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O modo psicossocial: um

paradigma das práticas


substitutivas ao modo asilar
Ações de Saúde na Comunidade
12 de setembro de 2022,
Prof. Gláucia Miranda

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Práticas em Saúde Mental - duas esferas:
- Político-ideológica;
- Teórico-técnica.

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- A tentativa de caracterizar o paradigma do modo
psicossocial → traçar um paralelo de análise em seu
paradigma contrário;
- Alternatividade como contradição;
- Dois modelos só serão considerados contraditórios se a
essência de suas práticas se encaminharem em sentidos
opostos quanto a seus parâmetros basilares;
- não está se discutindo se é bom ou mau, melhor ou pior,
humano ou desumano, democrático ou autocrático;
- Instituição: “palco de lutas sociais”; dispositivo social.

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Modalidades de produção das instituições
- Produção típica das instituições comuns da esfera da produção
social: mais-valia;
- Reprodução das relações sociais dominantes: exercício de relações
verticais de hierarquia e subordinação, de exclusão, de
expropriação, de expropriação do saber, etc → manter o status
estabelecido;
- Produção institucional: exercício de outras formas de
relacionamento social e intersubjetivo (outra mais-valia);
- Instituição de Saúde Mental como intermediário necessário da
relação dos trabalhadores de Saúde Mental e demais atores sociais
com a clientela.

- A instituição, na multiplicidade de seus efeitos, é um fator


fundamental das modalidades de “transferência” no contexto das
práticas em Saúde Coletiva.

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Modo asilar e Modo psicossocial
- Contradição essencial em Saúde Mental;

- Diferenças de saberes e práticas e do discurso que


as articula;

- Práticasdo novo modelo: inspiradas nos


movimentos de Reforma Psiquiátrica.

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Componentes do paradigma das práticas em
Saúde Mental
- Concepções do 'objeto' e dos 'meios de trabalho': concepções de
saúde-doença-cura e concepções dos meios e instrumentos de seu
manuseio. Estão incluídos aqui o aparelho jurídico-institucional,
multi profissional e teórico-técnico, além do discurso ideológico;
- Formas da organização do dispositivo institucional: modo como se
dão as relações intra-institucionais - a sua dimensão
organogramática, que conjuga as diferentes possibilidades de
metabolização do poder que aí se atualizam;
- Formas do relacionamento com a clientela: as diferentes
possibilidades de mútuo intercâmbio, com destaque para a oferta
de possibilidades transferenciais por parte da instituição como
equipamento;
- Formas de seus efeitos típicos: em termos terapêuticos e éticos,
que designa os fins políticos e socioculturais amplos para que
concorrem os efeitos de suas práticas.
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Vamos identificar os componentes do modo
asilar e do modo psicossocial?

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Modo asilar

- Objeto: determinações orgânicas dos problemas;


organismo;
- Meios: medicamentoso exclusivo; trabalho
multiprofissional (fragmentado);
- Saberes não-médicos como acessórios;
- A instituição típica é o hospital;
- Supressão de sintomas como meta do tratamento;
- Paradigma doença-cura;
- O modelo médico é dominante;

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Modo asilar
- Hospitalização, medicalização e objetificação;
- Relações intersubjetivas verticais entre instituição (típicas
do modo capitalista de produção), equipe e paciente;
- O poder decisório é da coordenação do serviço;
- Metas: estratificação e interdição institucionais,
heterogestão e disciplina das especialidades;
- Relação entre loucos e sãos; instituição como
agenciadora de suprimentos', diante de uma clientela
considerada carente;
- Interioridade da instituição em relação território exterior.
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Modo Psicossocial
- Objeto: novas formas de sociabilidade; existência-sofrimento; fatores
políticos e biopsicosocioculturais; sujeito (orgânico e sociocultural)
inserido em um grupo social;
- Meios: psicoterapias, socioterapias; cooperativas de trabalho;
associações;
- Equipe interprofissional;
- Cena do simbólico;
- Contribuição de outros saberes além da psiquiatria na concepção do
objeto e meios de trabalho;
- Dispositivos como CAPS, ambulatórios, NASFs;
- Loucura como fenômeno social;
- Reposicionamento subjetivo, implicação subjetiva (agente de
mudanças);
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Modo Psicossocial
- Reinserção social; recuperação da cidadania;
- Desospitalização; desmedicalização; horizontalização das relações de
poder, tanto no seio dos trabalhadores, quanto entre estes e os usuários;
- O poder decisório circula pelos diferentes atores (espaços de
assembleia);
- Intersubjetividade horizontal; espaço de interlocução;
- Metas: participação, autogestão e interdisciplinaridade;
- Instituição funciona como ponto de fala e de escuta da população;
- Equipamentos integrais, sendo a integralidade é considerada tanto em
relação ao território, quanto em relação ao ato propriamente terapêutico;
- Não se deixa de alcançar a supressão sintomática, porém esta não é
visada diretamente, nem tampouco a meta final.

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Referências

COSTA-ROSA, Abílio. O modo psicossocial: um paradigma das


práticas substitutivas ao modo asilar. In: AMARANTE, Paulo
Duarte de Carvalho (Org.). Ensaios: subjetividade, saúde mental,
sociedade. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2000. p. 141-168.

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