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Resumo:
O objetivo deste trabalho é analisar como o Secretário Executivo pode ser um profissional
chave para o desenvolvimento das atividades do Espaço Cultural nossa Biblioteca (ECNB).
Esta pesquisa é de caráter exploratório, aplicado e de abordagem inteiramente qualitativa,
caracterizada como estudo de caso e que possui como procedimento de coleta de dados a
realização de entrevistas com voluntários do espaço para a compreensão de quem eles são e
como lidam com as questões de Gestão do espaço, que recebe a alcunha de ser uma gestão
cultural comunitária(gcc). Após análise dos resultados, foi possível conhecer o perfil dos
voluntários, como atuam e ainda foi possível identificar como um Secretário Executivo pode
agir como consultor desse espaço de difusão cultural. Tornando assim debates sobre
secretariado e gestão cultural (gc) como pautas necessárias para futuros estudos e até novas
disciplinas no desenho curricular dos cursos de Secretariado Executivo.
Palavras-Chave: Gestão cultural comunitária, Secretariado Executivo, Comunidade.
Abstract:
The research 's objective is analysis of how an Executive assistant can be a key professional to
a development of cultural activities from Espaço Cultural Nossa Biblioteca. This research is
exploratory, applied and qualitative approach, characterized as case study and which has as
procedure of data the realization of interviews with some space volunteers to comprehension
who they are and how they deal with questions of space management, which receive the name
Community Cultural Management, because it is part of community and referent culture.
Before the analysis of the results, it was possible to understand the profile of volunteers, how
they work and it was still possible to identify how an Executive Assistant can act as
consultant of this space of culture diffusion. Thus making discussions as Secretariat and
Cultural Management as necessary agendas to future studies and even new subjects on the
Curricular draw of Executive Assistant courses.
Keywords: Community Cultural Management, Executive Assistant, Community.
1. Introdução
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métodos de coleta de dados e informações sobre eles. Após isso, foram feitas as análises dos
resultados das coletas de dados, para finalizar a discussão do tema foram apresentadas as
considerações finais e, por fim, foram mostradas as referências bibliográficas utilizadas ao
longo do estudo.
2. Metodologia
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3. Referencial Teórico
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Mesmo que a gestão cultural seja direcionada por políticas públicas, ela não está limitada
apenas a ações governamentais, podendo galgar por meio de ações do setor privado e
comunitário também. De acordo com o que explana Silva e Oliveira (2007) no trecho a seguir
do Glossário do Observatório Itaú Cultural:
O foco a ser tratado neste estudo será o aspecto Comunitário, que aplicado ao campo da
gc proporciona a ela não apenas um adjunto adnominal, mas uma gama de estudos na área da
gestão cultural comunitária, definida nas palavras de Vilutis (2019) como uma gestão feita de
dentro pra fora e de baixo pra cima, de maneira coletiva e democrática, autogestionária, com
participação direta das pessoas, grupos e instituições envolvidas na ação cultural.
Vilutis (2019) divide o tema em 3 instâncias: a Simbólica, Cidadã e Econômica, ela faz
esse trabalho não com intuito de restringir o tema, porém de gerar uma aproximação com ele,
ainda pouco difundido. A primeira está ligada à perspectiva de pertencimento, imaginário e da
memória, ou seja, ela possui significados em sua prática, ela possui o objetivo de trazer as
perspectivas antes citadas e dimensão econômica trabalha a geração de renda por meio da
cultura, contudo de forma igualitária para a comunidade.
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Para efeitos de análise desta pesquisa, será utilizada a dimensão cidadã. “A participação
cidadã parte desde a articulação das organizações de base e dos habitantes comprometidos que
se vinculam diretamente com o trabalho colaborativo em desenvolvimento” (FERNANDEZ,
2014, p.2), esta explicação define a ação participativa de um cidadão que está vinculado a
atividades culturais.
Para Vilutis (2019) a gestão cultural comunitária vem de uma compreensão de que
direitos culturais são direitos humanos e, nela, o indivíduo encontra liberdade e igualdade,
essas premissas são necessárias para o desenvolvimento de comunidades periféricas ou de
outras localidades na questão de emancipação cultural e informacional.
A gcc se dá com intuito de suprir e assistenciar o espaço onde o Estado não consegue
garantir o que está escrito no Art. 215 da Constituição Federal de 1988 (Brasil, 2021) que
prevê que “O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às
fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações
culturais. Com isso, a afirmação de Velázquez e Gonzáles (2003) de que a necessidade da
participação popular em torno dos assuntos que a circundam traz consigo a essência sobre
como a gcc deve surgir.
