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A FERA E A ESFERA

Flecha 7

cadernos
SELVAGEM
A Fera e a Esfera
f l e c ha 7

Ele atirou.
Ele atirou e ninguém viu.
Só Sete Flechas é quem sabe
aonde a flecha caiu1.

O caboclo é uma manifestação encantada das matas brasileiras.


No Brasil, o Caboclo Sete Flechas emerge nos terreiros da umban-
da e do candomblé.
A sétima Flecha Selvagem é a última da série de audiovisuais criada
pelo Selvagem Ciclo de Estudos sobre a Vida. Com o título A fera e a
esfera, esta flecha “caiu” em Londres no Barbican Centre, incorporada
à exposição Our time on Earth.
O devir da flecha é a ferida. Esta flecha cruza o Oceano Atlântico,
no caminho inverso ao da expansão marítima europeia, com o destino
de tocar corações civilizados e buscar a inversão da lógica colonialista,
reproduzida até hoje pelo fluxo consumidor que devora o planeta e
transforma tudo em mercadoria, citando Davi Kopenawa.
A fera e a esfera é, assim, um manifesto Selvagem – demanda, re-
clamação, reivindicação, súplica – para que, enfim, seja evidente que
integramos um sistema vivo maravilhoso e destruí-lo, por cegueira e
ganância, é suicídio coletivo, provocado por alguns humanos.
É fundamental a transformação cognitiva do desejo capitalis-
ta de como estar no mundo, permitir que a floresta se reinfiltre em
nossos sentidos.

1. Ponto do Caboclo Sete Flechas. Pontos são músicas ao som de atabaques para
chamar e saudar a presença das entidades e orixás. Orixás são divindades reconhe-
cidas pela cultura Iorubá e as entidades são espíritos guias ancestrais da Umbanda.
Vamos embarcar?
ANNA DANTES E ELISA MENDES, O brilho se diz, dizendo:
Respeitar para descobrir o bem-viver, 2021.
Respeite as mulheres,
Respeite os homens,
Respeite as crianças,
Respeite os anciãos,
Respeite as anciãs.

Assim é
Que o nosso criador deixou
o ensinamento
E desse jeito devemos viver
E com isso cresceremos
e vamos amadurecendo
com a saúde e alegria
Somente dessa forma vamos alcançar,
conviver

E saber um jeito
de descobrir o bem viver.
É isso que eu falo.
Saúdo as divindades!

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Enquanto fadas correm das fogueiras

e dragões mergulham em lagos profundos,

AUTOR DESCONHECIDO,
The Unicorn is in Captivity and No Longer
Dead, uma das sete tapeçarias da série The
Hunt of the Unicorn, entre 1495-1505.
Prata, seda e trama dourada sobre tapeçaria.
Doação de John D. Rockefeller Jr., 1937

enquanto gente é enlaçada

e serpentes cósmicas
se transformam em lenda,

LUCAS CRANACH O VELHO,


Adam und Eva (Gemäldepaar), c.1530.
Óleo sobre painel.
Norton Simon Art Foundation.

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damas

e senhores

AUTOR DESCONHECIDO,
Portrait of a woman
(Elizabeth I da Inglaterra), c. 1600.
Óleo sobre painel. Doação de J. Pierpont
Morgan em 1911 para The Met Museum

se vestem de sedas

ROBERT PEAKE O VELHO,


Princess Elizabeth (1596–1662),
Later Queen of Bohemia, c. 1606.
Óleo sobre tela. Doação de Kate T. Davison,
em memória de seu marido, Henry Pomeroy
Davison em 1951 para o The Met Museum

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e demandam o trabalho

SIR PETER LELY,


Portrait of a Lady in Blue holding a Flower,
c. 1660. Óleo sobre tela. Doação de C.
Fairfox Murray em 1911 para o Dulwich
Picture Gallery

de milhares de mariposas

NICHOLAS HILLIARD,
Elizabeth I, c.1575. Óleo sobre painel.
Doação de Alderman E. Peter Jones em 1945
para a Walker Art Gallery

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conhecidas como

BACCHIACCA,
Portrait of a Woman with a Book of Music,
c. 1540-1545. Óleo sobre painel.
J. Paul Getty Museum

bichos-da-seda.

