ME

EM
SE
E

NO

144
M
NO
MN

M
M

.62
SE
SE
OM

SE
80
E

MN
.
176
R-50
C

OM
RUA
04

E
SEM
NOM
E

B
Quadro de áreas
186

ME
E
M

04
O

NO
ÁREA TOTAL DO
N
M

M
SE

Área do terreno: 18.258 m²


SE
SE

TERRENO;
OBS: A área edificada
M
NO

18.258 m²
M
E

R. SEM NOME
5'
Área de solo natural: 6.824 m²

96°1
ÁREA VERDE 06
foi calculada a partir da
191
Área de solo pavimentado: 11.434 m² feira, quiosques, estufa
'
°37
ME

175

e bloco de apoio.
NO

.24

Área edificada: 819,52 m²


M

37

ÁS
SE

OI
. 07 RU
AG
152

TR
RUA

AV

25
ES
'
NILZ

12

SA

AN
A DE

7
17

24
TO
NI
E
SOU

NOM
.30

O
SEM ' ME
°20

SA
NO
58

173
ZA S

NT
SE

IA

23
ILVA

GO

22
'
113°42

190 Quadro de ambientes e setores

21
86°5

TR
7
2' 82.9

AV
20.9

ES
AS
ME
4

AN
O
MN
8 1 - Feira 3 - Quiosques 5 - Bloco apoio 7 - Estacionamento

TO
SE

TR

NI
O
AV

SA
ES

NT
SA

IA
2 - Horta 4 - Estufa 6 - Pomares 8 - Carga/descarga

IZA

GO
5

U
RA
6

RO
ME
M NO

D
SE

RIG
UES
PLANTA DE SITUAÇÃO
1 escala 1/2000 N Quadro de espécies botânicas
4
Nome Nome científico Porte Copa Quant. Imag.
Malpighia
2
Aceroleira emarginata Sesse 2 - 4m 2 - 3m 17u

Bananeira Musa spp. 3 - 5m 3 - 5m 6u

Theobroma
Cacaueiro cacao L. 3 - 5m 4 - 6m 6u
3

8 Anacardium
6 Cajueiro ocidentale L. 3 - 4m 5 - 9m 7u

Spondias
Cirigueleira 3 - 6m 3 - 5m 7u

R. SEM NOME
purpurea L.

Gravioleira Annona muricata L. 4 - 6m 3 - 5m 19u


VA
R. NILZA DE SOUZA SIL

6 A
1
04

6 6

Mamoeiro Carica papaya L. 5 -10m 2 - 3m 4u


7
18 19 20
16 17
13 14 15
11 12

R. GOIÁS
Eugenia
A
04
C
04 Pitombeira luschnathiana 5 -10m 5 - 7m 10u
7
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Acesso
B principal
Sapotizeiro Manilkara zapota 6 -15m 5 - 8m 11u
04

R. GOIÁS
Tamarindus
Tamarindeiro indica L. 5 -20m 8 -12m 6u

Spondias tuberosa
Umbuzeiro arruda 4 - 6m 8 -15m 6u

Maracuja- Passiflora edilis trepa- 96,8m


deira - ou
zeiro Sims 7 mod.
LEGENDA QUANT.

PLANTA DE MACIÇOS VEGETAIS SOLO NATURAL 6.824,15 m² Xanthosoma arbus- 282,8


2 escala 1/500 N PISO INTERTRAVADO CINZA 4.966,37 m² Taioba sagittifolium L. tiva -
PISO INTERTRAVADO AMARELO 1.748,95 m² m²
PISO INTERTRAVADO TERRACOTA 1.725,11 m²
Ervas - - - 9,8m² -
Hortaliças - - - 710m² -
Fazenda Urbana Comunitária do Cidade Jardim
Centro Universitário Unifavip - Arquitetura e Urbanismo
Projeto Final de Graduação Semestre: 2021.2
02
Orientadora: Janaína Lima Orientando: Paulo Rocha
06
Planta Baixa Técnica Escala: indicada na planta

55°
39'
C
04

B
Quadro de áreas
04
Área do terreno: 18.258 m²

23.50

27.50
OBS: A área edificada

R. SEM NOME
2.50 Área de solo natural: 6.824 m² foi calculada a partir da
Área de solo pavimentado: 11.434 m² feira, quiosques, estufa
47'
Área edificada: 819,52 m² e bloco de apoio.

