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RESUMO
O presente trabalho foi realizado no semestre de 2022.2, tem como objetivo geral
investigar como as políticas educacionais através do projeto Escola Leitora e Mediação
promovem a valorização da cultura. Utilizamos como referências teóricas (HÖFLING, 2001),
(AZEVEDO, 2004), (LARAIA, 2001) e (FREIRE, 1999), que discutem Política, Estado e
Cultura, questões centrais a serem compreendidas para a realização da análise dos dados
obtidos. Nesse sentido, foi utilizado a entrevista semiestruturada e o questionário como
instrumentos metodológicos e obtivemos como resultados a comprovação de que o Projeto
Escola Leitora por meio das Mediações realizadas cumprem com o objetivo tanto da
alfabetização e incentivo a leitura como, e principalmente, para a democratização da
interculturalidade.
INTRODUÇÃO
Entrevista:
APORTE TEÓRICO
POLÍTICAS EDUCACIONAIS
Antes de iniciarmos a apresentação dos dados obtidos sobre o projeto Escola Leitora a
qual será discutido no presente artigo, faz-se necessário abordar brevemente os conceitos de
políticas educacionais para educação e o Estado. Para isso, iniciaremos a abordagem a partir
da perspectiva de Hofling sobre as políticas públicas, o autor afirma que as "Políticas
públicas são aqui entendidas como o “Estado em ação” (Gobert, Muller, 1987); é o Estado
implantando um projeto de governo, através de programas, de ações voltadas para setores
específicos da sociedade." (HÖFLING, 2001, p.32). O estado, portanto segundo Höfling
(2001) não deve ser reduzido às ações burocráticas e suas instituições públicas e organismos
estatais, logo as políticas públicas não podem ser resumidas às ações estatais. Dessa forma,
iremos valer dessa perspectiva para desenvolver o pensamento acerca das políticas
educacionais pois compreendemos que as políticas públicas serão ações voltadas para
específicos setores da sociedade, portanto ao tomarmos como essencial e de suma
importância a educação como base para desenvolvimento de um país, portanto as políticas
públicas devem também atender essa esfera pública por meio de políticas educacionais.
Compreendemos políticas educacionais a partir de Azevedo (2004), que explicita
como um programa de ações que se produzem em meio às relações de poder permeadas e
intrínsecas na política, sendo esta sob o sentido de dominação, bem como nas relações sociais
que expressam a desigualdades e exclusão que se apresentam na educação, também devem
ser pensadas como parte de uma totalidade maior que se articulam com as ações globais que a
sociedade constrói e que se realiza por intermédio do Estado.
Ademais, a história das políticas educacionais no cenário brasileiro apresenta,
segundo Santos (2011), uma relação entre a forma conversadora e também patrimonialista a
qual a sociedade e o Estado brasileiro foram construídos, a partir de um ideal econômico
voltado para a agroexportação que se apoia na mão de obra escrava, a educação se torna uma
preocupação tardiamente, com base no educador Teixeira (1967), a autora explicita que o
“ensino brasileiro, com tendência ornamental e livresca, era destinado predominantemente
para a camada mais abastada da sociedade. (SANTOS, 2011, p.2)”, trabalharemos então sob
as perspectivas dos acontecimentos após os governos pós década de 1990, onde a autora
explicita as ações específicas do governo do Presidente Lula e que reverberam socialmente
nas ações de políticas educacionais até os dias de hoje.
CULTURA
Freire (1999) explica que o conceito de cultura pode ser compreendido a partir do
resultado das ações humanas em sua e com a sua realidade, dentro do processo de criar e se
recriar a partir das suas próprias experiências. O autor explica que cultura é toda criação
humana, destarte, não limitou “cultura” a um conjunto de princípios básicos e reducionista,
acrescenta então que
A cultura como o acrescentamento que o homem faz ao mundo que não fez. A
cultura como o resultado de seu trabalho. Do seu esforço criador e recriador. O
sentido transcendental de suas relações. A dimensão humanista da cultura. A cultura
como aquisição sistemática da experiência humana. Como uma incorporação, por
isso crítica e criadora, e não como uma justaposição de informes ou prescrições
“doadas”. A democratização da cultura — dimensão da democratização
fundamental. (FREIRE, 1999, pág. 104)
Podemos perceber que sua fala reflete a forma como a cultura é descrita por Laraia
(2001), sendo compreendida como uma “lente” pela qual o homem enxerga o mundo,
diferentes culturas englobam e envolvem diferentes “lentes” e diferentes questões, tais como
as questões religiosas, sexuais, étnicos, como bem explicitado na fala da D1.