As bcs são locais cuja aplicabilidade de gcc é constante na comunidade. Elas surgem
em alguns bairros, como uma espécie de pólo difusor cultural e de resistência, que aparecem
por meio do relacionamento sujeito/comunidade, considerando assim, nas palavras de Vilutis
(2019) que o território é fundamental para a cultura, porque nele ela é orientada por relações
de proximidade, convivência, valores entre outros pontos e isso torna a relação algo
simbiótico.
As bcs carregam uma gama de elementos que geram nas comunidades em que elas
existem um sentimento de pertencimento e de emancipação da realidade desigual, o que será
desenvolvido no tópico a seguir.
3.2. Bibliotecas Comunitárias: Por que surgem? Como surgem? Como são organizadas?
Naudé (1627), concebe o conceito de biblioteca como uma instituição pública, aberta a
todos e universal por conter vários autores com diversos temas. Trazendo esta conceituação
para a cena Belenense, as bibliotecas públicas da cidade, como a Arthur Vianna, são abertas à
comunidade, o que proporciona espaços educativos e culturais para o estudante, para a dona de
casa e até para o morador de rua, como descreve Leal Moreira (2021).
Mesmo que essas bibliotecas sejam espaços públicos de acesso à educação e à cultura,
não conseguem abranger todos os bairros e pessoas que neles residem. Uma colocação que tem
como enfoque a região nordeste afirma que as bibliotecas de lá “na maioria das vezes ainda
distantes das periferias e das localidades mais carentes e afastadas dos centros urbanos”
(FELIPE e REZENDE, 2017, p. 2). Tal definição pode ser tomada como um imperativo na
grande extensão do território brasileiro.
Um ponto importante a se destacar é “que vivemos um longo tempo de exclusão social
com impactos também no campo da cultura.” (SOUZA, 2012, p.53). E é neste contexto de
exclusão que surgem as bcs, caracterizadas “como ambientes físicos criados e mantidos por
iniciativa das comunidades civis, geralmente sem a intervenção do poder público” (Guedes,
2011, p. 1). São organizadas pela comunidade e para a comunidade, como um espaço não só
de leitura, mas também de interação cultural. Logo:
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Elas contam com acervos diversos, que variam de contos até gibis. Os itens que as
compõem geralmente são doados, contudo o ponto chave da existência delas não são apenas os
acervos, mas a comunidade, em específico, as pessoas que as direcionam, que geralmente são
voluntários que, algumas vezes, não possuem formação em gestão ou biblioteconomia, apenas
têm vontade de alterar a realidade social e informacional envolta em desigualdade, portanto,
no que diz Guedes (2011) que há a possibilidade dos coordenadores e gestores do espaço não
possuam conhecimento de gerenciamento e organização do espaço, das pessoas e dos acervos,
logo os princípios de gestão são básicos.
Buscando situar o trabalho na realidade da cidade de Belém e de seus percalços quanto
ao acesso à cultura, informação e educação, apresenta-se o Espaço Cultural Nossa Biblioteca
(ECNB), situado no bairro do Guamá, criado por Madalena Westerveld. De acordo com as
fontes do Espaço, Madalena observava as crianças que ficavam na rua a maior parte do tempo,
brincando e fugindo da escola, então decidiram abrir, em 1978, um espaço de leitura aberto a
comunidade e que logo ganhou visibilidade, com um número cada vez maior de
frequentadores e, por conta da grande procura de pessoas pelo espaço, a bc teve que passar por
um processo de reforma, no qual ela ganhou a alcunha de Espaço Cultural Nossa Biblioteca e
ainda ganhou um estatuto, que até hoje continua cumprindo a missão inicial.
Acredita-se que, em algum grau, essa bc apresenta empecilhos quanto à gestão e
organização dela, e por isso a análise e a sugestão de como um PSE pode atuar nela estão
sendo desenvolvidas, já que “existem formas diferentes de entender a participação, de
participar nesses projetos e de articular e gerar recursos para a sustentabilidade das
bibliotecas” (Guedes,2011, p.7). Tendo em vista isso, o tópico a seguir irá discorrer sobre a
multifuncionalidade das competências secretariais e das possibilidades de atuação.
