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Caboclos na Umbanda

Os caboclos são os verdadeiros donos desta terra. Caboclos são os povos


originários desta terra, que por sua vez foram chamados de indígenas pelos
colonizadores europeus. O termo caboclo se tornou uma forma de referência
para pessoas simples brasileiras. Na umbanda caboclo não se resume ao
povo indígena, mas também é utilizado como referência a outros espíritos.
Exemplo: caboclos de pena (referência aos povos indígenas) e caboclos de
couro (referência a boiadeiros).

A linha de caboclos firma a tradição e memória dos povos indígenas dentro


da umbanda. É importante observar também a necessidade de manifestação
que estes espíritos apresentam, já que muitos tiveram suas vidas ceifadas em
grande proporção durante o período colonial.

Os espíritos caboclos se manifestam em diversas religiões de matriz africana


e afro indígenas, por exemplo na Quimbanda (caboclos quimbandeiros); na
Kabula (culto de origem Bantu); Candomblé, Candomblé de caboclo;
Candomblé de Jurema, no Xamanismo, entre outros.

Também vale salientar que a umbanda foi criada por um caboclo (Caboclo
das 7 encruzilhadas) em 1908. Nesta data os espíritos indígenas já se
manifestavam, e a partir da criação da umbanda trouxe uma organização e
reconhecimento de trabalho desses espíritos - já que não eram aceitos em
mesas de incorporação kardecistas, pois apresentavam com suas vestimentas
originárias e não eram considerados evoluídos para o trabalho espiritual. Os
caboclos e os pretos velhos são entidades primordiais dentro da umbanda,
agregando o conhecimento ancestral do povo brasileiro a partir do encontro
dos orixás com os povos desta terra.

Os espíritos dos caboclos são ligados aos estudos, geralmente foram


filósofos, médicos, alquimistas e intelectuais e que em algum momento
tiveram alguma encarnação ligada a linhagens indígenas ancestrais
brasileiras. São entidades que trabalham na caridade como verdadeiros
conselheiros, nos ensinando a amar ao próximo e a natureza, são entidades
que tem como missão principal o ensinamento da espiritualidade e o
encorajamento da fé, pois é através da fé que tudo se consegue.

A falange de caboclos é regida por Oxossi (Odé), são grandes doutrinadores,


trabalham com cura (corpo, mente e espírito), ervas, fumaça, pedras, águas e
o funcionamento sistêmico da natureza. Sua energia é de força, vigor,
encaminhamento, decisão. Seu ponto de força são as matas e tudo que
envolve este ambiente - rochedos, ventos, animais, plantas, águas, etc.

Sua saudação é saudação: Okê Caboclo! O dia da semana de sua força é na


quinta feira (ligado a Oxossi) e acende-se vela verde, ou a cor da força dos
orixás que regem estes espíritos, podendo variar de cor. Apresentam
vestimentas tradicionais, podem usar cocar ou não, variando conforme o
povo que é pertencente. Também podem utilizar bombacho e chapéu - neste
caso seria um caboclo cruzado com boiadeiro ou nos cultos de caboclo no
Candomblé.

Seus instrumentos/ferramentas de trabalho são o bodoque, maraca, arco e


flecha, lança, etc. Fumam charuto (na tradição africana) e cachimbo (na
tradição indígena). Seu ajeum são frutas (diversas) e milho. Bebem água de
coco, cerveja, vinho - que também podem ser acrescentadas folhagens e
cascas, água, caldo de cana e também misturados de ervas. Trabalham com
ervas como abre caminho, louro, samambaia, folhas de pitanga, tabaco
(utilizado pelos pajés em rituais), folhas de goiaba, cabelo de milho e dinheiro
em penca, cipó caboclo, jurema (folhas e cascas da árvore) , etc.

Sub linhas de caboclos:


- Pajés: são médicos especializados em cura. São caboclos mais velhos -
anciões.
- Caciques: são espíritos que possuem condições de chefiar terreiros,
tendo a outorga e conhecimento para tal.
- Quimbandeiros / caboclos africanos: trabalham com maraca, punhal e
bebem cachaça. São especializados em quebrar demanda,
desobsessão e quebrar magia. São muito trabalhadores.