AUTOR DESCONHECIDO,
Queen Elizabeth I, c. 1600. Óleo sobre
madeira. National Portrait Gallery, London.

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Damas e senhores

consomem chá,

café,

Processo de seleção da qualidade de grãos de café

pão de açúcar,

ouro,

madeira,

cacau,

tabaco

e diamante.

Navio de carga na Baía de Guanabara

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A expansão marítima é o nome dado ao fenô-
meno ocorrido entre os séculos XV e XVII,
quando inúmeras expedições partiram das
grandes potências europeias na conquista de
territórios, em busca do comércio de espe-
AUTOR DESCONHECIDO,
ciarias, de novas fontes de metais preciosos,
Navio no Mar do Norte preso em
tempestade com ondas gigantes com a intenção de converter populações na-
tivas ao trabalho escravo e ao cristianismo. A
expansão marítima é como chamam um tipo
de tsunami causado por falhas geopolíticas e
não por falhas geológicas.

NIKOLAJ I. & LICET STUDIOS,


Ship in storm, 2021

AUTOR DESCONHECIDO,
Japan Tsunami, 2011. Vídeo encontrado no
canal youtube do Earthquake Engineering

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A metrópole se enfeita de artefatos
e se faz confortável em almofadas
com motivos tropicais.

CINEMA VISION INDIA,


Documentation of Ivory Carving and Garbage
Segregation at Ghatkopar, 2001

É de algodão puro,
tingida de pau-brasil,
a rouparia dos nobres

passada à ferro,

aquecido à carvão,

pelas mãos de meninas escravas.

ESTEVÃO CIAVATTA & REGINA CASÉ,


Um pé de quê? Pau-Brasil, 2001

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Caminhos
passam a se chamar Companhias,

e seguem na direção das Índias.

ARJAN MARTINS,
Sem título, 2020

Para descobrir é preciso desconhecer.

Descobrir é uma afirmação da


própria ignorância.

SÉRGIO BERNARDES,
Tamboro, 2009.
Lumina Produções. Urca Filmes. Acervo
Sérgio Bernardes. Mana Bernardes - gestora
e detentora dos direitos patrimoniais do
acervo junto a Pedro Wladimir Bernardes,
Lola Maria Bernardes, João Wladimir
Bernardes, José Wladimir Bernardes e Rosa
Bernardes. Drika de Oliveira - gestora e
preservadora audiovisual do acervo. Beatriz
Nunes - gestora e preservadora audiovisual
do acervo

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A ignorância é violenta
e usa pólvora para se impor.

JOHN UNDERHILL,
Underhill engraving, 1638.
Xilogravura. Acervo do The Mashantucket
Pequot Museum & Research Center

E assim
cidades douradas comem minas e matas.

Time-lapse do trânsito de automóveis na


rotatória Fountain of wealth em Singapura

Colonizar é instalar o sistema do mercado.

CINEMA VISION INDIA,


Documentation of a Story of Garbage
Segregation (Vol. I), 2001

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Muitos seres são levados à combustão
que move a roda da fortuna,

como um trem
que nunca vai parar.

Chamam de reino,
coroa,
domínio,

SÉRGIO BERNARDES,
Tamboro, 2009.
Lumina Produções. Urca Filmes. Acervo
Sérgio Bernardes. Mana Bernardes - gestora
e detentora dos direitos patrimoniais do
acervo junto a Pedro Wladimir Bernardes,
Lola Maria Bernardes, João Wladimir
Bernardes, José Wladimir Bernardes e Rosa
Bernardes. Drika de Oliveira - gestora e
preservadora audiovisual do acervo. Beatriz
Nunes - gestora e preservadora audiovisual
do acervo

sempre foi supermercado.

BLAMESOCIETY,
Chad Vader Day Shift Manager Season 1, 2006

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O que deu errado no mundo
é que o projeto de alguns homens deu certo.

E eles ficaram ricos.

