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 A educação é um direito humano básico para todos e é importante para que todos

aproveitem ao máximo suas vidas, sendo que ter uma educação ajuda as pessoas a
obterem todos os seus outros direitos humanos.

 A educação é uma pré-condição para o exercício dos direitos humanos, já que o prazer
de muitos direitos civis e políticos, como liberdade de informação, expressão, reunião
e associação, o direito de votar e de ser eleito ou o direito de igualdade de acesso aos
serviços públicos, depende de pelo menos um nível mínimo de educação, incluindo
alfabetização.
 Da mesma forma, que muitos direitos económicos, sociais e culturais, como o direito
de escolher o trabalho, de receber salário igual por trabalho igual, o direito de formar
sindicatos, de participar na vida cultural, gozar dos benefícios do progresso científico e
receber educação com base na capacidade, só pode ser exercida de forma significativa
através da educação, que visa fortalecer os direitos humanos após um nível mínimo de
educação for alcançado.

 Embora as metas e objetivos da educação possam variar de acordo com as respetivas
características históricas, políticas, culturais, contexto religioso ou nacional, há um
consenso crescente sob a tolerância e o respeito aos direitos humanos, devem ser
características principais de seres humanos educados, tendo o caso, por exemplo, que
os 143 Estados-Partes da Convenção Internacional Pacto de Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais (CESCR)2 concordaram que a educação deve ser direcionado para o
pleno desenvolvimento da personalidade humana e do senso de sua dignidade, que
fortalecerá o respeito aos direitos humanos e liberdades.

 Além disso, a educação melhora as oportunidades de um indivíduo na vida, ajuda a


combater a pobreza, diminui as desigualdades sociais, e é um centro importante da
vida da comunidade e um canal importante para apoio crítico e informações
relacionadas à saúde, nutrição e segurança. Também traz retornos económicos
significativos para um país e ajuda as sociedades a alcançar uma paz duradoura e um
desenvolvimento sustentável.

 Desta forma , o acesso à aprendizagem significativa é fundamental para melhorias de


longo prazo em diversos níveis como na produtividade, na redução dos ciclos inter
geracionais de pobreza, na transição demográfica, nos cuidados de saúde preventivos,
empoderamento das mulheres e reduções na desigualdade.

Com feito, o que se entende por ter direito à educação é o seguinte: o acesso de todas
as crianças a uma educação primária gratuita obrigatória ; a disponibilidade para
todos os jovens a uma escola secundária (incluindo ensino profissional) sendo esta
gratuita; o acesso ao ensino superior, sendo que os países deveria trabalhar para o
tornar gratuito. E outro aspeto que deveria ser considerado como direito ao acesso à
educação é o direito dos pais de escolher escolas para os seus filhos, sendo que as
organizações deveriam criar escolas que atendam aos padrões mínimos, podendo
proporcionar a todos uma educação favorável e digna.
 Portanto, é através dos governos que se deve oferecer educação de boa qualidade e
garantir que todas as crianças possam ter acesso a esta, sem discriminação. Esta é
uma obrigação legal internacional e os governos podem ser responsabilizados por não
fornecer educação para todos os seus cidadãos.

Assim, a educação foi registrada como um direito humano básico no direito


internacional desde 1948, estando incluída em muitos documentos e tratados,
incluindo: Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948); Convenção contra a
discriminação na educação (1960); Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais (1966);
 Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher
(1979); Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos (1986); Convenção sobre os
Direitos da Criança (1989); Declaração Mundial sobre Educação para Todos:
Atendendo às Necessidades Básicas de Aprendizagem (1990); O Quadro de Ação de
Dakar: Educação para Todos (2000); Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência (2006); Resolução da Assembleia Geral da ONU sobre o direito à educação
em situações de emergência (2010)

 Apesar disto, de ser um direito inerente ao ser humano e que supostamente deveria ser
adotado por todos os países, existe 61 milhões de crianças que deveriam estar na
escola primária, 60 milhões no ensino fundamental (de 12 a 14 anos) e 142 milhões
com idade entre 15 e 17 anos.

Desde 2010, esses números permaneceram resistentes às intervenções para


universalizar o acesso à educação, mesmo, apesar dos repetidos compromissos globais
de cumprir as promessas de educação para todos, em que normalmente a maioria
destes casos ocorrem na África Subsaariana e no Sul da Ásia, uma vez que o programa
ao acesso à educação básica ainda está em pleno desenvolvimento.

 A falta de acesso educacional de conhecimentos e capacidade são parte causados pela


pobreza e por conflitos armados e outras situações de violência, uma vez que s
combates podem destruir ou danificar instalações de ensino, podem tornar inseguro o
acesso à escola e estar na escola, e o encerramento escolares frequentes, prolongados
ou permanentes e perda de material educacional e pessoal educacional, sendo que às
isso é resultado de ataques direcionados contra estabelecimentos de ensino, alunos e
funcionários da educação, podendo verificar isto, com os números mais recentes
disponíveis do Instituto de Estatística da UNESCO em julho de 2016, em que 75
milhões de crianças e adolescentes tiveram a sua educação diretamente afetada por
conflitos e emergências.
 Desta forma, em conflitos prolongados, gerações inteiras podem permanecer sem
educação devido a dificuldades económicas e sistemas educacionais com poucos
recursos e enfraquecidos. Isto aumenta as vulnerabilidades sociais e econômicas e
aumenta o risco de exclusão e abuso para muitas pessoas, principalmente meninas.