O profissional de secretariado antes, de acordo com Ieger (2008), que possuía atribuições
limitadas ao atendimento telefônico e a repassar as ligações, sem interpelação alguma, agora
possui novos papéis de destaque no mundo laboral e se tornou um profissional diferenciado,
essa transição é melhor explicada da seguinte forma:
De acordo com Brito (2015), o mercado exige cada vez mais qualificação deste
profissional, o que pode ser observado a partir da oferta de empregos com salários altos e
mudanças nos paradigmas profissionais exigidos. Bíscole e Cielo (2007) afirma que pensando
na mudança de paradigma profissional, diretrizes curriculares mais adequadas para o momento
foram elaboradas e implementadas nos cursos para que o PSE se torne mais competitivo.
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Para atingir essa qualificação, o profissional cursa seja a nível técnico ou superior para
obter conhecimentos nas área secretarial e para se adaptar a tudo o que lhe é posto nos desafios
da profissão, que exigem reformulações constantes, conforme explicitado a seguir.
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A gente não está exatamente motivado deste modo, tá? Os nossos trabalhos aqui
dentro do bairro, que todos nós fazemos aqui e ser uma resistência, porque o Guamá
é um território que as pessoas foram conquistando para si, não é como um
Greenville que preparam tudo e quem tem dinheiro vêm e se assenta lá,aqui não,
aqui tinha a miséria, a natureza na sua pior situação e nós fomos empurrados para cá,
porque as pessoas foram expulsas num determinado momento do centro da cidade.
(V1, 2021)
O Bairro do Guamá, no século XIX, era conhecido como lugar de indesejados, por
alojar um Leprosário, justamente pela localização afastada de regiões centrais. O tempo passa
e, no século XX, ocorre um um processo de explosão populacional que ocasiona sofrimentos
ainda mais expressivos, com o descaso do poder público e a existência de pólos de
organização social para combater problemas advindos do abandono do poder público e “entre
essas organizações, em 1978, surge a Biblioteca Comunitária das Irmãs Holandesas”
(GUAMÁ TRICENTENÁRIO,2021,p.1), que possui um objetivo de transformação social por
meio da leitura, o que V4 aponta como motivo para ela ser voluntária:
O que me trouxe pra cá foi devido à gente ver muitas crianças, nosso bairro é muito
populoso, o bairro do Guamá, a gente vê muitas crianças na rua, muitos
adolescentes, né. Quando eu vim pra cá essa biblioteca tava recente, acho que ela
tinha uns dez anos e a gente tinha muito esse trabalho com a comunidade de
incentivar a ler, porque na nossa visão, a partir do momento você entende que você
tá lendo, você pode direcionar à sua vida para um outro futuro, não aquele futuro
que você nasceu pobre, você tem que morrer pobre.(V4, 2021)
Logo o que Vilutis (2019) fala sobre território ser o fundamento da cultura tem
aplicabilidade nos relatos anteriores, tendo em vista que no Guamá são desenvolvidas
conexões fortes com o local e vontade de gerar um movimento contrário a inacessibilidade
educacional e informacional, ou seja, a relação território e gestão cultural comunitária são
simbióticas e uma muda de acordo com a outra.
Para que o trabalho no ECNB tenha sucesso, os voluntários são peças chave. Vale
destacar que alguns deles não possuem formações específicas em área de gestão ou
biblioteconomia, que são profissões intimamente ligadas a gestão de bibliotecas como afirma
Guedes (2011) que há a possibilidade dos voluntários não terem formações vinculadas a
gestão ou biblioteconomia.
Dos entrevistados, apenas um indicou que era formado em biblioteconomia, o relato é
o seguinte: "eu fazia biblioteconomia” (V2, 2021) e, quando questionado sobre ter
conhecimentos administrativos, ele informou “Tenho sim, a questão de planejamento
estratégico né, aquilo de visão, missão. Aprendi sobre teoria da administração, sobre as
diversas escolas, Fayol, Fordismo”(V2, 2021), mas quando questionado sobre a aplicação dos
conhecimentos no espaço, apresentou a seguinte resposta “Acredito que não” (V2, 2021).