Crianças aprendem a usar máscaras de gás


durante a Segunda Guerra Mundial, 1943

Dinheiro não pede permissão,

não pede licença,

dinheiro paga.

GUGA FERRAZ,
Sem título, 2020

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Dinheiro captura o tempo

AUTOR DESCONHECIDO,
Panel With Design of Fruit Trees, c. 1720.
Têxteis e brocados de seda. Adquirido pelo
Los Angeles County Museum of Art com
financiamento de Mr. e Mrs. Paul A. Erskin

e faz tudo

JEAN-CLAUDE DUPLESSIS,
Vase à tête d’éléphant, c. 1958.
Porcelana de massa suave decorada com
esmalte policromado e ouro. Doação da
Samuel H. Kress Foundation em 1958 ao
The Met Museum

mercadoria.

MEISSEN MANUFACTORY,
Bird of paradise (quetzal) (one of a pair),
1740-41. Porcelana de massa dura. Doação
de Mr. and Mrs. Charles Wrightsman em
1976 ao The Met Museum
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Até memória vira patrimônio.

MEISSEN MANUFACTORY,
Golden oriole (one of a pair), 1740-41.
Porcelana de massa dura. Doação de Irwin
Untermyer em 1964 ao The Met Museum

À medida que a natureza se extingue,

BEAUVAIS,
Armchair back, 1754-56.
Lã e seda. Doação de John D. Rockefeller Jr.
em 1935 ao The Met Museum

um outro mundo passa a ser criado

ROBERT ADAM,
The Dundas sofa, 1765. Pinho dourado e
faia, com estofamento de seda. Adquirido
pelo The Museum of Fine Arts Houston
com financiamento da Brown Foundation
Accessions Endowment Fund

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um meta-mundo

UNKNOWN AUTHOR,
Shoes, 1690-1700.
Seda e couro. Rogers Fund, 1906

feito de representações da natureza

ART PALACE,
Collection of Georgian headgear,
c. XVIII-XIX. Bordado e fios de ouro

e que pode ser consumido.

AUTOR DESCONHECIDO,
Ceremonial base cloth, c. XIX-XXth.
Fotografia de António Cunha para a
Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
Imagem cortesia do Museum of Christian
Art em Goa e da Fundação Calouste
Gulbenkian em Lisboa

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A natureza se torna encantada

e sobrevive

mesmo que no imaginário.

É a natureza que está no comando.

Ela é cósmica,
é filha do sol,

a natureza é
Ouroboros.

GLICÉRIA TUPINAMBÁ,
cacique Babau vestindo Manto Tupinambá, 2020

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Para os valores do mundo capitalista,
terra é propriedade, pedra é riqueza,
água é recurso mineral.

Plantas e animais são somente alimentos


para humanos.

Gente que não comunga


dos mesmos valores é selvagem.

Video Keine blinden Flecken - Seenotrettung


mit dem Flugzeug da revista Supernova Das
Leftstyle-Magazin.

Sim. Somos todos selvagens.

Ser selvagem é ser filho da Selva.

Peixes nadando em forma de coração

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Selvagem é o DNA,
o código que desenha e informa a vida,

atravessando como uma canoa


as existências atuais, futuras e ancestrais.

Selvagem é o coração que bate,


independente do comando da razão.

Selvagem é a simbiose,

a construção da vida em colaboração


e sua metamorfose contínua,

LIA RODRIGUES,
Encantado, 2022.
Imagens e vídeo de Sammi Landweer, coreografia de
Lia Rodrigues, dançado por Leonardo Nunes, Carolina
Repetto, Valentina Fittipaldi, Andrey Da Silva, Larissa
Lima, Ricardo Xavier, Joana Lima, David Abreu, Matheus
Macena, Tiago Oliveira, Raquel Alexandre

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JAIDER ESBELL,
A visita aos ancestrais, 2021.
Acrílica sobre tela, 111 x 225 cm. Direito
fazendo que a vida seja para sempre.
de imagem: Galeria Jaider Esbell de Arte
Indígena Contemporânea. Fotografia:
Daniel Jabra

São Selvagens plantas e bactérias,


as criadoras da fórmula que transforma
os raios de sol na atmosfera possível desse
planeta azul.