 Todavia , as taxas de matrícula nas escolas primárias melhoraram e o número


estimado de crianças que não frequentam a escola na África Subsaariana caiu de cerca
de 42 milhões em 1999 para cerca de 29 milhões em 2009, e de 37 milhões para 18
milhões no sul da Ásia. As taxas brutas de matrícula na África Subsaariana agora são
em média de 102% e 106% no sul da Ásia, sugerindo que há mais crianças
matriculadas do que na faixa etária de 6 a 11 anos, mas que muitas são maiores de
idade. As taxas líquidas de matrícula, que excluem a idade avançada, são menores,
com média de 76% (86% no sul da Ásia), confirmando que apenas cerca de três quartos
das crianças na faixa etária de 6 anos na África Subsaariana estão matriculadas.

Por sua vez as raparigas estão a participar muito mais do que no passado. Em média,
tanto na África Subsaariana quanto no sul da Ásia, para cada 100 rapazes
matriculados nessa faixa etária, existem agora 95 raparigas. Mas alguns países estão
progredindo lentamente e há lugares onde os meninos na escola superam as meninas
em 20%, sendo que ter mais meninos do que meninas na escola está fortemente
associado a baixas taxas gerais de matrícula, altas taxas de reprovação e muitas
crianças acima da idade escolar, uma vez que maioria dos países com matrículas
médias e altas tem mais meninas do que meninos matriculados.

 No nível do ensino médio, a magnitude da exclusão é muito maior. Em muitos dos


países mais pobres, mais de metade de todas as crianças não consegue se matricular
no nível secundário. Destes que o fazem, menos de metade completará um ciclo
completo de ensino secundário. Aqueles que tiverem sucesso serão
predominantemente de famílias mais ricas do que de famílias mais pobres.

 A diferença entre os países com baixas taxas de matrícula e aqueles que estão se
desenvolvendo rapidamente é grande. Na China, quase todas as crianças estão
matriculadas na escola secundária, como ocorre na maior parte do sul da Índia, mas
não nos países africanos. O crescimento económico, que sustenta a capacidade de
tornar realidade o acesso universal à educação, depende do conhecimento e das
habilidades que a educação pós-primária pode nutrir, sendo que o investimento direto
estrangeiro geralmente flui para populações mais educadas do que para populações
menos educadas.

 Na realidade, há muito mais do que 60 milhões de crianças com 6 anos cujo direito à
educação básica é negado. Muitos os que não frequentam regularmente a escola
estão seriamente atrasados, uma vez que frequentam anos de escolaridade sendo
demasiados velhos para o frequentar e um número alarmante não atinge as
capacidades básicas após 6 anos ou mais de escolaridade. Se essas crianças “excluídas
silenciosamente” forem contadas, o número sem acesso significativo à educação
primária é superior a 250 milhões. E, se se incluir o ensino secundário, então esse
número é em si uma subestimação substancial das crianças cujo direito à educação
está comprometido. Assim, com tudo em conta, por volta de 600 milhões de crianças e
adolescentes em todo o mundo não conseguem atingir níveis mínimos de proficiência
em leitura e matemática, embora dois terços deles estejam na escola.

 Mesmo nas escolas, a falta de professores treinados, materiais didáticos inadequados


e infraestrutura precária dificultam o aprendizado de muitos alunos. Outros vêm para
a aula com muita fome, doentes ou exaustos do trabalho ou das tarefas domésticas
para se beneficiarem de suas aulas.
 Podendo verificar o referido, uma vez que as crianças de famílias de baixa renda,
crianças com deficiências e crianças que rotineiramente vivenciam formas de
discriminação social – como bullying – têm maior probabilidade de ter dificuldades
com matemática e leitura. Eles também são menos propensos a se formar no ensino
médio ou ir para a faculdade. Isso significa que é menos provável que eles consigam
empregos seguros e bem remunerados e mais propensos a ter problemas de saúde
como doenças cardíacas, diabetes e depressão.

 Além disso, algumas crianças vivem em locais com escolas de baixo desempenho e
muitas famílias não podem pagar para enviar seus filhos para a faculdade. O estresse
de viver na pobreza também pode afetar o desenvolvimento do cérebro das crianças,
tornando mais difícil para elas terem sucesso na escola.

 Para agravar essas desigualdades, há uma divisão digital de preocupação crescente:


cerca de dois terços das crianças em idade escolar do mundo não têm conexão com a
Internet em suas casas, restringindo suas oportunidades de promover seu aprendizado
e desenvolvimento de habilidades.