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Então, essa matéria não existe, inclusive fica uma lacuna porque não existe essa
questão de gestão de espaço e nem de projetos porque o curso é uma licenciatura
então nós estamos voltados mais pra questão da sala de aula e docência em espaços
formais e não formais, aqui por exemplo não é uma escola ou uma instituição de
ensino necessariamente, embora se trabalhe muito com a questão da educação e do
ensino aprendizagem aqui dentro com as oficinas mas aqui é considerado um espaço
informal então eu muitas vezes me deparo com essa barreira de não ter essa matéria
quando se quer escrever um edital, projeto, pensar num espaço cultural já que pelo
menos na área da arte, no teatro principalmente e em todas as áreas[...].(V5, 2021)
A ideia do presidencialismo, ela é liderança, não é que você vai ter alguém que
mande e desmande, você tem que ter líderes, liderança, então à ideia sempre é que
éramos um conjunto de liderança, então o poder tem que ser dividido, só que tem
que ter uma referencialidade que a gente não pode fazer que nem loucos, por isso
que tem que ter o planejamento estratégico. (V1, 2021)
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Tal afirmação acarreta na visão de que o trabalho de Gestão do ECNB segue a lógica
da gc, que, nas palavras de Vilutis (2019), na gc as ações de gestão são compartilhadas entre
diferentes pessoas da comunidade.
Esse tipo de gestão, de acordo com os voluntários, é intitulada Gestão compartilhada,
sendo assim é importante que “o conjunto da comunidade esteja situado e possa se envolver
nas ações com informação e conhecimento” (Vilutis, 2019). De acordo com V3 (2021), nesse
tipo de gestão não existe alguém que mande e desmande e as decisões são tomadas em
conjunto por meio dos voluntários mais ativos que estão separados em Grupo de trabalho
(GT), subdivididos em comissão de administração, comissão cultural e comissão de
incidência política. Esses GTs têm a seguinte configuração:
A gente não tem dificuldade de comunicar externamente, nós somos lindos, belos e
maravilhosos comunicando externamente e, quando a gente quer, eu digo quando
essa equipe quer, ela se propõe, ela trabalha, junto, alinhada e o evento sai ou à
atividade sai de forma belíssima, impecável algumas vezes. Mas,internamente, há
aquela dificuldade de trabalhar, um grupo que trabalha mais isolado aqui, outro aqui
e isso pra mim dentro de uma instituição como essa não cabe, todo mundo tem que
trabalhar alinhado e os relacionamentos tem que melhorar, tenho que entender que
eu não preciso amar você, mas eu preciso respeitar o seu trabalho e trabalhar junto
com você de forma respeitosa, trabalhando com você e tentando ter o melhor
relacionamento possível com você e,às vezes, essas coisas faltam. (V6,2021)
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Leis de incentivo é uma coisa que a gente não faz tanto, mas nesses último anos,
principalmente, nos dois agora da pandemia, eu vejo muita formação nessa área,
porque é uma área que a gente ainda não escrevia, então eu to dentro de um GT
nacional na rede nacional de bibliotecas comunitárias que é ligada à rede local de
bcs, dentro do gt que capta recurso, sou do GT que capta recursos, mobilização de
recurso nacional, então lá nós fizemos nos últimos anos muita formação nessa área,
leis de incentivo, mas também por editais, à maioria dos recursos que a gente
consegue captar aqui é via edital, é criança esperança, Itaú social, é fundação
cultural do Pará, FUNPAPA, FUMBEL, nós trabalhamos muito em editais para
captação de recursos, mas também muito em parceiras com essas instituições[...]
(V6,2021)
O projeto “Seja Sócio da Biblioteca” é eda seguinte forma, o sócio pode depositar uma
va
Esse sócio, o que ele faz?todo mês ele pode depositar à partir de 50 reais na conta do
Ecnb, e o espaço cultural se compromete em prestar conta com ele sobre como está
sendo gasto esse dinheiro e esse período pode ser por 6 meses, por um ano ou então
à gente fala assim pra você pegar 10 amigos seu, trazer ele aqui, mostrar qual é
nosso trabalho e pedir pra cada um depositar 50 reais, de 20 pra cima, já é uma
ajuda, porque, naquele momento, tu já conseguiu 10 amigos, eles podem depositar
só naquele momento, se algum deles quiser depositar ,aí eles mandam pro meu
privado e eu mando pro daqui da biblioteca, porque cai lá na conta do Ec, né ?e esse
dinheiro é para o espaço Cultural manter e pelo financeiro presta conta[...].