Selvagem é o planeta azul,


que se autorregula e orbita
em sincronia com todo o Cosmos.

O Cosmos que também é selvagem.

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Desenho de LÍVIA SERRI FRANCOIO Somos a fera

e a esfera.

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BIOS: Ailton Krenak (1953)
Pensador, ambientalista e uma das principais vozes do saber indígena.
Criou, juntamente com a Dantes Editora, o Selvagem – ciclo de estudos
sobre a vida. Vive na aldeia Krenak, nas margens do rio Doce, em Minas
Gerais. É autor dos livros Ideias para Adiar o Fim do Mundo (Companhia
das Letras, 2019), O Amanhã Não Está à Venda (Companhia das Letras,
2020) e A Vida Não é Útil (Companhia das Letras, 2020).

Anna Dantes (1968)


Seu trabalho estende a experiência de edição para outros formatos além
dos livros. Há dez anos realiza, junto ao povo Huni Kuï, no Acre, o pro-
jeto Una Shubu Hiwea, Livro Escola Viva. Em 2018, criou o Selvagem.

Carlos Papá (1970)


É um líder e cineasta indígena do povo Guarani Mbya. Trabalha há mais
de 20 anos com produções audiovisuais, com o objetivo de fortalecer e
valorizar a cultura guarani mbya por meio da realização de documentá-
rios, filmes e oficinas culturais para os jovens. Também atua como líder
espiritual em sua comunidade. Vive na aldeia do Rio Silveira, onde parti-
cipa das decisões coletivas e busca ajudar a sua comunidade a encontrar
caminhos para viver melhor. É conselheiro do Instituto Maracá e repre-
sentante pelo litoral norte de SP da comissão Guarani Yvy rupa (CGY).

Elisa Mendes (1983)


Elisa experimenta imagem e palavras com trabalhos em fotografia, dire-
ção de fotografia, direção audiovisual e poesia.
https://elisamendes.com/director-dop

Lucas Cranach O velho (1472 - 1553)


Foi um pintor e gravador alemão renascentista. Retratou assuntos liga-
dos à mitologia e à religião e tornou-se conhecido por pintar retratos de
líderes da reforma protestante, entre eles Martinho Lutero, de quem se
tornou amigo. São de sua autoria muitas das ilustrações que acompa-
nham os escritos de Lutero. Em suas pinturas, era conhecido por unir
paisagens e cenas narrativas.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lucas_Cranach,_o_Velho

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Robert Peake O Velho (1551 - 1619)
Pintor inglês, atuou como retratista no reinado de James I e de seu suces-
sor Henry Frederick, tendo recebido do rei o título de Sargento-Pintor no
ano de 1607. Ao lado de um grupo de artistas de outras nacionalidades,
cujas oficinas trabalhavam em colaboração, se especializou em “peças de
fantasia” de cores brilhantes e de corpo inteiro realizadas apenas na Ingla-
terra naquele período.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_Peake,_o_Velho

Sir Peter Lely (1618 - 1680)


Foi um pintor de origem holandesa. No início da década de 1640 mu-
dou-se para a Inglaterra, local onde exerceu por mais tempo sua profis-
são e no qual se tornou o pintor oficial da corte real. Embora tenha ini-
ciado sua carreira realizando pinturas de paisagens, logo se voltou para
a pintura de retratos tornando-se um importante retratista e adquirindo
a nacionalidade inglesa em 1662.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Peter_Lely

Nicholas Hilliard (1547 - 1619)


Foi um ourives e retratista inglês, conhecido principalmente por realizar
retratos em miniatura de membros da corte. Considerado uma importan-
te figura artística de sua época, é associado ao Renascimento. Seus retra-
tos líricos em miniatura, chamados limning na Inglaterra elisabetana, co-
laboraram para o desenvolvimento e a formulação do conceito de retratos
durante o final do século XVI e início do século XVII.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nicholas_Hilliard

Estevão Ciavatta & Regina Casé (1968 e 1954)