Já sobre as concepções sobre a diversidade/ interculturalidade sendo trabalhada nas
escolas as docentes discorrem que
A Escola deve usar a diversidade/interculturalidade como forma de melhorar,
estimular o conhecimento dos estudantes, sua autoestima, respeito à leitura do
mundo do outro e não a segregação. (EXTRATO DO QUESTIONÁRIO, D2, 2023)
Freire discute que o caminho correto da educação, aqui fazemos o recorte do aspecto
da educação escolar, deve ancorar-se no respeito aos/as educandos/as, num processo de incluir
as condições sociais, culturais, econômicas destes/as, assim como a de suas famílias e da
comunidade como um todo, proporcionando então uma educação que faz sentido, assim
Não é possível respeito aos educandos, à sua dignidade, a seu ser formando se, à sua
identidade fazendo-se, se não se levam em consideração as condições em que eles
vêm existindo, se não se reconhece a importância dos “conhecimentos de
experiência feitos” com que chegam à escola. O respeito devido à dignidade do
educando não me permite subestimar, pior ainda, zombar do saber que ele traz
consigo para a escola. (FREIRE, 1996)
Nesse sentido, entendemos que o projeto Escola Leitora, por meio de ações do Projeto
de Mediação na biblioteca da escola, buscam além de alfabetizar e incentivar a leitura,
apresentar para as crianças a diversidade cultural presente, especialmente, no âmbito
nacional, ao se preocuparem em tratar as diversas formas de vivência, as experiências além
dos muros da escola, por meio de livros que trazem autores indígenas e quilombolas, como
também apresentam uma preocupação e interesse com a valorização da cultura local,
podemos explicitar através da fala de D2, onde diz que tem por objetivo
Apresentar aos estudantes nosso acervo, a partir dos anos iniciais, estimulando a
leitura, conhecimento pelos autores, temáticas indígenas, africanas, contos, cordéis.
Após as mediações, emprestamos dos livros. (EXTRATO DO QUESTIONÁRIO,
D2, 2023).
Tal perspectiva entra em acordo com o objetivo do PNE, como afirma Dourado (2016)
as ações das políticas educacionais devem fazer valer do princípio nacional que os municípios
estabeleçam em seus planos práticas que permitam instituir políticas educacionais que se
desenvolvem concomitantemente com as demais políticas sociais, em destaque para as
particularidades culturais, considerando as necessidades das populações do campo, dos povos
indígenas e das comunidades quilombolas, para além de assegurar a diversidade cultural na
educação, permitam também a democratização do acesso a uma educação plural em todos os
níveis e modalidades de ensino.
Tendo em vista esse olhar de promoção e democratização da cultura na alfabetização
por meio do projeto Escola Leitora, questionamos ambas as entrevistadas se o projeto de fato
colabora para a atuação na promoção da diversidade e interculturalidade, e tanto a D1 quanto a
D2, afirmaram que sim, acrescentando
com certeza, a biblioteca partir de uma atividade focada, de incentivo à leitura, de
intervenção, porque o momento da mediação é um momento de intervenção junto
aos estudantes, pode colaborar significativamente para a compreensão dos
estudantes desse processo, né, cultural e de grande diversidade. (EXTRATO DA
ENTREVISTA, D1, 2023)
4 - CONCLUSÃO
REFERÊNCIA:
AZEVEDO, Janete M. Lins de. A educação como política pública — 3. ed. —- Campinas, SP
: Autores Associados, 2004. — (Coleção polêmicas do nosso tempo; vol. 56)
GIL, Antonio Carlos et al. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 23ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1999.
HÖFLING, Eloisa de. Estado e políticas (públicas) sociais. Cadernos Cedes, v. 21, p. 30-41,
2001.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: uni conceito antropológico — 14.ed. — Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Ed., 2001
RICHARDSON, Roberto Jarry et al. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: atlas,
1985.
SANTOS, Kátia Silva. Políticas públicas educacionais no Brasil: tecendo fios. In: 25º
Simpósio Brasileiro de Política e Administração da Educação. 2º Congresso
Ibero-Americano de Política e Administração da Educação–ANPAE. Políticas Públicas
e Gestão da Educação-construção histórica, debates contemporâneos e novas
perspectivas. Anais... São Paulo–SP. 2011. p. 01-13.
ANEXOS
CARTA DE APRESENTAÇÃO
FICHAS DE ACOMPANHAMENTO
GRELHA DE DADOS
ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA
PROFESSOR/A 1 PROFESSOR/A 2
PERGUNTAS
10- Qual o objetivo do A proposta da mediação é intervir no Apresentar aos estudantes nosso
projeto de mediação? processo de aprendizagem das crianças, acervo, a partir dos anos iniciais,
então a mediação é uma ação estimulando a leitura,
interventiva educativa da professora conhecimento pelos autores,
bibliotecária, de contribuição desse temáticas indígenas, africanas,
espaço significativo para a construção contos, cordéis. Após as
dos conhecimentos dos estudantes e dos mediações, emprestamos dos
reconhecimentos dos vários gêneros e livros.
temáticas trabalhados.