(V4,2021)
No que diz respeito aos recursos humanos, o espaço valoriza a pessoa e usa de sua
influência como espaço de emancipação social para que o voluntário busque crescimento
pessoal e profissional, como afirma o entrevistado V6 (2021), para ele os voluntários são os
recursos mais valiosos e que ele sempre busca incentivá-los por meio da educação e do
crescimento pessoal. como exemplificado na fala a seguir “a maioria do voluntariado aqui
tem nível superior e que não tem a gente tenta dar uma força, incentiva, vai lá, faz aqui curso
técnico, ‘te forma’, formação é crescimento pra mim”.( V6, 2021).
Entender a formação em cursos e outras instâncias de educação algumas vezes indica
que a pessoa terá meios de sair da realidade em que se encontra, essa é uma premissa para
algumas famílias de baixa renda.
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O último destaque na entrevista foi quanto a atuação do PSE, o que V1 (2021) chama
de “guardiões da história”, nesse trecho, incluímos a categoria III, que é a possibilidade de
atuação secretarial no ECNB e destacamos a pergunta (7).
A primeira ênfase foi para atuação do PSE como consultor e dentro de suas
competências diagnosticaria o porquê dos problemas, atuando no papel de conselheiro, como
afirma Giorni (2016), agindo de forma direta e sempre apto a ser consultado em momentos
críticos. Mas para isso, ele deve manter uma regularidade de ida ao espaço para que tenha um
bom relacionamento com os outros voluntários, tendo em vista que, de acordo com Brito
(2015), o fato que dinamiza a atuação do consultor é o bom relacionamento interpessoal dele,
contudo não deve ter proximidade com seus colegas, para não dar problema nas apreensões.
Acredita-se que no espaço há a possibilidade de ocorrer um vínculo maior, porque o
ECNB é um espaço democrático, comunitário e compartilhado. Para solucionar a
problemática, o profissional precisará atuar com afinco nas suas competências no momento
de análise das dificuldades e carências, por exemplo, com relação à comunicação falha no
espaço.
De acordo com Brito (2015) a comunicação organizacional após os anos de 1980
passou a ocupar uma perspectiva estratégica, portanto, ter comunicação falha é não agir com
estratégia. Uma das atribuições de um secretário executivo, presente na lei n°. 9.261/96 é “a
coleta de informações para a consecução de objetivos e metas da empresa” (BRASIL, 1996, p.
2). Ou seja, o Secretário tem noções de resolução desta problemática.
Quando os entrevistados foram questionados sobre a atuação de um PSE dentro do
espaço, alguns indicaram que ele solucionaria as questões mais originais da função, como
organizar documentos, redigir documentos, como a resposta do entrevistado V3 sobre a
atuação do PSE, ele diz “ a gente tem uma necessidade muito grande de investir em pessoal
que atuem e m áreas específicas”(V3, 2021), porque,de acordo com ele, grande parte do que é
desenvolvido no espaço perpassa por documentação, secretariado e organização.
Como citado anteriormente, o entrevistado V3 atua como Secretário do espaço e, de
acordo com ele, as suas atividades são as atividades mais burocráticas ligadas a produzir
documentos, como explica a seguir:
Com certeza porque até onde eu sei, aqui dentro nós não temos nenhum voluntário
que tenha formação especificamente nisso, as pessoas têm uma formação por
experiência e por estarem aqui já há muitos anos ou décadas as vezes e aprendendo a
fazer o trabalho na prática e até mesmo produzindo materiais de formação para
auxiliar outras pessoas também. Então se nós tivéssemos aqui dentro um secretário
ou uma secretária que tivesse esse enfoque mais específico de ter essa visão mais
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ampla por ter a formação, eu acho que isso evitaria muitos problemas porque seria
incrível, na verdade, ter um secretário executivo. Então seria de grande auxílio para
ampliar as possibilidades do espaço. (V5, 2021)
Quando V5 fala sobre a produção de um material para servir como um guia, pode ser
configurada a visão do secretário como uma espécie de conselheiro, até mesmo um
profissional guia para como os demais devem proceder nas demandas do espaço, que ainda
carece de algumas melhorias em alguns pontos. Por exemplo, em relação à produção de
documentos, o PSE poderia indicar uma equipe para produção de documentos e seu
arquivamento, claro que ele instruiria o grupo sobre como funcionam as diretrizes da Redação
oficial, como armazenar os documentos produzidos em categorias entre outras atividades.