Estevão é diretor, roteirista, fotógrafo e produtor de cinema e TV. É sócio-
-fundador da Pindorama Filmes. Regina Casé é uma atriz, autora, diretora,
produtora e apresentadora brasileira. Juntos, integram o programa de TV
Um pé de quê?, que conta com a direção de Ciavatta e apresentação de Casé.
O programa fala sobre as árvores brasileiras, de todos os biomas, aproxi-
mando as mais diversas espécies ao dia a dia das pessoas. No ar há mais de
20 anos, Um pé de quê? serve de material educacional em inúmeras escolas e
instituições por todo o país.
http://www.umpedeque.com.br

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Arjan Martins (1960)
É um artista brasileiro nascido no Rio de Janeiro, onde hoje vive e traba-
lha. Iniciou seus estudos artísticos na década de 1990 na Escola de Artes
Visuais do Parque Lage. Em seus trabalhos, trata da diáspora africana e
dos movimentos coloniais que se deram em territórios afro-atlânticos,
evocando temas como herança colonial, identidade étnica, negritude e
segregação. Sua obra já foi apresentada em diversas instituições brasilei-
ras, além de ter sido exposta em importantes bienais pelo mundo, como
a Bienal de Dakar e a Bienal do Mercosul. Foi vencedor do Prêmio PIPA
de arte contemporânea no ano de 2018 e vencedor do PIPA Voto Popu-
lar Exposição no mesmo ano.
https://www.agentilcarioca.com.br/artists/33-arjan-martins

Sérgio Bernardes (1944-2007)


Filho do arquiteto Sérgio Bernardes e neto do jornalista Wladimir Ber-
nardes, Sérgio Bernardes foi um cineasta brasileiro. Seu primeiro lon-
ga-metragem, Desesperato (1968), recebeu por unanimidade o prêmio
de melhor filme no Festival de Belo Horizonte e, logo em seguida, foi
censurado pela ditadura. Depois de anos em exílio na França, quando
voltou ao Brasil, Sérgio partiu em diversas expedições pela Amazônia e
o interior do país.
http://tamboro.blogspot.com/

John Underhill (1597 - 1672)


Foi um dos primeiros colonos e soldados ingleses na Colônia da Baía de
Massachusetts, na província de New Hampshire, onde se tornou capitão
e mais tarde chegou ao cargo de governador. É conhecido por ter lidera-
do a milícia colonial nas guerras de Pequot e Kieft, ataques orquestrados
pelos colonos contra dois grupos indígenas dos Estados Unidos. Poste-
riormente, publicou um relato sobre a Guerra de Pequot.
https://en.wikipedia.org/wiki/John_Underhill_(captain)

Guga Ferraz (1974)


Artista brasileiro nascido no Rio de Janeiro, onde iniciou os estudos em
Arquitetura e Urbanismo e posteriormente voltou-se para o estudo de

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Escultura na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (EBA-UFRJ). Em sua pesquisa, o artista aborda de forma crítica
questões relacionadas à violência urbana, as relações entre indivíduo e
cidade e aos atravessamentos urbanos e políticos. A partir do ano 2000
integrou o grupo Atrocidades Maravilhosas, realizando trabalhos de in-
tervenção na cidade.
https://www.arturfidalgo.com.br/guga-ferraz

Jean-Claude Duplessis (1699 - 1774)


Foi um ourives, escultor, ceramista, fundador de bronze e decorador
rococó. Atuou como diretor artístico da fábrica de porcelana de Vincen-
nes e da fábrica originada a partir desta, em Sèvres. Trabalhou também
como ourives do rei de 1758 a 1774. Nascido em Turim, seu primeiro
trabalho foi realizado para o príncipe de Carignan e outros membros
da Casa de Savóia, uma das mais antigas famílias da nobreza europeia.
Posteriormente mudou-se para a França, onde viveu por anos.
https://en.wikipedia.org/wiki/Jean-Claude_Chambellan_Duplessis

Robert Adam (1729 - 1792)


Arquiteto escocês, trabalhou também como decorador de interiores e
designer de mobiliário. Tornou-se um dos mais famosos arquitetos de
seu país em sua época e é considerado por muitos o maior arquiteto da
segunda metade do século XVIII, sendo conhecido por seu estilo neo-
clássico. Foi arquiteto oficial do Rei, pertenceu à Royal Society of Arts e
foi eleito para o Parlamento em 1768. Seu estilo influenciou o desenvol-
vimento da arquitetura ocidental, tanto na Europa como na América do
Norte. Cerca de nove mil de seus desenhos se encontram hoje no museu
Soane em Londres.