Os espíritos caboclos recebem seu nome conforme os domínios das forças


dos orixás que os regem em seus trabalhos e também utilizam o nome do
povo que ele pertence, como o Caboclo Tupinambá (povos do tronco
linguístico Tupi-guarani). Alguns caboclos não falam a língua colonial
(português) e só se comunicam através de seus dialetos e línguas originárias
- brasileiras ou não. Seguem alguns exemplos:

- Caboclos de Ogum: Vence Demanda, Rompe Mato, 7 espadas, Matinata,


Alvorada e Tira Teima.
- Caboclos de Oxum: Estrela Guia, Ponta do Riacho, Lírio Branco, Potira,
Lua Branca, Iara.
- Caboclos de Iemanjá: Janaína, Iracema, 7 ondas, Mariana.
- Caboclos de Xangô: Cobra Coral, Serra Negra, Pedra Branca, Itacolomi,
Itabira, Itaboraí
- Oxossi: Pena Verde, 7 folhas, Tigre, Jaguar, Tupinambá, Guaracy, Folha
verde
- Obaluaê/Omolu: Pantera Negra (Xangô e Omolu), Araribóia
- Nanã: Pena Roxa (Oxossi e Nanã)
- Iansã: 7 raios, Curisco, 7 vento, Raio da noite, Viramundo.

Os assobios traduzem sons básicos das forças da natureza. Estes sons


precipitam assim como o estalar dos dedos, um impulso no corpo astral do
médium para direcioná-lo corretamente, a fim de liberá-lo de certas cargas
que se agregam, tais como larvas astrais, etc. Os assobios, assim como os
brados, assemelham-se à mantras; cada entidade emite um som de acordo
com seu trabalho, para ajustar condições específicas que facilitem a
incorporação, ou para liberarem certos bloqueios nos consulentes ou nos
médiuns. Seus "brados", que fazem parte de uma linguagem comum entre eles,
representam quase uma "senha" . Cumprimentos e despedidas são feitas
usando esses sons.

Orações para os Caboclos

"Salve amada linha dos Caboclos, salve todos os espíritos que se dignam
dar-nos vossa salutar proteção e amparo. Que vossas bênçãos possam
chegar a mim pura como as águas cristalinas, fortes como os ventos bravios,
concretas como a Terra e suas antigas rochas, e que iluminem meu caminho
com as chamas do fogo ancestral e antigo. Que nenhum mal tenha poder
sobre mim, nenhuma pestilência chegue a mim, nenhum mau-olhado, mau
agouro, tristeza, doença ou miséria cheguem a mim e aos que eu amo. Que
meu coração e minhas intenções sejam vistas, e as bênçãos cheguem de
acordo com meu merecimento perante à sabedoria Sagrada. Muito obrigado.
Que assim seja e assim será!"

Ponto de Caboclo – Sete Encruzilhadas


UM ÍNDIO CABOCLO GUERREIRO
UM JESUÍTA QUE ZAMBI ENVIOU
COM SUA FORÇA E SABEDORIA
ABRAÇOU A UMBANDA COM O SEU AMOR

NO DIA 15 DE NOVEMBRO
ZÉLIO DE MORAES TEVE A INCORPORAÇÃO
FOI EM 1908 NO BAIRRO DE NEVES
UMA REVOLUÇÃO

HOUVE MUITA DISCÓRDIA


NO CENTRO DE MESA COM A REVELAÇÃO
QUANDO ELE DISSE, EU VIM CUMPRIR A MISSÃO
VOU FINCAR A BANDEIRA DA NOSSA NAÇÃO

VITÓRIA MEU PAI, VITÓRIA


DE UM ÍNDIO GUERREIRO UM DESBRAVADOR
CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS
QUE PLANTOU A SEMENTE QUE SE ALASTROU

UMBANDA É AMOR, FRATERNIDADE


UMBANDA É BONDADE
É DETERMINAÇÃO
É LUTAR EM PROL DA CARIDADE PARA OS NOSSOS GUIAS
DA-NOS EVOLUÇÃO

SÃO GLÓRIAS MEU PAI, SÃO GLÓRIAS


SÃO GLÓRIAS PARA HOMENAGEAR
CABOCLO DAS SETE ENCRUZILHADAS
NESTE SOLO SAGRADO DE PAI OXALÁ
CABOCLOS NA UMBANDA

Imagem: Caboclo 7 Flechas

São Paulo, 09 de agosto de 2023


Tenda de Umbanda Luz de Maria

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