Buscando dar alternativas
Uma das propostas de intervenção no que tange a comunicação, na fase da execução,
teria como foco principal trazer informações por meio de reuniões quinzenais sobre a
importância de uma boa comunicação, apontando quais resultados podem ser alcançados
quando ela está alinhada, o próprio PSE pode ser o mediador das reuniões, evidenciando todo
o conhecimento que suas diretrizes curriculares específicas lhe proporcionaram para atuação
profissional como afirmaram Bíscole e Cielo (2000).
Já o que se relaciona a organização, uma solução relacionada a organização, em
específico, a de documentos, seria ir em busca de tudo o que já foi produzido e segmentar,
buscando similaridades nos conteúdos e até mesmo, agrupando em eventos que eles foram
necessários.
As soluções das problemáticas apresentadas podem ser questionadas para o alcance de
resultados mais consistentes e alinhados com o espaço.
5. Considerações finais
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um consultor para o espaço, que tem por função diagnosticar a fonte dos problemas
apresentados anteriormente e criar soluções para eles.
Quanto ao entendimento dos problemas que o espaço enfrenta, foi de fundamental
importância conhecer os voluntários e como eles atuam no espaço quanto às questões
administrativas, como proposto nos objetivos específicos, para assim constatar que problemas
organizacionais e de comunicação estão presentes em todas as instâncias da biblioteca, sendo
nesses pontos que o PSE tem a possibilidade de analisar e indicar alternativas para resolução
das problemáticas.
Entende-se que mesmo que a maioria dos voluntários sejam graduados, a graduação
deles não tem vínculo com questões administrativas que exijam alto conhecimento de gestão.
Desta forma, a obtenção de conhecimento vem de experiências que seriam otimizadas se
tivessem informações prévias documentadas ou até mesmo instruídas de forma oral.
Foi constatado que há apenas um estudo que associa Secretariado e Gestão Pública,
sendo ele o trabalho de Alves (2019), já que tudo o que é desenvolvido em secretariado sobre
cultura está entrelaçado com cultura organizacional e relações internacionais. Outro ponto de
dificuldade foi a escassez de trabalhos sobre gestão cultural comunitária, encontrando apenas
referências nacionais na autora Vilutis (2019).
Mesmo com as limitações por meio de associações, foi possível constatar que a
atuação secretarial de forma operacional é a mais utilizada pelo espaço, pois o secretário que
atua na gestão vigente produz documentos e os encaminha, entre outras atividades
relacionadas à profissão. Para além dessas funções, o trabalho propôs atribuir ao secretário
uma função de consultor, para que ele seja voluntário, médico e professor para os outros
voluntários do espaço. Médico porque diagnosticaria os problemas na gestão do espaço e
professor porque ensinaria aos outros voluntários formas de não cometer os mesmos erros.
Este trabalho busca retirar o secretário de seu habitat mais recorrente que são grandes
organizações com fins lucrativos, para outros espaços onde há democratização de informação
e que, algumas vezes, carecem ter pessoas que garantam uma estrutura organizacional mais
eficaz e eficiente.
Ainda que seja novo o debate, o trabalho aponta também para a possibilidade do curso
de bacharelado em Secretariado Executivo Trilíngue da Universidade do Estado do Pará
inserir em seu desenho curricular mais debates sobre gestão cultural, não a gestão cultural da
organização ou para a negociação, mas a gestão cultural que visa proporcionar à sociedade
civil o acesso à cultura.
O trabalho trouxe ainda uma noção de que Bibliotecas Comunitárias são importantes
no espaço em que estão inseridas e que necessitam de toda assistência possível para que as
atividades sejam otimizadas e tenham alcances cada vez maiores. O ECNB foi a biblioteca
alvo do estudo, contudo existem outras bibliotecas em Belém, que necessitam de voluntários
que auxiliem na gestão e na organização. Trouxe ainda o entendimento que o profissional de
Secretariado pode capacitar-se em gestão cultural e levar esse entendimento para a
comunidade, tornando aquele meio propício para novas pautas de desenvolvimento local,
sustentável e solidário.
Constatou-se que, para o aprofundamento de estudos futuros em outras bcs, há
necessidade de ter vivências no espaço e gerar laços com os outros voluntários, a fim de
compreender as demandas diárias dele e como funcionam as instâncias administrativas. Os
autores deste trabalho tiveram uma vivência limitada no espaço devido a pandemia do novo
coronavírus que teve início em 2019 e persevera até os dias de hoje, contudo foi possível
manter contato com outros voluntários e buscar o necessário para a pesquisa
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6. Referências Bibliográficas
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