Glicéria Tupinambá (1982)


Também conhecida como Célia Tupinambá, é artista e professora da
Serra do Padeiro, de uma das 22 aldeias da Terra Indígena Tupinambá de
Olivença, no sul do Estado da Bahia. Atualmente participa intensamente
da vida política e religiosa dos Tupinambá, envolvendo-se sobretudo em
questões relacionadas à educação, à organização produtiva da aldeia, aos
serviços sociais e aos direitos das mulheres. Através do projeto Nós somos
pássaros que andam, vem trabalhando com a revitalização e o resgate da
tradição do manto de seu povo, tendo sido indicada ao Prêmio PIPA

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de arte contemporânea no ano de 2022. Realizou o documentário Voz
Das Mulheres Indígenas (2015) e segue trabalhando na área audiovisual.
Recentemente realizou a exposição Kwá Yepé Turusú Yuriri Assojaba Tu-
pinambá / Esta é a Grande Volta do Manto Tupinambá, em Brasília (2021).
https://www.premiopipa.com/gliceria-tupinamba

Meissen Manufactory
Fundada em 1710 na Alemanha, é a mais antiga fábrica de porcelana da
Europa, sendo até hoje reconhecida pela alta qualidade de suas peças. Os
experimentos com a porcelana de pasta dura, também chamada de “por-
celana verdadeira”, foram desenvolvidos no continente europeu a partir
de 1708 pelo físico Ehrenfried Walther von Tschirnhaus e o alquimista
Johann Friedrich Böttger, dando origem à fábrica Meissen e suas peças
hoje facilmente identificáveis por carregarem a insígnia de duas Espadas
Cruzadas em azul cobalto.
https://www.erlebniswelt-meissen.com

Lia Rodrigues (1956)


É uma bailarina e coreógrafa brasileira. Estudou Ballet Clássico e cursou
História na USP. Em 1977, foi uma das fundadoras do grupo indepen-
dente de dança contemporânea Andança, vencedor do prêmio da APCA
em 1978. Entre 1980 e 1982, trabalhou na Compagnie Maguy Marin, na
França, onde participou da criação de ‘May B’, um dos mais celebrados
espetáculos de dança contemporânea. Recebeu diversos prêmios nacio-
nais e internacionais e em 1990 fundou a própria companhia, Lia Rodri-
gues Companhia de Dança, hoje sediada no Centro de Artes da Maré,
espaço inaugurado em 2009 e fruto da parceria entre a companhia e a
ONG Redes da Maré. O estreitamento da colaboração entre a ONG e
Lia Rodrigues possibilitou a criação da Escola Livre de Dança da Maré
no ano de 2011.
http://www.liarodrigues.com

Jaider Esbell (1979 - 2021)


Foi um escritor, artista, arte-educador, geógrafo e curador brasileiro
da etnia Macuxi. Nascido em Roraima, viveu até os 18 anos na Terra

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Indígena Raposa Serra do Sol. Foi ativista pelos direitos indígenas e um
dos destaques da 34ª Bienal de São Paulo. No mesmo ano, foi curador
da mostra Moquém - Surarî: arte indígena contemporânea, organizada no
Museu de Arte Moderna de São Paulo em paralelo à Bienal, exposição
que reuniu trabalhos de artistas indígenas de diversos povos. Ao lado
de outro/as artistas indígenas, teve um papel central na consolidação
da arte indígena contemporânea no Brasil assim como na produção e
articulação de pensamento em torno de tais produções. Sua obra desdo-
brava-se em pinturas, textos, desenhos e instalações. No ano de 2016, foi
o vencedor do Prêmio PIPA Online e esteve entre os artistas indicados
na edição de 2021.
http://www.jaideresbell.com.br

