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Políticas públicas do Brasil

impulsionam inclusão de
refugiados e migrantes da
Venezuela, mas desafios
permanecem
Estudo do Banco Mundial e do ACNUR aponta
dificuldades no acesso ao mercado de trabalho
formal, aos serviços de assistência social e no
desempenho escolar

Crianças venezuelanas no Brasil: falta de vagas e de professores que


falam espanhol dificultam seu desempenho e escolar no país.
Apenas 45% delas estão matriculadas, contra 85% entre os
:
brasileiros ©ACNUR / Sebastian Roa

Genebra e Brasília, 18 de maio de 2021 – Um novo estudo do


Banco Mundial e do ACNUR (Agência da ONU para Refugiados),
lançado oficialmente hoje, destaca os desafios enfrentados por
pessoas refugiadas e migrantes da Venezuela forçadas a deixar seu
país e que tentam reconstruir suas vidas no Brasil.

Estima-se que cerca de 260 mil venezuelanos vivem atualmente no


Brasil após deixaram seu país devido à uma crise social, política e
econômica. Apesar do marco legal favorável no Brasil, muitos deles
enfrentam obstáculos para acessar serviços sociais, o mercado de
trabalho formal e o sistema educacional. Estas barreiras estão
relacionadas ao idioma, dificuldades em validar documentos
escolares e em confirmar capacidades profissionais.

Embora tenham níveis de educação similares, venezuelanos são


64% menos propensos a serem empregados que seus anfitriões
brasileiros, e suas crianças têm 53% menos de probabilidades de
estarem nas escolas.

O Brasil prove assistência social a não-brasileiros


independentemente do seu status legal no país, incluindo durante a
pandemia da COVID-19. O número de refugiados e migrantes da
Venezuela acessando ajuda financeira por meio de programas
sociais aumentou três vezes desde o início da pandemia do novo
coronavírus. Atualmente, 18% dos venezuelanos recebem este tipo
de apoio.

Entretanto, esta população é 30% menos provável de ser registrada


para receber este tipo de apoio. Aqueles que recebem ajuda
financeira têm níveis de educação e de qualificação profissional mais
altos que os beneficiários nacionais.
:
“Nós analisamos vários dados administrativos e de censos entre
2017 e 2020 para investigar se refugiados e migrantes da Venezuela
enfrentam acessos diferenciados à educação, ao mercado formal de
trabalho e a programas de proteção social. Esperamos que nossas
recomendações possam ajudar estas pessoas a encontrar um novo
lar no Brasil”, afirma Rovane Battaglin Schwengber, Especialista em
Educação Social do Banco Mundial.

De acordo com o estudo, apenas 12% da população venezuelana


economicamente ativa no Brasil têm empregos no mercado de
trabalho formal. Refugiados e migrantes da Venezuela que estão
formalmente empregados tendem a ser mais jovens e a ter
completado o ensino médio. Entretanto, geralmente trabalham por
mais horas, recebem menores salários e têm menos acesso aos
sistemas de seguridade trabalhista que os nacionais brasileiros.

Família venezuelana abrigada em Manaus: apesar do marco legal favorável no país,


adultos enfrentam dificuldades no mercado formal de trabalho e recebem salários
menores ©ACNUR / Felipe Irnaldo

No setor educação, tanto as crianças e os adolescentes em idade


escolar estão em desvantagem se comparados com seus pares
:
brasileiros. De acordo com o censo educacional de 2020, apenas
37.700 (ou 45%) das crianças venezuelanas estavam matriculadas
em escolas – comparadas com mais de 85% de crianças e
adolescentes brasileiros.

Mesmo quando conseguem se matricular, as crianças e


adolescentes venezuelanos geralmente frequentam escolas mais
cheias e são alocadas em níveis mais baixos. A falta de professores
que falam espanhol é outro grande obstáculo ao sucesso delas nas
salas de aula.

“Inclusão e integração em um país estrangeiro são um processo de


longo prazo que requer uma abordagem verdadeiramente holística, e
também compromisso e recursos para serem efetivas”, afirma
Nikolas Pirane, economista associado ao ACNUR e que trabalhou no
estudo.

O ACNUR estimula o Governo do Brasil a continuar implementando


políticas públicas que respondam às dificuldades que refugiados e
migrantes venezuelanos enfrentam, como facilitar o processo de
validação de diplomas e a verificação de capacidades, ampliar o
treinamento em idiomas para profissionais e professores do sistema
de educação, assim como ampliar a capacidade das escolas –
especialmente na região norte do país.

A Agência da ONU para Refugiados está apoiando estes esforços de


integração acompanhando o processo de validação de diplomas, por
meio de parcerias com o setor privado e programas que estimulam a
empregabilidade de mulheres refugiadas, entre outras iniciativas.
Também apoia a estratégia de interiorização do governo federal,
transferindo pessoas desde o Estado de Roraima para outras regiões
do país – onde existem melhores perspectivas para alcançar
autonomia.
:
Entre os venezuelanos que vivem no Brasil, cerca de 47 mil já foram
reconhecidos como refugiados pelo governo brasileiro, enquanto
outros 145 mil receberam vistos de residência temporária. Outros 96
mil aguardam uma decisão sobre seus pedidos de reconhecimento
da condição de refugiado.

FIM

Para mais informações, favor contatar

No Brasil,
Luiz Fernando Godinho, ACNUR, godinho@unhcr.org / telefone
+55.61.9.8187.0978
Elisa Diniz, Banco Mundial, elisadiniz@worldbank.org / telefone
+55.61.3329.1059 / +55.61.3329.1099
Juliana Braga, Banco Mundial, jbraga@worldbank.org / telefone
+55.61.3329.1059 / +55.61.3329.1099

No Panamá,
William Spindler, ACNUR spindler@unhcr.org / telefone +507 6382
7815
Olga Sarrado, ACNUR sarrado@unhcr.org / telefone +507 6640
0185

Em Genebra,
Aikaterini Kitidi, ACNUR kitidi@unhcr.org / telefone +41 79 580 8334

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