4
°
127

3.1
3.50

3.80

3
21.16

3. 9
25
4.99
33' 7

8.68
7.09
145°

24
3.1

3.60
4
5
8.4 15'
145°

23
4.90

2.00
3 5.00

4.80
2.0

22
4.9
3.9

6.30
Quadro de ambientes e setores

0
3

2.90

21
'
°45
.08
43

124
9.89

5.00
0
6.8
17
17.15
1 - Feira 3 - Quiosques 5 - Bloco apoio 7 - Estacionamento
5
2 - Horta 4 - Estufa 6 - Pomares 8 - Carga/descarga

28.70
8.01
'
°50
10'

123
146°

.45
25

Quadro de espécies botânicas

2.00
2.00

53.17
3.17 8.55
6.80 2.50 2.50 4.85
Nome Nome científico Porte Copa Quant. Imag.

3.05

47.97
4
56°
10'
Malpighia

70.00
69.00
8.3
Aceroleira emarginata Sesse 2 - 4m 2 - 3m 17u

8
2
.11
75 4.80

22.30
.66
3 - 5m 3 - 5m 6u

8.31
64
16.
01
Bananeira Musa spp.

4.5
0
4.2
8

46.59
°37
'
Theobroma

5.03

5.01
175 01
16.
146°
10'
R2.
5 0 Cacaueiro cacao L. 3 - 5m 4 - 6m 6u

3
3.9
2.50 12.50
3 2.00 55.00 2.00
4 26
37.
2 38. 92

13.92
01 13.
Anacardium

18.83
16.

14.90
8

1.50 3.00
15.00 5.00 15.00 5.00 15.00
3 - 4m 5 - 9m 7u

2.5
5.0
2
10
'
Cajueiro

0

ocidentale L.
5.1

14
6 12.50
9

1.90
3.9
2.24 4 3
+ 0.15 11.96 3.1
7

12' 83
15.1

70°
1
° 20 7.58 12.46
Spondias

2.50
' R2.50
23 13.92
24.
Cirigueleira 3 - 6m 3 - 5m 7u
5.38
34.21

R. SEM NOME
4.50
103.99
purpurea L.
4.06

2.15
113.23
4.9

19.63
0
58.3
0

4.1
28.3

4.16

16.30
9

14.31
10
13 10.
91.
Gravioleira Annona muricata L. 4 - 6m 3 - 5m 19u

22.58
VA
R. NILZA DE SOUZA SIL

6 A

5.59
11.31
3.01 15.81 04
8.30
1

8.59
87
3.2

22.

5'
°1
0

R9.00
6

96
6
124.25
Mamoeiro Carica papaya L. 5 -10m 2 - 3m 4u

5
4.3

9.3
2'

4.77 11.30
4

8
1.4

4.16
3.60

5.00
11

11.30

.01
5.00 7 3.37

13
67 25.98 20 14.49
12.15

19
12. 18

5.00
7.59

16 17 0
38.70 15 R2.5
3.50 2.50
12 13 14
11.84

11
Eugenia
1.40

3.9
15.97

16.31 10.20 13.26 3 17.50


4.90

R2.50
10.00
13.22

R. GOIÁS
1' C
Pitombeira 5 -10m 5 - 7m 10u

3
A 148°4 38.39

3.9
04
luschnathiana
7.47

5.00

04
5.10
3.2

5.41 4.80
5

25.00
83 44.49
0

4.69
5.00
R2.0

7 °2
9.00 0'
7.86

R 13.20 1.48 16.41 3.36


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 3.60
5.00

R2.5
R2.5
0
Manilkara zapota 6 -15m 5 - 8m 11u
14

0
44.49
Sapotizeiro
.63

B 4.2
2 Acesso
3

04
3.9

20.77 3.60 21.63 principal


+ 0.00
R. GOIÁS
Tamarindus
Tamarindeiro indica L. 5 -20m 8 -12m 6u

Spondias tuberosa
Umbuzeiro arruda 4 - 6m 8 -15m 6u

Maracuja- Passiflora edilis trepa- 96,8m


Sims deira - ou
zeiro 7 mod.
Xanthosoma arbus- 282,8
PLANTA BAIXA TÉCNICA Taioba -
1 escala 1/500 N sagittifolium L. tiva m²
Ervas - - - 9,8m² -
Hortaliças - - - 710m² -
Fazenda Urbana Comunitária do Cidade Jardim
Centro Universitário Unifavip - Arquitetura e Urbanismo
Projeto Final de Graduação Semestre: 2021.2
03
Orientadora: Janaína Lima Orientando: Paulo Rocha
06
Planta de Pisos Escala: indicada na planta

C
04

B
Quadro de áreas
04
Área do terreno: 18.258 m² OBS: A área edificada

R. SEM NOME
Área de solo natural: 6.824 m² foi calculada a partir da
Área de solo pavimentado: 11.434 m² feira, quiosques, estufa
Área edificada: 819,52 m² e bloco de apoio.