Dora Selva (1990)


Artista interdisciplinar, reside no Rio de Janeiro desde 2013, atuando
profissionalmente na área da dança. Integrou a Lia Rodrigues Cia de
Danças, sediada no centro de artes da maré por 4 anos. Desde 2017 tra-
balha com projetos autorais, que transitam pelos campos da dança, per-
formance, artes plásticas e audiovisual. É criadora do projeto Viva Pelve,
uma prática multifacetada de estudo sobre a pelve. O projeto envolve
oficinas, aulas regulares, processos artísticos, pesquisa sonora e criação
de conteúdo.

Louise Botkay (1978)


Artista visual e cineasta, realiza fotos e filmes usando câmeras de tele-
fone celular, de vídeo e filmes em super 8, 16 e 35 milímetros. Seus fil-
mes, permeados de silêncio e realizados em países como Haiti, Congo,
Níger, Chade, Holanda, França e Brasil, abordam o sincretismo cultural
no contexto pós-colonial, investigando os modos de desvelamento do
visível pelo dispositivo fílmico.
https://vimeo.com/louisebotkay

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O trabalho de produção editorial dos Cadernos Selvagem é realizado
coletivamente com a comunidade Selvagem. A coordenação editorial é
de Victoria Mouawad e a editoração de Isabelle Passos.
Mais informações em selvagemciclo.com.br
Este caderno conta com a especial participação de Larissa Vaz, que
redigiu as biografias dos artistas.

Larissa Vaz
Jornalista de formação e mestranda em antropologia, Larissa Vaz tra-
balha com pesquisa, edição, revisão e tradução para publicações. Co-
editou a antologia de poesia Tertúlia (ágrafa, 2018) e colaborou como
pesquisadora para os livros Todas as crônicas (Rocco, 2018) e Todas as
cartas (Rocco, 2020), de Clarice Lispector. É também oraculista e escre-
ve para sondar o mistério.

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f i c h a t é c n i ca

IDEIA ORIGINAL E NARRAÇÃO Ailton Krenak


DIREÇÃO, ROTEIRO E PESQUISA Anna Dantes
PRODUÇÃO Madeleine Deschamps
EDIÇÃO DA FLECHA AUDIOVISUAL Elisa Mendes
ANIMAÇÕES Lívia Serri Francoio
TRILHA SONORA Gilberto Monte e Lucas Santtana
ASSISTENTE DE COMUNICAÇÃO Laís Furtado
ASSISTENTE DE PRODUÇÃO Victoria Mouawad
ASSISTENTE DE DESIGN Isabelle Passos
TRADUÇÃO Victoria Mouawad e Gabriel Paixão
COMUNICAÇÃO Cris Muniz Araujo, Dani Ruiz, Natalia Amarinho, Ana Otero,
Clarissa Cruz, Karlene Bianca, Mari Rotili, Maurício Boff, Natália Borges, Simone Batista

ag r ad e c i m e n to s

Acervo Sérgio Bernardes – Drika de Oliveira e Mana Bernardes


Allegra Abdo
Arjan Martins
Blamesociety films – Aaron Yonda
Carlos Papá
Cristine Takuá
Daniel Jabra
Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa
Glicéria Tupinambá
Instituto Moreira Salles (IMS) – Angelo Manjabosco, Thaiane Koppe, Vera Lúcia Nascimento
Jaider Esbell
Lamia Mouawad
Lia Rodrigues
Licet Studios – Max Habermann
Marcella Marer
Museum of Christian Art, Goa – Natasha Fernandes
Oman Dhas
Parmênio Citó
Pindorama filmes - Estevão Ciavatta
Sammi Landweer
Sci-Inspi
Wehi TV - Drew Berry

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DORA SELVA & LOUISE BOTKAY,
Jibóia, 2022.

cadernos SELVAGEM
publicação digital da
Dantes Editora
Biosfera, 2022

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