 Sem educação de qualidade, as crianças enfrentam barreiras consideráveis para o
emprego e potencial de ganho mais tarde na vida, sendo que estes são mais propensos
a sofrer resultados adversos à saúde e menos propensos a participar de decisões que
os afetam – ameaçando sua capacidade de moldar um futuro melhor para si e para
suas sociedades.


 Perante esta situação, os países tomaram medidas para resolver esta situação,
sublinhando-se a conferência de Jomtien, que em 1990 os líderes nacionais e agências
internacionais de desenvolvimento reuniram se em Jomtien, na Tailândia, onde se
comprometeram a universalizar o acesso à educação primária até 2000. Em 2000, em
Dakar, Senegal, os mesmos encontraram se novamente, e revisaram o progresso que
havia ficado aquém das expectativas e mudaram a meta para 2015. Em Incheon,
Coreia do Sul, foram adotados os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que
renovaram as promessas de tornar os direitos realidades e ampliar o compromisso de
12 anos de educação formal para todos.

 Os compromissos com a “Educação Para Todos” deveriam ter resultado se houvesse


uma participação mais equitativa na educação básica; níveis mais baixos de
desigualdade de gênero; menores variações nas taxas de matrícula entre ricos e
pobres e áreas urbanas e rurais; e uma menor distribuição de desempenho entre as
escolas com melhor e pior desempenho.

 Mas através do que acabamos de referir, pode se constatar, que muitas vezes esse não
é o caso. A África Subsaariana continua a ser, de longe, a parte do mundo com menos
acesso à educação, apesar de receber mais financiamento do que outras regiões para
a educação. Por sua vez no Sul da Ásia, desigualdades crescentes acompanharam o
desenvolvimento económico e levaram a um acesso muito desigual à educação básica
e à marginalização contínua dos mais pobres.

 Em pouco mais de duas décadas, governos e agências de desenvolvimento ficaram
duas vezes aquém das aspirações de garantir que todas as crianças concluíssem a
escolaridade com sucesso, traindo as promessas feitas às crianças de ontem e aos
jovens de amanhã.

 Se todas as crianças devem frequentar a escola regularmente nas idades certas e
atingir os níveis de desempenho identificados pelas normas nacionais, então é
necessária uma ação consistente adaptada aos diferentes sistemas nacionais.


 Muito do que precisa ser conhecido para universalizar o acesso é conhecido, mas
muitas vezes não é aplicado na prática. As razões mais poderosas pelas quais tantas
crianças perdem seu direito à educação básica residem na economia política de
compromissos para ampliar o acesso a oportunidades, mobilizar recursos domésticos e
administrar os serviços públicos de forma eficaz para objetivos claros.

 Não há boas razões para que todas as crianças não frequentem e concluam a
educação básica com sucesso. Se isso não acontecer, será testemunho do fracasso de
uma geração de adultos em acreditar no futuro da próxima.

 Logo, cabe agora aos governos garantirem que a educação em seu país ou estado seja:
disponível, devendo haver materiais adequados, salas de aula, professores treinados e
assim por diante – para que uma educação de qualidade esteja disponível para todas
as crianças; acessível, as escolas devem estar ao alcance, adequadas para crianças
com deficiência e adequadas ao seu propósito, não havendo discriminação por sexo,
raça, religião ou qualquer outro motivo; aceitável, a educação deve ser de alta
qualidade e incluir informações relevantes e apropriadas, sendo que as crianças com
deficiência têm direito à mesma qualidade de educação; e por fim adaptável, as
escolas e os sistemas escolares devem ser adequados às comunidades que atendem.

Assim, os governos devem garantir que todas as crianças recebam a educação a que
têm direito, fazendo o seguinte: remover qualquer coisa que impeça o acesso à
educação de qualidade, como revogar leis que causem discriminação; impedir que
indivíduos ou grupos impeçam as crianças de serem educadas; tomar medidas para
garantir que as crianças recebam uma educação de qualidade – isso pode incluir a
construção de escolas ou o treinamento de professores.

 Não somente isso, não cabe só aos governos assegurar o direito à educação, mas
também outras organizações e indivíduos, sendo que isso inclui agências
intergovernamentais como a UNESCO, instituições financeiras internacionais,
empresas, sociedades civis e pais.
 No entanto, essa conceituação de educação não orienta muitas estratégias de
educação internacionais ou domésticas, nem informa os processos de planejamento e
desenvolvimento curricular.
 Este artigo, portanto, examina cuidadosamente a ligação entre o desenvolvimento
curricular e os direitos humanos. Ele explica (1) as principais características do direito
humano universal à educação (disponibilidade, acessibilidade, adaptabilidade e
aceitabilidade da educação), bem como (2) os direitos envolvidos no próprio processo
educacional e (3) a educação em direitos humanos como um princípio orientador para
os processos de desenvolvimento curricular.

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