25
7

24
23
22
Quadro de ambientes e setores

21
1 - Feira 3 - Quiosques 5 - Bloco apoio 7 - Estacionamento
5
2 - Horta 4 - Estufa 6 - Pomares 8 - Carga/descarga

Quadro de espécies botânicas


Nome Nome científico Porte Copa Quant. Imag.
4

Malpighia
2
Aceroleira emarginata Sesse 2 - 4m 2 - 3m 17u

Bananeira Musa spp. 3 - 5m 3 - 5m 6u

Theobroma
Cacaueiro cacao L. 3 - 5m 4 - 6m 6u
3

8
Anacardium
6
Cajueiro ocidentale L. 3 - 4m 5 - 9m 7u

Spondias
Cirigueleira 3 - 6m 3 - 5m 7u

R. SEM NOME
purpurea L.

Gravioleira Annona muricata L. 4 - 6m 3 - 5m 19u


VA
R. NILZA DE SOUZA SIL

6 A
1
04

6 6

Mamoeiro Carica papaya L. 5 -10m 2 - 3m 4u


7
18 19 20
16 17
13 14 15
11 12

R. GOIÁS
Eugenia
A
04
C
04 Pitombeira luschnathiana 5 -10m 5 - 7m 10u
7
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

B
Acesso
principal Sapotizeiro Manilkara zapota 6 -15m 5 - 8m 11u
04

R. GOIÁS
Tamarindus
Tamarindeiro indica L. 5 -20m 8 -12m 6u

Spondias tuberosa
Umbuzeiro arruda 4 - 6m 8 -15m 6u

Maracuja- Passiflora edilis trepa- 96,8m


- ou
zeiro Sims deira 7 mod.
LEGENDA QUANT.

PLANTA DE PISOS SOLO NATURAL 6.824,15 m² Xanthosoma arbus- 282,8


1 escala 1/500 N PISO INTERTRAVADO CINZA 4.966,37 m² Taioba sagittifolium L. tiva -
PISO INTERTRAVADO AMARELO 1.748,95 m² m²
PISO INTERTRAVADO TERRACOTA 1.725,11 m²
Ervas - - - 9,8m² -
Hortaliças - - - 710m² -
Fazenda Urbana Comunitária do Cidade Jardim
Centro Universitário Unifavip - Arquitetura e Urbanismo
Projeto Final de Graduação Semestre: 2021.2
04
Orientadora: Janaína Lima Orientando: Paulo Rocha
pergolado de pergolado de feira 06
madeira madeira
Cortes e elevações Escala: indicada nos cortes

5.40

4.40

4.40
3.11

3.00
+ 0.15

2.50

2.50

2.50

2.50
+ 0.00

2.23
.80

.80
.40

.40

.40
Quadro de áreas
CORTE AA
1 escala 1/500 Área do terreno: 18.258 m² OBS: A área edificada
Área de solo natural: 6.824 m² foi calculada a partir da
Área de solo pavimentado: 11.434 m² feira, quiosques, estufa
Área edificada: 819,52 m² e bloco de apoio.

bloco de apoio canteiro de estufa pergolado de varal de quiosque pergolado de pergolado de


horta madeira maracujazeiro madeira madeira

Quadro de ambientes e setores

5.40
4.40

4.40

3.11
3.00
+ 0.15

2.50

2.50

2.50
2.30

+ 0.00

2.23
.80

.80

.80
.40

.40

.40

.40
1 - Feira 3 - Quiosques 5 - Bloco apoio 7 - Estacionamento
2 - Horta 4 - Estufa 6 - Pomares 8 - Carga/descarga
CORTE BB
2 escala 1/500

Quadro de espécies botânicas


Nome Nome científico Porte Copa Quant. Imag.
Malpighia
pergolado de
madeira
estufa bloco de apoio
Aceroleira emarginata Sesse 2 - 4m 2 - 3m 17u
5.40

4.40
4.20

+ 0.15
3 - 5m 3 - 5m 6u
2.50

2.50

+ 0.00
Bananeira Musa spp.
.80
.40

Theobroma
CORTE CC Cacaueiro cacao L. 3 - 5m 4 - 6m 6u
3 escala 1/500
Anacardium
Cajueiro ocidentale L. 3 - 4m 5 - 9m 7u

Spondias
Cirigueleira purpurea L. 3 - 6m 3 - 5m 7u
pergolado de pergolado de feira
madeira madeira

Gravioleira Annona muricata L. 4 - 6m 3 - 5m 19u

Mamoeiro Carica papaya L. 5 -10m 2 - 3m 4u


FACHADA SUDESTE
4 escala 1/500 Eugenia
Pitombeira luschnathiana 5 -10m 5 - 7m 10u

Sapotizeiro Manilkara zapota 6 -15m 5 - 8m 11u

Tamarindus
estufa varal de bloco de apoio Tamarindeiro indica L. 5 -20m 8 -12m 6u
maracujazeiro

Spondias tuberosa
Umbuzeiro arruda 4 - 6m 8 -15m 6u

Maracuja- Passiflora edilis trepa- 96,8m


FACHADA NORDESTE Sims deira - ou
5 escala 1/500 zeiro 7 mod.
Xanthosoma arbus- 282,8
Taioba sagittifolium L. tiva -

Ervas - - - 9,8m² -
Hortaliças - - - 710m² -
Fazenda Urbana Comunitária do Cidade Jardim
32.70 Centro Universitário Unifavip - Arquitetura e Urbanismo
E2
Projeto Final de Graduação Semestre: 2021.2

2.00
28.70
22.30
05
.25 1.40 2.95 .25 6.90 .25 6.90 .25 2.85 .25 .75 1.65 .75 .25 2.80 .25 5.07 6.00 6.00 5.07 Orientadora: Janaína Lima Orientando: Paulo Rocha
2.00 06
Ampliações e elevações Escala: indicada na planta
.25
Administração Área = 25.6 m² Sala de aula 01 Área = 45.5 m² +0.15 Sala de aula 02 Área = 45.5 m² +0.15 WC masc. WC fem.

1.17
+0.15 Área = 19.5 m² Área = 19.5 m²
+0.15 +0.15

2.40

2.40
2.00
WC PCD WC PCD
4.60 Área = 3.0 m² Área = 3.0 m²
4.65

4.50 7.00 7.00 3.00 1.50 1.50 3.00


+0.15 +0.15
5.05 22.00 Quadro de áreas
10.80

6.80

6.50

6.80

2.00

6.50

2.00
6.80
Área do terreno: 18.258 m² OBS: A área edificada
Área de solo natural: 6.824 m²

3.33
foi calculada a partir da
1.00

1.75

2.40

2.40
1.75

DML
Área = 3.0 m²
Área de solo pavimentado: 11.434 m² feira, quiosques, estufa
.25 .65

+0.15 Estufa Área = 143.0 m² +0.15


2.00

Área edificada: 819,52 m² e bloco de apoio.

2.00
.25 .25 .25
.25 .90 2.50 .90 .05 1.38 3.00 1.58 .90 .05 1.38 3.00 1.58 .90 .05 2.85 .25.20 .90 .95 .90 .20.25 2.80 .25 .15 1.50 2.00 18.50 .15

E1

PLANTA BAIXA - BLOCO DE APOIO E ESTUFA


1 escala 1/100 N

telha cerâmica cobertura em policarbonato na cor cristal


i =30% i =30%

9.60

4.80

FACHADA SUDOESTE - BLOCO DE APOIO E ESTUFA N


2 escala 1/100 5.00

.30
2.42
cobertura em policarbonato na cor cristal telha cerâmica Quiosque 01
Área = 6.95 m²

.80
i =30% i =30%
+0.15

8.31

.15

.25
Quiosque 02 bancada retrátil

.80
.80
Área = 6.95 m² para acesso
+0.15

2.42

1.32
1.0
0

.25
R.25

4.80 4.80

FACHADA SUDOESTE - BLOCO DE APOIO E ESTUFA PLANTA BAIXA - MÓDULO DO QUIOSQUE


3 escala 1/100 8 escala 1/100

9.60 9.60 9.60

4.80 4.80 4.80

Módulo seco Módulo úmido


N tensoestrutura em bambu
N i = 20% N
com membrana fléxível
i = 20%

i=
%
20

20
i=
Banco 04 Banco 01

%
Área = 4.75 m² Área = 4.75 m² bambu
Banco 04 Banco 01 +0.15 +0.15 tensoestrutura em bambu
Área = 4.75 m² Área = 4.75 m²
pia de serviço com membrana fléxível
+0.15 +0.15
i = 20%
8.31

8.31

8.31
5.10

5.10

Banco 03 Banco 02 bancada retrátil bancada retrátil


.71

.71
Área = 4.75 m² Área = 4.75 m² para acesso para acesso
R.20

R.20
+0.15 +0.15 Banco 03 Banco 02
Área = 4.75 m² Área = 4.75 m²
+0.15 +0.15

i=

%
20
20
tubo de queda para tubo de queda para membrana flexível

i=
%
captação de águas pluviais captação de águas pluviais

E3
E3

5.10 5.10
tubo de queda para
4.80 4.80 4.80 4.80 i = 20% captação de águas pluviais

PLANTA BAIXA - MÓDULO SECO ELEVAÇÃO 03 - MÓDULO DA FEIRA PLANTA BAIXA - MÓDULO ÚMIDO PLANTA BAIXA
COBERTURA - MÓDULO
- MÓDULO DO QUIOSQUE
DA FEIRA ELEVAÇÃO 04 - MÓDULO DO QUIOSQUE
4 escala 1/100 5 escala 1/100 6 escala 1/100 7 escala 1/100 9 escala 1/100
Fazenda Urbana Comunitária do Cidade Jardim
Centro Universitário Unifavip - Arquitetura e Urbanismo
Projeto Final de Graduação Semestre: 2021.2
5.20
06
Orientadora: Janaína Lima Orientando: Paulo Rocha

.20
06
Ampliações e elevações Escala: indicada na planta

Pergolado de madeira
Quadro de áreas
.10 .45 .10 .60 .10 .60 .10 .60 .10 .50 .10 .50 .50 .10 .45 .10
Área do terreno: 18.258 m² OBS: A área edificada

4.80
5.20
Área de solo natural: 6.824 m² foi calculada a partir da
Área de solo pavimentado: 11.434 m² feira, quiosques, estufa
Área edificada: 819,52 m² e bloco de apoio.

Banco em concreto armado

.20

.50
5.00
DETALHE PERGOLADO TIPO 01 - VISTA SUPERIOR DETALHE PERGOLADO TIPO 01 - ELEVAÇÃO FRONTAL
1 Escala 1/50 2 Escala 1/50

7 DETALHE
escala 1/25
BANCO TIPO 01 - VISTA SUPERIOR

Pergolado de madeira
7.20

.20
Banco em concreto armado

.05
.35
.05 4.90 .05

.10 .46 .10 .50 .10 .50 .10 .50 .10 .50 .10 .44 .10 .44 .10 .50 .10 .50 .10 .50 .10 .50 .10 .46 .10
2.70

2.30
8 DETALHE
escala 1/25
BANCO TIPO 01 - VISTA FRONTAL

.20
DETALHE PERGOLADO TIPO 02 - VISTA SUPERIOR DETALHE PERGOLADO TIPO 02 - ELEVAÇÃO FRONTAL
3 Escala 1/50 4 Escala 1/50

4.00

2.04

.50
Banco em concreto armado 1.57

10.20

1.56
.20

.64
.50

Pergolado de madeira

DETALHE BANCO TIPO 02 - VISTA SUPERIOR


.10 .45 .10 .60 .10 .60 .10 .60 .10 .50 .10 .50 .10 .50 .10 .45 .10 .45 .10 .50 .10 .50 .10 .50 .10 .60 .10 .60 .10 .60 .10 .45 .10 9 escala 1/25
4.80
5.20

Banco em concreto armado

.05
.20

.35
.39 .05 3.51 .05
DETALHE PERGOLADO TIPO 03 - VISTA SUPERIOR DETALHE PERGOLADO TIPO 03 - ELEVAÇÃO FRONTAL
5 Escala 1/50 6 Escala 1/50

10 DETALHE
escala 1/25
BANCO TIPO 02 - VISTA FRONTAL
FAZENDA URBANA COMUNITÁRIA
DO CIDADE JARDIM
QUADRO DE INDICAÇÕES DE HORTALIÇAS
MESES DE PLANTIO INÍCIO DA
NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ COLHEITA (DIAS)
abóbora Cucurbita moschata Duch. 90 - 120
abobrinha Cucurbita pepa L. 45 - 60
agrião Nasturtium officinale sp. 60 - 70
alface Lactuca sativa L. 50 - 70
alho Allium sativum L. 150 - 180
alho-poró Allium ampeloprasum L. 90 - 120
batata-doce Ipomoea batatas L. 120 - 150
beringela Solanum melongena L. 100 -120
bertalha Basella alba e Basella rubra 60 - 70
beterraba Beta vulgaris L. 60 - 70
brócolis Brassica oleracea L. 80 - 100
cebola Allium cepa L. 120 - 180
cenoura Daucus carota L. 85 - 100
chuchu Sechium edule Sw. 100 - 120
couve Brassica oleracea L. 80 - 90
couve-chinesa Brassica pekinensis 60 - 70
couve-flor Brassica oleracea L. 90 - 110
espinafre Spinacea oleracea L. 60 - 80
inhame Dioscorea alata L. 150 - 180
jiló Solanum gilo Raddi 90 - 100
maxixe Cucumis anguria L. 60 -70
moranga Cucurbita maxima Duch 120 -150
nabo Brassica rapa 50 - 60
pimentão Capsicum annuum L. 100 - 120
quiabo Abelmoschus esculentus L. 70 - 80
rabanete Raphanus sativus L. 25 - 30
repolho Brassica oleracea L. 90 - 110
rúcula Eruca sativa L. 40 - 60
tomate Lycopersicon esculentum Mill. 100 - 120
vagem Phaseolus vulgaris L. 60 - 70
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de "EMBRAPA, Catálogo Brasileiro de Hortaliças, 2010"
QUADRO DE INDICAÇÕES DE PANC
NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO
almeirão-do-campo Hypochaeris chillensis Brittan celosia Celosia argentea L.
almeirão-roxo Lactuca canadensis L. major gomes Talinum paniculatum
dente-de-leão Taraxacum officinale F. H. taioba Xanthosoma sagittifolium L.
picão preto Bidens spp. língua-de-vaca Rumex obtusifolius L.
serralha Sonchus oleraceus L. lírio-do-rejo Hedychium coronarium L.
tupinambo Helianthus tuberosus L. mestruz Coronopus didymus L.
alface do mato Lactuca serriola L. ora-pro-nobis Pereskia aculeata
capiçoba Erechtites valerianifolius DC. peixinho da horta Stachys byzantina K.
azedinha Rumex acetosa L. tansagem Plantago major L.
beldroega Portulaca oleracea L. trapoeraba Commelina communis L.
bertalha-coração Anredera cordifolia amora de árvore Morus nigra L.
borragem Borango officinalis L. jacaratiá Jacaratia spinosa DC.
buva Conyza spp. pixirica Leandra regnellii Cong.
pariparoba Piper umbelatum L. malvavisco Malvaviscs arboreus Cav.
capuchinha Tropaeolum majus L. sininho Abutilon sp.
cará-moela Dioscorea bulbifera L. bardana Arctium lappa L.
caruru Amaranthus spp. nabo forrageiro Raphanus sativus L.
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de "UCS, Plantas Alimntíceas Não Convencionais, 2020"

QUADRO DE INDICAÇÕES DE PLANTAS AROMÁTICAS, CONDIMENTARES E MEDICINAIS


NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO
alecrim Rosmarinus officinalis L. estévia Stevia rebaudiana
arruda Ruta graveolens L. guaco Mikania glomerata Spreng.
artemísia Artemisia annua L. hortelã Mentha spicata L.
boldo Gymnathemum amygdalinum jambu Acmella oleracea L.
calêndula Calendula officinalis L. macela Achyrocline satureioides
camomila Matricaria recutita L. manjericão Ocimum basilicum L.
carqueja Baccharis crispa Spreng. mastruz Dysphania ambrosioides
cebolinha Allium schoenoprasum melissa Melissa officinalis L.
coentro Coriandrum sativum mentrasto Ageratum conyzoides L.
erva-baleeira Varroniacurassavica Jacq. orégano Origanum vulgaris L.
erva-cidreira Lippia alba sálvia Salvia officinalis L.
erva-doce Pimpinella anisium L. tomilho Thymus vulgaris
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de "SENAR, Plantas medicinais, aromáticas e condimentares, 2017"

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